CapÃtulo 13
— Ora, ora, se não é a mais nova lésbica do pedaço. — Hernando falou assim que viu o furacão de cabelos pretos adentrar o seu apartamento de uma vez, sem bater, sem avisar, nada. O moreno estava confortavelmente sentado na poltrona de sua sala, os pés apoiados na mesinha, em suas coxas apoiado o notebook, o Arquiteto vestia apenas uma cueca samba canção.
Mia andou rápido até a sala, parecia um tanto afobada e ainda tinha o rosto corado e parecia que só corava cada vez mais com as lembranças que vinham a sua mente, com a sensação que ainda percorria o seu corpo mesmo após quase trinta minutos após os amassos que dera em Helena e isso a surpreendia, afinal parecia que seu corpo não queria relaxar de forma alguma após aquilo, como se precisasse de algo a mais...
— Esqueci o celular na casa dela. — falou repentinamente e Hernando ergueu os olhos de vez do notebook e encarou a morena a sua frente com ambas as sobrancelhas arqueadas, conhecia Mia há muito tempo, tempo demais para saber o quão apegada ela era ao seu celular, ele já havia esquecido o celular várias vezes no escritório, já Mia, as únicas vezes que se desfazia do seu era quando queria, ou seja, quando ia para alguma festa, a vida profissional inteira da morena estava naquele celular.
— Vocês trans*ram?
Mia olhou para o amigo com mais atenção após aquela pergunta e cruzou os braços, sentiu-se momentaneamente desconfortável, ainda estava em pé, parada no meio da sala. Balançou a cabeça de forma negativa e sentiu o corpo arrepiar-se de uma forma que a fez respirar fundo.
— Quase. — disse em tom baixo de forma sincera, afinal, bem sabia que se não tivesse tido segundos de sensatez, teria se entregado facilmente a Helena naquele carro, não era o tipo de mulher que negava fogo facilmente.
— Isso explica muita coisa, você nunca esquece o seu celular...
— É que... — ergueu um pouco as mãos na altura da cabeça como se estivesse tentando organizar os próprios pensamentos e suspirou ao constatar que não conseguia. — Que mulher, Hernando... Que mulher! — deu alguns passos a frente atravessando a sala devagar antes de enfim sentar-se na mesinha da sala, bem ao lado dos pés de Hernando. — E não falo com teor sexu*l*. — se explicou de imediato ao ver aquela sobrancelha arqueada na expressão do amigo. — Eu falo como pessoa... Ta, talvez com um pouquinho de teor sexu*l*. — corou um pouco ao desviar o olhar de Hernando, o Arquiteto continuou em silêncio, apenas esperando que Mia falasse tudo o que queria. — Ela é muito divertida, a conversa com ela flui com uma facilidade incrível, ela tem essa coisa que faz com que você se sinta completamente a vontade perto dela, ela te instiga a querer conversar com ela por horas e com certeza nunca vai faltar assunto. E a história dela Hernando... A história dela é surreal. Ela me contou detalhadamente como conheceu o ex-marido até chegar às agressões e como foi parar naquele bar. — gesticulava sem parar para conseguir se expressas como bem queria, mas respirou fundo em seguida antes de voltar a encarar o amigo. — E ela é muito gostosa.
Hernando deu uma boa gargalhada assim que ouviu as últimas palavras de Amélia, afinal, achava que ela não iria admitir tal coisa, até fora pego de surpresa, Mia acabou rindo junto com o amigo enquanto sentia o rosto esquentar, admitir aquilo havia feito o seu coração acelerar e muito pelo leve constrangimento.
— Eu definitivamente não esperava ver você admitindo isso, mas é algo que não se pode negar, minha cara. Agora precisa me explicar como diabos você foi parar lá e eu quero detalhes de tudo!
Mia ignorou momentaneamente as palavras de Hernando e apenas se inclinou antes de enfi*r a mão entre o corpo de Hernando e a poltrona e de lá retirou o celular do amigo, já foi colocando a senha enquanto voltava a se sentar na mesa e assim cruzou as pernas de maneira confortável para finalmente começar a digitar o próprio número.
— Eu quero ouvir a conversa. — Hernando falou.
— Não, você não quer ouvir a conversa, Nando.
O arquiteto fez uma expressão fingida de extrema surpresa, até abriu a boca em um “O” enquanto colocava a mão no peito de maneira falsamente ofendida, Mia rolou os olhos enquanto apertava no símbolo do viva voz e então pode se ouvir o toque que indicava que estava chamando, Mia deixou o celular rente ao seu rosto, estava um tanto... Nervosa. Hernando se ajeitou rapidamente na poltrona logo retirando os pés de cima da mesinha para poder se sentar da melhor forma possível para ouvir aquela conversa.
— Ou você tem uma memória péssima ou... Alguém mexeu demais com a sua cabeça hoje. — a voz de Helena soou extremamente calma e o sorriso largo de Mia fora completamente automático, não esperava nada menos vindo de Helena. Os olhos azuis da Designer de interiores focaram-se em Hernando.
— A minha memória é perfeita, Helena. — a voz saiu tão calma quanto a de Helena e viu Hernando arquear ambas as sobrancelhas. A risada rouca e gostosa de Helena soou por breves segundos.
— Boa noite, Hernando, eu devolvi ela muito bem, não devolvi?
Hernando e Mia se entreolharam surpresos, Mia ainda mais, afinal arregalava os olhos de forma notoriamente indignada e xingava Hernando com sibilos e gestos que poderiam ser entendidos por qualquer um. A risada de Helena quebrou o momento de ódio trocado dos dois.
