CapÃtulo 12
— Vadia! — o grito de Helena soou alto pela cozinha quando a morena se desfez dos braços de Mia em uma fração de segundos e quase voou em direção ao balcão, onde a gata pequena havia subido e tentava beliscar um dos pedaços de carne já assados que estavam reservados em um prato fundo já prontos para serem servidos. A gata se assustou no mesmo momento e se encolheu já começando a se afastar para pular dali, a gargalhada de Mia começou a ecoar pela cozinha ao ver o motivo da dança das duas ser interrompida daquela forma tão súbita, tanto que ela havia até se assustado com o grito de Helena. — Meu Deus do céu, que gata gulosa. — a Artista reclamou e pegou a gata com calma antes mesmo que ela conseguisse pular do balcão para o chão. — Você acha isso certo, mocinha? Tentando roubar carne? — ela tentou falar sério enquanto erguia a gata na altura do seu rosto para olhá-la bem, mas nunca conseguia falar sério quando se tratava de Vadia, no segundo seguinte já a segurava no colo, sentadinha como se ela fosse uma criança. Mia ainda ria enquanto se aproximava das duas, tocou a pelagem de Vadia e se aproximou dando uma série de beijos na cabeça peluda. — Eu juro que educo muito bem essa gata, mas ela já veio com o gosto por carne e o costume de subir nas coisas, uma ladrazinha nata, não é mesmo?
— Ela foi muito expertinha. — Mia falou enquanto sorria e logo em seguida deu mais alguns beijos antes de afastar com uma pequena risada. — Mas deve ser normal, não? Antes de ter você ela roubava comida.
— Sim, mas nem por isso segue sendo o certo, no começo ela comia tanto que golfava logo em seguida. — a morena explicou enquanto ia se afastando um pouco, indo até a entrada da cozinha onde então se abaixou e colocou a pequena felina no chão. — Da próxima vez que você acabar com o clima assim, te deixo sem comida. — ameaçou a gata em um tom de brincadeira e apenas ouviu a risada de Mia atrás de si.
— Deixa de ser malvada, Helena. — Mia brincou enquanto mantinha um sorriso largo nos lábios e Helena apenas rolou os olhos em provocação, mas também sorria. — Agora volta pro seu posto, eu estou com fome.
Helena ergueu as mãos como se estivesse se rendendo enquanto andava de volta para a massa das tortillas e mais do que rapidamente voltou ao trabalho, o sorriso pequeno no canto dos lábios deixava claro a satisfação com os pensamentos que rondavam a sua mente, a forma que Mia dançava, o jeito espontâneo da morena, como se estivesse se sentindo completamente a vontade ao lado de Helena e isso realmente a deixava bem.
Já Mia estava um pouco mais séria enquanto trabalhava com os abacates para fazer o guacamole, em pouco tempo já os amassava. A mente cheia com tudo o que estava acontecendo, ao mesmo tempo em que se sentia extremamente bem e leve ao lado de Helena, também se sentia nervosa, estava em um impasse absurdo de que passo dar a seguir do que se permitir, ao mesmo tempo que tinha vontade de sair correndo dali, também sentia vontade de se jogar nos braços de Helena e beijá-la o resto da noite e isso a fazia travar, de certa forma, toda vez que Helena se aproximava demais.
— Essas pimentas parecem que foram colhidas hoje! — comentou ao puxar para perto a travessa repleta de pimentas, era uma diversidade de cores, vermelhas, amarelas e verdes, diversidade de tipos. Ouviu a pequena risada de Helena e a olhou por um momento. — São maravilhosas.
— Não é? Foram mesmo colhidas hoje, hoje de manhã na verdade, eu tenho uma pequena plantação no quintal, pimenta, tomate cereja, coentro, mais algumas ervas e hortelã, sempre gostei de cuidar dessas coisas. — fora falando enquanto abria a massa com facilidade e se concentrava nisso.
— Não acredito que você tem uma horta. Deus... O que mais colheu hoje? — o sorriso de Amélia era largo, havia parado o que fazia para olhar para Helena, a Designer de interiores sempre fora deveras interessada por horticultura, mas era difícil de cultivar em um apartamento, seu pai cultivava no quintal de casa e ela sempre o ajudava, adorava e saber que Helena também o fazia só era mais uma qualidade para a mulher.
— Tomate cereja e alguns alfaces.
— Eu adoro tomate cereja...
— Em cima da geladeira! — a morena respondeu rindo já sabendo que Amélia queria sem que ela precisasse dizer. Ouviu a risada baixa da outra e a olhou brevemente vendo-a ir de fato até a geladeira, viu logo de cara um bowl de vidro de tamanho mediano repleto de tomates cerejas, esticou-se rapidamente para pegá-lo e já foi pegando um deles e o levando a boca.
— Hmmm. — gem*u ao senti-lo explodir em sua boca. Ela simplesmente amava tal sensação. — Docinhos. — riu brevemente enquanto levava outro à boca, mas voltava para a bancada com um sorriso nos lábios.
— Você não vai mesmo me dar nenhum? — Helena reclamou enquanto arqueava uma sobrancelha e olhava para Mia.
— Mais uma amante de tomate cereja. — falou enquanto se aproximava de Helena apenas com um tomate na ponta dos dedos, o ofereceu à morena. Helena não pensou duas vezes antes de abrir a boca e abocanhar devagar o tomate preso entre os dedos de Mia.
— É claro que sim, essa explosão na boca é algo sem igual.
— Uma explosão de doçura.
— Você tirou as palavras da minha boca.
Riram juntas antes de voltar a seus afazeres, afinal, realmente se continuassem daquele jeito iriam jantar apenas depois de meia noite. Agora os pensamentos de Mia eram povoados pelas coisas que tinha em comum com Helena, quase riu consigo mesma por lembrar que tanto a julgara antes de tudo aquilo acontecer, do pedido de desculpas, de decidir vir para a casa dela, respirou fundo ao lembrar da conversa que tiveram em seu escritório. E novamente o silêncio tomou conta da cozinha pelos próximos minutos, Mia terminou o guacamole com algumas instruções de Helena, por mais que soubesse fazer naquela noite queria fazer do jeito da Mexicana. O chili bem apimentado já estava pronto, o frango e a carne haviam sido assados juntos, e um vasto de legumes picados e bem temperados haviam sido salteados na manteiga. O molho de queijo que Mia fizera também já estava separado assim como o molho apimentado feito por Helena e aos poucos a Designer foi levando prato por prato, todos fundos, com cada recheio para a sala e foi os colocando na mesinha bem no centro da mesma próximo aos sofás, a ideia viera de Helena, para que ambas jantassem mais a vontade, sentadas no chão da sala.
— O que você quer beber? — Mia estava parada em frente à geladeira de Helena, com a porta da mesma aberta enquanto a olhava, não deixava de notar o quão bem organizada era.
— Eu posso me dar ao luxo de beber uma cerveja com você hoje. Combina com burrito.
Mia arqueou uma sobrancelha assim que ouviu as palavras da morena.
— Está fazendo isso por mim por que acha que eu gosto de cerveja, Helena?
— Você gosta de cerveja, Amélia?
Amélia deu uma pequena risada enquanto se inclinava um pouco e pegava duas Long Neck’s com apenas uma mão e assim saiu andando devagar em direção à sala. Helena apenas a observou passar para fora da cozinha com as duas cervejas em mão, sorriu ao ter a sua resposta daquela forma e voltou a sua atenção para as últimas tortillas que assava, as comeria ainda quentinhas, o que só tornava certamente tudo mais gostoso.
— Qual é a sua bebida preferida? — indagou um pouco mais alto levando em conta que Mia não estava mais na cozinha.
— Alcoólica?
— Ambos os tipos.
— Eu sou uma apaixonada nata por cerveja, Hernando me levou uma vez a um festival de cerveja que teve na cidade e ele implica até hoje por que teve que me carregar de volta pra casa. E sou ainda mais apaixonada por suco de laranja, principalmente nos dias de ressaca, é o que me revigora. — a morena apareceu na porta da cozinha onde se encostou e cruzou os braços, os olhos ficando focados em Helena, era provocada por aquela roupa que Helena usava, definitivamente não podia olhar demais e isso a surpreendia e como surpreendia. Para alguém que absolutamente nunca havia sentido algo do tipo por qualquer mulher, aquilo causava um nó em sua cabeça. — E a sua?
— Eu não tenho uma bebida alcoólica preferida, como disse, é algo descartável na minha vida. Mas quanto ao suco de laranja, temos algo em comum, eu não vivo sem. Suco de laranja com gengibre e hortelã então? Foi por isso que comecei a plantar hortelã. — riu brevemente antes de finalmente, desligar o fogo assim virou para Mia com o prato cheio com uma montanha de Tortillas quentinhas. — Vamos logo, tenho medo que a ladrazinha se aproveite da nossa ausência.
Mia riu enquanto dava meia volta e ia andando de volta para a sala, Helena trouxe consigo o controle do som ainda ligado, mas agora em um volume bem mais baixo. A Artista colocou o prato em uma parte vazia da mezinha e calmamente sentou-se no chão, sobre o tapete felpudo, ajeitou-se, cruzando as pernas em uma posição de meditação, Mia sentou exatamente do mesmo jeito em uma das pontas de Helena, assim ficando mais próxima a mulher.
— Eu quero saber mais sobre você, ficou martelando na minha mente como você, que cresceu cozinhando, virou uma Designer de interiores. — Helena expressou a primeira dúvida que rondava a sua mente e Mia apenas riu ao pensar que não era a única cheia de dúvidas ali.
— Bom, todo mundo fica mesmo surpreso quando descobrem que eu cresci em um restaurante. — a morena falou enquanto pegava uma das tortillas bem quentinhas, a colocou sobre o prato vazio a sua frente e em seguida pegou a garrafa de cerveja, torceu a tampa de maneira firme como se fosse acostumada com aquilo, a colocou em frente à Helena e em seguida pegou a sua e a abriu, deixou ao lado de seu prato. — Foi culpa do meu pai e da organização excessiva que ele tinha. A área de trabalho dele sempre era perfeita, todos os equipamentos dispostos de uma forma que o desse espaço e praticidade na hora de trabalhar, acabei pegando a mesma mania que ele, ser uma Designer de interiores é isso, trazer espaço, praticidade, harmonia, beleza. Então ele tinha tudo isso, não só na área do trabalho, na montagem de seus pratos, em casa.
— Seu pai deve ter sido uma pessoa incrível. — Helena falou durante a pausa de Mia e falou no passado assim como tinha percebido que ela fazia e já imaginava o motivo.
— É, ele era sim, não é a toa que me espelhei nele pra muita coisa na minha vida. Ainda assim viver em uma cozinha pra mim era... Complicado, é tão, tão cansativo, Helena, eu nunca tinha forças sequer para sair e me divertir e eu queria tanto viver, sabe? Sair, ser livre e não ficar um dia inteiro presa no alvoroço de uma cozinha, por mais gostoso que seja cozinhar. A ideia de fazer designer veio do perfeccionismo do meu pai, coisa que com o tempo eu comecei a gostar e por em prática na minha vida, demorei muito para decidir por isso e demorei mais ainda pra criar coragem para sentar e conversar com ele. — riu brevemente enquanto terminar de colocar, com uma colher, um pouco mais dos legumes picados e salteados sob a tortilla já carregada com chilli, em seguida pegou o molho extremamente cremoso de queijo e com uma colher colocou em cima para enfim enrolar a tortilla bem recheada assim fazendo um burrito.
— Como ele reagiu?
— Tão bem que você se surpreenderia se visse. — riu. Helena olhava para Mia com um sorriso terno nos lábios, se a menina visse como ela falava do pai de forma tão apaixonada... Helena estava achando aquilo algo simplesmente lindo, tanto que nem sequer desviava os olhos de Mia e por isso mesmo sequer havia começado a montar o seu burrito. — Ele disse que não esperava, é claro, mas que mesmo assim me apoiaria e muito, que estava muito feliz por eu decidir com tanta certeza o que eu queria para a minha vida, por eu não ter feito o que ele queria e sim o que eu queria. Ele me contou que se via em mim, sabe? Toda a família dele vivia na Itália, abriu seus negócios lá, um pertinho do outro, enquanto ele... Ele abriu as asas e voou pra longe, viajou pelo mundo, foi quando conheceu a mama, ele fez o que ele queria e conseguiu encontrar a família dele em Dona Vera. E segundo ele, eu estava fazendo a mesma coisa. Então algum tempo depois eu saí de casa e comecei a faculdade.
— O que aconteceu com ele?
