AZUL VIOLETA por alex72
Capítulo 9 - Quanto mais caminho, menos longe fico de você!
Aline
Tinha chegado ao fim e ao fundo, sair da empresa era a única solução, durante todo o período de meu amor não correspondido, flutuei entre tentar provar para todos que não era gay, ficando com Paulo, reafirmando ao Ademir que eu iria esquece-la, mas ao fim de todos os dias eu acabava chorando no meu travesseiro.
A saída complicou ainda mais minha relação com minha mãe, uma vez que o dinheiro la em nossa casa iria fazer falta, claro que minha sanidade era mais importante neste momento, não dava mais para trabalhar no mesmo local com ela.
Eu estava determinada a esquecer Lorena e voltar a gostar de meninos da mesma forma que antes, afinal eu não era Gay e minha paixão por ela iria passar agora que estava longe, desta forma resolvi ceder ao Balduin e como ele era casado nada melhor, não me exigiria muito.
Assim comecei a sair com ele e virei sua amante, ele era carinhoso e paciente, ainda era virgem e ele aceitava de mim o que podia dar de prazer, passávamos todos os sábados no motel depois do seu serviço , e minha mãe parecia adora-lo, afinal ele era mais velho, já estabelecido e cuidava muito bem de mim.
Não era ruim nosso relacionamento, afinal eu conseguia manter-me longe das lembranças daqueles olhos azuis violeta e tentar seguir minha vida da melhor maneira possível, porem lá no fundo eu sentia que faltava algo, faltava a felicidade que eu sentia nos primeiros meses de quando eu mirava aqueles olhos e mesmo sendo só amigas eu tinha a sua atenção , esquecer meu anjo parecia uma tarefa ingrata e impossível e assim continuei sobrevivendo dia a dia, tinha notícias somente através de Ademir que além da Rosangela era a única pessoa da empresa a manter convívio.
Lorena
Tudo dentro de mim estava em rebuliço, ver a Aline todo dia era um exercício de interpretação e de não saber entender o que se passava comigo, mantia ela a distância e a toda oportunidade eu deixava claro meu descontentamento pelos seus sentimentos, mas dentro de mim a luta era outra. Não queria admitir que tudo aquilo havia mexido comigo, aquele par de olhos castanhos, puxados me olhando com um misto de amor e dor, era por demais perturbador.
Mergulhei de cabeça nos preparativos do meu casamento e da minha nova vida que se realizaria no começo do próximo ano, além disso o semestre na faculdade estava me deixando cansada, minha perturbação em relação a Aline eu descontava fazendo cada vez mais sex*, tanto com meu noivo quanto com Marcos e toda vez que acabava o vazio era o que eu encontrava dentro de mim, eu sabia que havia algo errado, mas não tinha coragem de admitir para mim.
Em meio a tudo isso um dia depois de ter destratado Aline na descida da Afonso Pena, e ter ficado péssima depois em vê-la deixar as lagrimas silenciosas escorrem pela sua face a mesma que por diversas vezes eu toquei em carinho e vi seu sorriso tímido se abrir, ao pensar nele um calor subiu pelo meu corpo e aquilo me deixou irada comigo mesmo.
Cheguei ao trabalho para mais um dia daquela tortura e pouco tempo depois Aline adentrou a sala seu sorriso de bom dia mesmo depois de tudo que ela andava passando não se fez presente, ela sentou a frente do Paulo e comunicou sua demissão, meu coração parou naquele segundo e algo dentro de mim se quebrou, ao despedir das pessoas da sala, deu um abraço no Paulo, no Ademir, na Ivana e foi até sua mesa pegar suas coisas pessoais, antes de sair da sala, olhou dentro dos meus olhos e aquela sinergia que tínhamos no início por um segundo voltou com força total ela abriu o antigo sorriso e em um comprimento disse: Adeus Lorena, e assim ela se foi, deixando para trás um monte de perguntas que eu não era capaz e nem tinha coragem de responder.
Aline
Minha vida corria seu caminho tortuoso, eu estava cada vez mais introspectiva, lidando com minhas questões internas e sua briga diária. Ela ainda permeava meus pensamentos e aqueles olhos azuis violetas não saiam da minha mente.
Arrumei um novo emprego, em uma construtora lidar com os peões era um bom catalizador de emoções, eu continuava a sair com o Bal, havia perdido a virgindade, mas eu continuava mecanicamente vivendo a vida.
Estava a dois meses na construtora e a tres meses sem ver o anjo loiro dos olhos cor de violeta quando recebo a ligação do Ademir.
-Oi Ali, tudo bem pequena?
-Oi Ademir, tudo indo, saudades de você. Mas o que manda de novo.
-Bom tenho uma novidade para te contar e espero que ela não seja muito ruim.
-Que foi que aconteceu?
-A loira, saiu da construtora e vai trabalhar ai perto de você.