— Foi o eco, da pra perceber se prestar bem atenção. — explicou sem precisar ouvir a pergunta, afinal, imaginou que pelo silêncio que veio após suas palavras, os dois estavam se perguntando como ela havia descoberto.
— Você é muito perceptiva, Helena.
Novamente a breve e gostosa risada da Artista soou do outro lado da linha.
— Oh sim, muito, Amélia. O suficiente para perceber como você ficou dentro daquele carro e como eu desejei que continuássemos.
— Dentro do carro? — a voz de Hernando saiu surpresa e Mia, que tinha os olhos fixos no celular, olhou repentinamente para o amigo, podia facilmente imaginar o sorriso estampado nos lábios de Helena depois daquilo.
A morena pigarreou e iria falar, mas Helena fora mais rápida:
— Dentro do carro, o que é muito interessante, pouco espaço, calor, o que na hora é muito bem vindo e o poço espaço colabora, afinal, quanto menor o espaço, mas coladas ficamos e...
— Ah pelo amor de Deus, Helena! — Mia reclamou enquanto imediatamente desligava a função de viva voz e erguia-se da mesinha de maneira rápida apenas para fugir daquele olhar que Hernando lhe lançava. O rapaz deu uma boa risada e Mia rolou os olhos enquanto se afastava, colocou o celular no ouvido a tempo de ouvir a risada da mulher no outro lado da linha. — Cretina.
— Não me xingue... Eu posso gostar.
Mia acabou sorrindo com aquelas palavras enquanto caminhava devagar em direção à cozinha, Hernando nada falou, já havia levantado a meta de que só deixaria Mia sair daquele apartamento quando ela lhe contasse todos os detalhes possíveis do que havia acontecido, principalmente dentro do carro.
— Voltando ao assunto, Helena, voltando ao assunto...
— Hmmm, certo, mocinha esquecida. Você precisa urgente de seu celular?
— Mais ou menos. Amanhã cedo tenho uma reunião como já te falei, mas não acho que eu vá precisar antes, afinal, já que é com o Hernando qualquer imprevisto podem avisar a ele. — a morena parou em frente à geladeira de Hernando e pacientemente a abriu, pegou a primeira cerveja que viu, definitivamente era o que precisava naquela noite. Apoiou o celular no próprio ombro ao pender a cabeça para o lado e abriu a garrafa rapidamente para enfim voltar a pegar o celular mais uma vez.
— Então o que acha de almoçar comigo?
Mia mordeu o lábio inferior com um pouco de força, os olhos se focando no chão por um longo momento, acabou ficando em silêncio por mais tempo do que deveria, estava... Confusa. Na verdade havia realmente se dado a liberdade para aproveitar toda aquela nova fase que estava tomando conta de sua vida, mas não havia parado para processar tudo, para pensar bem em cada detalhe para saber qual o próximo passo que daria a seguir.
— Você está hesitando. Não esperava um novo encontro tão rápido?
A morena deu um gole um pouco demorado em sua cerveja, os olhos focaram-se em Hernando por um breve momento, o moreno pareceu notar que era observado e desviou os olhos do computador e encarou os de Mia por alguns segundos.
— Não exatamente. Apesar de querer.
— Pode passar na galeria e pegar quando quiser então...
— Não! — pigarreou logo em seguida antes de virar de costas para a sala, estava começando a se sentir desconfortável sobre o olhar de Hernando que aprecia querer desvendar o que ela falava com Helena, respirou fundo enquanto colocava a garrafa em cima do balcão. — Um almoço é perfeito. — cedeu as próprias vontades, sabia muito bem que se não o fizesse se culparia por dias. Umedeceu os lábios bem devagar e sentiu um frio subindo por seu estômago apenas por imaginar encontrar Helena mais uma vez após o episódio no carro. Ela sorriu assim que notou a risadinha quase imperceptível de Helena.
— É realmente interessante como você é perfeitinha e claramente gosta de planejar tudo antes de fazer. Me sinto como uma revolucionária na sua vida. Cheguei para quebrar todos os seus paradigmas, Amélia.
As palavras de Helena formaram uma bela imagem na cabeça de Mia, a perfeita imagem de Helena com um belo de um sorriso convencido enquanto falava aquilo e a Designer de Interiores tinha a absoluta certeza que Helena estava do mesmo jeitinho que ela imaginava naquele momento. Sorriu com o pensamento, um sorriso um tanto largo, deveria se incomodar com aquela situação, mas de alguma forma... Sentiu conforto.
— Até agora isso está sendo bem interessante. — novamente conseguiu imaginar Helena sorrindo diante as suas palavras.
— Você gosta de comida Japonesa?
— Bastante. Então nossos encontros serão sempre acompanhados de comida?
— Por que não? Depois podemos tentar variar ainda mais o cardápio.
Mia mordeu o lábio inferior com um pouco de força diante aquela resposta, apertou mais o celular contra o ouvido, o alvoroço em seu interior lhe dizia que Helena não se referia a comida de verdade.
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— Eu não acredito que você insiste em não me contar os detalhes, Mia, ainda mais detalhes tão preciosos como a Helena deixou no ar ontem... — Hernando tinha os braços cruzados e uma expressão um tanto emburrada no rosto, era apenas puro drama do rapaz para tentar persuadir Mia a contar coisas que ela não havia contado na noite anterior.