— Acidente de carro. — as duas trocaram um olhar mais longo e Helena não precisou de muito mais para saber que não deveria insistir naquele assunto. Ficou em silêncio por um momento enquanto via Mia dar uma mordida bem generosa no burrito e começar a mastigar, se olharam novamente e Mia rolou os olhos. — Pare de me olhar, isso me deixa com vergonha.
Helena riu enquanto desviava os olhos e finalmente focava em fazer o seu burrito assim como Mia havia feito, colocou chilli, bastante chilli e a mistura de carne e frango, o guacamole foi junto assim como o molho de pimenta antes de enrolar a massa com calma.
— Isso definitivamente sim é uma comida apimentada. — Mia falou e respirou fundo levando Helena a rir enquanto a via tomar um gole da cerveja, certamente para acalmar a língua.
— Oh... Tadinha, é fraquinha para pimenta. — debochou em tom de brincadeira antes de soltar uma risada travessa e enfim deu uma mordida no seu, quase gem*u quando começou a mastigar e segundos seguinte sentiu toda a boca esquentar, gem*u um “hmm” enquanto fechava os olhos.
— Eu não disse isso. — Mia rebateu, mas não deixou de notar a forma como Helena apreciava aquele burrito, era quase... Sexy. Desviou os olhos e se atentou a continuar a comer, estava mesmo delicioso, não podia negar, poderia comer aquilo por dias.
— E seu irmão e Vera, como entram nessa história toda? Como reagiram? — Helena se aprofundou no assunto, queria saber tudo sobre Mia, isso estava claro naquele olhar predatório que ela tinha, como se quisesse devorar cada informação que fosse possível.
— Dona Vera ficou furiosa!! — Mia soltou uma boa gargalhada com isso e Helena acabou sorrindo de forma larga ao ouvi-la, mas nada falou, apenas continuou a comer enquanto esperava que Mia continuasse. — Você conhece minha mãe, você sabe como ela é elegante, calma, uma classe de mulher. Mas quando ela perde a linha... Satanás saia de perto que mama está passando.
Helena não deixou de rir com as últimas palavras e ainda mais com a forma como ela gesticulou como se estivesse dando espaço para que alguém passasse ao seu lado.
— Sabia que é muito fofo você chamando a Vera de mama? — a mexicana indagou enquanto ainda sorria e finalmente deu o primeiro gole na cerveja logo a sua frente, franziu um pouco o cenho e lambeu os lábios devagar logo em seguida.
— Mais uma herança do meu pai. Mamma e Papà. — a morena falou desta vez com um sotaque carregado, deixando aquelas palavras ainda mais diferentes e Helena arqueou uma sobrancelha. — Desde criancinha ouvindo ele chamar os pais assim... O Fred chama do mesmo jeito.
— Você fala Italiano?
— Scusa, ma non sono fluente. — mais sotaque e Helena arqueando ainda mais a sobrancelha, mas o olhar mudando, o lábio inferior ficando preso entre os dentes, Mia percebeu aquela mudança de olhar de Helena, de postura, quase podia advinhar o que ela pensava. — Sto conoscendo quello sguardo. — arqueou uma sobrancelha para Helena, como se estivesse a desafiando, o sorriso nos lábios. (Desculpa, mas não sou fluente. Estou conhecendo esse olhar.)
— Você está me provocando! — Helena falou como se aquela fosse à coisa mais surpreendente que pudesse acontecer e a risada de Mia foi alta com a reação de Helena.
— É culpa sua! Você me olha desse jeito, eu já conheço esse olhar, a provocação é automática. — deu de ombros e arqueou uma sobrancelha, manteve o sorriso divertido nos lábios enquanto pegava com as mãos o resto do burrito e voltava a comer. Helena ria.
— Então quer dizer que você gosta de provocar... — Helena falou, não era uma pergunta, na verdade tinha um sorriso nos lábios que deixava claro que havia gostado de saber daquilo. — E pelo jeito provoca muito, não?
— Olha só quem fala... — Mia arqueou uma sobrancelha e Helena apenas deu uma risadinha cúmplice.
— Mas respondendo a sua pergunta anterior... Eu não sou fluente em Italiano, sei muito pouca coisa, eu entendo pouco, sei falar menos ainda. Visitávamos pouco meus avós, pouco mesmo por que meu pai ainda era meio tretado com a família desde que saiu de casa e brigou com eles por isso.
— Que pena... É tão sexy. — deu mais ênfase no “tão sexy”, para deixar muito claro o quão sexy realmente era, Mia riu enquanto levava as mãos aos cabelos os ajeitando, os deixando mais presos e soltou um suspiro audível. — Calor? — Mia acenou de forma positiva com a cabeça.
— Comida apimentada me da calor.
— Pimenta é afrodisíaca.
Aquela voz de Helena, aquele ar sensual, aquele calor que só aumentava, céus, Mia iria enlouquecer! A olhou nos olhos, não soube o que responder quando pegou a garrafa de cerveja e a levou aos lábios devagar, não tirou os olhos de Helena quando deu um gole bem generoso na cerveja gelada, tinha que refrescar ao menos um pouco do calor que começava em sua língua e descia por todo o seu corpo e aquele olhar de Helena realmente não cooperava. A troca de olhares fora tão intensa que ambas se assustaram com o toque de celular soando repentinamente, Mia ainda mais já que junto com o barulho viera à vibração em seu bolso, desviou o olhar e olhou para baixo ao puxar o celular do bolso.
— Hernando. — leu em voz alta e sorriu de canto, mas travou a tela, não atenderia. — Provavelmente foi me chamar e viu que eu não estava em casa.
— Ele não sabe que você está aqui? — Helena indagou e arqueou uma sobrancelha de forma surpresa no segundo seguinte. Mia balançou a cabeça de forma negativa enquanto deixava o celular sobre a mesa.
— Não, quando a Mama saiu eu só fui tomar banho e me arrumar, não tive tempo de dizer a ele na verdade.
— Como vocês se conheceram?
Mia deu de ombros por um momento enquanto começava a montar um novo burrito sem muita pressa, estava surpresa como a conversa com Helena fluía mais e mais e melhor, elas conversavam sobre tudo, mudavam de assunto como se nada estivesse acontecendo, uma hora estavam presas na provocação e de repente era como se nada tivesse acontecido, mas continuava aquela sensação tensa, mas gostosa no ar, adorava aquilo, realmente lhe dava vontade de conversar com Helena por horas a fundo.
— Foi assim que eu me mudei, aluguei meu apartamento, dia da mudança, desempacotando as coisas, toca a campainha, quando abro a porta... Aquele Deus grego se projeta na minha frente, já fui imaginando todas as fantasias sexuais possíveis, ele, todo fofo, tinha ido me dar às boas vindas assim que descobriu que tinha uma nova vizinha, o apartamento é de frente para o meu. Trinta minutos depois eu já sabia que aquele homem tinha nascido viado, por que não parece quando você olha, quando você não conhece ele, mas aquele homem da tanta pinta... — a morena gesticulava com as mãos para dar ainda mais profundidade às palavras que falava e para que Helena sentisse ao menos um pouco do que ela sentiu quando conheceu Hernando. E a Artista olhava para tudo isso com um sorriso no rosto, era divertido ver Mia explicando as coisas com tanto fervor como fazia naquele momento. Helena acabou rindo e Mia a acompanhou na risada.
A artista já ia abrindo a boca para comentar aquela história quando novamente o som do celular de Mia soou pela sala e ambas olharam para o aparelho em cima da mesinha ao mesmo tempo, o nome de Hernando estampava a tela, Helena fora rápida desta vez, agarrou o aparelho mais rápido do que Mia e viu quando ambas as sobrancelhas da mulher a sua frente se arquearam, ela apenas sorriu de forma larga assim deslizou o dedo pela tela assim então, atendendo a ligação:
— Sim? — indagou enquanto colava o telefone em seu ouvido, os olhos fixos em Mia, o sorriso estampado nos lábios. Mia apenas deu uma pequena risada, era claro que não se incomodava com aquilo, tanto que dividiu sua atenção entre ouvir a conversa e comer.
— Quem é? — a morena ouviu a voz grave do homem ficar claramente mais séria e não pode segurar a breve risada, imaginava a confusão do rapaz ao não ouvir a voz da amiga.
— Helena. Soa fofa a sua preocupação. — viu a sobrancelha de Mia arquear-se mais uma vez e mordeu o lábio inferior com um pouquinho de força enquanto a encarava. Não ouviu absolutamente nada do outro lado da linha e imaginava que Hernando estivesse surpreso, o silêncio durou mais alguns segundos e ela, calmamente, aguardou.
— O que está fazendo com ela? — a voz soou séria mais uma vez e Helena mais uma vez sentiu vontade de rir, mas não o fez.
— Comendo. — pigarreou por um breve momento antes de continuar. — Não ela, infelizmente. Estamos jantando. Fique tranquilo, estou cuidando bem da sua garota. — Helena tinha um sorriso divertido nos lábios enquanto via Mia esconder o rosto nas mãos e balançar a cabeça de forma negativa, a Designer estava completamente surpresa depois de ter ouvido aquilo. — Ela veio por livre e espontânea vontade, eu juro. Fiquei tão surpresa quanto você está agora.
— Quando eu digo que o mundo está perto de acabar eu não estou brincando. — o rapaz falou e pareceu ter falado mais para si mesmo do que para Helena, mas ainda assim a Artista deu uma pequena risada com as palavras do rapaz, havia entendido de qualquer forma. — Diga a ela que é bom que venha diretamente para o meu apartamento quando sair de onde quer que vocês estejam.
— Pergunte o que ele queria. — Mia falou por um rápido momento antes de dar uma generosa mordida no burrito e franziu o cenho logo em seguida quando um pouco do recheio escapou pela outra ponta, a cena fez Helena sorrir.
— Você ouviu? — a morena perguntou a Hernando.
— Nada que não possa esperar ela voltar.
— Sabe Hernando... Eu sei que você não gosta de mim, precisamos resolver isso. — a morena falou enquanto se ajeitava um pouco e pegava a garrafa de cerveja a sua frente, levou a boca assim dando um gole mais longo, os olhos caíram sobre Mia e sua sobrancelha arqueada, acabou sorrindo.
— Nunca disse que não gosto de você, Helena, apenas não concordo com suas atitudes, estas que fizeram Mia ficar mal por dias, até hoje você não me deu motivos para ver você com outros olhos. — a voz de Hernando era extremamente calma, chegava a surpreender Helena de certa forma, mas a agradava. — Sei que você é uma boa pessoa, até por que já a conhecia antes e até me afeiçoei por você, mas nem tudo é o que parece não é mesmo? Eu vi você dançando, vi você a usando como um adicional em seu show, também não tiro a culpa da Mia, afinal, chances ela teve para met*r um tapa bem dado em você.
A morena não teve como não dar uma risada gostosa com as últimas palavras de Hernando, ao ver que ele também taxava Mia como culpada com toda aquela situação passada, mordeu o lábio inferior com um pouco de força ao final da risada, os olhos se encontraram aos de Mia com certa satisfação.
— Incrível como vocês dois soam parecidos falando essas coisas, mas tudo bem, eu concordo com você, certamente terei outras chances de te mostrar quem eu sou de verdade.
— Eu esperarei por isso. Cuide da Mia por hoje, se ela vir com um arranhão eu quebro você. Até algum dia, Helena.
— Até, Hernando. — a Artista desligou a chamada no segundo seguinte e olhou por um momento para a tela bloqueada do celular onde mostrava uma foto de Mia e Hernando em um momento que irradiava felicidade, isso fez a morena sorrir.
— Por que tanta vontade de mostrar quem você é de verdade? — Mia perguntou enquanto se erguia do chão com calma e assim saiu andando devagar em direção a cozinha, Helena não importou-se.
— Por que eu deixaria que você, uma mulher que tem todo o meu interesse e Hernando, o seu melhor amigo, me taxassem por aquela mulher que eu não me orgulho? — indagou como se isso fosse algo óbvio enquanto se atentava em fazer o último pequeno burrito carregado com pimenta. Mia apareceu em seu campo de visão com uma cerveja nova na mão enquanto tinha o cenho franzido.
— Se não se orgulha, por q...
— É complicado. — interrompeu Mia antes mesmo que ela terminasse a pergunta, se não se orgulhava, por que fazia? Se perguntou isso por muito tempo antes de entender que se orgulhando ou não, ela não tinha controle ou força o suficiente para simplesmente parar com aquilo desde que havia começado.
Mia a olhou em silencio pelos próximos segundos, já havia se sentado no mesmo lugar e na mesma posição de antes, não falou nada no momento, estava curiosa, a mente correndo em volta das palavras de Helena, mas se ocupou em comer o burrito já pronto assim como Helena também fazia.
