Carlos estava ficando preocupado com Carolina, ele teria que voltar a trabalhar em algumas semanas, e a irmã ainda estava naquele estado de coma, não sabia o que fazer, ficou pensando na sugestão de Raquel em fazer uma cirurgia que pudesse salvar a vida dela, mas também poderia matá-la, isso o deixava inseguro.

Carolina não tinha muitos amigos, era muito reservada, e tudo o que fazia era trabalhar, quase não saía, era muito caseira, não tinha um relacionamento sério a muito tempo, ele não sabia com quem poderia conversar sobre isso, e acabou recorrendo a Roberta. Mesmo sabendo que estar perto da ex-namorada seria uma grande tortura, ele precisava de alguém que conhecesse bem Carolina para pensar junto com ele e ninguém melhor do que a advogada.

Ligou para o celular de Roberta e aguardou ansiosamente que ela atendesse, do outro lado, Roberta olhou o visor e viu o nome de Carlos, ela colocou na agenda depois de hesitar muitos dias, ficou hesitante para atender, não conseguia imaginar o motivo que levou Carlos a ligar pra ela, pensou no pior, será? Antes que tivesse um pequeno infarto de ansiedade resolveu atender aquela ligação.

 

-- Alô.

 

-- Oi Roberta, tudo bem? Você pode falar?

 

 -- Oi Carlos, sim, posso, aconteceu alguma coisa com Carol?

 

-- Não, ainda não, quer dizer, ela está bem, eu só queria conversar com você, podemos nos encontrar?

 

Roberta queria manter o máximo de distância possível do rapaz, ele ainda mexia muito com ela, e sabia que qualquer deslize custaria seu namoro. Ela por um momento pensou que ele queria falar sobre o passado dos dois, e não sabia se estava preparada para isso.

 

-- Sim, posso, é sobre o que?

 

-- Carolina.

 

-- Ok, onde?

 

Carlos marcou com ela em um restaurante na hora do almoço próximo ao trabalho da advogada. Enquanto esperava por ela, ficou pensando em como as coisas poderiam estar diferentes se eles não tivessem feito escolhas tão estúpidas.

Roberta chegou ao restaurante procurando pelo rapaz, que ao vê-la chegando ficou admirado, Roberta estava linda, vestia um terninho preto, com uma camisa de botão e um salto alto nos pés, os cabelos soltos sobre os ombros, depois que a moça emagreceu ficou mais linda ainda para ele que ainda era apaixonado por ela. Ele parecia hipnotizado olhando-a se aproximar.

 

-- Oi, desculpe a demora, eu precisei atender um cliente.

 

-- Não se preocupe, eu estou bem. – Olhou apaixonadamente – Você está linda!

 

-- Obrigada. – Ficou sem graça – Diga o que aconteceu?

 

O garçom trouxe os cardápios e depois de escolherem o almoço Carlos começou a falar.

 

-- Carolina tem uma amiga que é neurologista e me chamou para conversar ontem sobre uma cirurgia que ela pode fazer para tentar melhorar a recuperação dela.

 

-- Sei, você está falando de Raquel.  – Olhou para o rapaz -- E qual é o seu receio?

 

-- A cirurgia pode salvá-la ou matá-la. – Curto e grosso – Eu não sei o que fazer.

 

Roberta ficou analisando a situação. Sabia que Carlos era apaixonado pela irmã e estava com medo de ser responsável por causar sua morte caso a cirurgia não desse certo, ela também estava com esse receio, mas como conhecia muito bem Carolina, ela sabia que a amiga sempre apostaria com positividade em qualquer procedimento que pudesse salvar a vida de alguém.

 

-- Carlos, eu não posso te dizer o que fazer, na verdade nem você deveria ter que tomar essa decisão. Carol saberia o que fazer. – Lembrou da amiga –

 

            Carlos queria fazer a cirurgia, mas estava com medo do resultado, e se não desse certo? Carregaria para sempre o peso de ter sido responsável pela morte da irmã mais nova, seu papel é cuidar dela e protege-la, e isso o estava deixando angustiado demais.

