Capítulo 2
Quando cheguei ao meu quarto, fui direto para o banheiro. Me banhei e em seguida retornei. Naquela noite, eu usei algo um pouco mais chamativo, estava um pouco cansada do rumo que minha vida estava tomando. Não conseguia mais me relacionar com ninguém por conta de Charlotte e o pior é que ela nem ligava para mim. Fazia de tudo para agrada-la e nunca consegui ver o seu sorriso. Não a culpo pelo que estava acontecendo. Afinal, era eu que vivia mantendo esperanças de um dia ela passar a me olhar de outra forma, mas isso era quase impossível. Charlotte vivia só para o trabalho. Diziam que por conta da morte de sua esposa, ela havia ficado muito fria e não conseguia se ligar a ninguém. E por que mesmo sabendo disso, eu ainda vivia babando por ela? Se eu pudesse mandar em meu coração, nunca me apaixonaria por Charlotte, mas aconteceu sem esperar. Foi logo na entrevista de emprego. Ela como sempre séria demais e com aquele olhar que intimidava todo mundo, menos eu, que sempre tentava ver além daquela máscara que ela usava, porém nunca conseguia enxergar nada. Charlotte sempre soube esconder os seus sentimentos. Até no dia do falecimento de sua esposa foi assim, não a vi derramar nenhuma lágrima quando esteve diante das pessoas, mas em um momento em que ela achava que estava só, a vi chorar. A vi pondo para fora todas suas emoções. Charlotte não era como as pessoas diziam, mas ela fazia muita questão de ser como as pessoas imaginava que ela era.
Após me arrumar, dei uma última olhada no espelho, ajeitando alguns fios ruivos do meu cabelo que estavam desalinhados e depois fui para a sala. Quando cheguei, encontrei meu pai dormindo no sofá.
--Pai?
--Hummm... Filha, aconteceu alguma coisa?
--Já estou indo. Se cuida tá?-- Pousei um beijo em sua face -- Vou tentar não demorar.
--Se cuida você também, filha. Não se preocupe comigo. Aproveite sua noite.
--Está bem!
Sai e parti para o bar onde havia combinado com o Arnold. Ao chegar, logo me deparei com os amigos da empresa. Todos pareciam bem animados, rindo de assuntos diversos.
--Olha quem chegou -- Arnold falou ao me notar.
--Demorei um pouquinho, mas cheguei -- Me sentei e todos direcionaram o olhar para mim.
--Parabéns, Margareth, mais uma matéria perfeita -- Fred falou ao levantar o seu copo de cerveja.
--Você sabe meu caro, Margareth tem muita inspiração -- Arnold falou divertido.
--Já vão começar? -- Perguntei tentando acabar com aquele assunto.
--Margareth, você sabe todo mundo já notou -- Priscila piscou para mim.
--Menos a dona Charlotte, pois ela é ocupada demais tentando nos deprimir. Meu psicólogo não aguenta mais ouvir o nome dessa mulher -- Fred disse e todos riram.
-- Acho que você deveria partir para outra, Margareth -- Priscila aconselhou.
--Concordo plenamente -- Arnold concordou e eu fiquei pensativa. Todos achavam que era fácil tirar alguém da nossa cabeça. Já tentei me esquecer de Charlotte, mas nunca consegui e isso piorou ainda mais depois que ela ficou só, pois antes era uma paixão muito impossível, mas agora estava em um nível menor de impossibilidade. Bem lá no fundo, sempre tive esperanças de um dia a Charlotte ficar comigo.
Uma voz masculina começou a tomar conta do ambiente e todos direcionaram o olhar para o pequeno palco que tinha ali. O homem que estava falando apresentava ao público a mulher que iria cantar. Fazia um bom tempo que não olhava para uma mulher com interesse, mas de imediato me interessei pela cantora. Mel, a cantora, era morena, tinha os cabelos longos e um sorriso perfeito. Fiquei prestando tanto atenção nela que nem liguei mais para o que acontecia ao meu redor.
