Capítulo 28 - Decepção - Último Ato
Roberta que já não aguentava mais estar perto de Carlos e não poder abraçar e beijar seu maior amor, resolveu parar de lutar contra o sentimento que nunca morreu dentro de si, chamou Lucas para uma conversa e terminou o relacionamento com o rapaz, não podia enganar o namorado, assim como não podia mais enganar a si mesma, seu coração pertencia a um único homem e ela não podia mais ficar fingindo que nada estava acontecendo.
Estava convencida em conversar com Carlos e se declarar ao ex-namorado, ainda o amava, precisava resolver o passado ou não teria nenhum futuro, mesmo que ele não a aceitasse de volta, precisava dar um ponto final àquela história, ou viveria sobre aquele passado que não cansava de lhe atormentar.
Carlos foi visitar Carolina no hospital e conversou com Izabel e Raquel sobre a cirurgia, a expectativa das duas era boa, Izabel não sabia dizer, mas sentia um nó na garganta quando era indagada sobre a esperança da médica acordar, ela tinha um mal pressentimento que não conseguia conter, mas precisava. Só que ela estava mais atenta a tudo o que acontecia com a cardiologista durante aquele período.
Roberta saiu do escritório e decidiu ir até o apartamento de Carolina, sabia que Carlos estaria em casa depois do horário de visitas.
Chegou aflita e ansiosa. Olhou a portaria e tomou coragem, o porteiro já a conhecia de longa data e abriu o portão para que ela entrasse.
-- Boa noite Dona Roberta, quanto tempo!
-- Boa noite, tudo bem? O Carlos está no apartamento da Carolina?
-- Está sim, ele chegou agora a pouco. Doutora Carolina faz uma falta danada. Tomara que ela se recupere logo.
-- Pois é, eu sei. Estamos torcendo por isso também. – Sorriu – Eu vou lá em cima, preciso falar com ele.
-- Pode ir Dona Roberta. Fica à vontade, a senhora já é de casa.
Roberta subiu pelo elevador com um frio na barriga que há tempos não sentia. O tamanho daquele corredor nunca foi tão questionado, estava aflita, ansiosa, nervosa. Chegou finalmente à porta e ficou parada olhando como se ela pudesse abrir apenas com o pensamento. Respirou fundo e com o último pingo de coragem tocou a campainha e esperou.
Ouviu barulho de passos dentro do apartamento e viu a sombra debaixo da porta, suas mãos suavam. Quando Carlos abriu surpreso ela apenas sorriu.
-- Roberta? O que houve? Aconteceu alguma coisa? – Segurava a maçaneta –
-- Podemos conversar?
O rapaz a olhou desconfiado como se estivesse analisando as expressões da advogada, por um momento ela pensou que ele a mandaria embora como ela fez com ele no passado, mas ele abriu caminho e Roberta entrou no apartamento que ela tanto conhecia, mas com Carolina.
Deixou a bolsa sobre a mesa e olhou para Carlos que fechava a porta.
-- Pode falar, o que houve? – Colocou as mãos no bolso –
-- Carlos nós precisamos acertar nossos ponteiros, tem muita coisa mal resolvida e eu não consigo mais negar isso.
Suspirou alto -- Eu sei. Eu sempre quis ter essa conversa com você, mas preferi manter a distância. – Apontou o sofá -- Senta.
Roberta sentou no sofá, ele puxou uma cadeira e sentou afastado dela, sabia que essa conversa era necessária, mas a adiou por anos. Agora estava ali, frente a frente com o motivo de suas dores, aquela mulher que foi o seu maior amor e também sua maior dor. Não sabia se estava preparado para enfrentar isso de frente nesse momento, mas já que ela estava ali, resolveu ouvir o que ela tinha para dizer.
-- Primeiro de tudo, eu preciso te pedir muitas desculpas, eu fui uma idiota. Eu te magoei muito.
Carlos escutava com o coração sangrando, lembrou-se do escândalo no hospital, quando foi expulso pela namorada aos berros, e depois ela terminou com ele pelo telefone, a mágoa era muito grande.
-- Segundo, eu fui covarde, em todos os sentidos. – Lágrimas surgiram – Covarde para assumir aquela gravidez e depois para assumir você e nossos deslizes. Eu achei que estava certa, mas estava completamente errada. – Uma lágrima escorreu –
-- Eu tentei te ajudar, mas você me expulsou da sua vida, Roberta. – Tinha a voz embargada –
-- Eu sei. – Apoiou os cotovelos nos joelhos – Eu fui infantil e estava com raiva. Eu queria culpar o mundo e não queria assumir minha parcela de culpa. – Espalmou a mão no peito – Eu fui culpada, mais ninguém. Mas eu te culpei por muitos anos.
-- Eu sei que também tive culpa no que aconteceu, mas eu queria estar ao seu lado pra te apoiar, eu não ia te abandonar, Roberta. – Levantou nervoso e caminhou pela sala – Eu nunca ia te abandonar.
-- Eu sei Carlos. – Levantou e foi até ele – O que acontece é que você não tem culpa sozinho, nós fizemos besteira, mas eu não fui capaz de lidar com as consequências da escolha que eu fiz. – Segurou os braços do rapaz – Eu escolhi abortar aquela gravidez, você tentou me ajudar, tentou me fazer mudar de ideia e eu não te ouvi.
Os dois sentiam o peso da dor, o passado que acompanhava aqueles corações tão castigados, parecia enfim transbordar através daquela conversa, tudo era muito pesado, o fardo, o tempo, o que sobrou de tudo aquilo.
-- Você não me ouviu. – Olhou para o teto – E depois eu nunca mais ouvi você.
Carlos virou de frente para Roberta e a encarou, a dor estava estampada em seu rosto, ela podia ver o quanto ele ainda estava magoado, o tempo não curou essas feridas que estavam ali sangrando como nunca, expostas para quem quisesse ver.
-- Você não me deixou te ver mais, terminou comigo por telefone, e eu não pude nem falar nada. Como você acha que eu me senti?
-- Eu sei, porque eu estava sentindo o mesmo. Eu te amava, mas eu estava com tanta raiva que eu não queria ter contato com nada que me lembrasse do que aconteceu. Até Carolina eu afastei.
-- Eu sei, e nós dois sofremos muito. – Foi até a janela – Eu chorei todos os dias por meses. Carol queria conversar sobre as coisas que estavam acontecendo com ela e não tinha a melhor amiga. Você foi muito egoísta.
-- Eu errei. Mas hoje eu consigo enxergar isso e eu quero consertar as coisas.
-- Como você pretende fazer isso? Nós perdemos muito tempo. – Balançou a cabeça negativamente -- Tudo o que eu fazia era pra você que eu queria correr pra contar, o curso que Carol pagou, o meu primeiro emprego no estaleiro, a promoção, as viagens que eu fiz, cada lugar lindo, e eu só queria estar ali com você e mais ninguém. – Parou e pensou -- Quando minha filha nasceu, eu queria que ela fosse sua.
Nessa hora os dois começaram a chorar mais intensamente. Tantos anos perdidos, um elo quebrado que não sabiam se conseguiriam recriar, mas o amor ainda estava ali, teimoso, tentando reaproximar aquelas duas vidas que estavam em caminhos diferentes do que deveriam ter vivido.
-- Eu ainda te amo! – Roberta finalmente falou –
-- Eu também te amo, nunca deixei de te amar. – Olhou nos olhos dela, mas abaixou a cabeça – Mas você tem um namorado.
-- Eu terminei com Lucas.
Carlos ficou parado, ouviu aquilo como uma redenção. Sua garota estava ali livre.
-- Eu não podia mais mentir para ele. Eu não o amo, eu amo você. E era por isso que eu tentei te manter afastado, porque eu não iria conseguir estar perto e não ter você comigo.
-- Roberta eu sempre te amei e nunca te esqueci. Rever você nesse período tem sido uma tortura, por não poder te abraçar e te beijar, tomar você nos meus braços e te sentir novamente.
-- Vamos recuperar o nosso tempo Carlos, eu te amo e não adianta lutar contra isso. Pode passar o tempo que for, o meu erro nisso tudo foi tirar você da minha vida. Eu quero muito consertar isso. Por favor, me perdoa. Volta pra mim.
-- Eu te amo, Roberta!
Carlos puxou a advogada pelo braço e a beijou com uma saudade avassaladora, os corpos que se buscaram por tanto tempo, finalmente estavam juntos novamente.