Os dois haviam chego na Simplicity a algum tempo, cada um em seu carro, já que Amélia iria almoçar com Helena logo após a reunião que teria em vinte minutos. Estavam na sala de Mia e deveriam estar revisando os últimos detalhes para que não esquecessem de nada na reunião, mas Hernando não parava de insistir no assunto da noite passada.
— Pelo amor de Deus, Nando, eu te contei absolutamente tudo. — mentiu pela milésima vez enquanto andava pela sala, o barulho do salto, que normalmente a confortava, estava aumentando a ansiedade que estava sentindo. Na noite anterior havia contado a Hernando a maior parte do que aconteceu na noite passada, contou detalhadamente tudo o que aconteceu dentro de casa, já no carro... Praguejava Helena mentalmente por ela ter citado tal acontecimento, envergonhava-se em ter que falar sobre aquilo, o que também a deixava mal, ela nunca fora de esconder detalhes para Hernando, o amigo sempre sabia de tudo, desde os mínimos detalhes, mas desta vez... Como contaria detalhadamente tudo se sequer havia tido tempo para digerir direito o ocorrido no carro?
Hernando ficou em silêncio, as pernas perfeitamente cruzadas assim como as mãos unidas e os dedos entrelaçados sobre a coxa, os olhos fixos em Mia. Como sempre os cabelos do arquiteto estavam levemente bagunçados, mas nada que mostrasse que ele era desleixado, muito pelo contrário, o óculos de grau tirava qualquer sinal de desleixo que o cabelo poderia passar, assim como as roupas que o rapaz usava. Uma calça jeans de cor creme, uma bela camisa de linho azul clara que em muito lembrava uma camisa jeans, estava com três botões abertos e por cima o elegantíssimo e sob medida blazer acinzentado que por pouco não lembrava o camurça, no bolso do blazer deixava transparecer o lenço dobrado. Hernando sempre tinha um maravilhoso contraste entre o elegante e o despojado, entre o sexy e o sério e Mia simplesmente amava o charme do amigo.
— Está me analisando, pare com isso! — irritou-se a Designer assim que parou de andar, os olhos azuis fixos nos do amigo, Hernando apenas deu de ombros diante a acusação dela. A morena passou os dedos finos pelos fios negros dos cabelos ondulados e soltos e respirou fundo antes de ajeitar o blazer rosa claro que usava, o mesmo, com mangas ¾, caia perfeitamente na mulher, por baixo uma camisa branca de alcinhas que ficavam escondidas devido ao blazer, um belo e dourado colar brilhava em seu pescoço, a calça social de um creme um pouco mais claro que a de Hernando – coincidentemente haviam escolhido a mesma cor de calça e só descobriram ao chegar no trabalho – e nos pés saltos da mesma cor da calça. Havia investido em cores neutras e claras na tentativa de que isso fosse melhorar o seu humor ou ao menos amenizar um pouco de sua ansiedade: Não havia funcionado.
Hernando ergueu-se da poltrona onde estava sentado, estava calmo, extremamente calmo, mas ver Mia daquela forma começava a deixá-lo ansioso, estava o contagiando! Aproximou-se da morena enquanto estendia ambas as mãos.
— Venha cá. — a voz grave do homem desta vez soou um pouco mais carinhosa, Mia suspirou assim que cedeu e tocou ambas as mãos do homem quando ele se aproximou um pouco mais, o aperto forte que recebeu em cada uma a fez respirar um pouco fundo e fechar os olhos por alguns segundos, era como se estivesse ouvindo os pensamentos de Hernando apenas com aquele toque, sabia o que ele diria se estivesse falando. “Respire fundo, se acalme”. — Ainda não pensou o suficiente no que aconteceu?
— Não. Estou nervosa por ter que encontrar ela novamente sem isso ter acontecido, me sinto novamente uma adolescente. A Helena é extremamente direta, ela não poupa palavras, atitudes, não esconde as coisas, é sincera, ela demonstra o que quer, o que sente, o que deseja e ela corre atrás disso sem se importar com a possibilidade de eu a chutar para longe, o que jamais aconteceria, é muito fácil decifrar um homem, Nando, é sempre fácil saber o que eles estão pensando e saber o que fazer para agradá-los, um sorriso, um toque, um elogio superficial, fingir demasiado interesse... Com a Helena não. Com a Helena eu me sinto completamente perdida, ao mesmo tempo que eu sinto aquela vontade enorme de mais, mais Helena, mais... Tudo, eu não sei exatamente o que fazer a seguir. Ela é tão... Espontânea.
— Você também é, Mia, você consegue atrair o interesse de qualquer pessoa com um sorriso, você é super extrovertida, você sempre consegue puxar papo com qualquer pessoa, você só está assustada com o novo, com o diferente, com medo que seja diferente demais, mas não é, você está ficando paranoica a toa, só seja você mesma, Mia, só aproveite a companhia dela, só aproveite tudo... Sem pensar demais, o que der vontade, faça! Você sempre faz isso, só por que a Helena é uma mulher e uma mulher em tanto... Você não precisa mudar pra tentar ser melhor.
— Madames... Estão esperando vocês. — a voz de Rose quebrou o momento, a secretária sequer havia feito questão de bater na porta para anunciar a sua chegada. E Mia e Hernando olharam para a amiga logo em seguida e afastaram-se um do outro de forma até automática, voltando a tomar posse de uma postura profissional para enfrentar a reunião que viria a seguir.
Mia, a passos largos, caminhou até a sua mesa e pegou sobre ela uma pasta e enfim saiu andando rumo à porta com Hernando logo atrás, Rose os esperava com a porta aberta.
