Quando cheguei em casa, meu pai estava preparando o jantar todo animado, nem parecia que esteve doente esses dias.

— Filha, vá banhar, pois preparei um jantar especial – Ele falou ao notar a minha presença em casa.

—Pai, hoje nem estou com vontade para comer – Me sentei no sofá e desejei não ter que sair daquele lugar.

— O que houve, Margareth? – Meu pai se sentou ao meu lado. Ele parecia preocupado.

—Charlotte, pai, me tratou hoje como se fosse alguém que não significava nada para ela.

—Filha, não fique assim. Ela deve estar magoada. Por isso está agindo dessa forma– Colocou minha cabeça em seu ombro e comecei a chorar.

Eu não estava bem. Charlotte estava me desprezando, Agatha estava roubando o meu lugar e para piorar minha situação, eu estava com bloqueio, não conseguia escrever nada que pudesse ser usado em minha nova matéria. Acho que naquele momento, eu estava pagando por tudo o que havia feito de mal contra Mel.

Mesmo sem ter fome, eu jantei com meu pai, pois ele acabou me convencendo, já que ficar sem comer não iria resolver os meus problemas.

Após o jantar, fui dormir, era bem cedo ainda, mas eu não tinha nada para fazer e também, eu queria sossego.

No outro dia, cheguei no world no mesmo horário de sempre. Me deparei com Arnold e Priscila que estavam superanimados com uma festa que iriam naquela noite.

— Não quer ir com a gente, Charlotte? – Arnold perguntou.

            — Melhor não. Dá última vez que vocês me tiraram de casa, eu fiz uma pessoa sofrer – Me referi a Mel.

 

— Não pense assim. A Mel está bem e também vai a essa festa. Seria bom você ir e se distrair um pouco – Priscila tentou me convencer, mas achei melhor ficar em meu canto. Estava com alguns problemas que precisavam ser resolvidos.

Não aceitei ao convite dos meus amigos para irem para a festa, eu precisava pensar um pouco em minha vida e não arranjar mais problemas.

O meu dia no world foi como no anterior, não havia conseguido produzir nada, eu não estava bem e isso estava me deixando angustiada, já que meu emprego dependia das matérias que eu escrevia.

Eu estava tão tensa naquele dia que até Charlotte parecia estar preocupada comigo, pois olhou para mim várias vezes e diferente do dia anterior, o olhar demonstrava que ela ainda sentia algo por mim. Eu fiquei feliz com isso? A reposta para essa pergunta é não sei, estava tão abalada que nem feliz mais eu ficava.

— Acho que você está precisando relaxar um pouco – Arnold comentou enquanto eu olhava fixamente para a tela de meu computador.

— Eu não sei – Respondi quando percebi que não iria conseguir escrever nada naquele dia.

— Você está tão abalada, que nem feliz por Charlotte passar o dia te secando você não tá. Isso não é normal, Margareth.

— Eu não estou conseguindo escrever nada, Arnold, será que a presença dessa mulher me deixou sem inspiração? – Me referi a Agatha que vivia atrás de Charlotte.

— Eu não sei. Talvez tenha sido esses últimos acontecimentos. A doença de seu pai... Essa confusão que houve entre você e Charlotte.

— Pode ter sido – Fiquei pensativa.

— Por que você não começa a fazer uma caminhada todos os dias de manhã? – Arnold sugeriu, pois ele era aquele cara que não vivia sem praticar exercícios – Isso é bom para relaxarmos um pouco e nos esquecermos de nossos problemas.

— Eu não sei, Arnold, depois que comprei o meu carro, eu nem sei mais o que é caminhar – Isso era um fato. Depois da compra de meu carro, eu só caminhava na minha casa e na empresa. Eu sou uma pessoa sedentária, confesso.

— Então mais um motivo para você caminhar, nosso corpo não foi feito para ficar parado – Arnold falou e eu fiquei pensando se isso era uma boa ideia. Mentira, fiquei pensando se eu iria conseguir acordar cedo para mover minhas perninhas por aí. Fiquei até cansada por me imaginar andando dois quilômetros por dia.

Quando saí do World, eu fiz algo que nunca pensei que iria fazer algum dia em minha vida, fui ao shopping comprar uma roupa e calçados para fazer caminhada no dia seguinte. Eu não estava animada para caminhar, mas eu queria resolver o meu problema, o bloqueio criativo.

No outro dia de manhã, às 5:00 horas, eu acordei, coloquei a minha roupa para caminhar, calcei os meus tênis e voltei para a cama.

—Será que eu preciso mesmo fazer isso? – perguntei, pois estava fazendo frio. Eu não queria sair do aconchego de meu quarto. Queria dormir, babar mais um pouquinho em meu travesseiro.

Como percebi que se eu não tivesse força de vontade, eu não iria levantar daquela cama, comecei a pensar no que eu iria perder se caso não voltasse a escrever matérias como antes.

—Melhor caminhar logo uns 6 quilômetros hoje – Falei ao me levantar da cama. Eu estava achando que caminhar 6 quilômetros seria moleza.

Às 5:40 cheguei em um parque que ficava perto do bairro onde morava. Ele era bem conhecido pelas pessoas que gostavam de praticar exercícios. Tinham muitas pessoas naquele lugar, pareciam muito animadas, até dei uma empolgada.

Após me alongar e colocar os meus fones de ouvido, eu comecei a caminhar. Pensava que seria ruim, mas até que não estava sendo bom.

Durante a caminhada, eu tentei não pensar em meus problemas e sim, em como iria continuar a minha nova matéria. Caminhei durante uma hora até que resolvi me sentar em um banco.

Estava com o corpo cansado, mas também estava contente, pois tinha uma nova matéria estava completamente montada em minha mente.

Fiquei tão feliz por voltar a ter boas ideias que nem notei alguém se aproximando de mim.

— Nunca imaginei que você pudesse gostar de caminhar, Margareth – Uma voz conhecida começou a tomar conta do ambiente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo