Voltei amores, desculpem o atraso na atualização.
Espero que gostem.
Nos vemos semana que vem. Beijão
EU QUERO VOCÊ
POV Heloísa
Acordei extremamente ansiosa, não conseguia me concentrar em nada e por mais que tentasse me manter positiva, vira e mexe surgiam fragmentos de conversas na minha cabeça, onde terminávamos tudo de vez. Tudo bem que, tecnicamente não havia o que terminar, mas eu estava começando a ficar desesperada com a possibilidade de não nos entendermos e nos afastarmos definitivamente.
Saí da cama arrastada e fui direto para o banheiro, tomei um banho, coloquei uma calcinha estilo boxer e uma camiseta qualquer. Estava morrendo de fome e ainda teria que fazer meu café. De todos os momentos de solidão, as refeições eram sempre as piores. Estava acostumada a fazer minhas refeições sempre acompanhada, primeiro pelo Rafael, que sempre filava comida na minha casa, depois surgiu a Luna na minha vida e com ela conheci a plenitude de nunca mais me sentir sozinha, ainda que ela não estivesse comigo e depois veio nossa filha, que esteve ao meu lado nesses anos de separação. Mas agora a solidão estava gritando, meu amigo não estava mais presente, fui estúpida o suficiente de mandar a Luna embora e nossa filha se dividia entre nós duas.
Devidamente alimentada fui ao meu closet preparar meu modelito da noite, separei o vestido e a sandália que comprei e as maquiagens que usaria. Peguei uma pequena nécessaire e coloquei uma lingerie e uma camisola, ambas pretas, um short vinho e uma camiseta branca, além de um chinelo, uma escova de dente e umas bobeiras a mais. Sorri ao imaginar como seria nossa noite e me preparei para ficar com ela no dia seguinte. Não seria nada legal ter que voltar para casa com vestido de noite.
Senti meu coração apertar enquanto me olhava no espelho e me espantei quando vi uma mulher diferente de mim, insegura, inquieta e um pouco amedrontada. Definitivamente aquela não era eu. Fiz uma retrospectiva rápida e vi o quanto mudei nesse pouco tempo que voltei para Porto Alegre. Percebi o quanto nos enganamos e o quanto aceitamos ser enganada pela vida. Lembrei da minha conversa com a Maria, onde fui categórica quanto a impossibilidade de uma volta com a Luna. E olha como estou agora? Assustada com a possibilidade de ser renegada.
Voltei meu pensamento para Roberta e tentei encontrar uma justificativa plausível para fato de tê-la acompanhado. Como fui leviana comigo mesma! Joguei meu pensamento para o aniversário da Carol e revivi o desgosto de ver a Luna com outra mulher. Foi ali que percebi a merd* que tinha feito, na verdade foi ali que percebi o quanto ainda gostava daquela loira.
Percebi pelo reflexo do espelho que uma lágrima rolava, enxuguei meu rosto e sacudi a cabeça em sinal de negativa. Definitivamente hoje não era dia para eu surtar, eu precisava estar linda, fatal e muito segura para esse encontro. Peguei meus fones de ouvido e comecei a dançar pela casa. É incrível como a música era capaz de me tirar de qualquer paranoia.
POV Luna
Olhei no relógio e já eram quase 15h da tarde e eu ainda estava na briga com meu armário. Não fazia a mínima ideia da roupa que deveria usar. Experimentei milhões de looks, mas achava defeito em todos eles.
_ Daqui a pouco a Heloísa vai chegar e você ainda vai estar nesse troca-troca Luna. Pelo amor de Deus, escolhe logo uma roupa e vai tomar banho.
_ Calma Carina, você tem noção de como esse dia é importante pra mim, não posso simplesmente ir com qualquer roupa.
_ Se a noite terminar como prevejo, a roupa será mero detalhe minha linda, afinal em pouquíssimo tempo ela estará jogada em qualquer canto dessa casa.
_ O que a Carina fez com você Alex? Jesus como está assanhada, kkk...
_ Realista Dra. Luna Fagundes, kkk
Com muito custo optei por um shortinho de couro e um body trabalhado no decote, ambos pretos, um scarpin preto com detalhes em vermelho e pra finalizar o look um blazer vermelho sangue. Como sairíamos de dia, separei meu ray-ban e coloquei com a chave do carro.
_ Uau, se a morena não quiser, manda pra mim que eu até caso, kkk...
_ Que arraso, desse jeito até eu entro na disputa por você loira, kkkk... Tira o olho Carina que dessa vez, a loira aqui será minha, kkkk...
