Capítulo 4 - Sonho e Virtude
Os sonhos podem ser interpretados de diferentes maneiras por diferentes correntes religiosas e culturas, mas o fato é que naquela noite sonhei algo totalmente fora do normal (pelo menos o normal para mim, claro). Nem preciso contar que demorei para pegar no sono, certo? Pois bem, a minha madrugada não poderia ter sido mais ... digamos, “movimentada”.
A noite inteira eu sonhei com Vivi e Alícia dividindo a mesma cama que eu. Estávamos nuas, famintas e o sex* era magistral. É engraçado que eu acordei ainda sentindo todas aquelas sensações, todos os toques, cheiros e gostos. Acordei excitada e totalmente perturbada, me sentindo perdida e ao mesmo tempo usada.
Na verdade todo aquele sex* de mentira me deixou com desejo de sex* de verdade. Não o ato do coito, o ato seco e sem profundidade como tantas vezes encontrei ao longo da minha vida. Falo sobre algo bem maior, ainda não conhecido por todas as pessoas. Falo de sex* onde não haja necessidade de impor limites pois eles já estão impostos de alguma forma nas entrelinhas das relações.
Sei lá, eu que sempre preferi o sex* casual a envolvimentos sentimentais, de repente me vi sentada na sala tomando um copo de água pensando no quanto poderia ser realmente bom, após tantas experiências e aprendizagens, me ver limitada a alguém, a uma boca, a um corpo.
O amor e sua capacidade de nos prender por livre e espontânea vontade, de saber que quando voltarmos, quer seja do trabalho, da guerra ou da lama, encontraremos alguém que conheça nossos gostos, nossas manias e nossos jeitos. O amor é exatamente saber lidar com as peculiaridades do outro sem deixar de amá-lo apesar de, assim como escreveu Lya Luft uma vez. Amar apesar de.
E basta.
Mas eu também tinha lido Bukowski demais para saber que o amor é tudo aquilo que nós dissemos que não era. Tinha lido Adélia Prado demais para saber que o Amor era uma palavra de luxo poucas vezes explicada e raríssimas vezes sentida.
Cabia a mim agora aprender a lidar com os meus múltiplos lados e paixões, tentar enxergar esperança no que nunca foi e que, quem sabe, pode vir a ser. Cabia a mim entender que sonhar era uma coisa boa, mas que a vida estava além dos sonhos e que sex* nenhum poderia satisfazer as nossas almas vazias.
Fim do capítulo
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rhina
Em: 15/02/2020
Definições de Amor......eu diria que todas válidas. E que uma complementa a outa.......com uma ressalva para Adélia Prado.......o amor só está escasso....... Não vividos ou sentidos Porque estamos ausentes de nos mesmos........pois como como descobriu Laura nenhum ou todo sexo do mundo preenche uma alma quando ela foi deixada de lado, esquecida.......
Rhina
Van Rodrigues
Em: 01/01/2019
Olá,
Você escreve tão bem.
Adorei o capitulo!
Parabéns!
Beijos!
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