Como nós duas estávamos de carro, Charlotte me seguiu com o seu até a minha casa. O nosso plano era eu deixar o carro na garagem e depois ir para o restaurante que ela havia feito a reserva.

— Pronto, já podemos ir — Sai da garagem e me deparei com Charlotte encostada em seu carro de uma forma tão sexy que me fez relembrar dos momentos que passamos em sua sala.

— Estou ansiosa para o nosso jantar, Margareth — O tom de voz daquela mulher no momento era tão amável. Tudo estava sendo tão encantador para mim. Parecia que estava em um sonho que não queria acordar.

A cada momento que passávamos juntas, eu tinha ainda mais certeza que era com ela que queria ficar e ao mesmo tempo, me arrependia das más escolhas que havia feito antes de saber que Charlotte sentia o mesmo que eu.

Não, não trato meu relacionamento com Mel como sendo algo ruim, contudo, eu não precisava ter machucado alguém para estar onde estava naquele momento.

Mel era uma mulher adorável, todavia, não era a mulher que eu amava.

 Como se estivesse nos despertando daquele momento, a porta de casa foi aberta e Gregório, o meu pai, apareceu na porta chamando a atenção de nós duas que no momento estava lado a lado.

            — Margareth, estranhei a sua demora e quando vi o barulho do carro estacionando na garagem, eu resolvi ver se havia acontecido algo— Meu pai parecia preocupado e eu engoli em seco. Não sabia como justificar a minha chegada aquela hora. Acho que seria estranho dizer a ele que havia demorado, pois estava namorando com Charlotte na sala dela.

            Por não saber o que dizer, eu fiquei em silêncio. Meu pai estava estranhando toda aquela cena e começou a encarar Charlotte que estava ao meu lado em total silêncio.

            — Quem é ela?

            Quando meu pai fez essa pergunta, eu notei que Charlotte ficou tensa, parecia estar com medo. Não estava conseguindo reconhecer a mulher ao meu lado. Será que como a maioria das pessoas ela tinha medo de conhecer os pais de quem ela estava ficando?

            — Charlotte, eu sou a che...

            Antes de Charlotte terminar a sua fala, meu pai a interrompeu.

            — Melhor dizendo, você é a mulher com quem minha filha está ficando. Estava ansioso para conhecê-la — ele foi até ela e deu um abraço. Ao fazer isso, ele piscou para mim, demonstrando que havia gostado da mulher que estava em seus braços.

            Sendo sincera, eu estava sem jeito, porque não esperava que Charlotte e meu pai iriam ser apresentados daquela forma.

            — O prazer é todo meu, Gregório — Charlotte disse com um pouco de dificuldade, parecia que meu pai estava quase a sufocando.

 

 

 

 

            — Desculpe-me pelo que aconteceu em casa. Não pensava que meu pai iria surgir na porta e depois começar a falar sobre toda a sua vida — Disse um pouco envergonhada.

            Neste momento, estávamos indo para o restaurante. Charlotte dirigia totalmente concentrada e eu estava com receio de meu pai ter a assustado. Após as apresentações, meu pai levou Charlotte para dentro de casa e resolveu desenterrar fatos que nem eu mesma sabia.

            Eu fiquei sem jeito com isso, pois Charlotte ouvia tudo atentamente e eu não conseguia saber o que ela estava pensando.

            — Margareth, eu amei conversar com seu pai. Ele é um senhor adorável — Disse tentando me tranquilizar — Eu quero fazer parte de sua vida, então tenho que conviver com sua família e me dar bem com seu pai. Você está se preocupando demais, eu não estou achando nada demais sobre ele. Você acha que vou desistir de você por ele ter me chamado para conversar?

            — Não é isso — Acho que eu estava começando a exagerar. Havia me esquecido que a Charlotte que se relacionava comigo era totalmente diferente da minha chefe.