_ Bobas. Só vocês pra me fazerem rir. Tô em pânico.
_ Vai dar tudo certo amiga. Não precisa ser nenhuma cartomante pra ver que vocês ainda se amam. Só cego não enxergaria.
Quando ia responder ouvi a campainha tocar. Matei o resto da água que estava no meu copo tentando me acalmar, dei uma última conferida no visual, mandei um beijo pras meninas e abri a porta. Assim que a vi, meu coração errou o compasso, ela estava linda naquele vestido, mas o que mais me chamou a atenção foi o sorriso. Ele resplandecia minha alma e me reconfortava o coração. Era como se me desse a certeza que tudo daria certo.
_ Resolva logo sua vida em loira!
_ Pode deixar Carina.
Vi aquele lindo sorriso se apagar. A Carina tinha que abrir a boca? Tinha que cutucar a onça com vara curta? Eu juro que te mato assim que voltar. Fechei a porta, segurei a mão da minha latina e saímos. A viagem até o museu foi bastante desconfortável, quase não nos falamos e aquele sorriso que tanto amava estava perdido em algum lugar do espaço. Em pouco mais de meia hora chegamos. Vimos que a exposição era organizado pela ABRAFH (Associação Brasileira de Famílias Homotrans*fetivas). Ali tinham fotos lindas, que mostravam uma multiplicidade de famílias, tinham casais com e sem filhos. Com filhos biológicos e/ou adotados, homens, mulheres e muitas crianças. Tinham algumas obras produzidas por artistas transgêneros e alguns vídeos que mostravam as conquistas brasileiras no âmbito da homoafetividade.
Ficamos ali umas 2 horas e o clima voltou a ficar ameno. Ríamos quando víamos as traquinagens das crianças em algumas fotos e comparávamos as bagunças feitas pela Carol. Era incrível ver que apesar das diferenças culturais, criança eram crianças em qualquer lugar do planeta.
Ao sairmos dali a Helô pediu para dirigir e me levou ao primeiro restaurante que fomos. Lembrei do desastre que foi nosso jantar e foi impossível não rir.
_ Posso saber o motivo da graça?
_ Lembrei da vez que te trouxe aqui. Você comeu uma salada e sem mais nem menos disse que precisava ir embora.
_ Claro, tinha acabado de ser deserdada pelo meu pai e esse restaurante é caro pra cacete, kkk...
Jantamos entre conversas amenas e pequenos flertes. Confesso que imaginei que conversaríamos ali, mas ela em momento nenhum começou a conversa e eu respeitei. Quando finalizamos o jantar e pagamos a conta, meu coração voltou a descompassar. Estava chegando a hora de conversarmos e eu não queria que aquele clima bom se acabasse.
_ Helô preciso te dizer uma coisa antes de voltarmos para casa. Ela me olhou demostrando curiosidade. Segurei sua cintura e calmamente dei um selinho naqueles lábios que eu tanto amava. _ Independente do que aconteça, preciso que você saiba que você foi a mulher que sempre sonhei. Mesmo com meus erros eu sempre te amei. Vi uma lágrima escorrer pelo seu rosto e instintivamente sorri. Entramos no carro e voltamos para minha casa.
POV Heloísa
Não sei porque mas tive a nítida sensação dela estar se despedindo. Automaticamente lembrei da Carina e foi impossível não me entristecer. Chegamos na casa dela e a vontade que tinha era de sair correndo. Não queria ouvi-la dizer que preferia aquela magricela, mas precisava colocar um ponto final nesse rolo, afinal estava me machucando muito esse relacionamento aberto. Eu queria mais que uma amizade colorida, na verdade eu precisava de muito mais que beijos e cama, dividi-la com outra pessoa me doía mais que simplesmente não tê-la.
_ Pega um vinho pra gente Heloísa?
Por que essa filha da puta ainda me chama assim? Ela sabe o quanto isso me amolece. Joguei minha bolsa no sofá e fui na adega providenciar nosso vinho. Ao voltar pra sala vi que ela estava tirando o blazer e o scarpin, ficando ainda mais linda. Sentei ao lado dela e lhe entreguei a taça cheia de vinho.
_ Bom Helô, eu vou pedir que você me deixe falar, antes que eu perca a coragem. Ela tomou um gole de vinho.
_ Lu eu não sei se estou preparada pra te ouvir. Nossa noite foi tão gostosa, não podemos deixar essa conversa pra outro dia? Vi que ela fez uma cara surpresa e ao mesmo tempo sorriu. _ Nós precisamos definir nossa situação, para o bem ou para mal, mas não me sinto pronta pra isso, entende?