Carlos e Roberta reataram o relacionamento interrompido por erros passados, e que agora estavam enterrados, as cicatrizes estarão lá para sempre, mas a felicidade bateu e eles permitiram que ela entrasse. Não há mais espaço para dor e sofrimentos.
Enquanto o passado ia sendo superado para Carlos e Roberta, Carolina revivia o seu no roteiro que estava passando em seu mundo interior.
Junho de 2012
Uma nova turma de residentes iniciava o trabalho sob a tutela de Carolina no hospital matriz. Depois de distribuir as funções, coordenar as turmas e direcionar cada estudante para o seu mentor, ela definiu a sua equipe de futuros novos cardiologistas.
Lia as fichas de aplicação, analisou os currículos e as indicações dos preletores anteriores daqueles estudantes e selecionou os que considerou os melhores estudantes para ensinar tudo sobre a cirurgia cardíaca e seus desdobramentos.
Izabel estava orgulhosa do programa, que depois que Carolina assumiu abriu mais vagas para novos departamentos e recebeu novos investimentos para isso.
Dentre os novos internos, Carolina destacou uma em especial, a moça demonstrou que tinha algo de especial na forma de trabalhar, aquela residente tinha um brilho no olhar que há muito tempo ela não reconhecia, lembrou-se de quando começou sua própria residência, a dedicação e o empenho lembravam de quando ela mesma começou.
Carolina tinha uma cirurgia simples para realizar, um procedimento de rotina e convocou sua equipe para acompanhar, ia fazendo perguntas, enquanto seus internos respondiam. O procedimento era totalmente narrado pelos internos e ela dizia se eles estavam acertando ou não. Quando ela sentia confiança neles ela chamava um para realizar uma parte do procedimento.
-- Ângela, vem aqui, por favor.
A residente aproximou-se da mesa de cirurgia e parou ao lado da cardiologista.
-- Estamos fazendo uma angioplastia, diga qual é a finalidade e qual o procedimento?
Carolina mexia habilmente as mãos com os instrumentos e Ângela tentava assimilar o que estava sendo realizado para acertar, tinha uma necessidade extrema em acertar tudo o que Carolina lhe perguntava, queria ser sempre melhor do que fora antes, estava sempre buscando pela perfeição.
-- Doutora, esse procedimento tem por objetivo desobstruir a passagem da artéria coronária. Vamos passar um cateter até o local obstruído, com um balão na ponta que será inflado na artéria para eliminar a gordura e desbloquear a passagem para o fluxo sanguíneo.
Carolina olhou para a interna e sorriu por debaixo da máscara, Ângela tinha uma segurança sobre tudo o que dizia que fazia Carolina saltitar por dentro. Ela gostava de gente assim, esperta e inteligente, com resposta coerente na hora que for questionada. Ela imprimia o seu próprio ritmo aos residentes e Ângela é a que chega mais próximo do que ela considera o ideal.
-- Muito bem. Segure aqui. – Passou os instrumentos para a residente – Faça você.
Ângela segurou com firmeza aqueles instrumentos cirúrgicos e imergiu naquele paciente, ela sabia o que precisava ser feito e calmamente executou com precisão o procedimento que Carolina estava executando.
-- Muito bem, no seu tempo. – Carolina indicava os detalhes – Isso mesmo, com calma agora, estamos quase lá.
Ângela executou o procedimento sem nenhum tremor nas mãos, isso para um cirurgião era o pote de ouro no final do arco íris. Depois de terminarem a cirurgia desse paciente, Carolina pediu que outra residente fizesse a sutura para o término do procedimento.
-- Aline, pode fechar, vamos testar sua sutura.
-- Obrigada Doutora.
A moça também executou a sutura com maestria, limpa e resistente para deixar o paciente bem confortável.
-- Muito bem turma. Hora de descansar. – Bateu palmas – Quem terminou o plantão está dispensado, quem não terminou, hora da ronda dos seus pacientes.
Carolina direcionou cada um para sua tarefa. Ângela já tinha terminado seu plantão e estava saindo para pegar suas coisas para ir para casa.
Carolina a encontrou no vestiário se trocando, a residente estava colocando a blusa depois de tomar banho, seus cabelos estavam molhados, seu perfume encheu o lugar com um cheiro delicioso amadeirado do jeito que Carolina adorava.
Ao ver a residente apenas de sutiã Carolina quase caiu pra trás, sentiu um arrepio subir pela espinha, a mulher linda à sua frente estava mexendo com sua libido de uma forma surreal, sentiu a umidade em sua calcinha e ficou admirando a mais nova boquiaberta.
-- Oi doutora. – Colocava sua blusa –
-- Oi Ângela. Você foi muito bem hoje. Parabéns. – Admirou o corpo da residente -- Você está melhorando a cada dia. – Sentou em um banco –
Aquele elogio tinha múltiplos sentidos para Carolina, realmente a residente estava superando suas expectativas, tanto profissionalmente, quanto em alcançar suas defesas e derrubá-las com muita facilidade.
-- Muito obrigada doutora, isso é muito importante para mim. – Sorriu –
Ângela sorriu, estava impressionada com a inteligência daquela médica, tão nova, mas já parecia uma profissional muito experiente, Carolina sabia tudo sobre cardiologia e a residente estava absurdamente encantada com sua mentora, aquele sentimento estava começando a lhe confundir e ela tentava ignorar a todo custo.
-- Você será uma ótima cirurgiã. Eu vou te ajudar a conquistar isso.
Carolina levantou e lavou o rosto para voltar para o seu consultório, ainda tinha vários relatórios para avaliar antes de ir para casa. Estava exausta, mas entusiasmada, sua vida estava boa, não tinha do que reclamar. Sentiu uma atração forte pela residente, algo em Ângela a fazia suspirar novamente, seu coração palpitava, mas ela tentava manter o foco para não misturar as coisas.
Ângela ficou feliz, estava com a melhor equipe do Rio em cardiologia, o hospital Matriz estava em primeiro lugar nas estatísticas, e foi por isso que ela se candidatou para a residência ali.
Trabalhar com Carolina diariamente estava sendo maravilhoso, ela se entendia com a mentora, ela gostava do que fazia. Tinha certeza que fez a escolha certa quando optou por medicina no vestibular. Queria ser neurologista, mas durante a faculdade se encantou pela cardiologia e mudou o rumo da carreira, o que a levou até Carolina.
Ao contrário de Carolina, Ângela vinha de família bem-sucedida, fez faculdade de medicina em uma universidade particular e não precisou passar por greves ou qualquer outra dificuldade para se formar. Mas a moça tinha uma paixão imensa pela medicina assim como Carolina, não existia uma segunda opção para as duas.
Carolina estava em seu consultório, preparava alguns relatórios da residência para entregar a Izabel. Quando olhou no calendário para datar o primeiro documento, se deu conta que era dia dos namorados. Parou o que estava fazendo e recostou na cadeira.
Percebeu que durante toda a sua vida ela só teve um dia dos namorados com Samantha, todos os outros ela nem percebeu que já tinham passado. Se deu conta de como sua vida tinha sido solitária ao longo de tantos anos. Não tinha sido sozinha, tinha sido sim solitária.
Rememorando sua vida ela pensou em todas as dificuldades, mas também em todas as conquistas. Conquistas que nunca tiveram para quem serem contadas. Não tinha uma pessoa em especial que ela pudesse ir para casa e encontrar a sua espera para compartilhar sua vida, ou mesmo uma xícara de café.
Pensou em Samantha, como estaria a ex-namorada? Quando ela saiu de sua casa estava tão desamparada, ela torcia para que Samantha estivesse bem, ela tentou, mas nem como amiga ela conseguiu, Samantha foi seu maior fracasso na vida, sentia que a loira havia escapado por entre seus dedos, mas não se pode mudar quem não quer mudanças.
Foi tirada de seus pensamentos com a entrada de uma das médicas do hospital. Daniele chegou no seu consultório.
-- Oi amiga, posso entrar? – Colocou a cabeça para dentro –
-- Sim, entra aí, estou fazendo uns relatórios.
-- Carol, é dia dos namorados, vai se divertir. – Sentou na frente da mesa – Eu estou pegando o plantão agora, não tenho nem para onde correr, tive que deixar meu bofe em casa cheio de amor para dar. – Revirou os olhos –
Carolina riu da amiga. Estava cansada mesmo, seu plantão já tinha terminado a pelo menos duas horas.
-- Eu estou bem cansada mesmo, mas de qualquer maneira eu não tenho para quem correr. – Deu de ombros -- Eu vou é para casa abraçar o meu maior amor nesse momento, minha cama. – Riu –
-- Poxa Carol, você precisa sair mais, se divertir, conhecer gente nova.
