Capítulo 14 - Passeio surpresa
– Você é muito louca! – falava abrindo a porta do carro – Confesso, não acreditei que viria – deu um beijo no rosto de Bia enquanto colocava o cinto de segurança.
– Falei que vinha. Para mim promessa é dívida, por isso, pago sempre as minhas. – piscou para a garota que apenas sorriu. – Para onde vamos?
– Minha casa! – disse temerosa olhando para Bia e fazendo careta.
– Tudo bem, te levo para casa.
– Sério?! – bateu palmas e deu uns gritinhos de alegria, Beatriz a olhava intrigada sem deixar de prestar atenção na avenida. – Perdão, me empolguei. Tive um dia agitadíssimo hoje, só preciso de um banho para tirar essa moleza do corpo e serei inteiramente sua.
– Quando diz inteira, quer dizer totalmente? – perguntou com a voz sensual!
– Depende do que se trata esse seu totalmente – deu um tapinha na coxa de Bia que sorriu.
– Assim não vale. Não pode falar as coisas e depois mudar de ideia dessa forma.
– Nem vem, esse seu olhar enigmático me diz que devo ter cuidado contigo.
– Desse jeito vou achar que sou uma ameaça para ti!
– Quem sabe? – perguntou a enfrentando com o olhar.
– Não me desafie, senhorita!
– Ou então o que? O que está pensando em fazer comigo? – perguntou divertida enquanto saía do carro.
– Sua sorte é que chegamos!
Gargalhou sendo acompanhada por Sophia que ao entrar em sua casa disse em tom de desculpa:
– Não repara a bagunça. Casa de estudante sabe como é, né – ela falava recolhendo algumas peças de roupas que estavam jogadas no sofá. – O final de semana ainda não acabou para nós, e olha que a semana já está quase no final de novo. Senta, prometo não demorar. Tem uma pizzaria no final da rua, se quiser vamos lá ou então pedimos para entregar aqui.
– O que você prefere?
– Que entreguem aqui, estou um pouquinho cansada.
– Sua carinha tá mesmo dizendo isso, passa o número que já peço enquanto você toma banho, assim não demora muito. – Assim que recebeu o contato de Sophia, perguntou displicente: – Quer ajuda no banho?
– Quê?
Sorriu ao responder: – É que você está aí encostada me olhando, achei que estivesse precisando de ajuda e não sabia como pedir.
Viu as faces de Sophia corarem, mas a garota não deixou barato.
– Seria um prazer ter a sua ajuda no meu banho, mas estou meio sem tempo no momento. E além do mais meus amigos podem chegar a qualquer momento, não sei se seria confortável para você, que eles nos vissem tomando banho juntas.
– Tudo bem, você venceu. Me diz uma coisa, onde peço para entregar a pizza?
– Na casa do Rô, o pessoal já sabe onde é!
– Ok. – finalizou o pedido encostando o corpo no sofá.
Sophia julgava que seu dia tinha sido agitado sem saber como estava sendo a noite de Bia. A advogada fechou os olhos na tentativa de pensar em tudo o que tinha acontecido até ali, bendita hora em que Sophia ligou, ou então estaria em casa ainda amargando aquela visita louca da ex.
– Bia, tá dormindo?
Sentiu a garota sentar ao seu lado e só então abriu os olhos: – O que estava pensando em fazer comigo?
Viu Sophia dar um pulo do sofá respondendo entre assustada e envergonhada: – Nada, só queria saber!
– Vem cá, – segurou a mão de Sophi, que ainda mantinha a outra mão no peito – desculpa, não quis te assustar!
– Não deu muito certo a sua tentativa!
– Percebi. – beijou os lábios da moça perguntando em um sussurro: – Você tá bem?
– Tirando o susto que me deu, estou sim. – acariciou seu rosto – E você?
– Posso ficar melhor – puxou a garota para outro beijo e ficaram ali namorando, até serem interrompidas pela campainha.
– Deve ser a pizza!
– Salva pelo gongo.
Sophia gargalhou fazendo um sinal negativo com a mão e foi atender a porta.