_ Claro que entendo, mas não podemos mais nos esquivar. E lembra do que te falei no restaurante. Independente do que acontecer, você foi meu melhor sonho e eu sempre te amei.
POV Luna
Ver o medo no rosto da minha latina me trazia um misto de sensações. Eu tinha vontade de agarrá-la e me perder nos seus braços. Enchi meu peito de ar, respirando o mais fundo que consegui e iniciei nossa conversa.
_ Eu quero você Helô, sempre quis, mas você não me via mais como uma possibilidade de amor, companheirismos, você não me via mais como mulher.
_ Lu...
_ Deixa eu falar Helô. Eu fiquei devastada quando você me deixou, mas nada foi pior que vê-la ir embora. Eu me perdi e sinceramente não queria muito me achar. Não conseguia ver muito além de você, então me concentrei em diversão, boates, mulheres, bebidas e muita zuação. Mas alguns meses atrás atendi várias vítimas de um atirador maluco que metralhou uma boate gay. Um crime de ódio, motivado pela intolerância. E eu fiquei muito mal, foi impossível não pensar em você e no que minha vida tinha se tornado. Pensei que poderia ser eu uma das vítimas daquela chacina, afinal desde sua partida eu vivia de boate em boate. A Alex me convenceu a ir em uma cartomante e eu aceitei sabe se lá por qual motivo. Lá a Madame Berta me disse que as mulheres que habitavam minha cama não me satisfaziam mais e que aquela que habitava minha mente estava voltando. Na hora achei uma idiotice e fui embora, mas você voltou. Por isso surtei na sua casa, no dia que conversamos e que você me informou que estava de volta. Acabei lembrando de tudo que ela me falou, principalmente sobre a possibilidade de te reconquistar.
_ Não entendi.
_ Vou explicar. Ela disse que pra te reconquistar deveria mudar de estratégia e que minha essência me ajudaria. Minha cabeça deu um nó e eu fiquei como você viu. Depois que conversei com a Alex voltei.
_ Mas você voltou completamente diferente. Ficou pouquíssimo tempo, depois foi pro bar e ficou com duas mulheres ao mesmo tempo. Continuo não entendendo, se sua intenção era me reconquistar, começou bem mal.
Vi que ela emburrou a cara e me segurei para não rir. _ Então... a Madame Berta falou que eu precisava mudar de estratégia. Que as pessoas eram a mesmas, mas que o jogo deveria ser novo se quisesse ganhar. Disse também que minha essência me ajudaria. Eu li a situação do jeito que entendi e escolhi um caminho completamente diferente até você. O ciúme!
_ Oi??? Como assim Luna?
_ Eu sempre corri atrás de você Helô, sempre tomei a iniciativa em te procurar, independente de estar certa ou errada. Posso apostar que era exatamente isso que você estava esperando que eu fizesse. Mesmo a gente estando separadas, eu nunca fiquei com nenhuma mulher na sua frente e nunca menti sobre ainda te amar. Você por sua vez foi embora, não pensou em mim e tenho certeza que mesmo sozinha não cogitou a possibilidade de voltar comigo. Eu sempre fui galinha, então decidi usar isso a meu favor. Você precisava pensar que não me tinha mais nas mãos. Precisava pensar que eu não fazia mais questão de brigar por você. E deu certo!
_ Eu não acredito que você fez o que fez por causa de uma cartomante Luna?
_ Fiz e não me arrependo. Diz que você estaria aqui comigo se eu tivesse corrido atrás de você logo de cara?
_ Eu juro que quero te matar. Você tem noção do que eu senti ao te ver com duas mulheres no bar do Lucas?
_ Você tem noção do que eu senti quando você foi embora? Ela me olhou estupefata, queria me xingar mas meu argumento era melhor. _ Estamos empatadas.
_ Mas e a Carina? Ela me disse que te conquistaria. Eu vi vocês no maior chamego, sem contar as inúmeras vezes que vi vocês se agarrando.
_ Então, a Carina foi a melhor amizade colorida que eu tive. Ela é parceira, amiga pra todas as horas e eu teria sido muito feliz com ela se tivesse conseguido te esquecer. Mas nos tornamos muito amigas e já tem um tempo que não temos nada.
_ Ah para Luna, não mete essa! Eu vejo vocês se engolindo quase que diariamente naquele hospital e você vem me dizer que tem um tempo que não fica com ela?