— O que achou? — a Artista perguntou enquanto ainda terminava de mastigar após a última mordida, pegou um dos guardanapos dispostos à mesa e foi limpando as mãos para em seguida limpar a boca, a sentia inteiramente quente, queimando com o ardor da pimenta e isso também esquentava todo o seu corpo. Com Mia não era diferente.
— Achei que você definitivamente é viciada em pimenta. — respondeu de imediato antes de levar o último pedaço à boca e sorriu ao ouvir a risada de Helena. — O que de forma alguma é ruim, eu adorei. Me deu vontade de experimentar mais da sua comida.
— Isso não é um problema, pode vir jantar comigo mais vezes, vou adorar cozinhar com você novamente. Mas também quero experimentar a sua. — arqueou uma sobrancelha, os olhos não desviavam dos de Mia e uma tensão repentinamente subia entre elas, mas não algo desconfortável, era o completo contrário disso.
Mia sorriu enquanto dava um gole longo na cerveja recém aberta e assim foi se ajeitando, se afastando até conseguir se encostar no sofá atrás de si, assim esticou as pernas e relaxou, estava cheia e deveras confortável, fechou os olhos por um breve momento enquanto respirava fundo, foi invadida pelo cheiro de Helena. A Mexicana tinha os olhos fixos em Mia, focaram-se nos lábios da morena, desceram pelo pescoço e colo, analisava cada parte que eram definitivamente pontos de desejo de Helena.
Quando Mia abriu os olhos teve a visão de Helena engatinhando devagar em sua direção, isso fez a mente da morena trabalhar ainda mais rapidamente, voou para a noite em que viu Helena engatinhando em sua direção de uma forma completamente predatória, isso a fez desviar o olhar imediatamente ou acabaria pensando em sacanagem e tudo o que menos queria era isso, ou ao menos era isso que ela tentava se convencer. Helena sentou-se ao seu lado, mas de frente para ela, perto, mais perto do que Mia gostaria.
— Você quase criou a cura gay quando engatinhou até mim da última vez. — confessou repentinamente levando Helena a arquear uma sobrancelha.
— Você lembrou disso agora? — Mia acenou de forma positiva com a cabeça antes de levar a cerveja aos lábios mais uma vez e deu um novo gole.
— Você fez o Hernando sentir coisas. — Mia tinha um sorriso divertido nos lábios, mas os olhos, de um azul mais intenso do que o normal, estavam transbordando seriedade, luxúria talvez?
— E você, eu fiz você sentir coisas? — a voz de Helena pareceu ter soado mais rouca do que já era, a morena apoiou seu corpo na mão direita espalmada no tapete ao lado das coxas de Mia, assim as pernas da morena estavam entre seu braço e seu corpo, queria ficar daquele jeito, de frente para Mia, perto dela.
Mia apenas deu de ombros, sequer piscava entre aquela troca de olhares tão intensa, no lugar da resposta apenas levou a garrafa de cerveja aos lábios e deu um novo gole, Helena acompanhou tal ato, achava sexy a forma como Mia levava a cerveja a boca e tomava como se fizesse aquilo a vida inteira. Era um charme só.
— Você não vai responder não é? — perguntou, um sorriso crescendo em seus lábios, divertido. Mia riu por um breve momento com a pergunta antes de negar com um aceno de cabeça.
— Vou deixar sua curiosidade aguçada.
Helena mordeu a ponta da língua para segurar o xingamento que viera a cabeça e quase falou sem pensar, acabou rindo com o ato antes de respirar um pouco fundo, mas acenou de forma positiva com a cabeça como se aceitasse a vontade de Mia.
— O Hernando disse que não era algo importante o motivo de ele ter ligado.
— Provavelmente só queria me chamar pra alguma coisa ou me contar alguma novidade. Provavelmente a primeira opção, ele prefere me ligar por que diz que assim consegue me convencer melhor. — apoiou a garrafa sobre o tapete e manteve a mão apoiada nela, respirou fundo novamente, com a proximidade de Helena o cheiro dela vinha ainda mais forte. — Por que é complicado? — voltou a tocar no assunto da vida dupla da anfitriã da noite.
Helena ficou em silencio por alguns segundos e Mia pode jurar que viu um pouco do brilho que havia nos olhos de Helena sumindo em uma fração de segundos, isso a incomodou mais do que gostaria.
— Por que aquela Helena é complexa.
— Por que se refere como se fosse outra pessoa?
— Por que ela é criada diante a minha raiva. Ela é a minha raiva e minha raiva é completamente diferente do que eu sou, não da pra perceber?
Mia acenou de forma positiva com a cabeça, dava para perceber e como dava, a diferença era tão grande que até a aura daquele Helena a sua frente para a Helena que dançava, era completamente diferente, era de fato como se fossem duas mulheres distintas, com personalidades distintas, mesmo que alguns traços às vezes fizessem Mia lembrar da dançarina.
— Me conte quem você é. — pediu, a curiosidade quase agradecendo, afinal, a dias pensava na resposta para aquilo. Helena apenas acenou de forma positiva com a cabeça, sabia que uma hora ou outra as duas iriam acabar naquele assunto, mas não se sentia incomodada em revirar a sua história para contar a Mia.
— Eu venho de uma cidade pequena do México chamada Guanajuato, de uma família louca e sou a quinta filha... De sete. — arqueou uma sobrancelha como se isso fosse algo surpreendente, Mia acabou arqueando a sobrancelha junto.
— Sete?! — a pergunta fora claramente surpresa.
— Sim, sete. Aparentemente essa era a diversão dos meus pais. — acabaram rindo juntas, o sorriso de Mia manteve-se em seu rosto e isso só deixou Helena ainda mais confortável.
— Onde eles estão? Algum mora aqui?
Helena negou com um aceno de cabeça, por mais que quisesse que os irmãos morassem bem mais perto dela, não podia ter esse privilégio por causa de toda a burocracia.
— Todos ainda vivem em Guanajuato ou em cidades próximas, Tijuana, Guadalajara e uma em Acapulco. Três ainda vivem com minha mãe e meu pai... Bom, aquela história de “foi comprar cigarro e nunca mais voltou” é realmente verdadeira em muitas famílias.
— Quantos anos você tinha?
— Eu tinha sete anos, mas ainda lembro muito bem, acho que não só eu, todos os meus irmãos guardam mágoa. Tudo ficou bem difícil depois disso, Alba teve que trabalhar, aceitou o primeiro trabalho que apareceu, então nos virávamos sozinhos em casa, um cuidando do outro, os mais velhos cuidando dos mais novos, os mais novos se comportando para não dar trabalho aos mais velhos e todos unidos tentando ajudar de alguma forma a Alba. — falava de forma extremamente serena, mas em determinado momento desviou os olhos dos de Mia e a mão livre buscou a mão de sua visita, a segurou com calma antes de entrelaçar os dedos lentamente.
— Alba é sua mãe? — Mia perguntou enquanto olhava agora para ambas as mãos unidas, a sensação era deveras agradável. Estranhou o fato de Helena não ter a chamado de mãe e sim pelo nome, a fez imediatamente imaginar que algo havia acontecido. Viu Helena acenar de forma positiva com a cabeça, mas não teve a visão dos olhos da morena, ela continuava a olhar para baixo, parecia atenta as mãos unidas.
— Depois tudo se encaixou, ela nos deu uma vida boa mesmo com todos os pesares. Todos seguimos o caminho certo. Eu comecei a trabalhar quando tinha catorze anos, mesmo com ela dizendo que eu não deveria, pouca idade, deveria estar estudando, mas eu queria tanto ajudar que conseguia conciliar os dois de algum jeito. Eu persegui por dias a Carmen, ela era uma Artista bem renomada naquela época, ela era muito famosa por fazer restaurações. A conheci depois que vi seu trabalho na Catedral que minha família visitava ao menos uma vez por mês, ela estava finalizando a restauração de uma pintura a óleo que cobria todas as paredes da Catedral, a pintura era muito antiga, havia se desbotado completamente de uma forma que não dava para apreciar a beleza, mas ela veio e trouxe toda a beleza de volta, eu tinha dez anos quando vi essa restauração e nunca, nunca saiu da minha cabeça, acho que foi ali que eu entendi que era isso que eu queria fazer. Ser uma Artista Plástica assim como ela era, sabe? Eu achei fascinante como pequenos pincéis podiam dar vida a algo, podia fazer nascer de uma tela branca, uma obra de arte. Então quando eu completei os catorze anos e vi que precisava trabalhar, eu pensei nela, por que eu não me via trabalhando com outra coisa. Eu basicamente a forcei a me contratar como uma ajudante. — a morena deu uma breve risada com as lembranças que percorriam a sua mente e como ela foi terrivelmente persistente ao ir todos os dias atrás de Carmen até conseguir o trabalho que tanto queria. — Eu trabalhava, basicamente, como faxineira no começo, mas ela dizia que não aguentava trabalhar comigo praticamente em cima dela sempre que possível tentando ver e aprender o que ela fazia, então ela simplesmente desistiu de me ter como faxineira de sua casa e me tornou sua aprendiz, ela não teve filhos, então acho que por isso me cuidou e me guiou tão bem.
Mia olhava para Helena em silencio, estava encantada! Não imaginou em momento algum enquanto vinha para a casa dela que acabaria conhecendo aquela mulher daquela forma, que saberia da vida dela desde que ela era uma criança, como tudo começou, como ela foi moldada e se tornou aquela mulher e a forma com a qual ela contava, a voz rouca, o jeito calmo, o carinho que recebia em sua mão contribuía para deixar a jovem Designer fascinada por aquele momento, pensou por um momento que podia ouvir Helena contar todas as histórias que ela quisesse se fosse contada daquele jeitinho.
— Ela me ensinou absolutamente tudo o que ela sabia, tudo, tudo mesmo, me chamava de Pupila e me ajudava muito, me ensinou a fazer novas telas para pintura, me ensinou todos os macetes, quando eu errava ela com toda paciência do mundo me corrigia e me ensinava novamente. Comecei em telas pequenas, em quatro anos eu cheguei a telas de metros de altura e largura para então começar trabalhos que exigiam muito mais, pinturas artísticas, restaurações e coisas do tipo. Quando eu tinha dezoito anos eu estava fazendo um trabalho artístico em um muro no centro da cidade, o próprio prefeito havia contratado a mim e a Carmen para pintarmos o muro com uma arte que retratasse a nossa cidade e todas as festividades que tínhamos. Pouco a frente uma construção havia começado, prometiam construir uma Multinacional que daria emprego para muitos da cidade, estavam certos por sinal, aquele lugar emprega até hoje muita gente e duas irmãs minhas inclusive. — os dedos se afastaram dos de Mia e começou a tocar a pele da morena, agora subindo lentamente por seu pulso com a ponta dos dedos, queria explorar a pele da morena, toca-la mais e mais e começava isso aos poucos, de forma até tímida, como se pedisse permissão para avançar mais. — Mas voltando... A construção dessa Multinacional começou praticamente ao mesmo tempo que o meu trabalho no muro, seria um trabalho demorado pra mim e pra Carmen, o muro era enorme, vários metros e termos que desenhar tudo, todos os detalhes e depois pintar pouco a pouco demoraria dias. Durante meu trabalho eu era observada por alguém da construção o tempo inteiro, quando percebi e vi aquele homem eu acabei começando a retribuir, era jovem, boba, tinha focado tanto em pintura que nunca dei bola para relacionamentos até ele aparecer. O Trevor era o empreiteiro da obra, havia sido contratado pela Multinacional e por isso forçado a viajar pra lá, mas ele vivia aqui. Ele era péssimo no Espanhol. — deu uma breve risada com as últimas palavras e mordeu o lábio inferior em seguida com as lembranças que ao mesmo tempo que eram tão boas, também doíam, o cenho franziu-se por um momento. — Ele começou a se aproximar, sempre me dava bom dia, o bom dia evoluiu para flores todos os dias, até evoluir para um lanche juntos nas pausas de ambos os nossos trabalhos. A Carmen sempre me incentivava, “ele é um homem lindo, experiente e tem um ótimo emprego”, a Alba não podia estar mais feliz, ela sempre foi o tipo de mulher que empurrava ao máximo suas filhas para homens do bem para que se casassem e tivessem uma família. Não aceitava que nenhuma de nós tivesse uma vida como a dela, sozinha, abandonada pelo marido. Era muito, muito conservadora, imagina como ela ficou quando o Trevor foi lá em casa pedir a permissão dela para namorarmos?
— Já deve ter começado os preparativos para o casamento. — Mia respondeu a pergunta de Helena mesmo sabendo que era uma pergunta retórica, as duas acabaram rindo juntas no segundo seguinte enquanto Helena concordava com um aceno positivo de cabeça, finalmente os olhos voltaram a se encontrar, ambas sorriam, mas o sorriso de Helena deu lugar a uma mordida no lábio inferior.
