Capítulo 27 - Plano infalível
Ângela chegou para o seu plantão e foi direto para a UTI onde Carolina estava, queria ter certeza que a médica estava estável. Entrou e foi verificar o prontuário, fez todas as verificações, trocou o soro que estava terminando por um novo e sentou ao lado da cama.
Aproveitou aquele momento em que sabia que ali estaria calmo, fora do horário de visitas e se deteve em um momento íntimo com a cardiologista.
Olhava o semblante calmo de Carolina, os olhos fechados como se dormisse em paz, como se fosse acordar a qualquer momento e era exatamente isso que ela desejava com todas as suas forças.
Por mais que ela tenha lutado para sufocar aquele sentimento que cresceu dentro dela absurdamente, ela não conseguiu. Estava apaixonada por Carolina e queria viver esse sentimento, queria cuidar dela, ser seu porto seguro, queria participar da vida da cardiologista, o único problema seria saber se Carolina se entregaria a esse relacionamento como ela desejava, tinha medo de ver seu amor acordar, mas não sentir nada por ela e acabar sofrendo com essa rejeição.
Um pouco hesitante segurou a mão da sua mentora, no pequeno quarto frio, apenas o barulho dos aparelhos que mantinham a vida de Carolina ditava algum som. Ângela sentiu necessidade de conversar com a médica.
-- Doutora Carolina, não desista, por favor. – Levou a outra mão até o ombro da médica – Nós precisamos de você aqui. – Fazia carinho em Carolina –
A médica em seu sono induzido sentia a presença da residente, sentia o toque macio, carinhoso, terno que tentava lhe encorajar. Carolina estava a tanto tempo na escuridão, que não sabia como voltar para a luz. Foram tantos momentos terríveis de sofrimento, mas ela não poderia esquecer das conquistas. Valia a pena lutar para voltar? Ela não sabia o caminho que precisava percorrer.
Ângela não percebeu o tempo passar enquanto estava ali ao lado de sua paixão, Izabel estava procurando a residente, achou que ela não teria chegado ainda, foi até a UTI olhar Carolina quando encontrou a residente sentada ao seu lado velando seu sono.
-- Ângela. – disse baixinho –
-- Oi. – Olhou para a chefe de cirurgia –
Percebeu sua situação e soltou a mão da cardiologista, levantou envergonhada da cadeira.
-- Doutora Izabel, desculpe, eu só estava aqui verificando a doutora Carolina. – Esfregava as mãos no jaleco –
-- Calma Ângela, calma. – Sinalizava com as mãos para a garota se acalmar – Vem aqui.
A garota olhou novamente para a mentora como se não quisesse sair de perto dela, mas obedeceu a Izabel. A cirurgiã abriu espaço para a residente passar e a conduziu até o seu consultório.
Ângela ficou assustada, achou que receberia uma advertência, pensou que teria passado dos limites, não sabia o que esperar daquela conversa.
-- Ângela, vamos conversar um pouco. – Apontou a cadeira em frente à sua mesa – Sente-se.
-- Doutora Izabel, desculpa, por favor, não me dê nenhuma advertência, eu prometo que não acontecerá mais, eu juro que só estava lá... – Foi interrompida –
-- Ângela, menina, calma. – Apontou a cadeira novamente – Senta aí.
Ângela sentou e ficou quieta, resolveu que era melhor ficar calada para não se complicar mais.
-- Ângela, eu não vou te aplicar nenhuma advertência, você precisa se acalmar.
-- Desculpe doutora Izabel, é que eu ando meio nervosa mesmo.
-- Eu sei, todos estamos nervosos com a situação de Carolina, estamos ansiosos e queremos que ela se recupere logo, não é verdade?
-- Sim. Com certeza. – Enlaçou os dedos sobre as pernas –
-- Ângela, o que eu preciso conversar com você é sobre sua aproximação com Carolina. Eu percebi nesses últimos dias que você está com um cuidado extremo com relação a ela. Não que isso seja ruim. Mas eu me preocupo com você. – Debruçou-se sobre a mesa --
-- O que a senhora quer dizer com isso? – Encolheu-se na cadeira --
Ângela temia ter sido descoberta por Izabel, não queria ter que lidar com um sermão por causa de sua paixão pela médica, encolheu-se na cadeira como um cão acuado, sem saber o que fazer.
-- Ângela, Carol é uma mulher incrível, inteligente, carismática, divertida, uma pessoa maravilhosa, mas muito sofrida também, ela carrega um peso que eu nunca a vi descansar.
A residente ouvia atentamente o relato da chefe, já havia percebido isso na Cardiologista, que ela apesar de estar sempre com um sorriso no rosto, tinha marcas muito profundas que não conseguiam cicatrizar, ela era sempre muito calada, discreta mas com uma certa tristeza que acompanhava seu olhar.
-- Ela nunca se entregou a nenhum relacionamento, ela simplesmente não consegue confiar. Eu temo que você venha se machucar com esse lado sombrio dela, caso ela acorde e você consiga conquista-la.
-- Doutora Izabel, eu não sei do que a senhora está falando. – Disse incomodada –
Ângela percebeu que Izabel já sabia dos seus sentimentos, ela tentava esconder a todo custo, mas não conseguia mais.
-- Não se preocupe, eu não estou te repreendendo, acho que você é uma mulher com as mesmas qualidades da Carolina. Você parece com ela quando ela começou a trabalhar aqui, eu já havia percebido isso. Mas vai com calma, Carolina não é uma mulher qualquer e você pode se magoar muito nesse processo.
Ângela sorriu, tomou aquilo como um elogio, sabia das qualidades da cardiologista e do quanto Izabel confiava nela, isso elevou sua confiança no trabalho que estava fazendo no hospital.
-- Obrigada, eu vou tomar isso como um elogio. – Sorriu –
-- Mas é para tomar mesmo. Eu admiro muito Carol, ela é minha amiga e eu também me preocupo com ela. Eu só quero que você vá devagar, não crie expectativas, nós não sabemos se a cirurgia deu certo ou como ela irá acordar, eu não quero que você perca essa garra que você tem.
-- Essa conversa então não era pra me repreender?
-- Não, Ângela, era apenas para lhe alertar, eu não me preocupo em vocês duas namorarem se assim acabar acontecendo, vou até gostar, eu quero ver a felicidade de Carol, e se por acaso ela a encontrar com você eu ficarei muito feliz.
-- A senhora acha que ela não vai acordar? – Entristeceu –
-- Eu não sei Ângela, nós não podemos garantir, Raquel disse que correu tudo conforme o esperado, mas Carolina precisa se empenhar para voltar, ela precisa reagir.