-- Todo mundo me diz isso Dani, mas eu não sou de pessoas, sou de corações.
-- Melhor ainda! Olha que coisa boa! – gesticulava –
-- Amiga, de corações verdadeiros, não esses desenhados vermelhinhos e perfeitos, -- Fazia o coração com as mãos -- sou dos corações cheios de artérias e válvulas que batem para bombear o sangue para o corpo funcionar.
-- Melhor eu ficar com minhas fraturas, consertar osso quebrado é mais fácil que colar coração partido.
As duas gargalharam, Carolina lembrou-se de Raquel, estava com saudades da amiga. Anotou mentalmente que iria ligar para ela.
-- Seu plantão já terminou?
-- Sim, a pelo menos umas duas horas. – Assinava um formulário --
-- Vai descansar amiga. Outro dia vamos sair para você se divertir um pouco. – Bateu com uma das mãos na mesa de leve --
-- Fechado. Vamos jantar naquele restaurante que você tem falado e eu não consegui ir ainda.
-- Com certeza, vou até convidar Marcinha, minha prima que curte a mesma vibe que você, vai que dá certo. – Piscou –
-- Dani, eu não estou nessa vibe de conhecer ninguém. – Levantou para pegar sua bolsa –
-- Não custa nada tentar amiga. Vocês estão solteiras, não vai te matar. Vai que você encontra o amor da sua vida.
-- Amiga, eu não consigo achar nem a ponta do durex, imagina o amor da minha vida!
As duas começaram a rir, apesar das brincadeiras, Carolina estava mesmo pensando em sua vida, em sua trajetória, estava finalmente sentindo falta de ter alguém ao seu lado, mas quando pensou nisso, a pessoa que veio à sua mente foi sua residente, Ângela, e ela desfez esse pensamento se recriminando.
-- Sei, eu estava até pensando nisso agora mesmo. Acho que eu não nasci para relacionamentos. – Arrumava a bolsa –
-- Todo mundo nasceu para relacionamentos, amiga. Você só não encontrou a sua outra metade.
-- Será que tem alguma metade “complicada e perfeitinha” me esperando por aí? – Fez menção a uma música de rock –
Pensou em Ângela, pela primeira vez em muitos anos estava sentindo algo pela residente, mas preferiu não comentar nada, estava tentando manter as coisas como estavam. Tinha medo de se envolver.
-- Hum, Raimundos! Eu gostava deles. – Riu –
Carolina também riu com a amiga.
-- Carol, eu tenho certeza que tem alguém por aí esperando para te encontrar. Você é uma mulher bonita e tão legal, você vai encontrar alguém que te faça feliz, você merece.
-- Obrigada pelos elogios. – Colocou a bolsa no ombro – Se você encontrar essa minha metade por aí, dá meu endereço. – Piscou – Eu estarei em casa assistindo alguma série e comendo porcarias. Ah e pede pra levar sorvete.
-- Você é uma figura. – Levantou e saiu com a amiga –
Os meses iam passando devagar, muito trabalho, e pouca vida social, Ângela continuava se destacando na residência, Carolina começou a olhar de forma mais detalhista para a futura cardiologista, apesar das tentativas de Daniele de marcar o jantar, Carolina acabava despistando a amiga para não se envolver com ninguém naquele momento.
Roberta começou a namorar um advogado que ela conheceu em uma audiência no fórum, saíram algumas vezes e o rapaz a pediu em namoro em um jantar romântico. Roberta aceitou tentando construir uma vida mais feliz. Já tinha conversado com Lucas sobre seu problema, aparentemente o rapaz não se preocupou com o fato de Roberta não poder ter filhos naquele momento, estava apenas deixando as coisas acontecerem.
O pouco que ela sabia sobre Carlos era o que Carolina comentava. A última notícia sobre o irmão, foi que ele tinha terminado o relacionamento com Gabriela, ele não estava feliz com o casamento, mas não deixou de apoiar a mãe de sua filha em momento nenhum. Pagava todas as despesas de Manuela sem questionar, e mantinha um relacionamento bom com a mãe de sua filha.
Carolina não sabia mais nada sobre Samantha, preferia que fosse assim. Não queria mais nenhum envolvimento com a ex-namorada. Foram tantas idas e vindas cheias de mágoas que ela preferia manter a distância.
Novembro de 2012
Carolina viajou para o aniversário da afilhada, Carlos e Gabriela fizeram uma festa para o primeiro ano de Manuela. A médica pediu folga no hospital e passou o fim de semana na casa do irmão.
Carlos já não estava mais morando com Gabriela, mas os dois mantinham a relação amigável por conta da filha.
-- E aí, meu irmão. Como estão as coisas por aqui? – Estava sentada à mesa –
-- Normais, eu estou bem. – Lavava alguns copos –
-- Gabriela aceitou numa boa mesmo, a separação?
-- Ela ficou triste, né. Mas não dava pra continuar com uma pessoa que eu não amava. – Enxugou as mãos –
-- Eu e você estamos mal mesmo. Será que é mal de família? – Riu –
Carlos veio rindo da cozinha. – Não sei Carol. Mas se for, espero que essa maldição não caia em Manuela.
-- Até parece que você vai gostar quando ela chegar em casa de mãos dadas com um garoto te apresentando como um namorado.
-- Olha, eu não sei te dizer como eu vou me sentir, mas com todos ciúmes que eu vou ter, eu prefiro que ela se relacione e seja feliz do jeito que ela quiser.
-- Olha, meu irmão cabeça aberta. – Deu um tapa no ombro dele – Eu quase trouxe Roberta, mas ela está namorando. Eu desisti de chamar.
-- Roberta está namorando? – Seus olhos entristeceram –
-- Sim, um advogado.
-- Ele a trata bem? – Levantou –
-- Acho que sim, nós não nos encontramos esse último mês, eu estou agarrada no hospital.
-- Espero que ela seja feliz.
-- Vocês têm muito o que conversar e colocar a limpo antes de conseguirem ser felizes com outras pessoas. Enquanto vocês não conversarem, nenhum dos dois terá paz. Por que você não liga para ela?
Carlos pensou no que Carolina disse, ela tinha razão, mas como conversar com Roberta sem desabar de dor na sua frente? Ele não queria parecer frágil, depois do que aconteceu, ele não queria ser o primeiro a dar esse passo, ele esperava que Roberta fizesse isso, mas ela nunca fez.
-- Ela não quer conversar comigo, deixou isso bem claro quando me ligou pra terminar comigo. Ela me expulsou da vida dela sem a menor pena. – Disse ressentido --
-- Ela também sofreu, Carlos. – Tentou ponderar -- Ela teve os motivos dela, na época vocês eram muito jovens, hoje ela é uma mulher e está muito mudada.
-- Se ela quiser, ela que venha conversar comigo. Eu não vou me humilhar.
O rapaz saiu da sala e entrou no banheiro, Carolina sabia que era um assunto delicado, tentou encorajar a ligar para a ex-namorada, mas ele não queria. Deixou passar, não insistiu, deixou que o tempo iria se encarregar de reunir os dois novamente, ela sabia que aquela história não tinha acabado.
Na festa de aniversário de Manuela que foi realizada em um clube da cidade, Carolina se divertia com a afilhada no colo, Gabriela recebia os convidados com Carlos, eles cuidavam para que o buffet atendesse a todos sem problemas.
Claudia chegou junto com o irmão, foram convidados pelos pais da menina, Matheus é um grande amigo de Carlos e Claudia foi à festa pois sabia que iria encontrar a médica por lá.
Quando entrou no salão, olhou a sua volta e achou o objeto de seu desejo segurando a criança pela mão, enquanto ela dava pequenos passinhos pelo salão atrás de uma bola de gás.
Depois de cumprimentar os anfitriões, Claudia saiu de mansinho e caminhou até Carolina que não tinha percebido sua chegada.
-- Oi Carolina. – Sorriu –
A médica olhou para trás e viu o sorriso de Claudia, pegou a afilhada no colo e virou-se para cumprimentar a bióloga.
-- Oi Claudia, tudo bem? – Beijou-a no rosto –
-- Tudo bem, sim e você?
-- Estou ótima. – Sorria –
-- Oi Manu. – Bateu palmas para a menina – Vem com a tia Cacau.
A menina se jogou para os braços da bióloga e ela a pegou sorrindo, a criança fez festa em seus braços e Carolina ficou observando contente.