— Arrasem, meus amores. — Rose tinha um sorriso largo nos lábios e Mia ainda riu enquanto se aproximava da secretária e amiga, tocou-a no rosto com a mão livre e inclinou-se dando um beijo demorado na bochecha dela antes de passar pela porta, fora a sua forma se agradecer o incentivo.
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— Mia... — Hernando falou enquanto puxava um pouco a manga de seu blazer, bateu duas vezes com o dedo indicador sobre o relógio que marcava: 12h25. Mia imediatamente arregalou os olhos.
— porr*! — o xingamento saiu um pouco alto demais para no segundo seguinte praticamente correr rumo a sua sala para pegar a sua bolsa.
Os dois haviam acabado de sair da reunião e se despedir dos novos clientes, estavam parados no hall do prédio já que haviam levado os clientes até o elevador em meio a conversas descontraídas a cerca da reunião que tiveram, reunião esta que havia se estendido por mais tempo do que o imaginado.
— O que houve? — Rose se aproximou de Hernando, a secretária carregava algumas pastas nos braços as quais iria guardar antes de ir embora, olhava em direção ao corredor que dava para a sala de Mia.
— Ela tem uma espécie de encontro e está bem atrasada. — deu uma boa ênfase no “bem” enquanto enfi*v* as mãos nos bolsos da calça e respirava fundo, acabou sorrindo com a situação e já imaginando que em segundos Mia voltaria correndo, olhou para o painel logo acima do elevador indicando que o mesmo já havia parado no térreo, assim deu alguns passos em direção ao mesmo e apertou o botão para o chamar, isso adiantaria a vida de Mia por alguns segundos. — Então, seu carro ainda está na oficina?
— Isso é você se oferecendo para me dar carona? — Rose perguntou quando começou a andar devagar ao lado de Hernando assim caminhando de volta para o balcão.
A resposta não veio, Mia voltava como um furacão e a passadas extremamente rápidas se aproximou logo de Hernando, deu alguns beijos no rosto barbado do amigo e fez o mesmo com Rose.
— Lembre-se do que eu falei! — Hernando fez questão de falar um pouco mais alto já que Mia já se afastava apressada e entrava logo no elevador que havia acabado de parar em seu andar.
— Quem é o cara da vez? — indagou Rose.
— E quem disse que é um cara?
— Que droga. — rosnou baixinho assim que parou no sinal vermelho, soltou um suspiro pesado enquanto recostava um pouco mais as costas contra o encosto do banco, os dedos batiam contra o volante sem parar e os olhos focaram-se no GPS que marcava que ainda demoraria vinte minutos para chegar ao seu destino. Praguejou-se por não ter lembrado de ter ligado do celular de Hernando para avisar que iria se atrasar para o almoço que havia combinado com Helena, odiava se atrasar. Imediatamente acelerou o carro assim que o sinal abriu, o trânsito não era dos melhores naquele horário e isso também não contribuía para melhorar o seu descontento com si mesma por ter se focado demais na reunião a ponto de perder a noção do tempo, poderia ter se despedido mais rápido, ter dado uma desculpa para se ausentar mais cedo já que tinha compromisso que pelo menos na última hora conversaram banalidades que em nada somavam com o assunto principal da reunião.
Aproveitou o momento sozinha, por mais concentrada que estivesse na estrada, e pensou nas palavras de Hernando, de fato, ele estava certo, andava se cobrando demais de si mesma por estar enfrentando algo completamente diferente, mas que em nada era complicado como imaginava, precisava de fato abrir um pouco mais de sua mente e parar de cobrar perfeição para algo que vivia pela primeira vez ou acabaria estragando absolutamente tudo.
Os olhos azulados estavam bem atentos quando entrou na última rua que dava ao seu destino, procurava o nome do restaurante onde esperava que Helena ainda estivesse lhe esperando, achou mais a frente e mais do que imediatamente manobrou o carro para estacioná-lo na primeira vaga mais próxima que viu, logo agarrou a bolsa jogada no banco ao lado e saiu do carro com certa pressa, fechou a porta e saiu andando a passos largos, travou o carro de forma quase automática.
O Daidokoro era um restaurante japonês rústico, Mia não conhecia, jamais havia ouvido falar daquele lugar, a fachada do lugar era bonita, o nome “Daidokoro” era escritos em letras vermelhas em uma fonte bonita e o estilo oriental era nítido. Assim que empurrou a porta da frente fora, de certa forma, pega de surpresa, não havia cheiro de comida e muito menos ouvia-se a algazarra de conversas de todos os clientes como normalmente acontecia em qualquer restaurante cheio. O aroma era um delicioso aroma de sândalo, era suave, mas trazia um conforto sem igual, imediatamente deu de cara com uma bela jovem vestida em um quimono japonês vermelho com diversas flores brancas espalhadas por todo o tecido, a faixa que prendia bem o quimono em sua cintura era preta e tinha escrito em letras bonitas o nome do restaurante.
— Boa tarde. — Mia sorriu de forma larga enquanto se aproximava do pequeno balcão onde a jovem estava atrás.
— Seja bem vinda. — uma pequena reverência fora feira em forma de cumprimento e Mia apenas sorriu um pouco mais e imaginou como diabos não conhecia um local tão maravilhoso como aquele. — A senhorita tem reserva?
— Oh sim... Está no nome de Helena.
— Helena! A Artista, sim?! — Mia franziu um pouco o cenho, a jovem pareceu notar e então apontou para a parede vermelha atrás de si, haviam três desenhos emoldurados que retratavam com uma imensa riqueza de detalhes a cultura japonesa, ficou boba ao pensar que Helena havia os feitos e deu uma breve risada, deveria imaginar que ela com certeza tinha algum vínculo com um lugar tão maravilhoso como aquele.