-- Enquanto isso nós esperamos, não é?
-- Sim. Só nos resta esperar.
Março de 2012
Carolina aproveitou o carnaval e tirou alguns dias de férias para ir visitar o irmão em Macaé e conhecer a sobrinha que nasceu no final do ano. Só tinha visto Manuela através de fotos.
Ficou hospedada na casa do irmão, ele estava muito feliz com o nascimento da filha, mas não com o relacionamento que tinha com a mãe da menina, assim como Roberta, ele ainda tinha aquele sentimento guardado esperando para ser vivido, para ele, aquela parte de sua vida estava incompleta, não tinha sido fechada.
Carolina estava com a sobrinha no colo, sentada no sofá da sala, enquanto conversava com Carlos e Gabriela.
-- Ela é linda gente! – Fazia brincadeiras para a menina – Ela parece mais com você, irmão.
-- Pois é, Gabi fica chateada quando dizem isso, mas não tem o que fazer. Ela puxou a beleza do pai. – Riu –
-- Que ela puxe a minha inteligência pelo menos. – Bateu na perna dele rindo –
-- E como está no hospital? Muito trabalho com os pirralhos?
-- Pirralhos. – Riu – Meus residentes não têm nada de pirralhos. – Ninava a sobrinha – Está indo bem, eu achei que não daria conta, mas estou surpresa com o resultado, o programa ganhou mais departamentos, agora temos um departamento de cardiologia bem equipado, com aparelhos novos, está muito legal. – Sorria orgulhosa --
-- Que bom, eu sabia que você daria conta do recado. Você é muito inteligente mana, tira de letra.
-- Carlos está sempre falando de você aqui, diz pra todo mundo que a irmã é médica e enche a boca pra falar que é uma gata! – Apontou para o rapaz –
-- Que isso Carlos, está tentando arrumar marido para mim? – Riu –
-- Marido não né, Carol, uma mulher pelo menos.
Carolina ficou sem graça, não tinha intimidade com Gabriela para discutir essas coisas no meio da sala.
-- Não liga Carol, eu sei que você gosta de mulheres, Carlos já me contou. Não precisa ficar sem graça.
-- Você poderia pelo menos ter me avisado né, Carlos. – Repreendeu o irmão --
-- Carol, já está na hora de você deixar alguém se aproximar, minha irmã, aquela fase ruim já passou, você merece ser feliz.
Carolina pensou consigo que Carlos tentava encorajá-la, mas também não estava feliz com o casamento dele. Ela conhecia o irmão e percebia que não existia muito envolvimento dele com Gabriela.
-- Ela dormiu.
-- Eu vou coloca-la no berço.
Gabriela levantou e pegou a filha para levar para o quarto. Deixou os irmãos sozinhos na sala.
-- Você quer beber alguma coisa? – Carlos levantou –
-- Só água.
Carlos foi na cozinha e trouxe água para a irmã e abriu uma cerveja para ele.
-- Desde quando você bebe? – apontou para a lata em sua mão –
-- Só as vezes, não sou de beber muito, mas aprendi com o pessoal do estaleiro. – Levantou a lata – Tim Tim.
-- Carlos, você está feliz? – levantou e foi até a janela –
Carlos ficou olhando para a lata em suas mãos e não sabia o que responder. Levantou também e encostou ao lado da irmã.
-- Eu estou porque minha filha está com saúde, e porque você está aqui. – Encostou o ombro em Carolina –
-- Mas...
-- Mas não estou feliz no geral, Gabriela é uma moça boa, bonita e guerreira, mas não é a mulher que eu amo de verdade. – Olhou para dentro da sala – Nossa relação desgastou um pouco, a gravidez foi um acidente de percurso, mas não me arrependo, entende?
-- Eu sei que não. – Parou um pouco -- Por que você está com ela então? – Bebeu o último gole de água –
-- Não sei, para não ficar sozinho, é muito difícil estar longe de você, me sinto muito sozinho aqui. – Tomou um gole de cerveja – E agora tem a Manu.
Carolina olhava o quintal de um gramado verde e bem aparado, o carro de Carlos estava parado na garagem, ela ponderou que o rapaz estava bem financeiramente, mas assim como ela, sua vida amorosa poderia ter sido melhor, lembrou de Roberta, da conversa que tiveram quando ela contou que o irmão teria um bebê e resolveu contar pra ele, na tentativa de fazer com que ele tomasse alguma atitude ou pelo menos quisesse reencontrar a ex-namorada. -- Roberta ainda te ama.
-- Não é o que eu queria ouvir. – Saiu de perto da irmã – Isso não facilita as coisas.
-- Você poderia voltar a morar em Niterói. Os estaleiros lá estão trabalhando bem também. – Virou para dentro da sala.
-- Aqui eles pagam melhor. Por enquanto eu acho melhor não arriscar. – Sentou no sofá –
-- Tudo bem, foi só uma sugestão. – Ficou olhando para o copo em sua mão – Você não quer mesmo saber nada sobre ela?
Carlos pensou por um momento, queria sim, queria saber tudo sobre ela, mas como sempre, em sua defesa ele preferia não saber, preferia a ignorância para não sucumbir ao desejo de reencontrá-la, ele guardava muita mágoa e não sabia como seria uma conversa entre os dois.
-- Não, é melhor assim.
Gabriela voltou do quarto e sentou ao lado de Carlos interrompendo a conversa. Abraçou o rapaz e o beijou. Eles sorriram e tudo parecia calmo, mesmo não sendo o idealizado, Carlos estava tranquilo, tinha estabilidade e uma família. Estava feliz em ser pai, mas sentia um vazio em seu coração, pois faltava um pedaço dele, faltava aquele bebê que ele e Roberta perderam, e faltava Roberta, que era a mulher da vida dele.
Roberta o expulsou de sua vida, não soube lidar com a dor, e culpou a todos por aquela consequência. Ele ainda tinha cicatrizes não curadas no seu coração, e sabia que Roberta também tinha, mas preferia manter a distância enquanto ela não o chamava para conversar.
Carolina deixou os dois na sala e resolveu caminhar na praia, a cidade estava mais cheia do que o costume por conta do feriado do carnaval, levou uma canga e seu protetor solar, uma garrafa de água, seus óculos escuros e um boné para proteger o rosto do sol.
Chegou em um lugar mais calmo e resolveu sentar para admirar o mar. Carolina não sabia nadar, mas adorava o mar, naquela praia ela não iria se aventurar, os surfistas que aproveitavam as fortes ondas para se divertir.