Por um segundo pensei que ia desmaiar, que tipo de brincadeira era aquela? Eu não tinha mais estomago para isso.
-Como assim Ademir? Você ta brincando né? Eu sai daí para não ficar perto e ela vem para cá?
-Pois é, ela recebeu uma proposta para a Itambé aí e começa a trabalhar semana que vem.
-Ademir, preciso que saiba os horários dela, não quero dar de cara com ela, procura saber, você é amigo dela e pelo amor de Deus não diga que trabalho aqui perto.
-Ok, pequena. Relaxa vocês pelo menos não trabalham mais no mesmo lugar.
Passados alguns dias o Ademir me disse que ela pegaria serviço as 7 e almoçava na empresa, desta forma suspirei aliviada, pois não trombaríamos, pois eu sabia que ela morava em um lugar bem diferente de mim.
Lorena
Depois da saída da Aline aqueles corredores perderam todo o sentido, e a sala em que trabalhávamos juntas estava vazia, sua mesa agora era ocupada por outra pessoa.
Sempre que eu olhava para lá me perguntava onde estaria ela, o que estaria fazendo, estaria namorando? Já tinha esquecido a suposta paixão por ela?
Nos meses que seguiram eu tentava deixar para trás tudo que havia acontecido, a única pessoa que tinha coragem de me perguntar sobre ela foi Ivana.
-E aí loira, saudades da Aline? Perguntou Ivana um dia na nossa descida da Afonso Pena.
-Por que estaria?
-Por que sou sua amiga a anos e te conheço, e mesmo que você finja para os outros sei que sente falta dela.
Suspirei, contrariada. Não queria admitir para ninguém que o coelhinho fazia falta, sua presença sempre tranquila perto de mim, seu carinho sem segundas intenções.
Olhei para a Ivana, na dúvida se não seria julgada pela resposta que tinha que dar, meu pavor de que pensassem que eu era gay embrulhava meu estomago.
-E ai Loira?
-Sinto sim.
-Aleluia admitiu. Quer falar alguma coisa mais?
-O que mais teria a falar Ivana? Ela era uma menina legal.
Ivana me olhou profundamente de forma que me deixou desconfortável
-Sei, so isso então.
-Não estou te entendendo.
Ivana deu de ombros e continuamos a caminhada.
Os dias foram passando, até que um dia tive a proposta da Itambé, era um novo desafio e eu estava cansada de cruzar os corredores da construtora lembrando dela.
E assim resolvi aceitar a ida para a nova empresa, Ademir sem querer me contou que Aline trabalhava perto de onde eu iria trabalhar, mas apressou em dizer que não encontraríamos pois era horarios diferentes.
Não sabia se ficava feliz ou triste, aliviada por não ter que olhar novamente aqueles olhos castanhos cheio de paixão e triste por não poder mais dar o braço e caminhar lado a lado com ela, ou pedir para buscar meu lanche, seu sorriso cheio de alegria ao me ver. Suspirei.
Aline
Dias mais tarde Ademir tornou a me ligar avisando que Lorena começava a trabalhar naquela segunda, posso dizer que meu coração disparou so em imaginar o quão perto ela estava. Uma mistura de alegria e dor, de estar respirando o mesmo ar que ela, de tão próxima ela estava. Confesso que no dia que ela foi trabalhar eu caminhei na hora do meu almoço próximo a portaria da empresa, sabia que não corria risco já que ela almoçava dentro da empresa e fora do meu horário.
Passei o dia inteiro perturbada com as lembranças, do sorriso lindo, das sardas, do corpo branco seus cabelos loiros no ombro, sua voz me chamando e pedindo com todo aquele dengo que eu comprasse o lanche dela.
Quando eu estava quase sarando ela veio de novo para perto e toda dor, toda vontade dela, toda a sede de tomar os lábios dela voltaram, agora eu tinha 18 anos e já não era mais virgem, agora meu corpo estava ainda mais quente de vontade dela. DROGA! Praguejei alto.
Aquele dia passou devagar, meu coração pesado com as lembranças vivas de tudo que trocamos. Caminhei pelo viaduto Santa Tereza, para pegar meu ônibus.
Em baixo do viaduto, parei no sinal para atravessar quando o brilho de ouro daqueles cabelos loiros, como mágica se fizeram presente eu podia estar a quilômetros de distância dela, longe, longe, que mesmo assim conseguiria identifica-la, sua força, todo meu amor, o desejo que eu nutria por ela, impactaram com toda força meu ser.
O sinal abriu e lentamente comecei a atravessar, como mágica a força do meu olhar atraiu o Azul Violeta dela, e por um instante o mundo parou. E novamente estava eu pensando “sou bem capaz de me apaixonar por estes olhos”
Fim do capítulo
Ola pessoas, sei que não ando muito assidua mas minha rotina anda pesada ultimamente, porém trago mais um capitulo com muito carinho para vocês. Beijos nesta segunda de carnaval.
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]