— São lindos. — elogiou e viu a jovem acenar com a cabeça algumas vezes enquanto dava alguns passos para sair de trás do balcão.
— Venha comigo, por favor.
Mia acenou de forma positiva com a cabeça e então seguiu a mulher, olhou de forma maravilhada para os diversos bonsais que enriqueciam o ambiente do lugar, a iluminação era maravilhosa, luzes amareladas faziam com que parecesse que estava entrando em um mundo completamente diferente ao que era lá fora, assim que entrou em um corredor um pouco mais largo começou a ouvir algumas vozes, algumas mais animadas, outras que sequer dava para entender o que era falado, mas não era muito alto, parecia que todos falavam de forma moderada para não fazer muito barulho, Mia entendeu que atrás das portas japonesas estavam os clientes do restaurante e notou que privacidade era o ponto mais alto daquele lugar. A mulher que a guiava parou em frente a uma das portas e acenou positivamente com a cabeça enquanto unia ambas as mãos à frente do corpo.
— Voltarei quando precisarem para anotar os pedidos. — uma breve reverência para Mia e então à mulher deu meia volta e saiu andando por onde haviam vindo. Mia sorriu fraco enquanto a observava se afastando, mas logo em seguida olhou em direção a porta, a porta japonesa era constituída por uma madeira clara, cheia de divisórias onde normalmente seria colocado vidro, mas nela era colocados um tipo de papel, eram portas simples, leves e na opinião de Mia, muito bonitas. Segurou a maçaneta da porta e calmamente a puxou, era corrediça e deslizava perfeitamente bem para o lado e de imediato viu Helena.
Os olhos de ambas se encontraram imediatamente já que a Artista havia erguido a cabeça assim que ouvira o mínimo barulho da porta abrindo, foram breves segundos de silêncio antes do sorriso surgir nos lábios de Helena, a mulher soltou os lápis que segurava sobre a mesa.
— Não, não se desculpe. — falou imediatamente assim que viu Mia já se preparando para falar. — A reunião demorou mais do que imaginava? Não se preocupe, eu sabia que tinha essa possibilidade.
A sala que Helena estava era simples, no fundo dela havia uma pequena mesinha de madeira estreita com algumas velas em cima, um suporte para incensos e em ambas as extremidades da mesa havia dois potes com uma pequena quantidade de incensos dentro caso os clientes quisessem usar. Havia um belo lustre feito com o mesmo papel que tinha nas portas, a luz era amarelada, então, bem no meio da sala estava a mesa, uma mesa de pouca altura, não havia cadeiras, no lugar estavam almofadas sobre o chão de cor azul escuro, haviam quatro almofadas, uma em cada extremidade da mesinha. Era simplesmente gracioso aos olhos de Mia.
— Sua compreensão não torna menos chato o fato de você ter ficado esperando por tempo demais. — arqueou ambas as sobrancelhas enquanto adentrava a sala e fechava então a porta atrás de si.
— Você com certeza pode compensar de alguma forma. — o sorriso de Helena era largo antes de dar de ombros. — Fique a vontade, tire os sapatos e venha pra cá.
Mia obedeceu, deu alguns passos para a direita e calmamente tirou salto por salto e os colocou ao lado dos sapatos de Helena para finalmente ir andando até a mesinha, primeiro colocou sua bolsa no chão ao lado da almofada para em seguida sentar-se, se ajeitou calmamente flexionando ambos os joelhos e cruzando as pernas, ficando assim em posição de meditação, sentia o olhar de Helena sobre si, mas não se importava, levou então as mãos ao blazer que usava e foi o puxando devagar, sentia que estava formal demais para um ambiente tão maravilhosamente simples.
— Você fica linda com esse ar todo elegante de garota de negócios. — Helena elogiou enquanto mantinha ainda os olhos fixos em Mia, mas logo desviou o olhar e pegou a sua frente à xícara de chá que havia pedido há pouco tempo, deu um gole um pouco longo no chá morno e voltou a colocar a xícara sobre a mesa.
Mia sorriu.
— Confesso que não me surpreendi com o fato de você conhecer um lugar tão maravilhoso como esse. Aqui é lindo, além de ser extremamente confortável, você sente isso a partir do momento que atravessa a porta da frente. Como conheceu esse lugar?
— Está me associando a lugares maravilhosos?
— Não seja convencida. Apenas dizendo que você passa a impressão de que conhece lugares maravilhosos.
Helena deu uma breve risada antes de dar de ombros e apoiar um dos cotovelos na mesinha que as separava, estava uma de frente para a outra, os olhos se encontraram aos de Mia, mas não conseguia parar apenas nos olhos dela, intercalava entre eles e a boca.
— A impressão está correta. Depois que eu comecei a ter coragem de sair de casa e vontade de viver e conhecer tudo o que eu não conhecia, eu realmente saí explorando a cidade, conheci cada canto, mas esse restaurante eu conheci bem ao acaso, estava no bairro, morta de fome, vi esse restaurante Japonês, senti vontade, entrei e não quis mais sair. — explicou de forma simples antes de dar de ombros.
— E os desenhos?