Carolina retirou a canga da cintura e estendeu na areia, colocou o protetor em seu corpo e sentou para olhar as ondas, não tinha nenhuma sombra que ela pudesse usar para se esconder do sol que iluminava aquele dia quente de carnaval, pensou que não ficaria ali por muito tempo, mas alguém chamou sua atenção.
Avistou alguns surfistas ao longe, pegando boas ondas naquela tarde ensolarada de domingo de carnaval. Agradeceu mentalmente pela vida que tinha naquele momento. Queria muito que sua mãe estivesse viva, aproveitando as melhores condições que ela e seu irmão podiam desfrutar.
A lembrança de sua mãe a fez se emocionar, e algumas lágrimas surgiram teimosas em seus olhos, seis anos e parecia que não tinha passado nem um dia. Fechou os olhos e as lágrimas caíram, escorreram pelo seu rosto sem nenhum pudor. Limpou o rosto com sua camiseta e limpou os pensamentos depois de rezar por sua mãe.
Voltou a encarar o mar. As ondas batendo na arrebentação, a água invadindo a areia como se fosse um carinho roubado aliviando o ardor do sol.
Assistiu uma pessoa em uma prancha de body board pegar uma onda e sair do mar. A mulher levantou da água como uma sereia, jogou os cabelos para trás, e pegou a prancha que deslizava sobre a espuma das ondas batendo na areia.
Aquela visão lhe desviou os pensamentos, agradeceu por estar usando óculos escuros, abraçou os joelhos e ficou admirando a surfista de pele bronzeada caminhando para fora do mar. Ela olhava em volta para se situar, tentando lembrar onde tinha deixado suas coisas.
Um leve sorriso surgiu no rosto de Carolina, sentiu uma atração forte por aquela mulher, mas se limitou a fantasiar apenas em sua mente aquela boca ressecada pela água salgada lhe beijando. Os cabelos claros, queimados do sol caindo sobre seu rosto e o gosto de mar em sua boca.
Foi tirada de suas fantasias ao perceber que aquela moça caminhava para sua direção. Ajeitou sua canga e deitou tentando disfarçar o interesse.
A surfista passou por ela e jogou a prancha na areia mais atrás, tinha mais duas mulheres sentadas em cadeiras bebendo cerveja. A surfista retirou a blusa de borracha e exibiu suas lindas curvas moldadas pelos anos de prática de esportes.
Carolina não conseguiu desviar o olhar e ficou admirando aquela linda visão. Ouviu uma parte da conversa das amigas depois que passou a prestar atenção na linda surfista.
-- Amiga, me passa uma garrafa de água. – A surfista pediu –
Carolina ouviu sua voz, e achou linda. Virou de bruços e deitou a cabeça na direção das três mulheres para ficar admirando mais um pouco sua deusa marítima.
-- Você não cansa de ficar enfiada dentro desse mar o dia inteiro não, Claudia? – entregou a garrafa --
-- Não, você sabe que o mar me acalma. – Bebeu um bom gole da água --
Seu nome é Claudia, lindo! Carolina conseguiu descobrir seu nome, só não tinha motivo nem coragem para se aproximar, não sabia ser como Raquel, que ia atrás do que queria. Continuou apenas imaginando aquela mulher linda em seus braços, recebendo seus carinhos. Sentiu saudades da amiga, Raquel com certeza daria um jeito de se aproximar da surfista e não sairia daquela praia sem pelo menos beijar aquela boca tão convidativa.
O sol estava muito forte e Carolina não gostava muito de ficar torrando a pele e já estava ficando incomodada, virou de frente novamente e levantou ficando sentada. Voltou a olhar o mar, queria se molhar, mas estava com medo de entrar na água e acabar sendo puxada.
Olhou de um lado para o outro, mas não viu nenhum chuveiro para se refrescar, acabou cedendo à necessidade de se molhar.
-- Ah, só vou molhar as pernas e jogo água no corpo sem mergulhar.
Bolou um plano infalível, lembrou-se do Cebolinha, só faltava falar o “L” no lugar do “R”, riu do pensamento bobo, mas como no desenho, todo plano infalível tem suas falhas. Levantou e caminhou ressabiada até a beira da praia, não estava muito longe de onde a água estava batendo. Ficou um tempo observando o mar, examinando onde poderia entrar sem correr tanto perigo.
Caminhou um pouco para o lado e tomou coragem para se refrescar. Deu dois passos para dentro da água e abaixou para molhar os pulsos, a água ainda não era suficiente, deu mais dois passos e já recebeu uma onda maior, conseguiu molhar os braços e parte das pernas, deu mais dois passos e... deu um grito, a praia tinha muitos buracos, em um minuto estava com água nos joelhos e no outro estava com água no pescoço.
Nesse mesmo momento, uma onda veio e encobriu a cabeça de Carolina, a médica não sabia o que fazer e o desespero tomou conta, quando conseguiu subir para respirar, outra onda a encobriu e a arrastou para longe da areia, na terceira onda ela já estava sem fôlego para subir novamente, achou que iria morrer ali naquela praia.
Em uma última tentativa de subir para respirar, Carolina foi até a superfície e foi arrastada novamente para o fundo, quando sentiu braços lhe segurando e puxando para cima.
Estava quase afogada, rendida para o mar quando essas mãos abençoadas a puxaram para fora da água e ela pôde respirar, mas nem conseguiu comemorar pois logo desmaiou.
Aqueles braços fortes envolveram seu pescoço e a puxaram para fora do mar. Não sabia o que tinha acontecido, imaginou que algum dos surfistas tinha visto seu desespero e foi ajuda-la.
Seu corpo foi colocado na areia e aquelas mãos começaram a fazer massagem em seu coração, em seguida respiração boca a boca, mais massagem e outra sessão de boca a boca, até que Carolina voltou a respirar bem, cuspindo aquela água salgada que ardeu sua garganta.
Abriu os olhos devagar tentando se situar e viu em sua frente a imagem turva de Claudia, a surfista que ela estava admirando a alguns minutos, além de linda era corajosa, Carol ficou mais atraída ainda. Não tinha se afogado de propósito, mas depois pareceu um plano perfeito, tirando o fato que ela poderia ter morrido de verdade, piscou lentamente se recompondo, ainda respirava com certa dificuldade.
Sentou na areia meio tonta ainda, estava envergonhada, tinham algumas pessoas em volta olhando para ela. Por um momento de lucidez, conferiu o biquíni que estava fora do lugar, ajeitando o mesmo.
-- Fabi, pega água pra ela, por favor. – Segurou o braço de Carolina – Você está melhor?