-- Você está linda doutora. – Olhou de cima embaixo –
Carolina vestia um macaquinho azul com um decote generoso evidenciando seus lindos seios, o que Claudia não deixou passar despercebido, mordendo o lábio inferior ao fitar Carolina. Os cabelos estavam presos em um coque, deixando sua nuca à mostra, Claudia quase desmontou ao imaginar a boca naquele pescoço desnudo.
-- Obrigada. Você também está linda.
Claudia vestia uma calça jeans colada ao corpo, uma blusa de botão preta e nos pés um tênis de corrida. Os cabelos soltos alvoroçados como sempre. Os olhos castanhos, marcados com um pouco de rímel. E o perfume doce que Carolina lembrou na mesma hora.
Gabriela veio para pegar a filha para tirar fotos com a família e deixou as duas mulheres sozinhas. Elas não se encontraram mais depois do carnaval, falaram poucas vezes pelo telefone, no batizado de Manuela elas não se encontraram, Claudia estava com vontade de reviver o que teve com Carolina no carnaval, mas a médica não estava mesmo com muito entusiasmo para se envolver com alguém.
-- Eu estava com saudades.
-- Eu não voltei mais depois do batizado.
-- Ah sim. Eu não consegui ir ao batizado da Manu. Foi no dia do aniversário da minha mãe, eu almocei com ela.
-- Carlos falou quando eu perguntei por você. – Cruzou os braços –
-- Você perguntou por mim? – Abriu um sorriso largo –
-- Sim, vocês são amigos, eu sabia que ele iria te convidar. – Pegou um refrigerante—Obrigada.
-- Só por isso? – Pegou uma cerveja --
-- Hoje não vai mais surfar, né. – Apontou para a bebida –
-- Não. – Sorriu – Hoje não.
-- Olha, eu não sou muito boa com relacionamentos, mesmo que momentâneos.
-- Você é interessante, sabia? – bebeu um gole da cerveja –
-- Eu? Não sei o que tem de tão interessante. – Riu – Já ouvi isso algumas vezes.
-- Eu gostaria muito de descobrir. – Despiu Carolina com o olhar –
A médica ficou sem graça e desviou a atenção para outro lado do salão. Carlos a chamou para tirar fotos com a afilhada e ela deixou Claudia para ir até o irmão.
Depois das formalidades das fotos, Carolina saiu um pouco do salão, estava muito quente e o ar condicionado não estava dando vazão, foi respirar um pouco de ar fresco. A brisa fresca do mar aliviou o calor que estava no salão fechado. Sentou em um banco no lado de fora em um jardim e ficou olhando o céu, estava estrelado, não havia nenhuma nuvem.
Seu celular tocou, ela foi atender e era Raquel. A amiga estava no Rio e queria reencontrar a cardiologista para matar as saudades.
-- Oi Raquel.
-- Minha amiga! Cadê você? Eu estou no Rio, vim te procurar e você não está aqui para eu matar minhas saudades?
-- Menina, está fazendo o que no Rio? Eu estou em Macaé, vim para o aniversário da minha afilhada. Um aninho.
-- Ai que fofa. Filha de quem?
-- Do meu irmão.
-- Sobrinha-afilhada?
-- Mais ou menos isso. – Ria --
-- Cara, eu estou de volta, vou publicar a pesquisa no Hospital Universitário, voltei para ficar.
-- Ah, então me espera aí que segunda-feira eu estou de volta e vou te ver, vamos jantar.
-- Com certeza! Eu tenho vários babados para te contar! Agora eu vou deixar você se divertir.
-- Imagino esses babados, amiga, você não muda né.
-- E pelo que eu soube por aqui com Izabel, nem você né, “Caxias”? – Ria --
-- Tudo intriga da oposição. – Riu –
-- Eu sei, imagino o tipo de intrigas. Te vejo segunda então.
-- Fechado. Beijo gata.
-- Beijo amiga.
Desligou o celular e ficou rindo, adorou saber que sua amiga estava de volta no Rio, Raquel e Roberta eram as amigas mais próximas que Carolina tinha, já começou a se sentir menos sozinha. Claudia se aproximou sem que ela percebesse.
-- Posso sentar?
Carolina olhou para cima e consentiu com a cabeça.
-- Fugindo das pessoas, doutora?
-- Mais ou menos. – Sorriu –
Claudia sentou ao seu lado e colocou uma das pernas sobre o banco cruzando a outra por cima, ficou de frente para a médica com a cabeça apoiada na mão.
-- Você é linda, sabia?
-- Obrigada.
-- Não quer dar uma volta depois que a festa terminar?
-- Claudia, eu gostei muito de te conhecer, o carnaval foi maravilhoso, mas eu prefiro deixar como está, nós moramos longe, eu não quero complicar as coisas.
-- Mas não tem complicação nenhuma Carolina, vamos apenas conversar, se rolar algo de novo, não será nenhum namoro sério. – Sorriu –
-- Eu sei. – Pensou em Ângela –
Algo estava mudando nos sentimentos da cardiologista pela residente, ela não queria complicar sua cabeça.
-- Eu estou passando por muitas coisas, e esse não é um bom momento, Claudia. – Olhou para a surfista --
-- Entendo. É uma pena, pois eu adorei o seu beijo e queria tanto provar novamente. – mordeu novamente o lábio inferior --
Carolina olhou para Claudia, um beijo ela podia, também queria sentir aqueles lábios novamente. Aproximou-se devagar e foi tomada pelos lábios quentes da bióloga, sua língua invadia a boca sedenta da médica se acomodando ali como se fosse sua casa.
Que beijo bom, as lembranças de Carolina eram verdadeiras, Claudia tinha pegada para lhe acender. A médica se deixou levar pelo toque leve e carinhoso da bióloga que se deliciava com o sabor que estava provando.
Interromperam o beijo quando ouviram a chamada no microfone para cantar parabéns e cortar o bolo. As duas sorriram e encerraram aquele ciclo.
Depois que a festa terminou, Claudia ainda insistiu para que Carolina saísse com ela, mas a médica recusou novamente, não queria se envolver. Se sua metade estava por aí em algum lugar, iria esperar para encontrá-la. Novamente pensou em Ângela. Não queria, mas sentia que estava se apaixonando pela sua residente.
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Terminando o fim de semana, Carolina estava de volta em casa, segunda-feira à noite como combinado, foi encontrar com Raquel, convidou Roberta para ir com ela, sua surpresa foi que a neurologista convidou as amigas do hospital e estavam também, Izabel e Daniele com a prima, Marcia que ela queria apresentar a Carolina.
A cardiologista ficou sem graça ao chegar e ser apresentada a moça, que lhe cantava descaradamente durante o jantar, deixando Carolina um pouco incomodada com aquele assédio.
A conversa fluiu normalmente entre as amigas, colocaram o papo em dia, Raquel contou que fará um congresso em janeiro para exibir os resultados da pesquisa que tinha sido um grande sucesso. Carolina contava com orgulho como o programa de residência do hospital havia mudado e Izabel rasgava elogios para a cardiologista.
Nessa noite, Marcia não conseguiu nada com Carolina, mas se comprometeu a ganhar a médica, faria de tudo para conseguir sair com Carolina, o que ela não sabia é que ganhar a confiança da cardiologista era uma tarefa árdua.
Dezembro chegou e finalmente Carolina aceitou sair com a prima de Daniele, depois de recusar três convites, percebeu que ela não iria desistir tão fácil e aceitou um jantar.
Ângela já sentia que sua admiração pela sua mentora estava passando da normalidade, se pegava pensando na cardiologista quando estava fora do hospital, contava as horas para iniciar seus plantões para encontrar com Carolina, mas tentava de toda forma negar que esse sentimento estava evoluindo. Via Carolina como intocável, sua mentora, uma mulher mais experiente, médica bem-sucedida, Carolina não perderia seu tempo com uma residente cheirando a leite.
Esse pensamento conflitava com o fato de que Carolina é uma mulher, apesar de querer estar perto da médica, ela se policiava pois não podia estar se interessando por uma mulher, Ângela teve alguns poucos relacionamentos com rapazes, os estudos sempre foram prioridade e nunca se envolveu verdadeiramente com ninguém.
E com isso, o tempo passava e a proximidade entre as duas médicas só aumentava.
Carolina continuava ensinando os residentes, e a cada dia ficava mais interessada em Ângela, percebeu que seu interesse estava ultrapassando os limites da ética, e freou os pensamentos, ela era sua aluna, não podia permitir que isso interferisse em seu trabalho.
Pensando que poderia se distrair desse sentimento, resolveu tentar um relacionamento com Marcia, mas como sempre, ela não conseguia se entregar, saiu com a prima de Daniele algumas vezes, mas nunca passou de beijos que não lhe acendiam por dentro.