 

-- E se ela morrer? – Parecia desesperado –

 

-- Não será sua culpa, é um risco que ela já está correndo agora. Isso não temos como mensurar.

 

-- O que você acha que ela faria? Você a conhece tão bem. – Dizia com sinceridade --

 

A comida chegou e os dois continuaram conversando.

 

-- Carolina é muito apaixonada pelo que ela faz, eu acho que ela ia escolher a cirurgia, se pode salvar sua vida, essa é a opção dela.

 

-- Mesmo com o risco? – Olhou pra a moça –

 

-- Sim, mesmo com o risco, ela é forte, eu acho que ela consegue passar por isso. Se é um procedimento que pode salvar a vida dela, eu acho que vale a pena tentar.

 

-- Eu queria tanto que a minha mãe estivesse aqui, ela saberia o que fazer.

 

-- Sua mãe está com vocês o tempo todo, no seu coração, vai dar tudo certo. Tem fé em Deus.

 

O rapaz sorriu, os dois terminaram de comer, conversaram mais um pouco e cada um tomou o seu caminho. Carlos continuava pensativo, mas mais confiante, sabia que Carolina era forte e poderia sobreviver a cirurgia, mas ainda assim tinha medo.

Resolveu que iria conversar com Izabel no dia seguinte, até lá, resolveria sobre a autorização.

 

 

Fevereiro de 2005

 

Carolina estava quase formada, a colação de grau estava marcada e ela se tornaria médica, terminando a primeira parte da jornada.

Em uma consulta de rotina, Carmem recebeu a notícia de que estava com câncer de útero, e teria que fazer tratamento com quimioterapia para tentar deter a doença. O que foi um grande baque para a família. A aposentada não queria contar para os filhos, mas era difícil esconder algo desse tamanho de Carolina.

 

-- Oi mãe, cheguei. – Colocou a mochila no sofá –

 

Carmem estava sentada na cozinha, tinha os olhos vermelhos e tentava disfarçar que havia chorado. Não respondeu o chamado da filha, Carolina entrou na cozinha e viu Carmem pensativa, os olhos vermelhos, percebeu que algo havia acontecido.

 

-- O que houve, mamãe, a senhora está bem?

 

-- Sim, estou, eu estava apenas cortando cebolas. – Limpou os olhos com uma toalha de papel –

 

-- Sei, e a consulta, de hoje? Está tudo bem? – Perguntou desconfiada –

 

-- Sim, está tudo bem.  --Foi para a pia --.

 

Carolina achou estranho a falta de contato visual da mãe, ela não era assim, sempre contava tudo sobre suas consultas para Carolina adivinhar o que os médicos diziam.

 

-- Cadê seus exames? Eu quero dar uma olhada. – Pegou água na geladeira –

 

-- Não. – Se exaltou – Não precisa, está tudo bem.

 

-- Mãe, o que a senhora está escondendo de mim? O que aconteceu na consulta de hoje? – colocou o copo na mesa –

 

-- Carolina, me deixa em paz. Vai tomar seu banho pra comer.

 

-- Mãe, você não me engana, desembucha, vai. O que houve? Onde estão os seus exames?   

 

            Carmem sabia que não iria conseguir despistar Carolina, a filha era bem teimosa quando o assunto era sua saúde, mas não sabia como falar o que escutou do médico, diante da pressão que Carolina fazia ela não conseguiu pensar em um jeito mais sutil de contar sobre sua doença, despejou de uma só vez o diagnóstico que recebeu pela manhã.

 

-- Eu estou com câncer de útero. – Despejou --

 

Carolina recebeu um balde de gelo na cabeça. Sentiu tudo girar, sabia que era uma doença ingrata e que sua mãe passaria por muito sofrimento na quimioterapia, queria se manter forte para não abalar Carmem, mas sentiu seus pés sem chão naquele momento.

 

-- Câncer? – Levantou uma sobrancelha --

 

-- Sim, eu vou ter que fazer quimioterapia e talvez radioterapia. Devo começar semana que vem.