— Ela sonhava com isso, dizia que eu havia encontrado o homem que seria o meu marido com certeza, era sortuda e todo esse mimimi, isso me iludia ainda mais. O Trevor era incrível, eu com 18, boba, acreditava em tudo, sonhadora e com uma mãe persuasiva, ele com 29, um homem já formado, bem sucedido, louco pra achar a mulher perfeita pra ficar com ele, pra esperar ele voltar pra casa depois de um dia cansativo, dar a família que ele queria. Ele dizia que estava atrasado na vida, já deveria estar casado, com filhos, mas que toda a espera havia valido a pena. A multinacional era gigante, então demorou mais de um ano para ser construída. Nesse tempo o Trevor às vezes viajava de volta pra cá para resolver uma ou outra coisa, mas não demorava muito. Só fomos evoluindo e eu com a certeza de que havia mesmo encontrado o cara que seria meu marido pelo resto da minha vida.
Repentinamente Mia começou a sentir-se triste, ao mesmo tempo que irritada, por que sabia que estava ouvindo a história de como o marido dela havia se tornado o seu agressor e aquilo era, de certa forma, desconfortável, mas não a interrompeu, a ouviria pela noite inteira se Helena quisesse.
— Você já deve imaginar o que aconteceu, ele louco pra casar, eu, uma boba inebriada na mágica do primeiro amor e nas ilusões que minha mãe colocava na minha cabeça do quão perfeito o Trevor era. Ficamos noivos com um ano e sete meses de namoro, quando a obra acabou, ele não foi embora, começou a me encher de promessas de que sairíamos de lá e viveríamos aqui uma vida perfeita, a vida de rainha que eu merecia.
— Isso é tudo o que uma jovem apaixonada quer ouvir não é? Promessas que parecem perfeitas pra um futuro. — Mia falou em um tom baixo e viu Helena concordar com um aceno.
— Exato. — respondeu. As duas já conversavam em um tom baixo de voz, estavam próximas, o som havia sido desligado há muito tempo, então todo o silencio da casa era apenas quebrado pelas vozes calmas, quase sussurros. Mia sentiu a pele arrepiar quando as pontas dos dedos de Helena foram deslizando devagar pela pele de seu braço. E Helena sorriu de canto ao olhar para a pele arrepiada da morena, os olhos novamente focados no caminho que seus dedos faziam. — Foi assustador deixar a minha família para trás para viver o que parecia ser o sonho mais lindo que Deus havia me concedido. Mas Alba estava tão, tão feliz e tão orgulhosa por ter casado uma de suas filhas com um homem que julgava ser perfeito... Na época isso foi à força que eu precisava pra deixar tudo pra trás. Viemos pra cá, casados e por um tempo foi tudo perfeito. Fui me habituando a tudo, novas pessoas, novas culturas, novos horizontes, novos amigos. Foi quando conheci também a Alyson, ela mora no fim dessa rua. Nos tornamos amigas logo, ela já conhecia o Trevor. Tentei conseguir trabalho, tentei vender algumas obras, mas era difícil aqui, tudo era muito diferente de lá, muito mais complicado e mais difícil. Então, como não consegui, me tornei a dona de casa que o Trevor sempre desejou. A esposa perfeita, que lava, passa, faz comida, te recebe em casa no fim da noite e satisfaz todas as suas necessidades quando você bem quiser.
— Bela, recatada e do lar. — Mia adicionou. Isso levou Helena a dar uma breve risada, mas Mia notava que não era uma risada cheia de ânimo como as outras que ela dava.
— Exatamente isso. Exatamente. Era normal ele sair pra beber, ou beber após o trabalho com os amigos, afinal, o dia em uma obra é muito cansativo, ele dizia sempre que beber o ajudava a relaxar. Passamos dois anos muito bons juntos, eu sabia lidar muito bem com o ciúmes dele, ele era possessivo, mas eu também sabia lidar com isso, acabar uma briga com ele era muito fácil, ele aceitava tudo por sex*. Eu gostava disso até. Eu pintava às vezes, não como antes, mas pintava, mas depois de dois anos sendo apenas a dona de casa que depende do marido eu realmente comecei a sentir falta da minha liberdade, comecei a sentir falta de trabalhar com arte, ligações longas com a Carmen, conversas mais ainda com a Aly e assim eu decidi fazer faculdade de Artes Plásticas. O Trevor não aceitou muito bem no começo, tivemos uma briga gigante e acho que foi a primeira vez que eu apenas fiz sex* com ele por que eu queria que aquilo acabasse, que ele se acalmasse. Foi diferente das outras vezes onde era divertido driblar a irritação dele com provocações e acabava com nós dois rindo enquanto arrancávamos a roupa um do outro. Daquele vez foi... Humilhante, eu acho. Não teve risadas, não teve companheirismo, teve apenas o Trevor descontando a sua raiva. — tinha o cenho franzido com as lembranças, mas ergueu o olhar logo em seguida, viu o cenho franzido de Mia assim como o seu e deu de ombros antes de focar os olhos em um ponto qualquer como se isso a fizesse viajar para o dia em que aquelas coisas aconteceram. — Aquilo foi só o começo, ele nunca aceitou muito bem o fato de eu deixar de ser a dona de casa só dele e me tornar uma estudante universitária independente. O ciúme aumentou, a possessividade dele aumentou, as brigas iam aumentando aos poucos. As vezes que eu chegava depois dele em casa, ou quando estava cansada pra satisfazer ele, ou quando ele tinha dias de folga e eu não estava em casa pra fazer a comida dele como sempre fazia. Sabe, hoje eu enxergo que ele se aproveitou e muito da minha inocência, acho que ele viu que eu seria perfeita pra me tornar exatamente o que ele queria, entende?
Mia acenou de forma positiva com a cabeça, conseguia visualizar muito bem cada coisa que Helena descrevia. Uma estrangeira nova que não tinha nenhum conhecimento sobre uma cidade nova era facilmente manipulável e Helena, estrangeira, muito jovem, sem experiência, encantada com o primeiro amor, primeiro casamento e a vontade de orgulhar mais a mãe. Era triste, era extremamente triste.
— Quando ele começou a te machucar? — sentiu um gosto amargo na boca ao fazer aquela pergunta. Por mais que soubesse da realidade de Helena, ouvir ela contando daquele jeito, naquele momento, parecia ser algo novo e sentia socos no estômago a cada coisa nova que ela dizia.
— No fim do terceiro ano da faculdade, quando eu fui ficando cada vez mais sobrecarregada e envolvida, sem tempo. Começou com um tapa no meio de uma discussão, foi evoluindo para um ciúmes doentio, quando eu demorava para chegar em casa ele me acusava de traição e dizia que eu tinha mudado desde que havia começado a faculdade. De fato, eu tinha mudado, na verdade eu tinha amadurecido, era um mundo tão fascinante, me amadureceu tanto... Mas ele não estava disposto a aceitar que aquela dona de casa que fazia tudo o que ele quisesse, se tornasse alguém na vida. Eu era a melhor aluna do curso inteiro! Eu já tinha experiência, tinha muita experiência, eu tinha propostas de trabalho antes mesmo de me formar, isso tudo dos meus professores. Era incrível e tudo o que eu queria era o apoio do meu marido. Mas tudo o que eu conseguia era ser chamada de vagabunda, que estava fodendo com os meus professores para conseguir isso. Os tapas vieram junto com gritos, com xingamentos e ele me rebaixando mais e mais, tentava me fazer sentir inferior ao que eu realmente era. Isso me fez pensar várias e várias vezes em desistir da faculdade. O que eu estava fazendo de errado indo atrás do meu sonho? — o cenho continuava franzido a um tempo e o olhar parecia completamente vazio, como se Helena não estivesse mais ali por alguns segundos e sim perdida nas próprias lembranças. Acordou dos próprios pensamentos e respirou fundo enquanto o olhar voltava para a pele de Mia, assim voltou a tocar a mão dela de forma carinhosa na tentativa de não se perder novamente nas próprias lembranças.— A Aly me ajudou muito, enquanto a Aly me puxava para cima para continuar e terminar o meu sonho, o Trevor me puxava para baixo, me jogava no chão e me chutava na tentativa de me forçar a voltar a ser a dona de casa. Foi sufocante, foi muito sufocante e principalmente assustador. Eu me formei, mas sem felicidade alguma, meu desempenho também decaiu bastante no último ano. Os tapas evoluíram para socos e a opressão ultrapassou os limites. Eu voltei a ser a dona de casa a força, fui forçada a recusar trabalhos por que tinha medo de isso causar mais brigas. Me senti infeliz por ter me dado a liberdade de correr atrás de uma vontade minha, cheguei até a colocar a culpa na Aly, acredita? Eu tentei de tudo, mas não tinha mais jeito...
— Ele abusou de você? — Mia a interrompeu de forma repentina e Helena arqueou ambas as sobrancelhas de forma um tanto surpresa pela pergunta, ergueu os olhos no segundo seguinte e a troca de olhares fora realmente intensa e mais demorada do que Helena desejava por que por um momento teve receio de responder aquela pergunta.
— Mais vezes do que posso contar. Eu não disse que nossas brigas acabavam em sex*? — manteve uma sobrancelha arqueada como se dissesse que isso era óbvio. — Era a forma dele se acalmar. Só que após apanhar eu só queria ficar longe dele e chorar, a primeira vez que eu neguei ele ficou furioso. Mais xingamentos, mais acusações de traição, dizia que eu não o desejava mais por que outro homem certamente estava me comendo, então dizia que precisava me mostrar uma lição pra eu ver que eu gostava era do jeito que ele fazia...
— Deus. — Mia a interrompeu mais uma vez e levou a mão livre ao próprio rosto, sentiu o nó se formando em sua garganta e os olhos começarem a queimar, no segundo seguinte sentiu duas mãos segurando o seu rosto, a forçando a olhar para aquela imensidão escura dos olhos de Helena. Respirou fundo, mas não conseguiu conter a única lágrima que escapou de seu olho esquerdo. Viu o sorriso completamente terno nos lábios de Helena e isso fez o seu coração disparar, assim como seu rosto esquentar completamente sob as mãos de Helena.
— Se acalme... Está tudo bem. São lembranças ruins, mas não me afetam mais. Se você quer me conhecer de verdade você precisa saber disso, você vai entender melhor dessa forma. — tentou tranquilizar a morena enquanto um dos polegares limpava a lágrima atrevida, para logo em seguida começar a acariciar a pele macia do rosto de Mia, sorriu fraco com isso, com a forma como Mia parecia pegar para si as suas dores. Isso realmente a confortou. — A Aly tentou abrir meus olhos várias vezes naquela situação, mas eu não enxergava, eu realmente achava que a culpa era toda minha, que eu apanhava daquele jeito por que realmente merecia. Várias vezes ela cuidou dos meus machucados quando o Trevor se descontrolava demais. Tenho algumas cicatrizes derivadas desses momentos de descontrole excessivo. Fui para o hospital três vezes, braço quebrado, algumas costelas, mas o que me fez abrir os olhos foi à última vez. Havia tudo passado dos limites. Foram pouco mais de dois anos aguentando todo tipo de agressão. Todo tipo. No hospital pedi que os médicos chamassem a polícia, foi tudo muito rápido, não precisou de muito para ter todas as provas possíveis contra ele, à justiça foi rápida em conseguir o divórcio, ele também não colaborou muito consigo mesmo dizendo na frente de toda a polícia que havia batido pouco em mim por que fui capaz de denunciá-lo. Então por isso e mais alguns detalhes foi condenado a pouco mais de dez anos além de por lei estar proibido para sempre de chegar a menos de dez metros de mim quando for solto. A casa e mais algumas coisas ficaram pra mim.
— Isso tudo foi há quanto tempo? — Mia perguntou em um sussurro enquanto olhava para Helena, ela parecia não estar abalada ao falar tudo aquilo, era como se tivesse apenas contado uma história qualquer.
— Quatro anos. — respondeu de imediato, as mãos já haviam se afastado do rosto de Mia a algum tempo, agora estavam apoiadas nas próprias coxas. — No começo foi bem difícil, eu tive perdas muito difíceis, viajei de volta pra casa na intenção de conseguir conforto no colo de mãe, mas tudo o que consegui foi julgamento por parte dela. Ela não se conformava com o fato de eu ter acabado um casamento tão perfeito segundo ela e mesmo com as marcas de físicas e emocionais dos anos de agressão, ela não acreditava que Trevor podia ser tão violento.
— Ela não te apoiou? — a pergunta de Mia saiu completamente surpresa, ambas as sobrancelhas completamente arqueadas e os olhos bem mais abertos, aquilo fez o seu coração doer. Sequer imaginava como viveria algo sem o apoio de sua mãe.