Recebeu um convite da escola onde estudou para participar da festa em comemoração dos cinquenta anos do colégio e sua mãe seria homenageada. Ficou lisonjeada com o convite e aceitou prontamente. A festa aconteceria na primeira semana de janeiro.
Carolina trabalhou no Natal, conseguiu folga no ano novo, passou o feriado com Roberta em uma casa alugada na região dos lagos, não levou Marcia, não estava interessada na relação com a prima da ortopedista, mas a moça insistia em procura-la, quando disse a moça que estaria em uma festa da escola ao tentar recusar um convite, acabou que Marcia se convidou para acompanhar Carolina na festa, e ela acabou levando-a contra sua vontade.
Janeiro de 2013
No dia da festa em homenagem ao aniversário do colégio, Carolina estava ansiosa, trocou o plantão com uma amiga e se preparava para receber a homenagem que seria feita a sua mãe. Carlos não pôde comparecer, estava embarcado, sairia exatamente naquela noite do serviço.
O colégio convidou várias alunas para participar do evento, Roberta ia também, mas sua avó acabou passando mal e ela a levou para o hospital com sua mãe.
Carolina chegou à escola acompanhada de Marcia, estava linda em um vestido azul caneta, longo, frente única com um decote nos seios e costas nuas, nos pés, um salto agulha prateado, maquiada e os cabelos presos em um rabo de cavalo com alguns fios soltos.
Caminhava pelo pátio grande da escola e tantas lembranças vinham a sua cabeça, tantas memórias surgiam que seus olhos marejaram, olhou para as salas que estudou, os corredores imensos, daquele colégio ela saiu para o mundo e se tornou médica.
Encontrou a antiga coordenadora, Carmelita ainda estava viva e também seria homenageada pela escola. Enquanto conversava com a amiga de sua mãe, avistou Samantha entrando no colégio acompanhada por Lucia, não acreditava que aquilo estava acontecendo, sabia que teria essa possibilidade, mas não acreditou que as duas estariam ali naquela cerimonia, ainda por cima, juntas.
Samantha quando viu Carolina ficou sem graça, as duas não tinham mais contato desde o episódio da festa no apartamento da médica e ela sabia que Carol estava muito magoada com ela.
Lucia como sempre, não perdeu a pose, chegou em um vestido de gala preto e quando viu Carolina sorriu maliciosa e segurou a mão de Samantha fazendo questão de mostrar que elas estavam juntas. Aproximaram-se e interromperam a conversa.
-- Boa noite, dona Carmelita, a senhora está ótima! – Disse olhando para a senhora –
Carolina encarava Samantha sem entender a relação das duas. Será que Lucia estava morando novamente no Brasil?
-- Oi Carol.
-- Oi Samantha. Tudo bem?
-- Ela está ótima! – Lucia respondeu –
-- Eu perguntei a Samantha. – Olhou para a ex-namorada – O que houve, ela te proíbe de falar com as pessoas?
Samantha apertou a mão de Lucia para que a mulher não respondesse.
-- Eu estou bem, Carol, obrigada. Não vai nos apresentar sua amiga?
-- Marcia, essas são Samantha e Lucia. – Disse secamente –
-- Muito prazer Marcia. – Samantha estendeu a mão –
-- O prazer é todo meu!
Lucia não gostou do contato das duas e beliscou Samantha, que soltou a mão da acompanhante de Carolina.
Samantha observava Carolina, estava linda, como sempre, sentiu ciúmes por não ser ela a acompanhar a médica, mas perdeu essa chance depois de tantas decepções.
A cerimônia começou e Carolina foi convidada a ficar no palco durante a festa, Samantha e Lucia sentaram no auditório para assistir as formalidades junto dos outros convidados.
Carolina foi chamada para receber a homenagem feita à sua mãe, se emocionou quando disse algumas palavras de agradecimento.
Depois da solenidade a festa começou e Carolina estava incomodada com a presença de Lucia e Samantha, queria ir embora, mas Marcia insistiu para ficarem, estava interessada em Samantha que por estar com ciúmes deu em cima da companhia de Carolina, como uma punição para a médica por não ser ela ao seu lado, Samantha sempre deixava o seu pior surgir quando se sentia contrariada e sempre enveredava por caminhos tortuosos.
Em um dado momento, Lucia se aproximou de Carolina e a chamou para uma conversa. Marcia aproveitou e foi ao banheiro.
-- Carolina. – Chegou com duas taças nas mãos – Um brinde à sua mãe. – Entregou uma das taças –
-- Obrigada, mas eu não bebo. – Fez intenção de sair –
-- Espera, eu venho em paz. Você não quer o champanhe?
-- Não, obrigada. – Olhou para a mulher –
Lucia não mudou muito, o único contato de Carolina com ela era no colégio, só lembrava de Lucia usando uniforme. Os cabelos mudaram de cor, estavam cobre, a maquiagem carregada fazia a mulher aparentar mais idade do que realmente tinha.
-- Sabe, eu passei um tempo imaginando o que Samantha viu em você para ela ser tão apaixonada. Mas eu nunca consegui encontrar nenhuma qualidade que pudesse me explicar esse fato. – Depositou uma das taças em uma mesa --
-- Lucia, me deixa em paz.
-- Eu só quero te avisar que ela agora é minha! – Aproximou-se da médica –
-- Faça bom proveito! – Virou de costas –
Lucia segurou seu braço e a fez virar para encará-la novamente.
-- Solta o meu braço.
-- Samantha está com uma mulher de verdade, nós casamos, ela ficou na miséria e quando eu voltei para o Brasil e fui procura-la ela estava morando de favor na casa da chefe dela.
-- O que eu tenho com isso? – Puxou o braço –
-- Ela estava se prostituindo. – Sussurrou como se fosse um segredo --
Carolina recebeu um baque, Samantha se prostituindo? Não faltava mais nada para ela descobrir sobre a ex-namorada.
-- Como você descobriu isso? Eu não devia ter deixado ela sair do meu apartamento. – Disse mais para si mesma do que para Lúcia--
-- Eu já sabia. Você acha que Samantha é santa? Ela não é mulher para você, ela sempre fez isso, inclusive enquanto você estava brincando de casinha com ela.
-- O que você está dizendo? – Olhava decepcionada para Lucia –
-- Isso mesmo que você ouviu, ela sempre fez isso, durante todas as vezes que vocês estavam namorando. Essa agência da Estela é uma grande fachada para prostituição de luxo. As modelos são contratadas para alguns trabalhos de fotos, mas o principal é ser acompanhante.
A verdade finalmente veio à tona, os trabalhos de Samantha eram todos naquele nível, Samantha nunca foi fiel como dizia ser, mentiu o tempo inteiro, todas as vezes que ela a confrontou, sempre ouviu uma mentira.
-- Samantha sempre foi prostituta. E ela gosta disso.
-- Não pode ser. – Olhava para um ponto fixo --
-- Inclusive, naquele dia que você nos flagrou na casa dela, eu ia pagar pelos serviços de acompanhante. Eu descobri porque fui procurar uma acompanhante na agência de Estela e vi as fotos de Samantha.
Lucia puxou o celular a mostrou as fotos que estampavam o site de acompanhantes de luxo, Carolina reconheceu o lugar, eram as fotos que Samantha tirou na universidade no dia em que se reencontraram, tinham outras mais recentes, Carolina sentiu o chão abrir debaixo de seus pés, uma onda de raiva misturada com decepção tomou conta de seu coração, ela não queria acreditar no que a outra dizia, mas depois dessa revelação tudo começava a fazer sentido.
-- Você é doente, Lucia! – Ficou nervosa – Por que você está fazendo isso?
-- Porque eu quero que você sofra! Você me tirou tudo que eu queria, Samantha nunca vai olhar pra mim como ela olha pra você! Logo você! Filha de cozinheira, pobre! Você não merece o amor que Samantha tem por você.
-- Você é louca!
-- Você que é muito ingênua, garota. Se enxerga, você pode fazer o que for, nunca terá dinheiro suficiente para ter Samantha Monte Alto para você.
-- Mas eu não quero Samantha. Ela é toda sua. Vocês se merecem. – Estava trêmula --
Ameaçou sair de perto da antiga colega de aulas, estava confusa, as peças do quebra-cabeças começaram a se encaixar. Mas Lucia queria machucar Carolina. Queria que ela pagasse por ter o amor de Samantha, coisa que ela nunca teria.
-- Ela te contou de onde veio um dinheiro que ela te deu de presente do dia dos namorados?