 

-- Mãe, vai dar tudo certo. – Correu pra abraçar a mãe –

 

-- Sim, vai sim. Nós vamos passar por mais essa. – Apertou a filha nos braços --

 

-- Vamos, não fica assim. Não chora. Vai dar tudo certo.

 

-- Eu não sabia como falar isso pra vocês. Eu fiquei assustada. – Abraçou a filha –

 

-- Está tudo bem, não vai acontecer nada de ruim. Nós vamos superar isso.

 

Olhou para a mãe e deu um beijo em seu rosto.

 

-- Vai descansar, eu vou tomar banho e depois como alguma coisa, vai dormir.

 

-- Eu vou mesmo. Estava só te esperando chegar. A comida está no fogão, você guarda depois?

 

-- Claro, pode deixar.

 

-- Boa noite filha. – Beijou seu rosto –

 

-- Boa noite mãe. – Retribuiu o beijo –

 

Carolina ficou observando a mãe caminhar para o quarto, e sentou em uma cadeira na cozinha, por um momento sentiu medo de perder sua mãe, depois de tudo o que passaram, agora mais essa doença para tirar sua paz.

Carlos entrou na cozinha e viu a irmã sentada olhando para um ponto fixo. Sentou de frente para ela e ficou em silêncio. Carolina olhou para ele e não sabia o que dizer. Mais uma má notícia para a família.

 

-- O que houve com a mãe? Ela chegou estranha do médico. Eu percebi que tinha alguma coisa errada, mas ela não quis falar comigo.

 

-- Eu não sei como vai ser agora, mas a mãe está com câncer de útero. Vai ter que fazer tratamento.

 

-- Puta que pariu! – bateu na mesa – Porr*, mais essa!

 

-- Eu sei, é uma merd*, mas ela pode vencer isso, eu preciso ver os exames dela pra saber o estágio e ver o que vai ser feito.

 

Carlos sentiu as lágrimas surgirem teimosas em seus olhos, não queria mostrar fraqueza, sua mãe precisava dele naquele momento. Mas não conseguiu conter o medo de perder sua mãe. Carolina também deixou escapar algumas lágrimas, segurou a mão do irmão sobre a mesa e lhe passou confiança.

 

-- Nós vamos sair dessa, entendeu? – Olhou no fundo dos olhos de Carlos --

 

-- Sim, eu sei. – Respirou fundo –

 

Carlos saiu silencioso, Carolina ficou na cozinha, parecia que o seu corpo não conseguia se mover. Ela estava anestesiada. Sabia que seria uma luta cruel e muitas vezes desleal, mas tinha fé que sua mãe conseguiria vencer o câncer.

 

 

Abril de 2005

 

Finalmente médica! Carolina e Raquel estavam lado a lado na cerimônia de formatura da faculdade. Roberta, Carlos e Carmem, estavam sentados na plateia, assistiam orgulhosos a colação de grau da turma de medicina da UFF que se formava naquele ano.

Carmem não se cabia de tanto orgulho, já estava sem os cabelos por causa da quimioterapia que estava fazendo para tratar o câncer, usava um lenço na cabeça. Carlos estava emocionado, perto deles, Roberta. A amiga estava orgulhosa da médica que cumpriu suas promessas de adolescente.

No momento em que os formandos iam receber seus diplomas, músicas eram tocadas em sua homenagem, foi uma brincadeira que fizeram na turma, os amigos escolhiam a música que melhor definia o estudante, e nenhum deles sabia qual seria a música que iria tocar quando fosse receber o diploma, essa brincadeira rendeu muitas risadas, quando chamaram Carol para subir ao palco, ela estava apreensiva, nervosa, emocionada e deixou lágrimas de felicidade caírem ao ouvir os primeiros acordes da música que Raquel sugeriu e foi aceita pelos amigos que melhor definia Carolina.

As duas amigas ficavam contando essa música e Raquel sempre dizia que ela era a cara de Carolina, que ela era uma mulher forte e imbatível, que nada poderia detê-la e que ela teria um futuro brilhante pela frente.