_ Isso mesmo, kkk... Pra ser sincera, desde que viajei que não temos mais nada. A última vez que ficamos foi no congresso. De lá pra cá somos só amigas.
_ Não acredito.
_ É um direito seu, mas não tenho porque mentir. A Carina se propôs a me ajudar a te conquistar e embarcou nessa falsa paixão por mim. Por isso as flores, os carinhos na cantina, os cafés depois das cirurgias, os selinhos roubados na sua frente.
_ Eu vou te matar Luna. Eu “tava” surtando com essa disputa. Ver você sair da minha cama e pular pra dela estava me enlouquecendo.
_ Só na sua cabeça que eu seria capaz de sair da sua cama e pular na cama de qualquer outra Helô. Eu sempre fui louca por você.
_ Luna você esfregou mais de uma mulher na minha cara. Você disse que acharia interessante um ménage comigo e aquela dermatologista. Você tem noção que eu surtei com aquilo?
_ Eu vi e adorei sua reação. Me comeu gostoso naquele banheiro. Mas não pense que foi fácil te ver se agarrando com ela. Eu fiquei na merd* e se não fosse a Alex teria jogado tudo pro alto e desistido dessa ideia maluca de te reconquistar.
_ Eu juro que não entendi o sentido disso tudo. Tudo bem que foi o ciúme que me fez te querer de novo, mas eu já morri de ciúme no primeiro dia. Te ver com a Carina me balançou muito, não precisava ir tão longe.
_ Se eu tivesse te proposto uma conversa na época da festa da Carol, você aceitaria?
_ Não sei.
_ Está respondido. Agora vem aqui que estou morrendo de saudades.
Ela ainda estava com a cara meio emburrada e eu sabia que cedo ou tarde voltaríamos nesse assunto, mas eu precisava senti-la, sem pressa, sem mascaras, sem precisar esconder meus sentimentos...
POV Heloísa
Eu não estava acreditando que ela fez um inferno na minha vida por causa de uma cartomante. Eu “tava” brava, mas ao mesmo tempo aliviada, afinal ela ainda era minha, só minha e era impossível não deixar meu lado possessivo falar mais alto.
Ela enlaçou minha cintura e beijou meu pescoço. Eu até tentei me manter impassível, mas era impossível, ela sabia exatamente o que fazer para me deixar louca. E eu queria enlouquecer com ela, mas tinha uma coisa que ainda estava me incomodando.
_ Espera Lu.
_ Eu tô com saudades latina. Me deixa te sentir?
_ Eu também, mas eu preciso saber como vamos ficar?
_ Heloísa você ainda tem dúvidas que eu quero você? Você só não me tem se não quiser. O que você precisa, um pedido oficial?
_ O meu orgulho nos trouxe até aqui, então quem vai fazer o pedido sou eu: Luna Fagundes você aceita ser minha mulher novamente?
_ Claro que sim meu amor.
_ Não pense que engoli essa conversa de cartomante....
Senti minha boca ser invadida e meu corpo ser imprensado contra o sofá. A respiração começou a ficar ofegante e a calcinha começou a molhar. Ela me levantou e entre beijos foi me conduzindo para o seu quarto. Retirou minha roupa de forma sôfrega e me jogou na cama. Sentou em cima do meu quadril e voltou a me beijar. Eu já estava completamente fora de mim, só conseguia enxergá-la na minha frente, nada mais importava, somente nós duas, nosso desejo e nossa saudade.
Joguei ela na cama, invertendo nossas posições. Retirei o resto de roupa que ainda tinha e comecei a me deliciar naquele corpo que era capaz de me tirar de órbita. A sensação de tê-la somente pra mim me dava mais gana e mais sede. Amarrei suas mãos na cabeceira da cama e voltei a beijá-la.
_ Tá me prendendo porquê? Eu quero te sentir Helô.
_ Você foi uma menina má, está merecendo um castigo.
Abri suas pernas e comecei a lamber, ela estava inchada e encharcada, me entorpecendo os sentidos.
_ Rebola pra mim Luna.
Conforme ela rebol*va, mais o seu cheiro ia impregnando em mim. Eu comecei a estocar fundo e ch*par ao mesmo tempo enquanto ouvia seu gemido enlouquecedor. Em poucos minutos ela estava goz*ndo gostoso na minha boca. Mas eu estava longe de estar satisfeita. Soltei as mãos dela e fomos nos engolindo noite a dentro. Goz*mos a madrugada inteira depois dormimos exaustas.
Fim do capítulo
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