Capítulo 15 - Respostas
Beatriz e Sophia continuaram trocando mensagens diariamente. De certa forma a advogada estava se sentindo mais feliz a cada dia. Mesmo com a correria de ambas conseguiram se ver bastante durante a semana. E em um dos dias marcaram de irem ao cinema. Bia estava animada e contando as horas para ver a garota, até o momento em que resolveu abrir o Facebook e aceitar o convite dela. Maldita hora em que cedeu a tentação de stalkear o Facebook de Sophia. Não dava mais para desmarcar o compromisso com ela, ia tentar ser menos invasiva e fazer o passeio dar certo.
Por outro lado, Sophia estava radiante pelo convite de Bia, nem passava por sua mente que a mulher a sua frente não estava nada confortável com aquele passeio. Assim que encontrou a advogada sentiu que algo nela não estava bem, mas preferiu não perguntar. Após o filme convidou Beatriz para um lanche e essa não aceitou. Resolveu não insistir, não viu necessidade, até chegar a porta de sua casa e Bia parar o carro.
– Obrigada pela companhia! – sorriu fraco – Boa noite.
Sophia lhe dirigiu um olhar inquieto ao mesmo tempo que perguntava:
– Bia, está acontecendo alguma coisa? Passou a noite inteira quieta e séria, fiz alguma coisa que não gostou? – segurou a mão da advogada esperando por uma resposta que demorou a vir, percebendo que ela estava aérea perguntou novamente: – Está tudo bem?
– Desculpa, falou alguma coisa?
– Muitas coisas, – sorriu – você tá sentindo alguma coisa?
– Não, estou bem! Não precisa se preocupar.
– Impossível. Ficou o tempo todo calada, não aceitou meu convite e agora tá aí, viajando.
– Perdão, não foi por mal. É que vi algo mais cedo que me deixou intrigada.
Ela olhou para Sophia de forma estranha, fazendo a garota perguntar desconfiada:
– Por acaso eu tenho alguma coisa a ver com o que viu?
– Sim – respondeu num sussurro.
– Vou precisar perguntar do que se trata, ou vai continuar me olhando assim?
– Como estou te olhando?
– Com certo desdém, parece até que me viu fazendo alguma coisa que abomina.
– Perdão! – disse envergonhada – Não tive intenção.
– Não se preocupa com isso, vamos logo ao ponto chave da noite, o que foi que você me viu fazendo?
Sophia viu ela batucar levemente no volante e dizer sem olhar para ela:
– Você tem uma namorada e não quer me dizer, é isso?
– Não que eu saiba! – sorriu – De onde tirou essa ideia?
– Vi uma foto sua beijando uma moça no Facebook com uma declaração enorme. E nem tem tanto tempo assim que ela foi postada.
Por alguns segundos Sophi se perguntou o que podia ser, logo lembrou que aquilo tinha sido uma loucura que Adrielle tinha feito há alguns meses atrás na tentativa de reatarem a relação.
– Aquilo é coisa antiga, deveria ter apagado já, mas a preguiça não deixou, são muitas coisas para procurar – sacudiu o celular – não tenho paciência de ficar nas redes sociais na frente do computador. Acho mais cômodo usar o celular. Por isso aquela foto e muitas outras ainda estão por lá.
– Não queria me intrometer na sua vida, muito menos cobrar nada. É só que achei estranho.
– Fique tranquila, meus amigos já falaram diversas vezes que deveria ter “limpado” ela do meu Facebook, mas não tinha visto necessidade disso, – deu um beijo rápido em Bia – até hoje.
– Fui muito boba? – perguntou entre constrangida e envergonhada.
– Não! É normal ter dúvidas com relação a certas coisas. – a barriga de Sophia fez um barulho estranho e ela disse sorrindo: – Se não se importa, podemos terminar essa conversa lá dentro? Como pode ouvir, estou com fome.
– Tudo bem, vamos lá!
Sophia morava com Romero e Manuela, os três eram amigos desde a infância, nasceram em Amargosa. Romero foi o primeiro a vir para a capital estudar, Sophia e Manuela vieram alguns meses depois. No início a futura atriz morava com Adrielle, depois de algum tempo foi morar com os amigos. A convivência entre eles era muito boa, dividiam todas as tarefas e as despesas. Clea e Marco estavam sempre por lá também, os dois eram primos e namoravam com seus amigos.
– Olha só quem veio visitar a nossa humilde residência. Oi peixão, como vai? Que bons ventos lhe trazem aqui? Marcando presença mesmo hein sapinha?! – abraçou a advogada beijando seu rosto.
– Oi Romero, estou bem, e você?
– Estou ótimo, melhor agora indo encontrar o meu príncipe, deixa eu ir que já estou atrasado. Fique à vontade peixão, sei que a sapinha vai lhe dá o melhor tratamento possível, até mais. Manu, se você não sair desse quarto agora vou te deixar aí.
– Calma chato, estou calçando os pés. Boa noite meninas, tudo bem Bia?
– Oi Manu, tudo sim! – recebeu um abraço da garota.