— Não, não apoiou. Na verdade achou que a culpa foi minha, se ele se irritava, alguma coisa eu fiz. Ela realmente estava inconformada com o fato de uma de suas filhas aparecer solteira e segundo ela graças a Deus pelo menos eu não tinha filhos para cuidar como ela teve. É por isso que a chamo de Alba, não consigo mais chamá-la de mãe.
— E seus irmãos?
— Faltou muito pouco para meus dois irmãos pegarem um voo apenas para vir atrás do Trevor e minhas irmãs cuidaram muito bem de mim, me apoiaram e repudiaram a atitude de Alba. A Carmen me deu o colo de mãe que eu precisava. Mas a Alba daquele jeito doeu muito mais do que qualquer soco que eu levei do Trevor, então eu voltei pra cá decidida a deixar tudo pra trás. Comecei a terapia, quase três anos de terapia para conseguir seguir em frente, me ajudou muito, só assim consegui me aproximar de homens que não fossem meus irmãos, acabei desenvolvendo um medo absurdo de qualquer homem na época e também tinha medo de sair de casa, de me divertir e qualquer outra coisa. Tudo foi sendo curado aos poucos ao longo desses anos de terapia. Voltei a pintar como forma de escape, indicações da terapeuta, voltei a sair, voltei a me divertir, conhecer novas pessoas, voltei a estudar, me especializar, tudo os poucos e com muito apoio. — ajeitou-se devagar e se espreguiçou um pouco para aliviar a pressão que aquela posição fazia em suas costas, olhou um pouco em volta logo em seguida, a casa inteira estava uma paz sem igual, mas voltou a olhar para Mia logo em seguida e viu aqueles olhos azuis atentos que a fizeram sorrir de canto antes de continuar. — Estou chegando na parte que te interessa.
— Qual seria a parte que me interessa?
— Qual você acha?
— Você como uma stripper? Por que acha que só essa parte da sua vida me interessa?
— Você não demonstrou muito além, além do mais eu sei como eu posso ser bem interessante com aquela máscara.
Mia riu.
— E convencida. Mas não, não me interesso apenas por essa parte de sua vida, me interesso por um todo, afinal, foi uma confusão em tanto descobrir que aquela stripper é na verdade uma Artista Plástica com um passado tão pesado. Isso não te deixaria curiosa?
— Bastante.
— Pois continue.
Helena deu uma breve risada e manteve o sorriso largo nos lábios enquanto olhava para Mia, por um momento sentiu a tensão que o peso de sua vida trouxera, se esvaindo aos poucos, sobrando apenas à leveza que existia nas conversas que as duas tinham desde que Mia havia chego.
— Ao longo desses anos de terapia, onde me permiti finalmente viver, eu conheci a Seline, uma mulher muito elegante e mais velha que de algum jeito entrou muito fácil na minha vida. Me envolver com uma mulher nunca foi um problema para mim, afinal, eu já havia ficado com meninas na minha época de escola e tenho uma irmã gay. Claro, nunca havia passado de beijos com elas, com Seline foi muito além, nos envolvemos de verdade por um tempo, descobri que ela era dona daquele bar, mas também não me importei com isso, eu gostava da companhia dela e a companhia feminina me deixa muito a vontade. Não me vejo me envolvendo com homens novamente. Eu achava que estava indo tudo bem até descobrir por uma das meninas do bar que a Seline era e ainda é, casada. No mesmo momento eu terminei absolutamente tudo. Eu descobri traições do Trevor, eu sei como é ruim, eu jamais me envolveria com alguém casado sabendo como dói uma traição.
— E como diabos você acabou como dançarina no bar dela?
Helena riu com a pergunta e pendeu um pouco a cabeça para trás enquanto fechava os olhos, tinha um sorriso divertido nos lábios.
— Então... Eu meio que desenvolvi raiva do Trevor e uma vontade de fazer tudo o que ele dizia que eu fazia. Fiz aulas de dança, incluindo pole dance na tentativa de recuperar a minha autoconfiança, quando conheci a Seline eu já fazia. Gostava bastante. Quando conheci o bar, eu acompanhei o show das meninas algumas vezes da sala da Seline e aquilo parecia tão... Interessante. A forma como os homens pareciam tão submissos à sensualidade da mulher. Naquela época eu sofria muito com pesadelos, muito mesmo, por todos esses anos sofri com pesadelos constantes, acordava no meio da noite desesperada, todos com o Trevor tentando me ferir ou me pegar de alguma forma. Quando fiquei com a Seline ele aparecia quase todas as noites nos meus sonhos me chamando de vagabunda e me acusando de traição. Meu terapeuta disse que as marcas que ele havia deixado em mim foram muito mais psicológicas do que físicas, então meu inconsciente ainda continuava sendo submisso ao Trevor. Então toda noite eu acordava daqueles pesadelos com uma raiva que não cabia em mim por ainda estar sendo tão submissa a ele e não poder viver normalmente. — respirou realmente fundo enquanto abaixava a cabeça e abria os olhos novamente.
— Você ainda tem pesadelos?
— Sim, não com tanta frequência. Mas a raiva ainda continua após ele. Uma raiva que eu não consigo lidar, que faz eu querer me vingar de alguma forma.
— É ai que entra a dançarina.
— Sim, é ai que entra a dançarina, ela nasce da minha raiva, é como se fosse... Outra Helena. Uma Helena que não tem medo de homem algum, que não tem sequelas, que pode tudo, que não abaixa a cabeça para ninguém, uma vadia capaz de tudo, principalmente capaz de não ser ferida por ninguém. É... Uma forma de escape. Um jeito louco que encontrei de lidar com a raiva, com a mágoa. Desde que ficava na sala da Seline vendo o show das meninas eu imaginava como deveria ser a sensação, o que elas sentiam. Passei um mês sem ver ela depois que descobri que ela era casa, um mês pensando naquele lugar. E então, após mais um pesadelo perturbador, no meio da madrugada, liguei pra ela e disse que havia um jeito de eu perdoá-la...
— E foi assim que você se tornou uma stripper. — Mia estava surpresa. Deveras surpresa com aquela história, definitivamente imaginou tudo, realmente tudo, menos aquilo.
— E foi assim que eu me tornei uma stripper, a ideia era apenas uma noite, só para extravazar, mas foi tão... Revigorante que eu continuei querendo cada vez mais. Na primeira vez eu já sabia que não iria conseguir mais parar. Eu não tenho controle quando acordo chorando de medo de madrugada e de repente tudo o que sinto é raiva por isso ainda me afetar, então, de repente eu já estou a caminho do bar com todo o desejo de humilha-los e me senti superior a eles para me sentir bem. Minha terapeuta não aprovou muito bem no começo, mas me ajudou muito tudo isso, me ajudou psicologicamente, me ajudou profissionalmente já que após isso a minha criatividade aflorou e eu comecei a pintar como louca para expressar meus sentimentos, foi quando a Aly começou a investir nos meus quadros e a insistir que eu investisse nisso, ela me ajudou mostrando os quadros a algumas pessoas, entrei em contato com professores e assim fui crescendo até chegar onde estou atualmente. Já faz pouco mais de um ano desde tudo isso. — a morena gesticulava com ambas as mãos na tentativa de conseguir expressar melhor os sentimentos que tinha com tudo aquilo, tinha um sorriso leve nos lábios. — Eu entendi depois que eu precisava daquilo, sabe? Mesmo a Seline tendo me ajudado muito quando nos envolvemos, eu ainda não tinha confiança em mim mesma, eu não me sentia sensual, as aulas de dança me ajudaram muito também, mas não foram o suficiente, eu precisava de algo para me sentir viva novamente, para me sentir mulher, para me sentir poderosa, viva.
Mia notava com Helena falava sobre aquilo com uma certa paixão e começava a verdadeiramente entender o motivo pela qual ela havia se enfi*do no meio de algo tão bizarro que era tudo aquilo, uma Artista Plástica era uma dançarina nas horas vagas, uma Stripper. Imaginou como aquilo havia mesmo ajudado Helena em tudo o que ela precisava na época.
— Desde a primeira vez usou a máscara?
— Sim, na primeira vez, onde eu só queria testar, eu fui morrendo de vergonha é claro, então tive medo de mostrar o meu rosto. Eu me senti completamente empoderada naquele palco, claro você pode com certeza achar que esse é uma forma bem ridícula de se sentir empoderada ou de superar os meus problemas, mas de alguma forma me ajudou muito. Eu não fui no dia seguinte, nem no outro, a Seline me ligava, disse que o dinheiro que consegui com aquela dança foi o equivalente ao que todas as meninas juntas conseguem em uma noite e todos perguntavam por mim todas as noites. Isso me deixou muito feliz. Então, aos poucos eu fui me aproveitando disso, fiz um acordo com a Seline, danço o dia que eu quiser, a hora que eu quiser, o dinheiro que eu ganho a cada dança é dividido para todas as meninas que trabalham no bar e claro a minha identidade é secreta, apenas três pessoas sabem. Eu não quero que isso afete de alguma forma a minha vida profissional e muito menos que a Aly me engula novamente.
— Novamente? Mas você não já frequentava o bar antes mesmo de frequentar como a dançarina? Eles não ligaram os pontos?
— Eu contei a Aly pouco depois de ter começado, acho que seria injusto manter uma vida escondida da pessoa que sempre ficou ao meu lado. Ela sempre briga comigo quando tem a oportunidade. — deu uma pequena risada com as próprias palavras ao lembrar das brigas que vivia tendo com Alyson sobre aquele assunto, nunca ficavam em paz por muito tempo. — Oh! Inclusive, isso me fez lembrar de algo. Ela veio aqui e me deu o maior sermão que poderia me dar sobre você, gritou comigo, disse que eu estava errada e todas essas coisas e no fim... Disse que não aceitava que eu voltasse sem o número do seu irmão.
Mia não segurou, a risada fora alta, uma gargalhada gostosa, longa, chegou a pender a cabeça para trás ao ouvir aquilo, definitivamente algo que nunca esperava, Helena acabou começando a rir junto pelos próximos segundos.
— Mas como assim? Ela conhece o Fred de onde... Oh, verdade, mama meio que jogou um pra cima do outro no dia da sua exposição. — fez uma expressão pensativa enquanto lembrava do ocorrido, um sorriso divertido e largo nos lábios. — Que interessante.
— Sim. Ela falou bastante dele depois disso, algo como ele ser lindo, saber conversar muito bem e ser sexy. — riu mais uma vez enquanto voltava a apoiar a mão ao lado das coxas de Mia assim ficando um pouco inclinada, os olhos focados nos olhos de Mia, as duas compartilhavam sorrisos cúmplices. — É verdade mesmo que ele foi traído pela noiva?
— O Fred é realmente tudo isso, é charme da família. — fez uma expressão convencida levando Helena a rolar os olhos. — Mas sim, é verdade sim. O Fred é um cara muito intenso, ele sempre foi assim, ele gosta de cair de cabeça em tudo. Quando caiu de cabeça na Gastronomia ninguém segurava aquele menino, Papá se orgulhava muito, eu também, ver meu irmão mais novo tão focado em algo é muito bom. Ele conheceu a Megan ainda na faculdade, no fim, namoraram por anos, ele era capaz de lamber o chão pra ela passar, era um namoro super meloso, era bem engraçado. Eles noivaram, o Fred planejou tudo, comprou uma casa muito boa para os dois viverem, já planejou tudo, casa pra família mesmo, família com filhos! Até que enviaram para ele alguns vídeos... Acho que os amigos sentiram pena por que ele tava passando dos limites de trouxa.
— Vídeos dela traindo ele? Ta de brincadeira.
— Vídeos dela trans*ndo com alguns amigos dele. Um em específico onde ela, de boca cheia... — Arqueou uma sobrancelha enquanto fazia um movimento com a cabeça para que Helena entendesse o termo “De boca cheia” que Mia se referia. Helena imediatamente fez um “oh” silencioso enquanto arregalava um pouco os olhos. — Debochando do corno. Isso realmente deixou o Fred devastado, não só ele, foi um baque pra mim e pra Mama também, ela quando viu a Megan depois disso partiu pra cima dela e eu realmente nunca vi minha mãe tão descontrolada como vi naquele dia, ela realmente desceu do salto e faltou muito pouco pra não pisar na cara dela.
— Meu Deus, isso realmente explica como ele chora tanto no bar. — balançou a cabeça de forma negativa e ouviu a risada de Mia. A designer concordou com um aceno.
— Exatamente, o Fred é um homão daqueles, mas é sensível, foi a forma que ele encontrou de sofrer sem parecer um meninão desolado pra Mama, ele quis poupar ela disso, mas não sabe lidar muito bem, por isso sempre tenho que ir buscar ele, eu realmente queria conseguir deixar ele lá pra ele aprender uma lição, mas não consigo, eu me preocupo muito com ele e sei como ele ainda sofre, ele era muito apaixonado por ela.