            — Pare de me ver como sendo sua chefe, e passe a me ver como sendo a mulher que está contigo e você diz amar — Ela disse de uma forma carinhosa ao tocar uma de minhas pernas para poder chamar a minha atenção.

            Depois de alguns minutos, chegamos ao restaurante. Era um lugar mais reservado, pois vi que havia poucas pessoas e mesas, no entanto, como tudo de Charlotte, era algo muito fino.

            — Senhoritas, poderiam me acompanhar? — Um homem moreno surgiu. Parecia ser aquele que ficava recepcionando as pessoas.

            Enquanto caminhava até a nossa mesa, eu ficava ainda mais maravilhada com toda a decoração do restaurante.

Ao fundo havia um pequeno palco. Um homem parecia estar testando o som, demonstrando que mais tarde teria um show ao vivo.

— Aqui é um restaurante que costuma ser frequentado por casais. Sempre tem shows ao vivo com algum cantor que canta músicas mais românticas — O homem disse despertando minha atenção.

Após ouvir isso, meu olhar se direcionou para Charlotte. Isso só poderia dizer que ela queria que nós duas fossemos vistas como um casal.

— Você não tem medo de alguém nos ver? — Indaguei ao sentarmos a mesa.

— Sendo sincera contigo, Margareth, o único medo que estou tendo ultimamente é de te perder. Não quero mais fingir que não sinto nada por você e acabar te fazendo ir para os braços de outra novamente.

Engoli em seco. Sabia que isso só poderia significar uma coisa, Charlotte ainda não se conformava com o relacionamento que havia tido com Mel.

Ela ainda sentia ciúmes, e eu a entendia, pois sabia das besteiras que havia feito até ficar com ela.

Diferente da última vez que havíamos jantado juntas, eu dessa vez escolhi os nossos pratos. Charlotte queria que eu a surpreendesse. Como não costumava frequentar lugares como aquele, eu pedi a ajuda do garçom, ele me explicou algumas coisas, não entendia quase nada, mas escolhi algo que ele disse ser o mais pedido.

Quando chegou nossos pratos, eu entendi o porquê de ser o mais pedido, era realmente maravilhoso, ainda mais, pois estava na companhia daquela mulher.

Jantamos em um clima agradável, conversávamos sobre nós... sobre como havia sido o nosso dia.

- Estou com medo de conhecer os seus pais – Confessei e ela pareceu não entender aquele meu medo.

- Já disse, eles vão te amar, não precisa temer, Margareth – Ela colocou a sua mão sobre a minha e me olhou nos olhos – Você é uma pessoa maravilhosa, não tem porquê ficar insegura.

- E se eles forem difíceis de ser conquistados, como você? – Após a minha pergunta Charlotte riu alto.

- Não, eles não são como eu – ela não conseguia mais tirar aquele sorriso dos lábios. Parecia que eu havia dito algo que não poderia ser possível – Meus pais são tranquilos. Além do mais, eles estão loucos para eu te apresentar a eles.

- Então, quer dizer que já falou de mim a eles?

- Claro que sim. Eu vou apresentá-los a você. Preciso deixar eles a par de tudo – Deu uma pausa para chamar o garçom.

Enquanto Charlotte pedia a sobremesa, eu ficava lá no meu canto parecendo uma bobona.

Eu estava com Charlotte e ela já havia falado de mim para sua família. Meu pai estava certo, a minha chefe queria ter algo mais sério comigo.

Nesse tempo que ficamos esperando a sobremesa chegar, ouvimos o som sendo novamente testado.

- Angelina que me indicou este lugar. Disse que aqui tem uma cantora maravilhosa- Charlotte comentou e eu passei a ficar curiosa para saber quem era essa cantora.

Nossos olhos ficaram direcionados para o palco, pois nós duas queríamos conhecer a cantora.

De repente, ela foi anunciada e ao mesmo tempo que sentia o meu coração falhar uma batida, eu via a fisionomia de Charlotte ficando séria.

 

 

Fim do capítulo