Manuela já estava perto da porta quando virou dizendo sorridente:
– Ah Sophi, a Dri me ligou dizendo que está com saudades e quer vir passar uns dias conosco, eu disse a ela que precisava falar com você antes! Depois precisamos conversar sobre isso. Deixa eu ir, antes que o Rô me deixe aqui. Tchauzinho meninas. – piscou para Sophi.
A notícia que recebeu de sua amiga não foi das melhores, mas não queria pensar nisso no momento. Preparou alguns sanduiches rapidamente e voltou para a sala. Quando terminaram de comer, disse sorridente:
– Vamos aos esclarecimentos da noite, afinal, você ainda deve estar se perguntando quem é Adrielle! – Bia sorriu e segurou sua mão incentivando com o olhar para que ela continuasse a falar – Minha ex noiva, esposa quase.
– Se não for pedir muito, poderia contar essa história direito? A versão resumida me deixou com algumas dúvidas. – puxou Sophi para seu o colo enquanto beijava seus lábios.
– Com colo e beijo eu conto tudo! – sorriu recebendo um carinho que Bia fazia em seu rosto. – Bom, vou contar a história do início, prometo não me prolongar muito. Eu e Adrielle éramos amigas da Manu, a moça que acabou de sair daqui e por sinal, é irmã do Rô.
– Não brincou quando disse que contaria do início. Continue, senhorita.
Beijou os lábios de Bia e logo continuou: – Descobri que estava apaixonada por ela aos 18 anos, na época ela estava com 16, eu tinha medo de contar o que sentia, por ela ser heterossexual. Nessa época ela namorava um carinha intragável. Em um belo dia ela foi em minha casa com a Manu e ficamos conversando, em um certo momento da conversa ela falou que estava se sentindo atraída por uma garota, mas não quis dizer quem era, fiquei muito curiosa para saber de quem se tratava, mas não tive coragem de perguntar o nome da tal garota. Poucos meses depois nos encontramos em uma festa e ela me contou que a garota a quem ela se referiu era eu e acabamos ficando. Em seguida começamos a namorar e resolvemos conversar com nossos pais. Meus pais sempre souberam da minha orientação sexual, inclusive minha mãe sabia que eu era apaixonada por ela. A mãe dela inicialmente não aceitou, o pai dela era bem tranquilo e deu o maior apoio. Quando marcamos a data do noivado sua mãe nos pediu desculpas por inicialmente ter achado que era só fogo de palha da gente e tal, mas que por estarmos naquele momento dando um passo para o casamento que ela não ia querer se manter de fora das nossas vidas e que enfim ela estava começando a entender o nosso amor. Quando passamos no vestibular decidimos vir morar juntas aqui em Salvador. Aqui ela ficou muito diferente, sentia um ciúme enorme de mim, estudávamos em campus diferentes e mesmo assim ela dava um jeito de estar sempre no campus em que eu estudava, eu não podia falar com ninguém, meu celular não podia tocar que ela queria saber com quem eu estava falando, minha vida virou um verdadeiro inferno. Eu não aguentava mais o ciúme dela, comecei a perder em algumas disciplinas na faculdade, tranquei a matricula, arrumei minhas coisas e voltei para Amargosa. Ela inventou de ir atrás de mim, quando chegou lá eu não aguentei mais, tivemos uma briga terrível e terminamos depois de quase cinco anos juntas.
– Uma vida, hein! Tem muito tempo que vocês terminaram?
– Quase um ano. E foi um bem necessário. Afinal, só depois de passar por tudo isso que percebi que estava vivendo uma relação abusiva.
– Tem isso também. Que bom que conseguiu enxergar a tempo.
Ficaram namorando por um tempo no sofá, até Sophia perguntar displicente:
– Você ainda é casada?
– De onde tirou isso?
– Do seu Facebook – deitou sobre as pernas de Bia sorrindo com a careta que ela fez ao escutar sua pergunta.
– Ah, esqueci dele. Quanto a sua pergunta, eu sou uma mulher separada agora. – deu um beijo na ponta do nariz de Sophia.
– O caminho está livre para mim então? – perguntou marota.
– Depende!
– De que?
– De você!
– Preciso me empenhar mais na arte da conquista. – disse com a voz sensual – Que tal você dormir aqui hoje?
– Uou, rápida hein!
– Isso foi um sim?
Viu Beatriz sorrir, a abraçando enquanto beijava seus lábios docemente.
Fim do capítulo
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Unica
Em: 03/04/2019
Oi moça....
Amo suas estórias e sei que qdo Voçes dão este tempo é porque realmente é necessário, portanto para mim você faça o que for melhor e mais cômodo para ti. Agradeço por ter retornado.... Certeza tenho que irei acompanhar, independente dos períodos das postagens. Rsrs
Beijos...
Resposta do autor:
Boa noite, Vilma! Tudo bem?!
Obrigada pelo apoio, infelizmente tem momentos na vida da gente que a inspiração resolve dar uma passeada por outros lugares, rsrs, e as coisas ficam meio complicadas para dar prosseguimento. Mas, como muitas coisas na vida, ela vai e volta, daí é dar as asas necessárias e voltar a seguir em frente.
Se cuida querida, bjs.
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