— Então acho que não seja a hora certa para a Aly entrar em ação, não é?
— Pelo contrário. Eu acho que é disso que ele precisa ou vai se afundar em um vício que ele está desenvolvendo com isso. Vou conversar com ele sobre ela, pode ficar tranquila. Ele precisa sair do vício que tem naquele bar, inclusive ele é louco pela dançarina mascarada.
— Oh... Então quer dizer que ela arrebata o coração de ambos os irmãos.
— Pelo menos um dos irmãos conseguiu arrebatar o coração da dançarina.
Helena riu enquanto se ajeitava um pouco e se aproximava mais de Mia, a Designer se viu presa por Helena, tanto pelo olhar quando pela posição em que ambas se encontravam, ela encostada no sofá e Helena com o corpo meio atravessado bem em sua frente, próxima demais para que Mia tivesse a chance de se afastar.
— Eu gosto do fato de você sempre me enfrentar com respostas a altura. — disse em tom baixo, a intensidade da troca de olhares parecia aumentar, deu um sorrisinho um tanto sacana, os olhos desviando-se dos de Mia apenas para encarar os lábios carnudos que ela tinha.
— Por que eu deixaria que você me calasse? — rebateu no mesmo instante, aquele olhar desafiador fez Helena morder o lábio inferior e assim inclinou-se um pouco mais, as respirações se misturaram completamente.
— Não quero te calar, não com palavras. — sussurrou quase contra a boca da mulher. Mia sentiu o corpo inteiro se arrepiar com aquela sensação, os olhos preguiçosos, quase fechados, sentiu o coração bater desenfreado dentro de seu peito e se sentiu, repentinamente, nervosa. — Esse seu jeito é muito sexy.
Novamente palavras contra sua boca e mais um arrepio percorrendo o corpo de Mia que estava quente desde que haviam comido uma comida tão apimentada, agora então, estava fogo puro. Os lábios se encostaram, roçando bem devagar, mais um pouco, só mais um pouco e os lábios iriam se colar por completo, mas ambas se assustaram repentinamente, Helena por sentir algo roçando em seu braço e Mia por sentir algo subindo em suas coxas. Olharam para baixo no mesmo instante e se depararam com a pequena gata que se enfi*v* entre elas. Vadia miou como se pedisse por atenção e foi andando devagar, esfregou-se na barriga de Mia antes de andar em direção as coxas de Helena.
— Pelo amor de Deus, Vadia, que timming perfeito. — ironizou a Artista enquanto franzia o cenho de forma um tanto irritada. Mia apenas começou a rir enquanto sentia o rosto corar e aproveitou a distração para escapar dos braços de Helena e se afastou logo em seguida logo se erguendo do chão para no segundo seguinte se abaixar apenas para pegar a gatinha que mais uma vez miava atrás de carinho.
— Ficou esquecida a noite toda, eu sei, eu sei. — disse baixinho enquanto acalentava a felina em seus braços e deu alguns beijos na cabecinha peluda de forma carinhosa antes de sorrir de forma larga, só então olhou pra Helena que se erguia do chão devagar, mais uma vez percebera que Mia havia fugido e mais uma vez, não insistiu, teve receio de insistir e acabar a incomodando e realmente isso era tudo o que ela menos queria. — Já está tarde, é melhor eu ir embora, amanhã é sábado, mas eu tenho uma reunião logo cedo.
Helena encenou um bico inconformado para Mia enquanto voltava a se aproximar e assim que ela viu, riu com a cena que se passava em sua frente.
— Foi ótimo passar a noite com você, de verdade. Foi bom ver que você é uma pessoa completamente diferente do que eu imaginei.
Helena acenou de forma positiva com a cabeça e deu uma pequena risada enquanto via Mia colocar Vadia no chão novamente com calma.
— Eu fiquei muito feliz por você ter vindo, Amélia, de verdade. Eu vou querer cozinhar mais vezes com você. — mais olhares trocados, intensos, mas por um momento Helena pode ter jurado ver uma confusão estampada não só nos olhos de Mia, mas também em sua expressão, em seu jeito.
Mia olhou em volta pro um momento, desconcertada por uma nova troca de olhares, localizou a sua jaqueta e foi logo em direção a mesma a pegando de cima do sofá, precisava mesmo ir embora logo e organizar a confusão que estava em sua mente.
— Bom... Teremos mais chances de uma outra noite cozinhando juntas, eu tenho que te mostrar a minha culinária, não é mesmo? — a morena ia caminhando em direção a porta, mais rápido do que gostaria, abaixou-se próximo a suas botas, segurou as meias e as enfiou nos bolsos da calça, calçou rapidamente ambas as botas sem meias mesmo já que iria diretamente para casa e só quando o fez voltou a olhar para Helena. A mexicana se aproximava com calma, os braços cruzados e um olhar sereno que fez Mia quase desistir de ir embora.
— É claro que sim, eu irei cobrar isso. — falou em tom baixo enquanto observava a forma como Mia agia. A morena sorriu com a resposta de Helena e acenou de forma positiva antes de se aproximar um pouco rápido, os lábios foram diretamente até o rosto de Helena e o beijou com carinho, um beijo mais demorado na bochecha, quando se afastou um pouco voltou a olhar nos olhos dela e sorriu fraco.
— Obrigada pela noite, Helena.
— Obrigada pela companhia, Amélia. — Helena ainda sentia quente o lugar que Mia havia beijado e sorriu, as duas se olharam por mais alguns segundos, olhares cúmplices sendo trocados antes de finalmente, Mia dar as costas, ela mesma abriu a porta e saiu andando devagar. Helena deu alguns passos a frente, os braços ainda cruzados, manteve-se na soleira da porta, um sorriso fraco nos lábios, a mordida veio em seguida enquanto respirava fundo e acompanhava o caminho de Mia até o Jeep Renegade vermelho estacionado quase a frente de sua casa.
Antes de Mia entrar no carro olhou uma última vez para a porta onde viu Helena parada lhe olhando, sorriu para ela uma última vez antes de destravar o carro e finalmente entrar, respirou fundo jogando sua jaqueta no banco ao lado e então, respirou fundo enquanto ambas as mãos iam até a cabeça e fechou os olhos por um momento, olhou brevemente para a porta de Helena mais uma vez, ela não estava mais lá e a porta, fechada. Apoiou a cabeça no encosto do banco e suspirou, estava confusa, estava tão confusa. Havia fugido de toda e qualquer investida de Helena, ao mesmo tempo em que seu corpo gritava, berrava pela proximidade de Helena, pela sensação da boca dela contra a sua mais uma vez.
— Deus. — sussurrou para si mesma enquanto inclinava-se e colava a cabeça no volante do carro. Mia era o tipo de mulher que pensava várias vezes antes de tomar uma atitude, Helena ia contra todos os princípios dela, era espontânea, era... Incrível. Helena era uma mulher incrível. Era tanta coisa para ela absorver. Seu corpo ainda estava quente, fervendo com a sensação de Helena tão próxima, o cheiro dela, o jeito que ela falava contra sua boca, o jeito que ela sempre a enfrentava tirava Mia completamente do eixo. Sempre soube o que fazer com homens, sempre soube que passo dar, nunca se deixou ficar daquele jeito, mas com Helena... Com Helena era tudo absolutamente diferente. Tinha medo de errar, tinha medo do que poderia acontecer. Se perdeu no tempo, se perdeu nas próprias inseguranças e sequer soube quanto tempo ficou ali, parada, com a cabeça contra o volante, pensando, tentando organizar toda a bagunça que estava em sua cabeça.
O coração saltou dentro do peito quando ouviu batidas na janela ao seu lado e rapidamente ergueu a cabeça, deu de cara com a sobrancelha arqueada de Helena, não soube como reagir naquele momento e a olhou em silencio por mais alguns segundos e então a porta fora aberta, afastou-se um pouco voltando a apoiar as costas no banco e se surpreendeu completamente quando Helena simplesmente passou uma perna por seu corpo, montou em seu colo com facilidade e sentou-se de frente para Mia, em seu colo, completamente próximas uma da outra, assim, Helena voltou a fechar a porta do carro e olhou em silêncio para Mia, ambas ficaram em silencio, Mia surpresa demais para falar algo de imediato. Os olhos se encontraram enquanto Helena se ajeitava no colo de Mia, assim ficando mais confortável, as mãos pousando nos quadris da mulher abaixo de si, pendeu a cabeça um pouco para o lado e então, finalmente, arqueou uma sobrancelha como se perguntasse o que estava acontecendo.
— Faz quase vinte minutos que você deixou minha casa e o carro continuou aqui parado. Tem algo de errado não é? — a voz saiu baixinha, tão calma que foi completamente capaz também de acalmar Amélia. A Designer relaxou de imediato junto com um suspiro enquanto apoiava a cabeça no encosto do banco, as mãos caídas ao seu lado, não sabia onde por as mãos em Helena. — Você fugiu de mim todas as vezes que tentei te beijar mesmo você claramente querendo. Você precisa ser sincera comigo da mesma forma que eu fui com você. — Helena estava séria, mas ao mesmo tempo passava uma tranquilidade para Mia, tornando aquela conversa, a posição que ambas estavam, algo completamente confortável. Mia continuou a olhando em silêncio, jamais esperava que Helena apareceria daquele jeito, entraria no carro e a confrontaria daquela forma.
— Eu sou o tipo de pessoa que pensa muito antes de fazer as coisas, Helena, muito. E você faz eu ir para longe disso. Não é ruim, realmente não é ruim, mas não é apenas isso. — começou a falar em um tom baixo, palavras que não saiam mais altas do que meros sussurros. — Você é a primeira mulher pela qual senti atração. Antes da primeira vez que nos encontramos eu me autodeclarava completamente hetero e não foi por falta de chances, vivo em festas LGBT, todos os meus amigos são desse meio e muitas, muitas mulheres já tentaram ficar comigo, mas nunca senti vontade alguma.
— Isso explica muita coisa. — Helena tinha ambas as sobrancelhas arqueadas pela surpresa que fora saber daquilo, acabou dando uma pequena risada logo em seguida. — Foi por isso que fez tanto caso do que fiz, não é? — Indagou e viu Mia concordar com um aceno de cabeça.
— Em partes, sim. Eu realmente me senti muito perdida quando me vi completamente atraída por você. Por isso também preciso me desculpar com você, afinal, fiz parecer realmente que tudo foi completa culpa sua ou que você de fato me forçou a fazer algo.
— Você não aceitou o desejo? — a Mexicana perguntou enquanto erguia ambas as mãos, tocou o rosto de Mia com carinho, deslizando os dedos pela pele macia até entrelaçar os dedos em sua nuca.
— Não. No começo não, não aceitei absolutamente nada, também tive nojo de mim mesma por ter preconceito com algo que deveria ser normal pra mim que convivo com Gays há tanto tempo.
— Mas uma coisa não tem haver com a outra, você sabe não é? O fato de você conviver muito bem com pessoas LGBT apenas significa que você tem grande respeito pela escolha deles. O autopreconceito é normal, a primeira vez que eu fiquei com uma garota eu tinha dezesseis anos, chorei de medo com o receio que minha mãe descobrisse.
Mia acenou de forma positiva e fechou os olhos por um momento, quando os abriu encontrou a imensidão dos olhos de Helena e ela, ainda mais próxima, isso fez seu coração palpitar.
— Sim, agora eu sei. O Hernando como sempre me ajudou muito. Eu só vim hoje por que minha mãe apareceu de surpresa no meu apartamento, acabamos conversando sobre você e ela está mais empolgada com isso do que eu e você juntas certamente. — Helena não deixou de rir ao ouvir aquilo e Mia se sentiu mais segura após ouvir aquela risada. — Estou aprendendo a lidar com tudo isso, o fato de eu ter demorado tanto para vir não foi por que eu não tinha vontade, eu tinha, eu realmente tinha, tenho muita vontade de te conhecer, Helena, mas eu me auto sabotava demais, então ter a minha mãe incentivando foi como tirar um grande peso das minhas costas por que eu tinha medo que ela julgasse. Eu ainda sou uma mimadinha que depende da mãe pra muita coisa. — as últimas palavras de Mia arrancaram uma risada de Helena, mas fora breve.
— Talvez seja mimadinha por outras coisas, mas não por isso. Eu realmente entendo que você tenha precisado do apoio de sua mãe para dar um passo à frente, eu mais do que ninguém sei como é bom ter o apoio de uma mãe. — arqueou uma sobrancelha como se perguntasse se ela lembrava de sua história, de como foi ruim não ter o apoio da mãe quando realmente precisou, a morena mordeu o lábio inferior logo em seguida enquanto olhava para Mia.