Carolina congelou, como Lucia sabia disso? O que Samantha escondeu dela por tantos anos? Realmente ela sempre se surpreendia com a modelo.
-- Como você sabe disso?
-- Deixa-me lembrar o que ela te disse, -- Bateu um dedo na boca como se pensasse em algo muito distante -- ah foram umas fotos.
-- Como você sabe disso? – Perguntou novamente –
-- Porque fui eu quem pagou a ela por um dia de sex* no apartamento dela. Quando ela foi te buscar eu tinha acabado de sair, ela devia estar com o meu gosto na boca ainda. Aquelas velas cafonas que ela espalhou pelo apartamento, eu disse que eram horríveis, mas ela não me escutou.
Carolina em um momento de fúria deu um tapa no rosto de Lucia, as pessoas em volta olharam assustadas. Lucia apesar de ter apanhado conseguiu o que queria, desestabilizar a médica, jogá-la contra Samantha.
Carolina saiu do salão com lágrimas nos olhos, tudo o que viveu com Samantha tinha sido uma grande mentira, sentiu-se comprada com dinheiro de Lucia.
Foi para o banheiro para se recompor e procurar Marcia para ir embora, sua surpresa foi que encontrou Marcia e Samantha trans*ndo em uma das cabines do banheiro feminino.
Quando Marcia viu a médica entrando tentou se arrumar, mas não deu tempo, Carolina a pegou com a mão dentro do vestido de Samantha.
-- Meu Deus! Vocês não têm vergonha? – Lagrimas caíam –
-- Carolina, desculpa. – Marcia tentava se arrumar --
-- Desculpa porr* nenhuma! – Olhou para Samantha -- Chega de ser enganada por você Samantha!
-- Ué, mas o problema não é comigo? – Marcia ajeitava o vestido –
-- Marcia, me deixa em paz, eu não quero nada com você, não era nem pra você ter vindo aqui, vai embora. – Apontou a porta – E me deixa em paz!
Marcia tentou argumentar, mas foi expulsa do banheiro. Carolina estava fora de si, ela se culpava por ter passado tanto tempo tentando ajudar Samantha, por ter passado tanto tempo se iludindo, achando que poderia fazer alguma diferença na vida dela, mas nunca foi.
-- Carol. – Samantha tentou se aproximar –
-- Não chega perto! – Espalmou a mão no ar parando Samantha – Eu tenho nojo de você.
-- O que houve?
-- O que houve? – Estava fora de si – Você mentiu para mim o tempo inteiro! – Gesticulava --
-- Do que você está falando?
-- Você é uma prostituta de luxo! – Gritou com raiva –
Samantha não sabia o que dizer, como ela descobriu? Lucia! Só podia ter sido ela. O chão se abriu debaixo dos seus pés, Samantha tentou organizar os pensamentos, mas estava quase impossível. Sentiu o peso das suas escolhas começarem a desmoronar sobre sua cabeça e não sabia como sairia debaixo desses escombros.
-- Carol, quem te disse isso?
-- Sua mulher! – Apontou para a porta – Sua mulher milionária que acabou de jogar na minha cara que te comprou porque você estava na miséria! – Andava de um lado para o outro --
-- Você sabe que Lucia só quer te humilhar, não liga para o que ela diz. – Deu dois passos na direção da médica --
-- E o que ela disse sobre meu presente de dia dos namorados? É mentira também?
Samantha gelou e parou de andar, não acreditou que Lucia tinha contado isso para Carolina. Lembrou-se do que aconteceu naquele dia, quase dez anos haviam se passado, e Lúcia ainda assim conseguiu destilar seu veneno.
Flashback on
Junho de 2002
Samantha estava arrumando o quarto, Lucia estava tomando banho para ir embora, e por causa dessa demora, não teria mais tempo de fazer o que tinha planejado para o jantar romântico que tinha preparado para Carolina. Sua amante exigiu que ela passasse o dia dos namorados com ela, queria a noite também, mas Samantha se recusou, e contou que estava namorando, omitindo quem era sua namorada. Mesmo contrariada, Lucia aceitou ficar com ela apenas durante o dia, mas estava pirraçando Samantha para ir embora, deixando a loira muito nervosa.
Samantha tinha pedido para Maria preparar um jantar para Carolina e ela já tinha deixado tudo pronto na cozinha, Samantha estava irritada, Lucia não saía do banheiro para que ela pudesse ir buscar Carolina, já estava ficando atrasada. Resolveu colocar as velas que havia comprado para tentar reproduzir o mesmo ambiente que Carolina preparou na primeira vez que se separaram.
Lucia saiu do banheiro nua ainda, o que deixou Samantha ainda mais irritada com a mulher que tentava a todo custo sabotar a noite romântica que ela estava preparando.
-- Samantha, mas que cafonice é essa?
-- Não enche meu saco Lucia, anda logo com isso, eu preciso ir buscar minha namorada na faculdade.
-- Hum, quem é a sortuda que conquistou o coração gelado de Samantha Monte Alto? – Disse sarcástica –
-- Não é da sua conta!
-- Ui, está irritada? Eu não te dei prazer suficiente? – Aproximou-se por trás –
Lucia abraçou Samantha e beijou seu pescoço, ainda permanecia nua e sentiu a pele da loira arrepiar com o seu toque se sentindo vitoriosa.
-- Lucia, por favor, coloca sua roupa e saia, eu preciso terminar aqui pra sair. – Se afastou –
-- Tudo bem. Já que não tem outro jeito. – Deu de ombros --
Lucia se vestiu e pegou sua bolsa, saiu do quarto e viu Samantha na sala esperando por ela. Retirou uma quantia em dinheiro e entregou para Samantha. A loira nem se deu ao trabalho de contar, com a pressa que estava pegou o dinheiro e colocou em um envelope. Lucia reparou que ela escreveu alguma coisa e deixou sobre o bar.
-- Por que você não quis que eu transferisse? Sabe o trabalho que me deu conseguir esse dinheiro em cima da hora?
-- Eu precisava dele em dinheiro. – Não olhava para a amante --
-- Pra que? Vai contrabandear alguma criança? – Riu –
-- Que horror Lucia! – Serviu uma dose de whisky --
-- Ué, só quem tem negócios sujos pede dinheiro assim, grana viva.
-- Não enche o meu saco Lucia, seu horário já acabou, pode ir embora por favor.
-- Nossa, quanta hostilidade. Confessa, o que você vai fazer com o dinheiro? Você está devendo ao traficante? Se for, me fala que eu te ajudo. – Aproximou-se --
-- Não é nada disso! Eu vou dar pra minha namorada pra ajudar com a faculdade, satisfeita agora? Podemos ir embora? – Sorveu a última dose do copo --
-- Essa mulher deve ser muito boa mesmo! Pra você querer dar dinheiro, querer ajudar? – Achou estranho -- E vai dizer o que a ela? Que ganhou na loteria?
-- Fotos, Lucia, não faz diferença, agora vamos que eu estou atrasada. – Disse irritada --
Lucia beijou a boca de Samantha que parecia mais irritada do que estava antes e saiu do apartamento tentando imaginar quem era a mulher que tinha deixado Samantha tão diferente. Pensou ser alguma modelo da agência, mas nunca imaginou que seria a antiga colega de colégio, Carolina. No dia que foram flagradas trans*ndo no quarto de Samantha que ela teve real noção sobre a mulher que Samantha estava apaixonada, sempre foi ela, sempre foi Carolina, e desde o colégio, ela era descartada por Samantha que preferia a filha da merendeira.
Lucia nunca aceitou isso de bom grado e sabia que teria alguma chance de jogar esses acontecimentos sobre Carolina, ela queria machucar a morena, queria que Carolina sofresse, ela tinha de Samantha o que Lucia nunca teve, o seu amor.
Quando Lucia voltou a morar no Brasil, foi procurar Samantha e não a encontrou em casa, procurou Estela e descobriu que Samantha estava morando de favor na casa da cafetina, e se aproveitou desse momento de fragilidade dela para fazer uma proposta, ela pediu Samantha em casamento em troca da mesma vida boa que ela sempre teve, carros, viagens, roupas e dinheiro à vontade, mas ela teria que lhe dar exclusividade, teria que sair da agência e ser apenas sua mulher.
Samantha aceitou a proposta e casou-se com Lucia, Estela cobrou um passe pela “liberdade” de Samantha, pois ela não queria que a loira deixasse seu trabalho. Lucia pagou uma pequena fortuna por Samantha e elas se casaram e foram morar na mansão de Lucia no Rio de Janeiro.