-- Sim. – Tossiu – Acho que sim. Obrigada.
A amiga da surfista trouxe uma garrafa de água e entregou a Claudia que a abriu e estendeu para Carolina.
-- Toma, bebe um pouco vai te fazer bem.
Carolina bebeu alguns goles da água que Claudia ofereceu, estava com a garganta doendo por causa do sal da água do mar que engoliu a baldes, estava envergonhada, não acreditava que tinha feito aquele papelão na praia e logo ela foi sua salva-vidas, se pudesse abria um buraco na areia e sumia feito um Tatuí.
Entregou a garrafa a Claudia e agradeceu. Fez menção de levantar e Claudia ofereceu a mão para ajudar. Ela aceitou e conseguiu levantar. Aquele simples contato arrepiou o corpo de Carolina.
-- Vem, eu te ajudo a chegar na sua canga. – Abraçou Carolina –
-- Eu estou bem. Foi um grande susto.
-- Você quase morreu. Se eu não tivesse visto, você não iria conseguir voltar.
Chegaram na canga de Carolina e ela deitou, ainda estava um pouco tonta. Claudia sentou ao seu lado e ficou observando a mulher linda que estava ali meio descabelada pela revolta das ondas que quase lhe roubaram a vida, aproveitou esse momento para perceber os detalhes do rosto da médica, linda!
-- Você sabe nadar? – Puxou assunto --
-- Não. – Fechou os olhos –
-- Por que foi no mar então? Você não é daqui né?
-- Não, eu sou de Niterói, vim visitar meu irmão que está morando aqui. – Respirava ofegante –
-- O que você foi fazer no mar sem saber nadar? Aqui é perigoso, as ondas são muito fortes.
-- Eu só queria me molhar, eu não fui mergulhar. Só que eu caí em um buraco e não consegui mais voltar. – Sentou-se --
Carolina pegou sua garrafa de água e jogou no rosto para tirar o sal, pegou sua camiseta e secou os olhos.
-- Qual é o seu nome, moça?
-- Carolina. E o seu? – Fingiu que não sabia –
-- Claudia. Muito prazer.
-- Obrigada Claudia, por me ajudar. Eu teria morrido se não fosse você.
-- De nada moça. Vê se você se cuida. Vai para casa descansar.
Claudia levantou e saiu, voltou para suas amigas, ficou de lá observando Carolina enquanto a médica pegava suas coisas. A médica resolveu voltar pra casa e tomar um banho para descansar.
O restante da água da garrafa Carolina bebeu, ainda estava sentindo o ardor do sal em sua garganta. Pegou suas coisas e saiu caminhando devagar sob os olhares analíticos de Claudia.
Olhou para trás e encontrou aqueles olhos castanhos lhe fitando e sorriu sem graça, deu um tchau tímido e voltou a caminhar.
Já no calçadão, Carolina batia com a canga para tentar tirar a areia de seu corpo, colocou os óculos e voltou a caminhar. Sentia que carregava a praia inteira dentro da calcinha do biquíni de tanta areia que estava dentro da pequena peça.
-- Dá pra construir um prédio inteiro com essa areia que está dentro da minha calcinha! – Resmungava – Que ótimo Carolina!
-- Acho melhor acompanhar a moça. – Claudia disse atrás dela –
Carolina tomou um susto e pensou o que ela poderia ter ouvido de suas reclamações, mas olhou para a surfista e sorriu. Não sentia necessidade de ser acompanhada, mas ter mais um pouco do tempo de Claudia não faria mal algum.
-- Eu estou bem, meu irmão mora aqui perto. – Apontou em uma direção –
-- Eu faço questão. – Queria ficar mais tempo com aquela mulher que ela acabou de salvar --
-- Então tá. – Deu de ombros --
As duas começaram a caminhar, Carolina estava sem graça, mas queria saber mais sobre aquela linda mulher que lhe chamou tanto a atenção.
-- Você é daqui? Nascida aqui em Macaé?
-- Sim, nascida e criada. Conheço esse mar de cabo a rabo. – Sorria – Eu me dou melhor com ele do que com as pessoas.
-- Eu te entendo. – Abraçou a canga – Eu também tenho minhas restrições com pessoas.
-- E onde você descarrega sua ansiedade? – Olhou para Carolina –
-- No hospital. Eu sou médica, aí quando eu estou com muitos problemas eu me enterro no trabalho.
-- Eu sou bióloga. Estudei biologia marinha.
-- Não imaginava outra coisa. – Sorriu –
Caminhavam pela rua de Carlos, quando chegaram em frente à sua casa, Carolina parou e indicou que chegou o ponto final.
-- Chegamos, ele mora aqui.
-- Ah sim. – Olhou para o portão – Então está entregue. Não entra mais nesse mar, tá.
-- Pode deixar, muito obrigada mais uma vez.
Claudia ficou ali parada olhando para Carolina, não queria ir embora e perder o contato com a médica que mexeu com seus instintos, as duas se olhavam sem se mover, pareciam que estavam hipnotizadas, até que um portão abrindo com um grupo de adolescentes barulhentos saindo para a praia as tirou daquele transe.
-- Prazer Carolina. – Espalmou a mão em um aceno --
-- Prazer Claudia. – Sorriu --
A surfista saiu caminhando de volta para a praia, Carolina ficou observando, algumas vezes ela olhou para trás como se estivesse fotografando aquele rosto.
Chegando em casa, contou a Carlos que quase morreu afogada e que foi salva por uma surfista que estava próximo a ela.
-- Carol, mas que loucura, essa praia aqui é muito forte. Você não sabe nadar.
-- Eu não sei mesmo. Mas eu só fui me molhar, eu nem queria mergulhar, só que a praia não é uniforme, eu caí em um buraco e não consegui mais voltar.
-- Minha nossa, não me faz uma coisa dessas, maninha. –Abraçou a irmã –
-- Eu estou bem. Pelo menos agora eu estou. – Riu --
Gabriela chegou com a filha no colo.
-- O que houve? – Olhou para Carolina – Você está com uma cara péssima. O passeio não foi bom?
-- Foi sim, tirando o fato de quase ter morrido afogada, foi legal. – Deu de ombros –
-- Menina! Como foi isso? Você não sabe nadar? – Colocou Manuela no carrinho –
Carolina narrou tudo o que aconteceu na praia e o medo que sentiu ao ser puxada pela correnteza, e como foi salva pela surfista que a encantou.
-- Você está com um machucado nas costas.
-- Aonde? – Virou –
-- Aqui. – Tocou próximo – Está ralado. Deve ter sido na areia.
