Capítulo 38 Acabou?!
Elisandra
Meu coração estava desfalecendo, não conseguia me soltar, não podia ajudar Carmen. Ela estava tão ou mais alterada que Fabrício, via em seus olhos a fúria e a determinação, e temia por ela.
No momento que Fabrício foi ao chão, sabia que era o fim dele, mas não esperava nem nos meus piores pesadelos, que ele alcançaria a arma que estava no chão. Vi a arma apontada pra Carmen, senti minhas forças deixarem meu corpo, gritei seu nome como se aquilo pudesse salvar sua vida. Então o disparo, as lágrimas desceram pelos meus olhos como enxurrada, fiquei ali perplexa vendo o corpo caído no chão, enquanto o sangue encharcava sua camisa.
--Carmen?!
Sussurrei seu nome, minha vida não teria sentido sem Carmen, não conseguia nem imaginar viver sem ela. Então, aqueles olhos que tanto amava, viraram-se em minha direção, estavam marejados, assustados, temerosos, aliviados.
Carmen permanecia em pé, estava em frente ao corpo de Fabrício estirado no chão. O homem que chegara no momento certo, atirando em Fabrício, evitando que ele matasse Carmen, deu um sorriso de canto pra mim, enquanto meu amor finalmente soltou a madeira, andando em minha direção.
--Carmen?!
Sussurrei mais uma vez, incrédula de que ela havia inacreditavelmente escapado da morte. Esperei que ela soltasse-me, ainda trêmula devido à adrenalina que havia tomado seu corpo, para imediatamente jogar-me também de joelhos no chão, em seus braços.
Afundei meu rosto em seus cabelos, dando vazão a toda angústia que havia passado nos últimos dias.
--Meu amor.
--Estou aqui, está tudo bem agora.
--Eu achei que...
--Shii... Está tudo bem meu amor, vou levar você pra casa.
Assim que Carmen ajudou-me a levantar do chão, apoiando-me pois devido a coronhada que havia levado, estava um pouco tonta, ouvimos ao longe sirenes da polícia. Carmen imediatamente olhou pro homem que havia salvo sua vida, este estava agachado próximo ao cúmplice de Fabrício, usando algemas para prendê-lo, aparentemente ele apenas estava desmaiado.
--A polícia...
Carmen proferiu em voz baixa, como se tentasse entender alguma coisa. O homem levantou-se, sorriu pra Carmen e então mencionou.
--Investigador Benjamin Goulart!
--Eu pensei que...
--Que éramos mercenários! De certa forma nos somos.
--Mas..?! Vocês dois são da polícia?
--Sim! Era pra ser um trabalho extra-oficial, mas precisei pedir reforços. Sabia que teríamos problemas aqui.
--E Augusto?
--Está com os dois cúmplices lá embaixo.
Não houve mais questionamentos de Carmen, andamos pelo corredor até alcançarmos as escadas, queríamos sair logo daquele lugar, queria ver minha mãe, minha irmã, queria ficar com Carmen longe e livre de tudo aquilo.
Estávamos no primeiro lance das escadas, quando um arrepio assolou meu corpo, e instantaneamente lembrei de Juliana, onde ela estaria?
--Carmen?! E Juliana?
Carmen parou como se lembrasse de alguma coisa. Nesse instante, ao mesmo tempo em que policias tomavam o andar debaixo, ouvimos passos apressados atrás de nós. Ao virarmos, vimos Juliana correndo em nossa direção, com uma faca na mão. Não houve tempo pra reações, até porque nem precisamos.
* * * *
Carmen
Era muito pra assimilar, Fabrício morto, Elisandra e sua irmã livres, seguras. Benjamin e Augusto eram policias e provavelmente aquilo tudo não cairia sobre mim, eu não arcaria as conseqüências da morte dele. Estávamos descendo as escadas quando Elisandra mencionou Juliana, parei ao ouvir seu nome, pois lembrara que havia a deixado em uma sala qualquer, inconsciente.
No entanto, não tivemos tempo pra nada, ao ouvir passos atrás de nós, nos voltamos e vimos Juliana correndo em nossa direção com uma faca nas mãos. Benjamin tomou a frente, mas nada fora preciso fazer, pois ela perdera o equilíbrio e passara direto por nós, caindo escada abaixo.
Instintivamente, trouxe o rosto de Elisandra para mim, impedindo que ele continuasse a ver aquela cena lamentável. A polícia toda presente, presenciara a cena e rapidamente tomaram as providencias necessárias para aquela situação.
--É melhor vocês irem, precisam passar em um hospital primeiro.
Consenti com um manear de cabeça, e ainda abraçada a Lisa, levei-a pra fora não permitindo que ela visse o corpo de Juliana.
Quando atravessávamos a rua, Moisés rapidamente vinha em nossa direção, ele estava só.
--Graças a Deus vocês estão bem!
Abraçou Lisa como se fosse sua própria filha, e em seguida abraçou a mim.
--Sua mãe está muito preocupada, precisamos avisá-la que estão bem.
Moisés apanhou seu celular e em seguida alcançou a Elisandra. A ligação fora feita no viva-voz.
--Moisés! Onde ela está?
--Oi mãe!
--Elisandra minha filha...
Dona Júlia chorava, estava muito emocionada e dava vazão a tal sentimento.
--Está tudo bem mãe, acabou...
--Meu Deus obrigada! Onde você está?
--Estou indo pra casa, Vou levar Carmen ao hospital, ela se feriu levemente no braço e já, já vamos pra casa.
Elisandra mentiu, era óbvio que não queria preocupar sua mãe ainda mais, contando que também estava ferida e precisava de um hospital.
--E Emília como está?
--Bem minha filha, só está muito assustada.
--Estou morrendo de vontade de apertá-la.
--E eu a você minha menina.
Após a ligação ser encerrada, Moisés levou-nos ao hospital, onde fomos medicadas e liberadas. Nem parecia que era verdade, confesso que desejei ardentemente, matar Fabrício com minhas próprias mãos, mas agora que ele estava morto, lamentava que ele tivesse escolhido esse caminho.
Enfim, o pesadelo finalmente havia acabado, agora eu só queria viver ao lado das pessoas que amava. Queria voltar pra casa, reunir nossas famílias, ficar com a mulher da minha vida, ficar de verdade, pra sempre.
Fim do capítulo
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