— Por que está me olhando assim?
— Por que estou me sentindo muito sexy por ter despertado pela primeira vez em você.
Pela primeira vez, Mia corou e foi calada pelas palavras de Helena. Isso só fez a mulher em seu colo sorrir ainda mais. Assim, voltou a se aproximar, primeiro colou a testa na de Mia, arqueou um pouco o corpo e consequentemente se aproximou ainda mais de Mia, respirou fundo de forma lenta.
— Não fuja de mim novamente. — sussurrou contra a boca da morena e Mia novamente sentiu o corpo arrepiar-se e descobriu que definitivamente adorava quando Helena sussurrava contra a sua boca. Se sentia leve por ter contado aquilo, tão leve que não sentia mais vontade alguma de fugir. Os lábios se roçaram bem devagar e Mia ergueu um pouco o queixo a procura de mais contato, Helena sorriu uma última vez por que soube imediatamente que aquela era a permissão que precisava para beijá-la, assim, colou os lábios nos de Mia e seu corpo quase tremeu com o prazer que sentiu ao finalmente beijá-la novamente.
O beijo começou tímido, lábios se roçando vagarosamente, um selo casto que foi evoluindo aos poucos, Helena entreabriu os lábios, a língua se esticando devagar, entrando em contato com os lábios de Mia para no segundo seguinte invadir sua boca lentamente, quando as línguas se encontraram o beijo ganhou vida. O beijo era deliciosamente lento, como se ambas não tivessem pressa alguma, os lábios se arrastavam devagar, as línguas se encontravam em uma sincronia perfeita e o mundo inteiro ao redor simplesmente sumiu e uma explosão de calor surgiu entre as duas. Os dedos apertaram a pele da nuca de Mia, os dentes prenderam o lábio inferior dela e o puxou bem devagar, Helena respirou fundo assim que o soltou e lambeu bem devagar os lábios da mulher.
— Você tem uma boca muito gostosa. — sussurrou contra a boca dela mais uma vez, continuava com os olhos fechados enquanto as mãos desciam pelos ombros de Mia, percorriam o braço até alcançar ambas as mãos da menina. — Tem medo de me tocar?
— Tenho medo de não saber como tocar. — Mia respondeu de imediato e abriu os olhos devagar, estava inebriada, definitivamente inebriada, nunca tinha beijado Helena por pura vontade como fizera naquele momento, nunca em um momento tão intenso, agora tinha certeza, tinha absoluta certeza que aquela mulher a enlouquecia. Se culpou por ter enrolado tanto para que aquele momento acontecesse, se soubesse que seria tão bom já teria a beijado desde a primeira oportunidade.
Helena segurou ambas as mãos de Mia com calma e as guiou primeiro para suas coxas, os olhos se abriram e se focaram nos dela novamente, pareciam muito mais azuis do que realmente era, o interior do carro não estava muito claro, apenas a luz da rua iluminava ali dentro e isso tornava aquele momento ainda mais intenso.
— Então me toque com desejo. — sussurrou ao fazer as mãos se espalmarem em suas coxas e as fez deslizarem para cima devagar, sentiu como a mão de Mia era macia, era quente. — Me toque sem receio, onde você quiser. Me toque como se eu fosse sua. — completou enquanto fazia as mãos dela subiram por dentro de sua roupa, passando por seu quadril e tocando o calor de sua cintura, pouco se importou com o fato de isso ter feito sua blusa erguer-se e mostrar demais, queria o toque de Mia.
Amélia estava hipnotizada, sentir a pele quente sob suas mãos era incrível, era completamente diferente, a maciez da pele, o calor, o contorno da calcinha passando por suas mãos quando passou pelo quadril, toda aquela sensação era algo sem igual, tocar Helena era algo sem igual. Era tudo completamente diferente das vezes que a tocou nos momentos tão controversos que já tivera com Helena, mas o beijo... Ah, esse só parecia ainda mais intenso. O calor subia por suas mãos, percorria seus braços e ia de encontro ao seu corpo inteiro e o calor parecia descer diretamente para a sua calcinha.
Desencostou-se um pouco do encosto do banco e as mãos espalmaram-se nas costas de Helena na tentativa de puxá-la para mais perto, os corpos se colaram gostoso e as bocas voltaram a se unir, a faísca fora jogada e o incêndio havia começado. O novo beijo fora mais intenso, mas não foi rápido, não foi desesperado, foi lento, aquele parecia ser o ritmo perfeito para elas. Lento, gostoso, sem pressa como se elas só quisessem aproveitar a boca uma da outra e matar a vontade que ambas sentiam. Helena tinha o corpo inteiro arrepiado, as mãos de Mia a tocando, a puxando para perto era algo delicioso, fazia seu corpo quase entrar em combustão e era incrível como ficava assim com tão pouco. Estava surpresa, provocar Mia, dançar para ela, era maravilhoso, mas realmente não chegava sequer aos pés de estar daquela forma com ela. Voltou a tocar a pele quente e tão macia que Mia tinha, as mãos tocaram-lhe o pescoço devagar e foram subindo lentamente para a nuca onde deixou arranhões leves, em resposta sentiu as mãos de Mia deslizando por suas costas bem lentamente. Outro arrepio percorrendo o corpo de Helena, estava tão arrepiada que sentia perfeitamente bem o efeito que isso causava em seus seios, sentia como os mamilos rígidos roçavam no sutiã com mais frequência do que gostaria, afinal, as ondas de prazer que isso enviava para seu ventre era demais.
Mia arfou no momento em que sentiu o aperto no cabelo e Helena acabou quebrando o beijo por isso, olhou Mia de pertinho, quando deu um puxão mais firme nos cabelos da morena abaixo de si, Mia fora pega de surpresa, a boca se entreabriu e a arfada saiu mais alta, quase um gemid*, isso fez Helena sorrir de forma safada.
— Ponto fraco, hm?! — sussurrou, o sorriso deixava claro o quanto havia gostado de descobrir aquilo. Mordeu o lábio inferior como se estivesse prestes a aprontar, a mão livre tocou a alcinha da camisa de Mia e a puxou para baixo exibindo completamente o ombro, aproveitou que prendia os cabelos de Mia com uma mão e os puxou novamente fazendo-a pender a cabeça para o outro lado, aproveitou-se e muito disso quando se inclinou e tocou primeiro o ombro da morena com um beijo carinhoso, respirou fundo, aquele cheiro gostoso a inebriando, mas a vontade de provar era muito maior, assim esticou a língua e lambeu bem devagar, começou na clavícula e subiu lentamente pelo pescoço. O corpo de Mia quase entrou em colapso com tantas reações juntas, tremeu dos pés a cabeça, contorceu-se embaixo de Helena e gem*u enquanto se encolhia um pouco, o arrepio tão forte parou em seu íntimo e novamente, sua calcinha fora o alvo. Sua respiração havia ficado acelerada. — Nossa Amélia... — sussurrou, aquele gemidinho ainda ecoava em sua cabeça, o sorriso safado estampado em seus lábios enquanto voltava a colar a sua testa na de Mia.
As unhas de Mia estavam fincadas na pele de Helena, sequer havia percebido que havia feito isso, mas Helena certamente sentia e como sentia. As mãos ainda tímidas de Mia ganharam mais vida, desceram devagar até as coxas grossas e as apertou devagar, outro beijo ganhou vida nesse momento, Mia queimava de vontade de tocar Helena em todos os lugares que alcançava, as mãos se espalmaram com mais força contra a pele de Helena, “Me toque como se eu fosse sua”, as palavras ecoaram em sua mente e ela realmente tocou, tocou com vontade, com gosto, com desejo. As mãos se arrastaram gostoso pela pele de Helena, subindo pelas coxas, tocando o quadril e indo de encontro a ambas as nádegas expostas pela pouca roupa, sequer pensava direito, queria apenas aproveitar e como aproveitou... Espalmou ambas as mãos nas ancas fartas e junto com o aperto, puxou Helena ainda mais para perto. Fora a vez de Helena arfar contra a boca de Mia. Mia deu uma risadinha breve antes de falar baixinho.
— Ponto fraco, hm?! — repetiu as palavras de Helena, sorriram completamente cúmplices, uma contra a boca da outra. Os braços de Helena rodearam devagar os ombros e pescoço de Mia, a abraçou, os corpos se colaram ainda mais se é que era possível, as coxas apertaram o quadril de Mia e fez questão de rebol*r nas mãos dela, para deixar claro o quanto gostava daquilo. Quando os corpos se roçaram com tanta intensidade devido aos movimentos de Helena, as mãos se Mia apertaram firmemente ambas as nádegas que segurava, outra arfada de Helena e um novo beijo iniciado ainda mais intenso do que os anteriores. O desejo latente dominava todo o carro. Mia apertou uma coxa contra a outra, estava excitada de uma forma que a surpreendia, de uma forma que nunca ficava tão rapidamente nas mãos de nenhum homem. Aquele beijo lento, mas tão intenso era como uma armadilha que a segurava a impossibilitando de se fugir de qualquer forma que fosse, ficava presa nele e gostava disso.
O calor já se fazia presente, cada vez mais forte. Mia não podia imaginar que podia sentir prazer com uma mulher rebol*ndo em seu colo daquela forma, queria mais, queria pedir que Helena continuasse, que fizesse com mais vontade, por que era sem igual sentir a fricção do corpo de Helena contra o seu daquela forma, o calor que isso causava, as sensações que espalhavam-se por seu corpo. Afastou a mão esquerda do corpo dela por alguns segundos e a subiu diretamente para a nuca de Helena, a segurou imediatamente e os dedos no segundo seguinte foram subindo para os cabelos, eram deliciosamente sedosos e segurá-los era muito mais gostoso do que imaginara. Mordeu o lábio inferior da mulher em seu colo bem devagar enquanto puxava os cabelos dela para que ela pendesse a cabeça um pouco para o lado e Mia pendia para o outro, a mordida findou-se quando o novo beijo fora iniciado e os lábios pareciam ainda mais bem encaixados do que antes.
Helena gem*u contra a boca de Mia e ela quase gem*u junto! Que beijo era aquele? Aproveitou para tocar Mia, afrouxou o abraço imediatamente e desceu as mãos, ambas se espalmaram inicialmente no quadril de Mia e foram subindo bem devagar pela pele dela, adentrando a camiseta que Mia usava sem qualquer receio, a pele da menina parecia ferver sob sua mão, sentia a pele levemente úmida pelo calor que fazia, mas a tocou com desejo, deslizou-as por onde alcançava antes de alcançar o fim da coluna com as unhas, sorriu de forma travessa quando as unhas subiram arrastando-se pela pele de Mia bem devagar, mas de maneira firme. O corpo inteiro de Mia arqueou-se, arrepiou e o novo gemid* saiu, pegando Mia de surpresa.
— Helena! — falou em seguida de forma surpresa, a respiração claramente acelerada, acabou sorrindo em seguida enquanto afastava as mãos da morena em seu colo e levava ao próprio rosto passando por ele por um momento, deu uma pequena risada com tudo aquilo, em como seu corpo estava tão sensível aos toques de Helena.
— O que foi? — a voz rouca soou extremamente sexy enquanto voltava a pegar as mãos de Mia, as levou de volta para suas coxas. — Seu toque é muito gostoso pra você parar assim. — justificou seu ato e Mia sorriu.
— É melhor você sair, definitivamente é melhor. — alertou em tom baixo, por mais que a vontade de seu corpo era que ela continuasse ali e só Deus sabe como as duas acabariam se Helena continuasse mais um minuto dentro daquele carro.
— Muito rápido? — Helena perguntou enquanto sorria de forma larga, mas a satisfação era óbvia em seu sorriso.
— Delicioso. Mas sim. — foi sincera e isso arrancou uma breve risada de Helena. A mexicana se inclinou novamente e tocou os lábios de Mia mais uma vez, um selo mais demorado que logo se tornou um beijo, diferente dos outros, era claramente um beijo de despedida.
— É mais gostoso do que eu lembrava. — sussurrou contra a boca da Designer assim que o beijo findou-se. — Ainda vou explorar cada ponto fraco seu, Amélia.
— Estou me culpando por não ter te beijado desde que cheguei na sua casa. — confessou enquanto tinha um sorriso largo nos lábios e céus, como fora gostoso se sentir a vontade a ponto de falar aquilo tão livremente.
— Conviva com essa culpa, terá que se redimir depois.
— Vai embora, Helena.
Riram cúmplices antes de Helena abrir a porta ao seu lado, mas não sem antes inclinar-se novamente e roubar alguns selos estalados dos lábios de Mia. Assim, lentamente, saiu do colo da morena e fora logo arrebatada pelo frio da noite em contraste com sua pele que parecia ferver.