-- É bem provável, eu ainda não senti dor, mas a hora que a água bater vai arder.
-- Vai tomar um banho, eu vou preparar um lanche para gente. – Carlos se ofereceu –
Carolina tomou seu banho, Gabriela ajudou a colocar uma pomada no machucado nas costas e os três sentaram para lanchar. Manuela dormia calmamente no carrinho.
-- Ela é muito calminha né. Linda da tia. – Olhava para a menina –
-- Na verdade, nós queríamos saber se você aceita ser madrinha dela. – Gabriela fez o pedido –
Carolina os olhou emocionada. – Eu?
-- Sim, ninguém melhor que você irmã. O padrinho é um primo da Gabi. Eu quero muito que você aceite.
-- Mas eu moro tão longe.
-- Mais um motivo para você voltar mais vezes. – Gabriela sorriu –
-- Ai gente, que emoção! Eu aceito. Claro! Será uma honra!
-- Muito bom, vamos marcar para o próximo mês, tudo bem?
-- Sim, eu estarei aqui.
E assim, Carolina ganhou um novo motivo para levantar todos os dias, aquele pacotinho de gente agora era uma responsabilidade em sua vida. Ela faria de tudo para estar presente na vida de sua afilhada.
À noite, Gabriela foi deitar cedo com a filha, Carlos e Carolina ficaram assistindo aos desfiles de escola de samba do Rio. Conversavam sobre alguns detalhes, comiam biscoitos e salgadinhos.
Carolina não perdeu a imagem daquela surfista que lhe ajudou na praia de manhã. Queria conhecê-la melhor. Conversar, agradecer mais uma vez por ter salvo sua vida.
Na manhã seguinte, Carolina voltou à praia com Carlos, Gabriela ficou em casa com a filha, para evitar o sol em Manuela.
Carolina sentou em uma cadeira de praia que Carlos havia levado enquanto o irmão foi nadar no mar. Diferente dela, ele sempre soube nadar e gostava de surfar, aprendeu com os amigos que fez em Macaé depois que foi morar ali.
Dessa vez ele levou uma barraca e colocou para a irmã ficar na sombra. A praia parecia mais cheia do que no domingo. A médica colocou seus óculos escuros e ficou apenas observando o mar. Carlos levou sua prancha e acabou encontrando alguns amigos.
Carolina colocou fones no ouvido e ligou o rádio do celular, ficou ouvindo música enquanto relaxava.
Fechou os olhos e se deixou apenas descansar, sua rotina era muito puxada, com plantões cansativos, muito trabalho com o novo cargo de chefia, estava sempre estudando para se aprimorar. Poucas vezes no ano conseguia se afastar do hospital para tirar um descanso.
Enquanto estava com a mente longe, escutando sua música, escutou uma voz longe chamando seu nome. Abriu os olhos e reconheceu Claudia, a surfista linda que a ajudou no dia anterior. Carolina tirou os fones do ouvido e sorriu para a morena.
-- Oi Carolina. Você está melhor?
Claudia estava em pé na sua frente, com a prancha nas mãos, tinha acabado de sair do mar, Carolina olhou para aquela visão dos deuses, o corpo bronzeado tinha as gotas da água do mar escorrendo como se estivessem acariciando cada pedaço de mal caminho que estava enlouquecendo Carolina. Em seus pensamentos ela já não conseguia mais segurar aquele desejo que estava sentindo e estava gostando disso, finalmente estava se sentindo mais livre.
-- Sim, eu estou, obrigada. E você, como está? – Levantou da cadeira –
A surfista cravou a prancha na areia e olhou a médica com um sorriso no rosto, estava louca de desejo por Carolina, queria mais dela.
-- Eu estou bem. Você não resolveu entrar na água hoje não né?
-- Não. – Riu – Vou deixar essa tarefa pro meu irmão, ele que foi surfar hoje. Se eu quiser me molhar ele me traz água no baldinho, eu roubei da minha sobrinha. – Apontou para um balde de brinquedo e piscou –
-- Ótimo, eu vim só me certificar que eu posso surfar tranquila. – Piscou de volta–
Carolina observou com mais detalhes o rosto da mulher linda que estava ali na sua frente, os olhos castanhos claros, ficavam quase cor de mel com a luminosidade do sol. A pele bronzeada, percebeu uma covinha quando Claudia sorria, era um deleite aos seus olhos.
-- Pode ficar tranquila. Hoje eu estou acompanhada.
Carlos chegava perto das meninas, chegou sacudindo os cabelos molhados, com a roupa de borracha abaixada até a metade da cintura. Ele se tornou um homem muito bonito, seu corpo estava malhado, Carolina se perguntou quando ele ficou assim que ela não tinha percebido.
-- Oi Claudinha. – Beijou a surfista – Já conheceu minha irmã?
-- Vocês se conhecem? – Perguntou atônita –
-- Então a afogada é sua irmã? Que mundo pequeno! – Cruzou os braços –
-- Como você sabe que ela se afogou? – Cravou a prancha na areia –
-- Foi ela quem me ajudou ontem. – Carolina apontou para a surfista –
-- Ah então foi você que salvou Carol do mar? – Abraçou a amiga – Obrigado, não sei o que seria de mim se eu perdesse ela também.
-- Não se preocupe, foi um enorme prazer. – Olhou para Carolina com uma certa maldade –
-- Vocês se conhecem de onde?
-- Claudinha é irmã de um amigo que trabalha comigo, foram eles que me ensinaram a surfar.
-- Pô Carlinho, como você deixou a menina vir ontem sozinha e não explicou como é o mar aqui?
-- Eu não sabia que ela ia na água, Carol nunca foi de entrar no mar. Sempre teve medo. – Limpou o rosto com uma toalha --
-- Não é medo, é respeito. – Levantou o indicador – Eu não sei nadar, então eu respeito o mar.
-- Sei. – Claudia riu –
-- Senta aqui com a gente, eu trouxe cerveja, quer?
-- Agora não, ainda vou cair no mar, não gosto de beber antes de surfar.
-- Verdade, eu não vou mais, então vou começar o trabalho. – Mexeu no isopor –
-- Por que você não disse que conhecia meu irmão?
-- Porque eu não sabia que ele era seu irmão.
-- Mas você me levou na porta dele ontem.
-- Eu nunca fui na casa dele. Sempre nos encontramos aqui na praia ou na casa do Matheus.
-- Ah sim. Não quer sentar aqui conosco?
-- Eu estou com minhas amigas ali atrás. – Apontou com o queixo --
Carlos chegou com uma cerveja e um copo de suco para a irmã.