Comeram conversando sobre o dia agitado que cada uma teve, Bia ocultou a visita da ex, ponto alto do seu dia estressante, mas não queria perder aquela conexão tão boa com Sophi, por nada! Quando saiu de lá já passava das 22h.
Em casa tomou um banho relaxante e se jogou na cama, adormecendo rapidamente. Nos dias que se seguiram Marcella não deu mais as caras, enfim tinha bloqueado o contato dela. Estava disposta a se afastar de uma vez por todas dela.
O fim de semana chegou ensolarado, no sábado Mari a convidou para fazer uma rápida visita aos pais no interior com retorno no mesmo dia. Aproveitou para contar a amiga o que tinha acontecido com a ex, e como esperava a amiga ficou possessa de início, mas depois fez uma graça, dizendo que depois de muito tentar ela tinha cedido a tenção da outra.
Depois do dia maravilho que passou no sítio dos pais da amiga, resolveu dar uma esticada com Mari e foi jantar na casa da professora, estava deitada no sofá assistindo Minha Mãe é uma peça 2 com ela, quando recebeu uma mensagem de Sophi a convidando para um passeio no domingo, ela aceitou sem nem perguntar do que se tratava.
– E essa cara de boba olhando para esse celular, significa o que mesmo? – Mari perguntou lhe entregando uma latinha de cerveja.
– Sophia! – sacudiu o aparelho em suas mãos – Acabou de me fazer um convite.
– Vão para onde?
– Não faço ideia, – gargalhou – mas já aceitei.
– Maluca! Já pensou se ela te leva para um clube de swing?
– E a maluca sou eu! Tá bom.
– Falei alguma besteira?
– Quando você não fala besteira, Marizinha?
– Sou super séria, e nunca falei besteiras na minha vida!
– Sei! Falando nisso, cadê Renato? Nunca mais ouvi falar dele.
– Deve estar indo para casa com a filha!
– Volta a fita, o boy perfeito tem uma filha? Não vá me dizer que tem uma esposa por trás também.
– Boba, – deu um tapa no braço da amiga – tem uma ex esposa. Ele foi casado por 12 anos, acredita? A filha dele tem 10 anos.
– Nossa! Tempinho hein.
– Você que o diga, passou uma eternidade até descobrir que a outra lá era uma víbora.
– Melhor eu ir embora! Não estou a fim de me irritar contigo.
– Vai defender ela de novo?
– Não vejo necessidade. Mas já está mesmo na hora de ir. – abraçou a amiga beijando seu rosto – Obrigada pelo dia maravilhoso, estava mesmo precisando de um dia leve assim.
– Quero notícias do passeio de amanhã depois, viu!
– Pode deixar! – entrou no táxi soltando beijinhos no ar para Marília.
No domingo marcou de encontrar Sophi as 10h, ficou enrolando para levantar da cama até a garota mandar mensagem dizendo que estava saindo de casa. A muito custo levantou e fez as coisas se arrastando.
Quando chegou ao Porto da Barra não viu Sophia, pegou o celular para ter uma referência de onde a outra estava e logo sentiu seus olhos serem vendados por mãos. Reconheceu imediatamente o cheiro do perfume dela.
– Sophia!!! – falou animada.
– Poxa, assim não tem graça, você adivinhou muito rápido. O que me denunciou?
– Seu perfume. Tudo bem? – perguntou beijando seu rosto.
– Tudo bem sim, e você? Sério que já gravou o cheiro do meu perfume? – sua voz demonstrava sua surpresa.
– Estou melhor agora na sua companhia. Claro que gravei, ele é inconfundível. E então, o que faremos?
– Olha, deveria ter perguntando algo a você antes de fazer o que fiz!
– O que fez? Estou ficando com medo!
– Não precisa, você está comigo, eu te protejo. – enlaçou o braço no de Bia e enquanto andavam pelo calçadão perguntou sorridente: – Sabe pedalar?
– Sei, mas não curto muito. É um esforço desnecessário ao meu ver.
– Isso é desculpa de sedentário Bia, pedalar faz bem à saúde. Eu amo pedalar!