Quando soube da homenagem do colégio e que Carolina estaria presente, ela fez questão de ir para se vingar da colega. E assim conseguiu o que tanto queria. Jogar Carolina contra Samantha de uma vez por todas.
Flashback off
-- Você sempre me traiu, em todas as vezes, os sumiços, os trabalhos que você ia fazer, as “presenças VIP” – Fez sinal de aspas com os dedos -- sempre foram desse tipo, por isso nunca tinha nada seu em nenhuma revista. E eu caí igual a uma idiota! – Colocou as mãos na cabeça –
-- Carol, você não entende. – Uma lágrima escorreu em seu rosto --
-- Eu não entendo mesmo. Eu nunca vou entender você querer levar uma vida tão destrutiva Samantha! Eu te ofereci uma vida calma, decente, estável, mas você não quis, eu te ofereci minha amizade e você também jogou fora. E agora eu descubro que você saía com outras pessoas e voltava para mim com a cara mais sínica do mundo, muitas vezes com o gosto da outra na boca ainda.
-- Eu não tenho o que te dizer.
-- Porque não tem desculpa, Samantha! – andava em círculos – Meu Deus! – Fechou os olhos – Quanto tempo desperdiçado, quantas noites esperando você ligar, dar um sinal de vida, enquanto você estava trans*ndo com outra pessoa, se drogando e sei lá fazendo mais o que! Nossa vida sempre foi uma mentira!
Lucia chegou no banheiro e acompanhou a briga, estava feliz, no alto de seu sadismo, ela estava gostando de ver o desespero de Carolina, ela alcançou seu objetivo, machucar a médica.
-- Parabéns, a festa inteira está escutando os gritos de vocês. – Bateu palmas –
Carolina lembrou do dia que foi flagrada naquele mesmo banheiro por Lucia e o que ela fez para manter o silêncio sobre o beijo que presenciou.
-- Por que você fez isso Lucia? – Samantha perguntou derrotada–
-- Para mostrar quem manda, meu amor, eu paguei o seu preço e de tabela o dela também. – Sorriu sarcástica --
Carolina ficou irada de raiva e saiu correndo do banheiro, Samantha corria atrás dela, Marcia estava esperando do lado de fora para tentar conversar com a médica, mas só viu as duas saindo feito duas balas pelas portas do colégio. Viu a discussão de longe, achou melhor chamar um taxi e ir para casa sozinha.
-- Carolina! – Gritava pela rua –
-- Vai para o inferno Samantha!
Carolina entrou no carro e deu a partida, Samantha tentou abrir a porta, mas a médica arrancou com o veículo. A modelo pegou o celular e tentou ligar diversas vezes para o celular da médica que tocava dentro da bolsa.
Lágrimas escorriam teimosas pelos olhos de Carolina, não queria acreditar que estava revivendo toda mágoa que sentiu no passado, pior, Samantha mentiu para ela todo o tempo, nunca teve um relacionamento verdadeiro com a loira, tudo foi uma grande mentira.
Pegou a estrada para casa, estava desnorteada, cansada de tanto sofrer, se deu conta que nunca seria feliz, nunca confiaria novamente em alguém. Tudo o que fez para a ex-namorada voltou em sua mente, ela se doou, mas não recebeu nada em troca, todo o amor que Samantha prometeu foi uma grande mentira.
No rádio do carro a música gritava com ela, parecia extravasar toda sua frustração.
Going Under Afundando Evanescence https://www.youtube.com/watch?v=CdhqVtpR2ts
Now I will tell you what I've done for you Agora eu vou lhe dizer o que fiz por você
Fifty thousand tears I've cried Eu chorei cinquenta mil lágrimas
Screaming, deceiving and bleeding for you Gritando, enganando e sangrando por você
And you still won't hear me E você ainda não me ouve
(Going under) (Afundando)
Don't want your hand Não quero sua mão
This time, I'll save myself Desta vez, eu me salvarei sozinha
Maybe I'll wake up for once Talvez eu acorde pela primeira vez
Not tormented daily Sem ser atormentada diariamente
Defeated by you Vencida por você
Just when I thought I'd reached t he bottom Bem quando pensei já ter chegado ao fundo
I'm dying again Eu estou morrendo de novo
I'm going under Eu estou afundando
Drowning in you Me afogando em você
I'm falling forever Eu estou caindo para sempre
I've got to break through Eu tenho que me libertar
I'm going under Eu estou afundando
Blurring and stirring the truth and the lies Obscurecendo e confundindo a verdade e as mentiras
So I don't know what's real and what's not Para que eu não saiba o que é real e o que não é
Always confusing the thoughts in my head Sempre confundindo os pensamentos na minha cabeça
So I can't trust myself anymore Para que eu não confie mais em mim mesma
I'm dying again Eu estou morrendo de novo
I'm going under Eu estou afundando
Drowning in you Me afogando em você
I'm falling forever Eu estou caindo para sempre
I've got to break through Eu tenho que me libertar
So go on and scream Então, vá em frente e grite
Scream at me, I'm so far away Grite comigo, eu estou tão distante
I won't be broken again Não serei despedaçada novamente
I've got to breathe Eu tenho que respirar
I can't keep going under
I'm dying again Eu estou morrendo de novo
I'm going under Eu estou afundando
Drowning in you Me afogando em você
I'm falling forever Eu estou caindo para sempre
I've got to break through Eu tenho que me libertar
I'm going under Eu estou afundando
I'm going under Eu estou afundando
I'm going under Eu estou afundando
Sentia-se traída de todas as maneiras possíveis, perdeu tanto tempo presa àquela lembrança que a vida passou por ela e ela não viveu.
Em uma curva fechada, um carro que vinha no sentido contrário perdeu a direção e invadiu a pista que Carolina ocupava, não deu tempo de desviar, Carolina não conseguiu ver a aproximação do carro com clareza por conta das lágrimas que enchiam seus olhos, os faróis cegaram sua visão e o barulho dos carros se chocando de frente foi ensurdecedor.
Como ela saiu apressada fugindo de Samantha, Carolina não colocou o cinto de segurança e com o impacto foi jogada contra o para-brisa do carro, bateu com a cabeça no vidro e o peito no volante. Sua visão ficou turva e ela desmaiou de dor.
Algumas pessoas que passavam pelo local do acidente pararam para tentar ajudar, o socorro foi chamado, a ajuda demorou a chegar, as pessoas achavam que Carolina estava morta pela gravidade do acidente.
Quando a ambulância chegou, constataram que a médica estava viva e correram para socorrer Carolina. A polícia chegou ao local e achou a bolsa de Carolina caída dentro do carro. Identificaram a motorista e a levaram para o hospital geral, que era o mais próximo. No telefone, ligaram para a última chamada que aparecia no visor, o celular de Samantha.
“Os olhos abriam devagar, incomodados com as luzes brancas e fortes que passavam indeterminadas nas pálpebras entreabertas. Ouvia vozes ao fundo, falando ao mesmo tempo, procedimentos executados, sinais vitais, dosagem de medicação. Tentou se mover, mas não conseguiu, foi quando percebeu que tinha um colete cervical em seu pescoço.
Sentiu dores percorrendo áreas do corpo que ela nem sabia que existiam, enquanto sentia o atrito das rodinhas no chão por um corredor extenso, sobre a maca, sendo levada para a sala de cirurgia, estava Carolina, 32 anos.
Alguns flashes passavam pela sua memória, lágrimas, visão embaçada, desespero, faróis altos cegando sua visão e freios no asfalto, após um estrondo de ferro se chocando contra ferro, tudo ficou distorcido e negro.
Ao ser posta na mesa de cirurgia, percebeu um médico trazendo uma máscara e a colocou em seu rosto. Queria falar, mas não conseguia.
-- Ficará tudo bem, você vai dormir agora.”
Fim do capítulo
Oi meninas.
E chegou o quase fim, penúltimo capítulo, rufem os tambores!
No próximo encerramos essa temporada e em janeiro volto com a continuação da história, será que Carolina acorda no próximo capítulo?
Carlos e Roberta finalmente deixaram o passado de lado e resolveram viver o presente.
Carolina e Ângela sentindo uma atração uma pela outra, será que dá certo?
Muitas perguntas, mas as respostas só no último capítulo.
Lanço o desafio, amanhã irei viajar e só volto na próxima semana na quinta-feira, se as senhoras e senhoritas desejarem muuuuuuito, comenterm e peçam pra eu postar o último capítulo amanhã antes de entrar no avião. Lembrem-se: só depende de vocês. Rsrsrs
Enfim, caso não volte aqui antes do último dia do ano, eu desejo a todas que 2019 seja repleto de conquistas e realizações para todas nós.