-- Aqui Carol. – Entregou o copo – Tem suco também Claudinha, Carol não bebe.
-- Não, obrigada. Eu vou beber água pra voltar pro mar. Valeu Carlinho. Até mais Carolina. Foi um prazer te rever. – Sorriu –
-- Até mais. – Acompanhou a outra se afastar --
Carolina se derretia inteira quando ouvia seu nome naquela voz doce e forte. Ficou observando a surfista se afastar, Carlos olhava para a irmã e percebeu o interesse, chegou no ouvido dela e sussurrou.
-- Ela é lésbica.
-- Ai Carlos, que susto. – Deu um pulo --
O rapaz ria da irmã, Carol sentou novamente em sua cadeira e se deteve em beber o seu suco, mas saber que poderia ter chances com Claudia lhe encheu de esperança. Olhando para frente sem mover nenhum músculo do pescoço, perguntou sorrateira:
-- Ela está solteira? – Perguntou um tempo depois –
Carlos riu e fez sinal positivo com a cabeça. Carolina sorriu marota, queria, mas não sabia como chegar na moça. Ficou admirando Claudia no mar surfando, seus movimentos rápidos e certeiros para vencer as ondas, não sabia quanto tempo ficou ali. Carlos vez ou outra ia buscar água no balde para Carolina se refrescar, a médica não queria nem chegar perto do mar novamente.
Carlos resolveu voltar para casa, precisava ajudar Gabriela com o almoço. Carolina preferiu ir junto, não queria mais ficar sozinha na praia. Começaram a recolher as coisas. A médica deu uma última olhada para o mar e viu Claudia sentada na prancha aguardando uma onda, a morena percebeu que a médica estava indo embora e ficou imaginando se a veria novamente ali na praia.
Durante a tarde, todos descansaram, e no início da noite, foram até a praia assistir ao pôr do sol.
Sentaram em uma mesa num quiosque e ficaram conversando amenidades. A noite caiu sorrateira, e uma linda lua cheia surgiu iluminando o céu.
Quando menos Carolina esperava, Carlos avistou um rosto conhecido caminhando pelo calçadão e chamou a atenção da irmã.
-- Ih irmã, olha quem está vindo ali. – Apontou coma cabeça –
Carolina virou para trás e viu Claudia, a visão da surfista arrumada fez a médica suspirar. Ela usava uma blusa frente única estampada com um short branco colado nas pernas bem torneadas, nos pés uma rasteirinha de couro, os cabelos soltos ao vento. Linda. Ela avistou a família na mesa do quiosque e se aproximou.
-- Oi gente, boa noite. – Abriu um sorriso --
Gabriela levantou para cumprimentar a amiga. – Oi Claudinha, tudo bem?
-- Tudo ótimo. Oi Carlos. – Bateu a mão --
-- Fala aí Claudinha.
-- Oi Afogada. – Sorriu marota –
-- Oi Salva vidas. – Piscou –
-- Senta aí. Cadê Matheus? – Perguntou Carlos –
-- Tá em casa jogando vídeo game.
-- Ele não tem jeito né. – Gabriela riu –
Carolina observava a conversa, torcendo para que a surfista aceitasse o convite.
-- Eu vim encontrar com as meninas. – Olhava em volta –
-- Enquanto elas não chegam espera aqui com a gente.
-- Pode ser. – Puxou uma cadeira e sentou ao lado de Carolina –
A médica sentiu um arrepio só de sentir o perfume adocicado da bióloga. Durante a conversa as duas demonstraram certo interesse em aprofundar o contato, Claudia convidou a médica para lhe ensinar a nadar.
Com o avanço da noite, Carlos e Gabriela resolveram ir para casa por causa de Manuela, a brisa mais fria perto da praia não era muito boa para a bebê.
-- Nós vamos para casa por causa do vento em Manu. – Carlos anunciou –
-- Certo, então vamos. – Carolina ameaçou levantar –
-- Ah Carol, você não precisa vir com a gente, fica aí com Claudia, vai se divertir, você não veio aqui pra ficar enfurnada dentro de casa, não é? – Gabriela reforçou –
-- Isso ela já faz o ano inteiro lá no apartamento. -- Carlos entregou --
-- Ai que horror, vocês estão me despachando para Claudia? Alguém perguntou a ela se ela quer ser minha babá, por acaso? – Riu –
-- Problema nenhum, se você quiser eu dou até Danoninho. – Terminou o copo de chope e olhou de canto de olho –
Carolina sentiu o rosto queimar, ficou envergonhada pela cantada descarada que acabara de receber, Carlos riu da cara da irmã e encorajou.
-- Então fica aí, vai se divertir. – Beijou Claudia – Boa noite Claudinha, cuida dela pra mim.
-- Pode deixar, amigo.
Despediu-se de Gabriela e ficou olhando para a médica que terminava de beber um suco.
-- Você nunca bebe nada?
-- Não. Eu não gosto. – Colocou o copo sobre a mesa –
-- Quer dar uma volta?
-- E suas amigas?
-- No momento, meu interesse está aqui do meu lado. – Olhou de canto de olho – Vem.
Claudia levantou e estendeu a mão para Carolina segurar, a médica hesitou um pouco mas resolveu seguir a morena. Segurou sua mão e levantou.
As duas caminharam pelo calçadão sentindo a brisa fria do mar tocando suas peles quentes de desejo.
-- Você está trabalhando em que?
-- Atualmente estou em um projeto ambiental em parceria com a empresa exploradora de petróleo daqui. Estamos mapeando as áreas onde existe a exploração mais intensa e monitorando o impacto no meio ambiente nesse entorno.
-- Nossa, que responsabilidade. – Tinha as mãos nos bolsos –
-- A sua é maior. Cuidar de vidas. – Caminhava com as mãos para trás do corpo –
-- Mas se não for você a manter o meio ambiente a salvo, não terão vidas para eu cuidar. – Sorriu –
-- Verdade. – Riu – Você sempre tem resposta para tudo?
-- Geralmente. – Abaixou a cabeça –
-- Vem cá. – A puxou pelo braço –
Entraram em uma rua, e Claudia puxou uma chave do bolso. Abriu um portão e convidou Carolina para entrar. A médica obedeceu e passou pela surfista. O quintal cheio de árvores estava escuro, mais à frente a única luz era da varanda que iluminava parte do caminho até a porta. Claudia segurou a mão da médica e a levou para dentro. Abriu a porta da pequena casa em estilo colonial e acendeu a luz.
Carolina entrou meio desconfiada, e ficou encantada com um aquário imenso disposto no canto da sala. Era quase a metade da parede, todo iluminado, com diversas espécies de peixes ornamentais nadando nas águas claras dentro do vidro.