--Ela é minha amiga. Se quiser, eu apresento -- Priscila falou e os meninos riram.
--Bem que não seria uma má ideia -- Falei entrando na brincadeira, porém sabia que era melhor ficar no meu canto. Aquilo era apenas um interesse momentâneo, pois era sempre isso que acontecia.
Arnold após a minha fala ficou me encarando. Sabia que ele de alguma forma estava tentando me encorajar. Ele queria que eu acabasse de vez com aquela paixão por Charlotte, pois como eu, sabia que havia 99% de chances de não levar a nada.
Quando todos se calaram na mesa, a voz de Mel passou a tomar conta do ambiente. Como ela, sua voz também era linda. Um timbre rouco que com certeza chamava a atenção de homens e mulheres.
Durante sua apresentação, eu me peguei buscando o seu olhar, algumas vezes o encontrei, me fazendo sorri um pouco sem graça. Ficar com aquela troca de olhares me fez pensar na possibilidade de tentar sair com alguém, porém tinha medo de acabar pensando em Charlotte ao estar com outra pessoa.
A apresentação de Mel acabou e ela agradeceu a todos pela presença. Me deixando totalmente surpresa, ela desceu do palco e veio andando na direção da nossa mesa, mas ao chegar...
--Priscila -- Com todo o entusiasmo do mundo, ela abraçou a Pri e eu fiquei um tanto sem graça. Os meninos notaram e ficaram rindo.
--Nossa, Mel, como sempre você foi perfeita... Maravilhosa... Simplesmente demais --Priscila falou quando elas se separaram.
--Obrigada, Pri, como sempre você me enchendo de elogios.
--Exagero nenhum-- Priscila falou e olhou para os meninos e eu -- Esses são meus amigos.
A Mel olhou para mim e eu desviei o meu olhar. Ahhh... Se ela estava afim da Priscila era melhor me manter distante.
--Este é o Fred -- Priscila falou e Fred deu um pequeno aceno -- Este é o Arnold.
--Olá, Mel... Adorei a sua voz. Canta muito bem. Acho que teve gente aqui que até se empolgou-- Todos riram do comentário do meu amigo, menos eu.
--E essa mais fechada é a Margareth. Às vezes ela não tá com bom humor -- Priscila falou e eu revirei os meus olhos.
--Bom... Não sou de me gabar, mas sei como acabar com o mau humor de qualquer pessoa -- Ela piscou para mim e fiquei pensando: só pode ser geminiana, se acha demais.
--Olha, Margareth, acho que tem alguém aqui querendo acabar com seu mau humor -- Fred falou todo divertido.
--Hahahaha... Não sou mal- humorada... Você canta bem, Mel.
--Obrigada -- Ela sorriu e se sentou na cadeira ao meu lado.
Depois dessa direta mesmo, nós 5 passamos a conversar sobre assuntos aleatórios. Sobre trabalho, gostos... No final, passei a olhar para a Mel de uma forma diferente. Mesmo às vezes sendo um pouco abusada, ela era uma boa companhia.
--Então quer dizer que a Margareth tem um amor platônico? -- Ela perguntou. Meus amigos contaram toda a história para ela.
Como não queria responder aquela pergunta nada falei.
--É a chefe mais terrível de toda a cidade -- Priscila completou e eles quatro ficaram rindo.
A Mel encheu meus amigos de perguntas a respeito da Charlotte. Até parecia que queria saber os mínimos detalhes a respeito da mulher que eu gostava.
Fim do capítulo
Olá,
Mais um capítulo!
O que acharam?
Muito obrigada por estar acompanhando essa minha história.
Beijinhos!
Van^^
Comentar este capítulo:
Brescia
Em: 28/04/2019
Oi de novo.
Vc realmente sabe dar leveza e descontração aos diálogos. Gosto quando consigo sorrir e me perder, até que acaba. Rs
Baci.
Resposta do autor:
Olá,
Quando escrevo em primeira pessoa, eu me solto mais. rsrs
Muito obrigada pelo seu comentário!
Beijinhos!
Van^^
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]