Obrigada pelo carinho, Mille e NovaAqui.
Beijos
Cris Lane
Lu, eu te amo!
Comentar este capítulo:
Zaha
Em: 04/01/2019
Oie amiga!!
Voltei agora fé madrugada, já que me sinto mt cansada até pra pregar os olhos!!
Entao aí apareceu o momento e a razão do acidente de Carol. Sabia q Lucia ainda namorava ela, acho q até comentei no começo.
Carol atraída por Angelica...ela se atrai fácil pelas pessoas. Para alguém q n confia ,é bem facil se atrair. Obvio que n curti isso!! E estou feliz que dps do q descobriu de Samantha n vai querer ter mais nada por um tempo...hahahaha. Estou maléfica!!!
Lúcia sempre invejosa, ciumenta e se as coiaascn saem como ela quer... Apesar dos acontecimentos tenho pena de Sam, presa a outra relação doente...os pais, agora Lúcia, td pela vida boa...sinto mta compaixão por ela achar q necessita disso para tapar o grande vazio do seu coração. Eu realmente acredito q as pessoas podem mudar, mas se a dor é mt grandes, as vezes falamos e n podemos nos permitir ser felizes. Sam acha q n merece e se pune sem saber.. nossos traumas nos faz sofrer n pelo q aconteceu e sim esse sentimento q ficou imprimido e q nos dar medo...e q ela prefere escapar...uma pena!!! Ao menos q n fique mais c Lúcia no futuro distante pq agora necessita...
É isso...ainda tenho esperancas em pessoas como Samantha e sempre será assim, ainda q n aconteça! Ela poderia ficar sozinha, mas livre de vícios....
Último capítulo lerei quando puder, tenho q dormir agora!
Beijos
Resposta do autor:
Oi Lai
Menina, você precisa descansar, tem que se cuidar, hein.
Sim, apareceu a razão do acidente, Lúcia e sua doença pior que a Samantha, e ela se aproveitou disso, tem Samantha como uma propriedade, apesar de saber que precisa se libertar de tudo isso ela ainda sente necessidade de ter esse poder que o dinheiro oferece.
E não é Angélica, é Ângela, por que você está trocando onome da coitada?
Carol tem medo de aprofundar as relações, o medo de confiar está nisso, mas atração ela sente, mesmo assim, forampoucas pessoas, mas tudo depende de como ela vai encarar essa segunda chance que recebeu, ou ela volta e continua nesse chove e não molha ou vai se entregar a uma paixão finalmente.
Durma bem amiga.
Beijo
Cris
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Sem cadastro
Em: 04/01/2019
Oie amiga!!
Voltei agora fé madrugada, já que me sinto mt cansada até pra pregar os olhos!!
Entao aí apareceu o momento e a razão do acidente de Carol. Sabia q Lucia ainda namorava ela, acho q até comentei no começo.
Carol atraída por Angelica...ela se atrai fácil pelas pessoas. Para alguém q n confia ,é bem facil se atrair. Obvio que n curti isso!! E estou feliz que dps do q descobriu de Samantha n vai querer ter mais nada por um tempo...hahahaha. Estou maléfica!!!
Lúcia sempre invejosa, ciumenta e se as coiaascn saem como ela quer... Apesar dos acontecimentos tenho pena de Sam, presa a outra relação doente...os pais, agora Lúcia, td pela vida boa...sinto mta compaixão por ela achar q necessita disso para tapar o grande vazio do seu coração. Eu realmente acredito q as pessoas podem mudar, mas se a dor é mt grandes, as vezes falamos e n podemos nos permitir ser felizes. Sam acha q n merece e se pune sem saber.. nossos traumas nos faz sofrer n pelo q aconteceu e sim esse sentimento q ficou imprimido e q nos dar medo...e q ela prefere escapar...uma pena!!! Ao menos q n fique mais c Lúcia no futuro distante pq agora necessita...
É isso...ainda tenho esperancas em pessoas como Samantha e sempre será assim, ainda q n aconteça! Ela poderia ficar sozinha, mas livre de vícios....
Último capítulo lerei quando puder, tenho q dormir agora!
Beijos
Resposta do autor:
Oi Lai
Menina, você precisa descansar, tem que se cuidar, hein.
Sim, apareceu a razão do acidente, Lúcia e sua doença pior que a Samantha, e ela se aproveitou disso, tem Samantha como uma propriedade, apesar de saber que precisa se libertar de tudo isso ela ainda sente necessidade de ter esse poder que o dinheiro oferece.
E não é Angélica, é Ângela, por que você está trocando onome da coitada?
Carol tem medo de aprofundar as relações, o medo de confiar está nisso, mas atração ela sente, mesmo assim, forampoucas pessoas, mas tudo depende de como ela vai encarar essa segunda chance que recebeu, ou ela volta e continua nesse chove e não molha ou vai se entregar a uma paixão finalmente.
Durma bem amiga.
Beijo
Cris
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Endless
Em: 26/12/2018
Eita, autora! Manda o último capítulo para dar sorte na entrada de ano de suas humildes leitoras! Please!
No aguardo!
Resposta do autor:
Oi Endless
Bem vinda aos comentários!
Então, estou aqui pensando no que fazer, estou correndo pra arrumar tudo. Mas acho que vou fazer uma graça pra vocês.
Beijos
Cris Lane
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lis
Em: 26/12/2018
Opa opa opa senhorita autora nada de avião antes de postar o próxima hein, por favor, não vai dar para esperar até semana que vem não, tu nos deioxou viciadas na sua estória. Bacana a Roberta e o Carlos conversarem e reatarem pois ainda há muito amor entre eles e acredito que eles consigam superar as dores do passado e serem felizes juntos;
Então Carol tb está apaixonada pela Angela isso é muito bom pois acho que elas tb vão conseguir se entender e serem felizes, pois Carol precisa de alguem que cuide dela que some com ela, ela até dispensou a surfista por estar a espera da sua cara medade, torço muito por elas.
Afffffffffffffff Samantha para variar só apronta e decepciona a Carol ta mais que provado que ela é destrutiva e não adianta tentar ajudar pois ela só acaba levando a pessoa para a destruição tb, poxa essa Lucia tb hein só sabe jogar baixo .
Resposta do autor:
Oi Lis
Estou na porta do avião hein!!! kkkk
Pois é, Carlos e Roberta, enfim juntos, uma hora esse sofrimento tinha que acabar, não é?
Carol está com uma pulguinha atrás da orelha com relação a Ângela, vamos ver o que acontece.
Lucia e Samantha, uma dupla explosiva, literalmente, não tem o que dizer.
Obrigada pelo carinho.
Um Feliz Ano Novo!
Beijos
Cris Lane
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Mille
Em: 26/12/2018
Olá Cris
No início emoção com a conversa do Carlos e Roberta, bom eles estão recomeçando.
Ah mais num é que a Lucia tinha que está metida como suspeitei. Pensa numa mulher baixa realmente Samantha e Lucia se merecem.
Olha aí para dizer que a Carol e Ângela já sentiam é dona Cris seria judiação a Ângela despertar a a Carol neste último capítulo. Até porque é Carlos, Roberta, Ângela, Izabel, Raquel e todos que conhecem estão aflitos. Fora nós leitoras ansiosas pelo retorno dela e que viva um amor com sua cara metade.
É claro que quero o próximo amanhã.
Bjus e até o próximo capítulo
Uma ótima viagem e um excelente passagem de ano. E 2019 venha repleto de coisas boas e muitas inspirações.
Resposta do autor:
Oi Mille
Carlos e Roberta mereciam essa conversa.
Você suspeitou da Lúcia? Então acertou em cheio.
Carol está sentindo algo por Ângela, vamos ver o que acontece.
Obrigada pelo carinho.
Feliz 2019.
Beijos
Cris Lane
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NovaAqui
Em: 26/12/2018
Então o interesse é mútuo? Carol também olha com gula para Ângela. Isso ficará bom.
Tomara que Carolina acorde e dê de cara com sua residente.
Então a culpada pelo acidente da médica é Lúcia? Que mulherzinha duzinferno
Agora é esperar o próximo
Feliz virada de Ano
Feliz Ano Novo!
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Oi NovaAqui
Sim! O interesse é mútuo, aguarde...
Lúcia não é flor que se cheira, juntou com Samantha, piorou.
Obrigada pelo carinho.
Feliz 2019!
Beijos
Cris Lane
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