-- Claudia! Mas que lindo! – Aproximou-se –
-- Lindo mesmo. Eu que fiz. – Encostou no aquário – Esses aqui são acará disco, eles são peixes pacíficos, são peixes de cardume. Aqueles dois ali no fundo são da espécie botia palhaço, são peixes de fundo, só ficam ali embaixo. Os menores coloridos, são betta. Mas os que eu mais gosto, são os japoneses. – Apontava para os peixes no aquário --
-- Ele é enorme! São todos lindos. – Olhou em volta – Você mora sozinha?
-- Sim. Modesta, mas limpinha. – Riu –
-- Muito aconchegante.
A sala decorada em estilo rústico, tons pastéis, poltronas de bambu, com almofadas acolchoadas, uma TV sobre um rack combinando com as poltronas. Duas pranchas penduradas em uma parede como se fossem quadros. O aquário dividia a sala com o quarto. Através da água, podia ver uma parte da cama da surfista. A cozinha tinha um balcão dividindo os espaços.
-- Você quer água? Acho que eu não tenho suco. – Foi até a geladeira –
-- Não, obrigada, eu estou bem. – Caminhou para a porta –
-- Vamos sentar aqui. – Apontou para uma das poltronas –
Carolina sentou e Claudia sentou ao seu lado com uma certa distância. Queriam encurtar o contato, mas nenhuma das duas sabia como fazer isso.
-- Então, Carlos sempre falou de você, eu até achei que te conhecia quando eu te resgatei, vocês se parecem, mas não fiz relação com ele.
-- Nós puxamos a nossa mãe. Caio era mais parecido com o pai deles. – Lembrou do irmão do meio --
-- Ele comentou sobre o irmão de vocês, eu sinto muito.
-- Tudo bem. Faz parte da vida. Por que você não mora com seus pais?
-- Incompatibilidade de gênios. – Riu – Não tenho uma relação muito boa com meu padrasto. Ele não aceita que eu seja lésbica, então eu tive que sair.
-- Sua mãe preferiu um homem a você? – Levantou uma das sobrancelhas – Desculpe, é que eu não controlo certos pensamentos.
-- Não se preocupe, eu também já me fiz a mesma pergunta. E a resposta é sim. – sentou de lado virando para Carolina – Nós conversamos, ela vem aqui, nós saímos para almoçar, mas eu evito ir na casa dela quando ele está. Prefiro não me aborrecer.
-- Eu sinto muito por isso. – Segurou a mão da bióloga –
-- Não se preocupe, eu já me acostumei. Desde os dezoito eu moro sozinha. Já faz um tempo.
-- Você não tem namorada? Ninguém com quem esteja se relacionando?
-- Não, eu estava namorando a três anos, mas ela foi embora, resolveu que não me amava mais e terminou comigo. – Deu de ombros – Tem seis meses que eu não sei nem como está. Cortou totalmente os laços comigo.
-- Nossa, que horror.
-- E você? Namorada, namorado?
-- Nenhum dos dois. – Riu – Eu gosto de mulheres, mas eu nunca consegui manter um relacionamento. O único que eu tentei ter foi tão destrutivo que eu evito até me aproximar de alguém.
-- E eu pensando que minha história era complicada. – Riu –
-- Nem te conto. – Riu – Acho que nunca vou conseguir ser feliz com alguém. – Constatou triste --
-- Nunca é uma palavra muito forte. – Acariciou o rosto de Carolina – Você é tão linda, vai encontrar alguém que te faça feliz.
Carolina recebeu aquele carinho e aceitou de bom grado. Fechou os olhos e ficou sentindo os dedos macios da bióloga percorrendo sua pele, entrando pelos seus cabelos e a puxando para o encontro com os lábios quentes que ela tanto desejou.
Claudia beijou Carolina com carinho e desejo. As bocas se tocavam em um bailado harmonioso. As línguas se encontraram e a médica segurou o rosto da outra em suas mãos.
Afastaram as bocas e se olharam, um sorriso surgiu em ambas, ficaram ali se curtindo, namorando, os beijos e abraços intensificaram, Claudia pesou o seu corpo sobre o de Carolina e a deitou na poltrona de bambu, ficaram assim, namorando por um bom tempo. Sem pressa, ninguém tinha horário para cumprir, queriam apenas viver aquele momento.
As mãos percorriam os corpos quentes e suados, o pequeno ventilador ligado não estava dando conta de tanto desejo. Carolina sentia o sex* molhado pulsando de tanto tesão.
Claudia levantou e puxou Carolina, colocou a médica de pé e voltou a beijá-la, Carolina enlaçou o pescoço dela e segurou o laço da blusa da surfista puxando devagar até soltar tudo e deixar o pano solto escorregar pela pele da outra.
Claudia começou a caminhar com a boca colada na da médica, levando Carolina para o quarto. Quase esbarraram no aquário. O que fez as duas pararem o beijo e rir da situação.
Carolina olhou nos olhos da bióloga e puxou sua blusa voltando a beijá-la lentamente. Quando sentiu a cama batendo em sua perna e o corpo da outra pesando sobre o seu ao deitar. Seu short estava aberto, sendo retirado pela sua amante.
O clima quente acelerou os batimentos das duas mulheres, o calor dos corpos aumentava gradativamente, o clima estava quente, nos dois sentidos, o suor escorria pelas peles em brasa, Claudia retirou o próprio short e a calcinha de renda branca enlouqueceu Carolina que prontamente levantou e segurou a cintura da amante, colou seus lábios sobre o sex* da bióloga e beijou tirando gemidos roucos se sua garganta. Passou o nariz naquele pano rendado sentindo o cheiro delicioso de fêmea que estava ali sendo oferecido para um banquete. Segurou dos lados e começou a retirar lentamente aquela pequena peça que estava impedindo de ter um contato melhor com seu objeto de desejo.
Claudia arqueou a cabeça para trás e fechou os olhos sentindo os toques leves dos dedos da médica que exploravam suas coxas enquanto sua calcinha era gentilmente jogada ao chão, sentiu seu sex* ser invadido pela língua ágil da médica que parecia estar ávida por aquele contato, Claudia colocou uma das pernas apoiadas sobre a cama para melhorar o alcance de sua amante e Carolina adorou a visão que teve, aquela mulher tão linda, totalmente entregue para ela. Segurou o bumbum da bióloga e a puxou para aumentar a pressão.