— Oh, os desenhos... — a morena se ajeitou um pouco e olhou brevemente para o caderno de desenhos aberto a sua frente com um esboço de alguém, nem estava perto de estar terminado. — Eu normalmente sempre ando com esse caderno, então quando tenho a oportunidade ou quando vem a inspiração, eu o abro e descarrego nele a inspiração. Foi o que aconteceu com aqueles, aqui eu faço apenas um esboço, se eu gostar, em casa eu passo para um papel melhor e faço mais caprichado. Eu achei que seria um desperdício deixá-los guardados, então presenteei o dono com aqueles três, é um senhor muito simpático, na mesma hora fez questão de pendurá-los.
— Eu posso ver? — a Designer perguntou, os olhos azuis focados no caderno de desenhos logo a frente de Helena, estava curiosa para saber o que ela desenhava desde que chegara e vira que ela desenhava antes de sua chegada. Helena não relutou quando levou ambas as mãos ao caderno, o ergueu e calmamente o fechou para que Mia pudesse começar do começo e assim estendeu para a morena.
— Fique a vontade.
A verdade era que apenas uma pessoa além de Helena havia visto aquele caderno, Alison tinha acesso a quase todas as suas obras e a intimidade de Helena, por isso ela sabia de praticamente cada novo desenho, cada novo quadro, cada nova ideia de Helena e a Artista só permitia isso por que não tinha ninguém no mundo em quem Helena confiasse tanto quanto confiava em Alison. Ver seus desenhos era como saber de todos os seus segredos, mágoas e dores, se é claro, prestasse bem atenção e conseguisse decifrá-los.
Mia ficou em silêncio enquanto abria o caderno de forma calma e a primeira folha estava estampada por vários pequenos desenhos, miniaturas de uma mulher de cabelos longos e lisos que parecia completamente distraída em todos os desenhos.
— Alison. — Helena falou em tom baixo referindo-se a quem era a mulher dos desenhos, estava levemente inclinada sobre a mesa e com o rosto apoiado na própria mão, os olhos extremamente fixos em Mia, aproveitava aquele momento para admirá-la, achava aquela mulher simplesmente linda desde o primeiro momento que a viu entrar no bar de queixo erguido e jeito superior. Os olhos azuis, a boca carnuda, a pele macia, os cabelos negros, o cheiro, eram um conjunto simplesmente perfeito.
O realismo de cada desenho deixava Mia simplesmente fascinada e completamente surpresa com o talento de Helena, eram incríveis, a riqueza de detalhes em certos desenhos faziam-na pensar que aquilo poderia até ser confundido com uma fotografia e não com um desenho feito a mão. Passava pacientemente, desenho por desenho e franziu um pouco o cenho quando os desenhos começaram a ficar sombrios, silhuetas nas sombras do quarto, um rosto desfigurado ao pé da cama, um punho fechado, uma mulher no chão encolhida, uma mulher na cama e uma figura negra sobre ela. Mia imaginou que aqueles eram os pesadelos aos quais Helena havia se referido na noite passada, sentiu um certo incômodo dentro de si ao imaginar que ela sofria com algo tão sombrio dentro dela.
— É ele não é? — Mia perguntou assim que virou mais uma folha e deparou-se com o desenho de um belo homem barbudo, apenas o rosto, um desenho perfeito, a riqueza de detalhes era simplesmente impressionante.
— Sim. Às vezes ainda o desenho. — a voz de Helena soou baixa, os olhos focados agora no caderno que Mia segurava, de alguma forma ela não se sentia incomodada por a Designer estar praticamente folheando a sua vida. — Não nutro raiva dele. Apenas mágoa e certamente medo. Mas nem sempre o Trevor foi o marido abusivo, não acho certo simplesmente deletar da minha mente, o que é impossível, o que já foi bom no nosso relacionamento. — o tom rouco da voz de Helena, na opinião de Mia, era a coisa mais gostosa de se ouvir e podia ouvi-lo o dia inteiro. — No começo eu não conseguia, sequer conseguia olhar para fotografias, mas depois... Conseguir desenhá-lo também foi uma forma de superar um pouco do medo que na época eu sentia.
— Impressionante como você sempre consegue me surpreender. — a sinceridade de Mia foi clara em suas palavras. Helena sorriu de canto e acenou de forma positiva com a cabeça. — Você tem uma visão muito madura e evoluída, eu acho isso impressionante.
— É verdade que o tempo cura, claro, em conjunto com o nosso empenho, então aos poucos vai se tornando fácil enfrentar um mal de cada vez. — Helena sorriu com as próprias palavras antes de se ajeitar um pouco, esticou ambos os braços acima da cabeça de forma preguiçosa e então se espreguiçou antes de pegar no canto da mesa, o cardápio.
Ficaram em silêncio por alguns segundos, Mia entretida em olhar cada desenho de Helena, enquanto a Artista entretida em escolher o que iria comer em meio a tantas opções. Alguns desenhos após os de Trevor, vieram desenhos aleatórios de crianças, Mia parou por um momento neles e olhou de forma detalhada para cada desenhos, crianças, grávidas, alguns mais detalhados, outros meras silhuetas, alguns com um parque de fundo – o que fez Mia imaginar que Helena deveria estar no tal parque quando desenhou – a Designer respirou um pouco fundo quando sua mente encheu-se de indagações que não achava apropriadas para ser verbalizadas naquele momento, por isso, apenas guardou em sua mente antes de continuar a folhear o caderno.
— Sabe o que acabei de perceber? — Mia indagou sem desviar os olhos dos desenhos. Helena ergueu o olhar. — Eu não vi praticamente nada da sua exposição naquele dia.
— É sério? — a morena arqueou ambas as sobrancelhas de forma um tanto surpresa.
— Se você bem lembra, eu meio que fiquei em choque após ver apenas alguns quadros.