– Calma, não vai dizer que me trouxe aqui para pedalar? – fez cara de que não estava muito contente com aquela ideia.
Sophia não conseguiu evitar o riso, a cara de Bia estava muito engraçada.
– Te trouxe aqui para pedalarmos sim. Vou logo avisando que não aceito não como resposta, não vai fazer mal nenhum pedalar por uma hora.
– O quê? Uma hora! Deus me livre, vou sentar ali – apontou para um banco – enquanto você pedala, muito obrigada pelo convite, mas prefiro te esperar aqui.
Já ia atravessar a rua quando Sophi segurou sua cintura, impedindo que ela continuasse a caminhar.
– Não, vamos pedalar juntas, as bicicletas já estão até separadas. Uma hora passa rápido, por favor, vamos?
Pensou por algum tempo antes de responder ainda séria: – Tá bom Sophia, vamos. Mas vou logo avisando que essa será a primeira e a última vez que andamos de bicicleta. Já inventaram meios de transportes que dão menos trabalho.
– Mas a bicicleta não poluí o meio ambiente, para de reclamar. Vai ser divertido, você vai ver – beijou seu rosto conseguindo arrancar um sorriso da advogada.
Pedalaram por cerca de uma hora e meia, Beatriz percorreu boa parte do percurso reclamando. Depois pegou o ritmo e se dedicou a desfrutar apenas da agradável companhia de Sophia. Quando terminaram o passeio de bicicleta Sophia convidou Bia para almoçar. Já estavam terminando o almoço quando Sophia perguntou:
– O que achou do passeio?
– Apesar de exaustivo, foi bem legal, deu para relembrar a infância.
– Tá vendo aí, foi um bom passeio então. Nem precisava ter reclamado tanto.
– Tudo bem, admito, foi bem agradável. Mais por ter a sua companhia, do que a da bicicleta, claro. Mas dá próxima vez escolho o que faremos. Sou uma jovem senhora, não posso ficar por aí pedalando. Meus ossos não recuperarão tão rápido quanto os seus, caso me machuque.
– Quanto exagero! – gargalhou. – Não sabia que você era assim!
– Tem muito o que conhecer de mim ainda, vai por mim.
– Quero! É só você deixar – a desafiou com o olhar.
– Fica à vontade – fez um leve carinho no rosto de Sophi.
Saíram do restaurante conversando e sorrindo, Bia acompanhou Sophia até o ponto de ônibus onde se despediram.
– Foi um dia maravilhoso, pena ter passado tão rápido.
– Pena mesmo é você ter que ir tão cedo.
– Nem fala, Bia! Preciso estudar, ou então reprovo na matéria, deixei ela de lado o semestre quase todo, aí já viu, preciso correr atrás do prejuízo enquanto ainda tenho tempo.
– Tudo bem, é por uma boa causa a sua ida. – deu um beijo no canto dos lábios de Sophia e a abraçou concluindo: – Obrigada pelo passeio. Quando terminar a sua correria de trabalhos e provas a gente marca outra coisa. Ah, lembrando que no próximo final de semana vamos para a praia.
– Praia? – perguntou surpresa.
– Esqueceu o meu convite! Nossa, fiquei chocada agora.
– Desculpa, mas, refresca a minha memória, por favor.
– Final de semana em Praia do Forte comigo e alguns amigos, convidei você e Renato no dia em que nos encontramos no Rio Vermelho.
– Ah, sim, sim! Final do mês, é mesmo. Acabei me passando.
– Não vá me dizer que já tem outro compromisso?
– Se tiver, desmarco. Pode ter certeza, – piscou para Bia beijando seu rosto – preciso ir, a gente vai se falando. Tchau.
Acenou para a garota que entrava no ônibus ainda sorrindo. Estava ficando menos inibida na frente de Sophia, isso era é bom sinal. Esperava sinceramente que ela conseguisse ir à praia no final de semana, o convite já tinha sido feito e refeito até, não tinha mais o que fazer, a não ser esperar e torcer para que ela fosse.
Fim do capítulo
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