Claudia gem*u alto, o que intensificou a excitação de Carolina, olhava para cima para se deliciar com a visão de Claudia totalmente entregue em sua boca, ela segurava seus próprios seios, massageando os biquinhos para aumentar sua excitação. Carolina queria mais, queria sentir o gosto da boca da amante, queria colar seus corpos suados de tanto prazer, levantou causando um pequeno protesto em sua amante. Tirou sua blusa enquanto beijava a boca deliciosa de Claudia, viu sua calcinha ser arrancada com pouca delicadeza e sorriu da urgência com que foi tomada.
Claudia pesou novamente seu corpo sobre o de Carolina, e a deitou sobre a cama, observou aquela mulher deitada ali em sua cama e pôde salivar com aquela cena, colou seu corpo sobre o dela e a beijou, suas mãos se exploravam, seios, ventre, sex*, dedos habilidosos exploravam seus sex*s e maltratavam os biquinhos dos seios elevando o tesão.
-- Ah, Carolina, eu quero você, quero te sentir...
-- Pede. – Sussurrou em seu ouvido –
-- Ah, gostosa! Fode gostoso, me come.
Carolina inverteu as posições e colocou Claudia deitada de bruços, foi até o ouvido dela para provocar mais ainda.
-- Fica de quatro pra mim, gostosa.
-- Ah...
Claudia obedeceu, Carolina estava se sentindo maravilhada com sua atitude, estava comandando aquele ato, não era muito de se atirar desse jeito, percebeu com alegria que estava mais solta, mais aberta. Olhou para a bióloga totalmente entregue se oferecendo para ela e não resistiu, enquanto beijava suas costas, colocou dois dedos no sex* de Claudia e começou a movimentar entrando e saindo cadenciadamente, levando a bióloga à loucura. Claudia gemia e rebol*va enquanto Carolina segurava um de seus seios massageando o biquinho. Sentia o líquido quente escorrendo pela sua mão, colou seu sex* no bumbum de sua amante e começou a roçar enlouquecendo de prazer, Claudia gemia mais alto ao sentir a umidade do sex* de Carolina lambuzando seu bumbum, sentindo o prazer da outra em seu corpo.
-- Mais forte, Carol. Vem!
Claudia pediu e foi prontamente atendida, Carolina aumentou as estocadas e sem muita demora, Claudia explodiu em um orgasmo delicioso, Carolina que estava muito perto, continuou com seus movimentos e não demorou muito para goz*r também com aquela mulher maravilhosa que estava na cama com ela.
As duas foram perdendo as forças e depois de retirar seus dedos de dentro de Claudia, Carolina foi se acomodando ao lado dela que já havia deitado para se recuperar. De olhos fechados Carolina sorria, sentia o peso que costumava carregar ir se desmanchando aos poucos, ia deixando pra trás as dores que tanto lhe afligiam. Claudia olhou para a médica e ficou a admirando, fez um carinho em seu rosto. As duas se olharam e se beijaram, reacendendo o tesão.
Depois de se amarem mais uma vez, elas namoraram e adormeceram juntas já de madrugada. Carolina aprendia a se entregar e a aproveitar mais o que a vida lhe oferecia. Passou o carnaval curtindo com Claudia, descobrindo que ela pode encontrar alguém que lhe faça feliz.
Lembrou de Raquel, imaginou a amiga comemorando sua liberdade, era uma das coisas que Raquel sempre dizia: -- Carol, você precisa deixar de ser tão Caxias!
Fim do capítulo
Oie meninas!
Muito bem, como eu prometi, presente de Natal pra vocês, espero que gostem.
Carol está mais solta, se relacionando melhor, será que as coisas vão decolar pra ela?
Capítulo quentinho!
Estamos chegando ao final, continuem acompanhando pois logo logo teremos o fim da primeira temporada e algumas perguntas serão respondidas.
Obrigada pelo carinho, Patty_321, Mille e NovaAqui.
Eu desejo um Feliz Natal para todas, que Deus esteja em cada lar nesse dia tão especial!
Lu, eu te amo! Feliz Natal meu amor!
Um grande beijo.
Cris Lane
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Zaha
Em: 02/01/2019
Oiiie
Hum, gostei dessa surfista com Carol!!!!Pena que só foi algo passageiro! Bem saidinha ela...
Agora foi promovida, tb, vivia do trabalho, assim colheu seus frutos dps de tanto esforço!! Apesar que esqueceu viver! Espero que descubra como viver mais!!!
Logo lerei os dois últimos eps...
Beijos
Resposta do autor:
Oi amiga
Gostou da surfista, né, acho que Carol também, rs.
Pois é, a vida dela sempre foi trabalhar muito e foi recompensada, mas sim, esqueceu de viver, vamos ver a segunda fase.
te espero nos próximos capítulos.
Feliz 2019.
Beijo
Cris
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Sem cadastro
Em: 02/01/2019
Oiiie
Hum, gostei dessa surfista com Carol!!!!Pena que só foi algo passageiro! Bem saidinha ela...
Agora foi promovida, tb, vivia do trabalho, assim colheu seus frutos dps de tanto esforço!! Apesar que esqueceu viver! Espero que descubra como viver mais!!!
Logo lerei os dois últimos eps...
Beijos
Resposta do autor:
Oi amiga
Gostou da surfista, né, acho que Carol também, rs.
Pois é, a vida dela sempre foi trabalhar muito e foi recompensada, mas sim, esqueceu de viver, vamos ver a segunda fase.
te espero nos próximos capítulos.
Feliz 2019.
Beijo
Cris
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lis
Em: 26/12/2018
Boa noite autora, tudo bem? Que bom a Carolina conseguindo se soltar mais quando se relaciona com alguém;. Eita que agora não tem como esconder hein Angela todos estão percebendo que vc está interessada na Carol hehe
Resposta do autor:
Oi Lis
Pois é, Carol está soltando a franga, rsrsrs.
Ângela está caidinha e já está muito na cara.
Obrigada pelo carinho.
Beijo
Cris Lane
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Mille
Em: 24/12/2018
Olá Cris
Poxa Carol não vai acordar nesta temporada? E se Ângela da um beijo ela abri os olhinhos????
Olha aí a Carolzinha está deixando de ser Caxias kkkkk e cada folga dela do hospital ela tem uma surpresa boa.
Bjus e até o próximo capítulo
Feliz Natal
Resposta do autor:
Oi Mille
Poxa, pra saber se ela vai acordar, tem que ler os capítulos, rsrs. Adorei essa de Bela Adormecida, rsrsrs.
Pois é, cada folga é um flash, kkkkk. Carol está se libertando.
Obrigada pelo carinho.
Feliz Natal!
Beijos
Cris lane
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