Helena não resistiu, deu uma boa gargalhada com as lembranças daquela noite.
— Oh sim, a noite que eu fui praticamente pisoteada por mãe e por filha.
— Com toda razão, não é mesmo? — o sorriso nos lábios de Mia era extremamente largo e convencido, não olhava para Helena ainda assim. Virou mais uma página do caderno e se deparou com o desenho de uma mulher nua.
— Talvez eu concorde que eu não tenha feito uma abordagem muito boa.
— Ah, só a abordagem? — Mia perguntou de forma cínica e arqueou uma sobrancelha antes de encarar Helena por um rápido momento e voltou sua atenção para o curioso desenho tão bem detalhado de mulher em pé com uma das mãos nos cabelos e em uma posição simples, mas que esbanjava sensualidade, os seios desnudos e medianos, o púbis livre de qualquer pelos, as curvas bem feitas, os lábios carnudos...
— Odeio esse charminho que você faz quando quer estar certa. — Helena falou de forma rendida enquanto apoiava o queixo no próprio punho fechado e voltava a focar toda a sua atenção em Mia e nos desenhos que ela via, arqueou então uma sobrancelha ao notar o desenho no qual ela prestava atenção, acabou dando um sorriso divertido. — Oh... Acho que acabei de te mandar um nudes.
Mia ergueu o olhar imediatamente assim que ouviu aquelas palavras, ambas as sobrancelhas arqueadas e a notória surpresa no olhar, no desenho o rosto não estava bem desenhado com exceção dos lábios e além do mais, jamais imaginaria que Helena desenharia a si mesma.
— Agora você sabe como artistas enviam nudes. — a morena seguia com um sorriso nos lábios sequer se importando com o fato de Mia estar vendo aqueles desenhos. — Tem mais.
Mia seguiu em silêncio, na verdade não sabia exatamente o que falar diante aquele momento, tudo bem que eram apenas desenhos, mas eram desenhos realísticos e detalhados demais... Virou a página devagar e deu de cara com outro desenho, desta vez Helena, mais uma vez nua, deitada sobre alguns lençóis na cama, esse tinha muito mais detalhes que o anterior, os cabelos levemente bagunçados, os lábios carnudos entreabertos, os olhos fechados, a pele arrepiada, os bicos dos seios em evidência... E a atenção completa de Mia.
Helena seguiu em silêncio, os olhos fixos apenas nas expressões de Mia e na forma como ela parecia analisar bem aquele desenho, tinha um sorriso discreto no canto dos lábios por notar certo interesse da parte de Mia justamente naqueles desenhos, isso trazia-lhe certa satisfação.
— É uma forma de me sentir sensual quando preciso. Tenho centenas de desenhos assim em outros cadernos em casa, fazia muito isso no começo, me desenhava, me pintava de formas sensuais para tentar me convencer que a minha sensualidade não havia ido pro lixo. — a morena sentiu que deveria explicá-los, mordeu levemente o lábio inferior.
— São maravilhosos. — Mia elogiou com sinceridade enquanto virava a página devagar dando de cara com mais desenhos parecidos com os dois anteriores.
— Os desenhos ou...?
Mia ergueu o olhar e encarou Helena de uma forma que fez a Artista rir imediatamente e ter a absoluta certeza de que não teria a resposta para aquela pergunta. Mas ainda assim seguiu se sentindo satisfeita enquanto sorria de forma um tanto larga. Mia balançou a cabeça de forma negativa como se estivesse desaprovando a atitude de Helena, mas nada falou, apenas voltou sua atenção para os desenhos quando voltou a passar folha por folha.
Voltaram a ficar em silêncio, de alguma forma Helena adorava isso, mal conhecia Mia, mas podia dizer que adorava várias coisas nela e a forma como tudo parecia ir se desenvolvendo. Adorava os silêncios que tinha entre ambas várias vezes, mas que nunca era incômodo e não era por falta de assunto, era verdadeiramente por opção de ambas. Era confortável.
— Ah essa é inconfundível. — Mia quebrou o silêncio enquanto erguia o caderno e o virava em direção a Helena. A artista não segurou uma gargalhada gostosa quando viu o desenho de Mia, um dos vários que tinha naquele caderno. — Você sabe que eu poderia ficar assustada não é?
— Até teria motivos para ficar, mas você sabe que eu não sou uma louca obsessiva.
Mia arqueou ambas as sobrancelhas e apontou para Helena como se dissesse “Ponto para você” e então deu uma pequena risada enquanto voltava a olhar os desenhos, havia de fato alguns desenhos seus, menos do que imaginava, mas o suficiente para lhe deixarem fascinada, sentia vontade de levar cada um para casa, ter Helena a desenhando e a pintando daquela forma realmente não a assustava, no máximo... A deixava lisonjeada.
— Como conseguiu me desenhar tão bem sendo que você me via apenas por alguns minutos no bar e em péssimas condições? — questionou enquanto erguia o olhar e voltava a encarar Helena de maneira claramente interessada na resposta que viria.
— Memória fotográfica. — respondeu com simplicidade enquanto cruzava os braços e os apoiava na mesa. — Eu sou péssima com números, com nomes, com datas, mas não com rostos, acho que foi algo que adquiri com o tempo de tanto pinta-los, sabe? Então não é muito difícil eu te olhar poucas vezes e conseguir te desenhar, claro que não vai ser completamente perfeito, mas... — arqueou um pouco as sobrancelhas como se completasse a resposta com tal gesto. — Como, por exemplo... Você tem covinhas toda vez que da um sorrisão, leves, mas tem e você também tem sardas e eu nunca percebi isso até a noite que você foi lá em casa. Você tem muita expressão, é fácil te ler por elas e eu também nunca percebi isso por que sempre te via séria...