— Se cuide, Amélia.
As duas se olharam por alguns segundos a mais antes de Mia sorrir com as palavras de Helena e assim, retribuir.
— Você também, Helena.
A porta fora fechada logo em seguida e Helena foi se afastando devagar, dava passos para trás enquanto olhava para o carro, o sorriso safado e ao mesmo tempo satisfeito era largo, tomava conta de seu rosto, seu corpo gritava por mais e a intensidade das sensações a divertia a deixava feliz a fazia ansiar por um próximo encontro. Quando seria? Ela não sabia. Deu as costas no momento em que viu o carro sendo ligado e assim pode voltar para dentro de casa com toda a satisfação que mal cabia em seu corpo. Sentia como estava molhada a cada passo que dava e sentia a fricção excessiva em sua intimidade, aquilo era delicioso. Antes de entrar em casa olhou pela última vez para o carro de Mia, este que já partia e se afastava cada vez mais. Adentrou sua casa e trancou a porta em seguida, como desejava que tivesse continuado com Mia naquele carro e tivesse matado todo o desejo que sentia. Levou as mãos aos cabelos e os ajeitou os prendendo melhor para conter um pouco do calor, ia caminhando até a sala devagar até os olhos caírem sobre um objeto em cima da mesinha. Riu, riu gostoso, de satisfação e ansiedade assim que viu o motivo do próximo encontro das duas, encontro este que seria muito mais breve do que imaginava. Mia havia esquecido o seu celular.
Fim do capítulo
Ooooi gente. Venho bem feliz trazendo para vocês um capítulo enorme! Eu não disse que tive que dividir em dois esse encontro maravilhoso? Pois então, agora vocês vão entender o por que.
Conheçam então a história de Helena. E não se percam no fim do capítulo, se preparem para mais!
Espero que gostem e até o próximo!
Aliás, quero interagir mais com vocês! Mandem perguntas, sobre a história ou sobre qualquer coisa que quiserem, falem o que vocês esperam dessa história, ou o que vocês imaginam o que vai acontecer, vou adorar responder tudo e debater com vocês! Irei responder com toda sinceridade do mundo, prometo.
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beenilorak
Em: 03/11/2018
MDS, estou apaixonada por essa história. Helena é tão intensa!!!
Eu senti a excitação das duas no carro. Que maravilha poder ler isso!
Parabéns, Paty, sua escrita faz com que a gente sinta todas as sensações que se passam na história. Obrigada por compartilhar essa arte conosco.
Me diz uma coisa, algum desses personagens você se espelhou em alguém ou alguma situação? E como você começou a escrever essa história?
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Deby
Em: 02/11/2018
Não existe a possibilidade de alguém ler esses dois últimos capítulos e não sentir pelo menos algum sentimento crescendo dentro de si durante a leitura, por isso eu nem sei qual ponto elogiar primeiro. O ritmo da narrativa está incrível, desde o primeiro capitulo que podemos observar gradualmente o crescimento dos personagens. A forma como você vem construindo Helena é incrível, ela não é apenas aquela mulher sexy (que por sinal, adoramos kkk) ela também tem camadas psicológicas incríveis, que foram desnudadas nesses dois últimos capítulos.
No inicio eu fiquei ansiosa, porque queria logo que o beijo e a primeira vez delas se concretizassem, mas à medida que ia lendo os diálogos entre elas, percebi o quanto esse ritmo lento de descoberta entre elas é gostoso de se ler. E que cena foi essa no carro, deu para sentir o tesão das duas kkk
Destaque para Vadia, que sempre chama atenção nos momentos certos kkk
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Angel68
Em: 01/11/2018
Preciso dizer que estou com os quatro pneus arriados por essa história ? Linda, linda, linda....Amo a Helena, a Mia e a Vadia....que texto primoroso, conciso, claro, instigante...a história por si é maravilhosa....nossa, eu fui lendo devagar, degustando cada parágrafo....e que final épico, que pegada, que amasso monumental !! Realmente, hoje não caberia uma transa de jeito nenhum....Mia até pouco tempo era uma hétero convicta, até ela entender e aceitar que ela pode amar sim e perfeitamente uma mulher, tem que se respeitar seu tempo....pra um primeiro emcontro, tá é bom demais !!
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Jebsk
Em: 01/11/2018
Mia até parece ser filha da minha mãe. Tão indecisa, confusa e resistente. Vadia possue mais atitude do que a Mia e adorei ela atrapalhando as duas.
Garota, outro capítulo sensasional. Não preciso dizer da riqueza dos detalhes e você não me preparou para a história de Helena. Não reclamo porque logo depois fui pega na revolta com a Mia indo embora. Mas aí você como sempre super legal com a gente, me solta aquela pegação do caraleeeeo. Cara, eu sumia com Helena na hora, mas Mia tem que pensar né. Meu pai sempre me disse que não penso qdo estou com um rabo de saia.
Bom o próximo encontro tem que ser na casa de Mia e ela cozinhando algo bem leve, não rola comida pesada com sexo. Ah! Você já escolheu a música para o amorzinho? tem que seguir com a trilha sonora desssa história.
Pra finalizar: Vadia, lhe dou vários sachês da whiskas se vc continuar atrapalhando sua mãe ;-)
Resposta do autor:
UAHSUAHSUAHSASHUASUHASUH, Mia é como muita gente por ai, eu também me identifico, já a Vadia tem a coragem que todo mundo gostaria de ter.
Acredita que até eu me surpreendi com a história da Helena? Eu não tinha pensado muito bem na história dela, por mais que eu pensasse na verdade, não saia nada! Fui tentar escrever do mesmo jeito e enquanto escrevia a coisa fluía, ai saiu essa coisa linda.
hahahahahaha, eu sabia que ia revoltar muita gente se Mia simplesmente fosse embora, eu tive a ideia para essa cena, para todo o momento, antes mesmo de imaginar todo o capítulo. Então eu fui meio que contrauindo todo o resto em torno da cena do carro. E sim, Mia tem que pensar, ainda mais por que tem completa noção e certeza de que mais um pouquinho e acabariam transando no carro mesmo.
Ah... Vai ter que esperar mais um pouquinho ainda pro sexo! E ainda não escolhi não, porém pretendo, mas primeiro preciso idealizar tudo na cabeça pra conseguir pensar em uma música que se encaixe direitinho, se é que vai ter música! Eu penso em fazer algo intenso, onde todo o barulho seja os gemidos, respiração, palavras e nada além disso. Mas tenho tempo pra pensar.
E olha, comprar a Vadia com comida é a coisa mais fáicl do mundo!!
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Bianca Garcia
Em: 31/10/2018
Srta. Autora!!!
Sou apaixonada pela tua história desde o primeiro capítulo, mas recém fiz o cadastro, por isso não tinha comentado antes...agora fiz questão! :D
Colocastes no teu romance, um assunto específico que é tão delicado, a violência doméstica, e o aborda de uma maneira que ajuda a muitas mulheres para dar a volta por cima...
Sem falar no relacionamento de Helena e Mia que é HOT e apaixonante ao mesmo tempo...lindo de ler as duas juntas...amei..amei...amei...S2
Sinto que esse ex poderá em algum momento aparecer e será bemmm complicado...
Por favor, não desista da história!
Desejo muitaaaaa inspiração!!! ;D
Beijossss...
Resposta do autor:
Oi, Bianca!
Eu fico muito, muito feliz que você tenha feito o cadastro e tenha comentado me dando a oportunidade de saber sua opinião, viu? Muito feliz mesmo.
Eu sei que violência doméstica é de fato um assunto completamente delicado, mas eu realmente tento ao máximo não tornar a história pesada por isso. Helena tem suas marcas por isso, marcas muito pesadas, mas não se deixa abalar mais pela perversidade de um homem, ela se da a força para ter o direito que toda mulher merece, que é o de ser feliz e livre.
Esse romance das duas tem tudo pra agradar vocês ainda mais! Tem muita coisa pra acontecer ainda!
Hmmm, talvez sim, talvez não, não é uma ideia ruim...
Não irei desistir, pode ficar tranquila, eu tenho muitos planos para essa história ainda.
Beijão e espero te ver mais vezes por aqui!
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Sayo
Em: 31/10/2018
Patty, Patty vc gosta de me torturar só pode.. me fazendo esperar tanto assim pelo seus capítulos.. mas para sua salvação, vc sempre faz valer a espera que me faz passar.. Como várias leitoras já disseram sua escrita está maravilhosa.. leio muito e de vez em quando sou crítica, e posso dizer com certeza que vc sabe como desenvolver muito bem essa história com uma sensibilidade pouco vista por mim.. sua história não se trata apenas de atração e sexo, se trata de recomeços e aceitação de si própria, autodescobrimento de quem se é e quem se pode ser..
Continue assim..
PS: Quando tiver um tempinho e quiser bater um papo.. esse é meu email sarahlinchester5@xxx.. gostaria de conversar sobre sua história e sobre outras coisas mais.. então fique a vontade para que chamar quando tiver vontade..
Resposta do autor:
hahahahaha, juro que não é por querer, Sayo!! As vezes realmente demoro pra conseguir idealizar cada partezinha do capítulo, ou simplesmente não consigo escrever o que tenho em mente quando eu quero, por isso demoro mais do que gostaria.
E muuuito obrigada, eu realmente dou o meu máximo pra conseguir deixar tudo certinho, penso por dias como devo fazer, como começar, como terminar e vou amadurecendo cada ideia pra dar o meu melhor pra vocês.
Eu não gosto de histórias que focam apenas em sexo, em algum momento vai saturar e você nem vai querer ler mais por que já sabe o que vai acontecer, já leu demais a mesma coisa. A minha intenção é realmente tornar essa história o mais interessante possível com essas coisas, com situações que acontecem com todo mundo, quero que se identifiquem com vários aspectos e que isso dê ainda mais vontade de ler.
Opa! Eu chamarei logo mais então!
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Enaile Araujo
Em: 31/10/2018
Genteeee!!! Que romance delicioso de ler e como sua escreita é boa, hein?! Uma junção perfeita! Sabe... li uma estória escrita por vc em outro site, acho que de 2012... Mas como vc amadureceu sua escrita, é impressionante, custei acreditar que era a mesma pessoa, viu?! PARABÈNS!
P. S.: AMEI o capítulo grandão, bem que poderia ser sempre assim, né, já que vc nos castiga com a espera?! kkkk
Ansiosa pra entrega dsse sapatinho...opsi! Quer dizer cel... kkkk Continua que tá bom por demais!
Bjãoo
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SPINDOLA
Em: 31/10/2018
Boa tarde, Patty.
Que história mais deliciosa de ler. Quando estiver completa merece ser publicada com honraria.
Você escreve maravilhosamente bem, fico contando as horas, minutos e segundos esperando você nos premiar com mais um capítulo, uma pena não poder postar todos os dias.
Fico sem palavras para expressar a emoção que é ler sobre Helena e Mia.
Meu coração chegou a parar quando Mia estava indo embora sem ao menos um beijinho, vadia precisa ajudar e não atrapalhar rsrsrsrsrsr
Quando Mia ficou em conflito no carro, me deu uma esperança que ela voltasse pra dentro rsrssrrsr
Meu Jesus cristinho foi imensamente melhor do que eu pensei, que final, que beijo fodástico.
Aguardo ansiosa a devolução do celular.
Bjs
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Jubh
Em: 31/10/2018
Capítulo excelente, ansiosa para a continuidade dessa história!!! Acho que Mia terá que entender ainda algumas coisas antes de atender Helena em todas as suas necessidades mas quando isso acontecer será de uma plenitude maravilhosa para as duas.
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JulianaS
Em: 31/10/2018
Cada vez que leio o capítulo postado fico surpresa com a facilidade da sua escrita. Perfeita, criativa, leve e com vontade de quero mais sempre! Parabens!
Já achei a mia tão corajosa em ter ido até a casa da Helena! E como num momento de confusão dessa descoberta, de gostar de mulheres, sendo que por homens fica bem claro para ela como lidar. O medo dessa mudança é muito difícil para quem é controladora como ela mesmo fala. Mas mesmo assim com todo esse charme e sedução da Helena, que força a mia teve para aguentar essa pressão...rsss
Ainda bem que ela sabia que se beijasse iria ser assim difícil de não querer mais!
Mas acredito que a mia ainda vai resistir, por mais que ela saiba que foi ótimo, o conflito ainda vai permanecer, na minha opinião por dificuldade de não conseguir controlar... Mas Helena vai encontrar um meio de resolver isso, afinal amar é se entregar, certo?
Adorei o capítulo grandão! E adorando a construção das personagens!
Até o próximo!
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