— É... Ser expressiva é um ponto fraco, todos sabem quando tem algo de errado. — deu de ombros enquanto fechava o caderno de desenhos e sorria de canto. Os olhos voltaram a focar na morena a sua frente.
— E suas sardas são um charme só. — confessou em tom baixo antes de voltar a sorrir para Mia.
Mia sorriu de volta como se agradecesse o elogio.
— O que quer comer? — a Artista perguntou enquanto estendia o cardápio para Mia e em seguida pegava o caderno de desenhos, também pegou os lápis e a borracha jogados em cima da mesa e abriu a bolsa jogada ao seu lado, só nesse momento lembrou que ainda estava na posse do celular de Amélia. Primeiro guardou suas coisas para logo em seguida pegar o celular esquecido em sua casa na noite anterior. O colocou em cima da mesa e viu quando Mia ergueu os olhos do cardápio e fitaram o próprio celular, ela sorriu.
— Eu havia esquecido de novo. — confessou em um sussurro e não conteve a própria risada quando Helena começou a rir na sua frente, a acompanhou por alguns segundos antes de pegar o celular por um momento, o destravou com a digital rapidamente e deu uma pequena risada mais uma vez ao ver as diversas mensagens de sua mãe. — A mama achando que eu estava a ignorando. — falou assim que leu rapidamente as mensagens da Palermo mais velha referente ao seu encontro com Helena na noite anterior, Mia imaginava que ela mandaria mensagem perguntando.
— Pelo jeito a Vera não sabe que você tem problemas de memória quando está comigo. — Helena tinha a sobrancelha arqueada, era claramente uma provocação.
Mia sorriu de forma um tanto debochada enquanto desviava os olhos do celular enquanto o travava e o deixava de lado em cima da mesa mais uma vez.
— Você adora se vangloriar por certos feitios, não é?
— Mais ou menos... Eu não diria vangloriar, talvez... Me divertir?
— Cretina.
Fim do capítulo
Oi, oi, gente!
Preciso começar me desculpando pela demora... Eu sei, dessa vez a demora passou dos limites! Mas eu posso explicar... Como sabem, fim de ano eu me enrolei com o fim de semestre, eu planejava mesmo postar um capítulo antes do Natal, mas começaram a acontecer alguns problemas um tanto pesados, desde a trágicos acidentes com animais de estimação até perdas de amigos próximos. Então eu realmente não conseguia simplesmente sentar e escrever como queria, estava travada! Aos pouquinhos consegui escrever esse capítulo, não é muito grande e também não é perfeito, mas eu espero que gostem, prometo tentar compensar em um capítulo com no mínimo o dobro de tamanho no próximo!
Ah, eu sugiro para quem tenha perfil no Wattpad, me siga lá.. Lá poderão me acompanhar com mais facilidade e saber quando algo acontecer, eu sempre postarei notícias e até alguns spoilers...
Até o próximo pessoal!
(https://ww-----w.wattpad.com/user/PattyShepard)
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Val Maria
Em: 10/03/2019
AUTORA por favor volte,pois não aguento de tanta ansiedade,sou viciada nessa história.
Olho o site todos os dias para vê se tem atualização.
Eu sei que as autoras tem uma vida,trabalho,família,estudos e outras coisas,mas quero tanto que você continue.
Beijos
Val Castro
Resposta do autor:
Oi, Val! Então, não se preocupe, eu vou voltar! O capítulo está quase pronto, estou até escrevendo ele agora mesmo!! E eu garanto que essa demora vai compensar por que o capítulo que está vindo vai ter de TUDO.
Então, paciência, meu amor! Você vai ver que vai valer muito a pena.
Beijão, Val, obrigada por continuar lendo minha história apesar da minha demora para atualizações.
Tango Livre
Em: 18/02/2019
a autora malvada me enganou....:(:(;(
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Tango Livre
Em: 04/02/2019
Queria tanto que vc postasse logo o próximo capítulo.....mas tanto. Meu aniversário tá logo ai, dia 12....podia ter rpesente, né....rssrrs.
Resposta do autor:
Ih, dia 12?!! Eu vou dar o meu máximo pra te presentear com um capítulo novo, ta?
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Tango Livre
Em: 31/01/2019
Adoro essa história....não suma!
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Tonsdemarsala
Em: 29/01/2019
Maravilhosa essa história... Amando... anciosa pelos próximos capítulos.. parabéns
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Deby
Em: 29/01/2019
Nossa, nem acreditei quando vi a atualização dessa história. Estava preocupada real com o seu sumiço, mas que bom que você voltou e principalmente que está conseguindo lidar com os problemas que lhe fizeram se afastar da produção de escrita. Fico aqui na torcida por seu processo de resiliência.
E como foi bom matar um pouco da saudade dessas duas. Meus comentários sempre irão ser redundantes, porque não tem como comentar sem te elogiar. Fazia tempos que eu não ficava ansiosa por uma atualização de capitulo, ou ficar imaginando como irá acontecer o desenrolar do enredo, tinha esquecido até como é a sensação. E felizmente, o seu talento em escrever esse romance fez ressurgir esses sentimentos mágicos que uma leitora sente em mim.
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Nay Rosario
Em: 29/01/2019
Esss duas tem um jeito peculiar de demonstrar cordialidade. Bem vinda de volta.
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