 

Survivor                                                     Sobrevivente   https://www.youtube.com/watch?v=Wmc8bQoL-J0  

Now that you're out of my life       Agora que está fora de minha vida

I'm so much better     Estou muito melhor

You thought that I'd be weak without you         Você pensou que eu estaria fraca sem você

But I'm stronger                     Mas estou mais forte

You thought that I'd be broke without you         Você pensou que eu estaria falida sem você

But I'm richer   Mas estou mais rica

You thought that I'd be sad without you   Você pensou que eu estaria triste sem você

I laugh harder            Eu rio mais

You thought I wouldn't grow without you   Você pensou que não cresceria sem você

Now I'm wiser             Agora estou mais sábia

Though that I'd be helpless without you   Você pensou que eu estaria desamparada sem você

But I'm smarter                        Mas estou mais esperta

You thought that I'd be stressed without you     Você pensou que eu estaria mais estressada sem você

But I'm chillin'                         Mas estou tranquila

You thought I wouldn't sell without you     Você pensou que eu não conseguiria vender sem você

Sold 9 million                         Vendi 9 milhões

 

I'm a survivor (What?)         Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm not gon give up (What?)   Eu não vou desistir (o quê?)

I'm not gon stop (What?) Eu não vou parar (o quê?)

I'm gon work harder (What?)  Eu vou trabalhar mais duro (o quê?)

I'm a survivor (What?)  Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm gonna make it (What?) Eu vou sobreviver (o quê?)
I will survive (What?)  Eu vou chegar lá (o quê?)

Keep on survivin' (What?)  Continuo sobrevivendo (o quê?)

 

I'm a survivor (What?)         Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm not gon give up (What?)   Eu não vou desistir (o quê?)

I'm not gon stop (What?)      Eu não vou parar (o quê?)

I'm gon work harder (What?)   Eu vou trabalhar mais duro (o quê?)

I'm a survivor (What?)   Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm gonna make it (What?)   Eu vou sobreviver (o quê?)
I will survive (What?)     Eu vou chegar lá (o quê?)

Keep on survivin' (What?)   Continuo sobrevivendo (o quê?)

 

Thought I couldn't breathe without you Pensou que eu não poderia respirar sem você

I'm inhaling Estou inalando

You thought I couldn't see without you Você pensou que não poderia enxergar sem você

Perfect vision Visão perfeita

You thought I couldn't last without you Você pensou que não poderia perseverar sem você

But I'm lastin' Mas estou perseverando

You thought that I would die without you Você pensou que eu morreria sem você

But I'm livin' Mas estou vivendo

Thought that I would fail without you Você pensou que eu falharia sem você

But I'm on top Mas estou no topo

Thought it would be over by now Pensou que acabaria por agora

But it won't stop Mas não vai parar

Thought that I would self destruct Pensou que eu me autodestruiria

But I'm still here Mas ainda estou aqui

Even in my years to come Mesmo em meus anos que estão por vir

I'm still gon be here Eu ainda continuarei aqui

 

 

I'm a survivor (What?)        Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm not gon give up (What?) Eu não vou desistir (o quê?)

I'm not gon stop (What?) Eu não vou parar (o quê?)

I'm gon work harder (What?) Eu vou trabalhar mais duro (o quê?)

I'm a survivor (What?) Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm gonna make it (What?) Eu vou sobreviver (o quê?)
I will survive (What?) Eu vou chegar lá (o quê?)

Keep on survivin' (What?) Continuo sobrevivendo (o quê?)

 

I'm a survivor (What?)        Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm not gon give up (What?) Eu não vou desistir (o quê?)

I'm not gon stop (What?) Eu não vou parar (o quê?)

I'm gon work harder (What?) Eu vou trabalhar mais duro (o quê?)

I'm a survivor (What?) Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm gonna make it (What?) Eu vou sobreviver (o quê?)
I will survive (What?) Eu vou chegar lá (o quê?)

Keep on survivin' (What?) Continuo sobrevivendo (o quê?)

I will survive (What?) Eu vou chegar lá (o quê?)
Keep on survivin' (What?) Continuo sobrevivendo (o quê?)

I'm wishin' you the best Eu estou desejando o melhor para você

Pray that you are blessed Rezo para que seja abençoado

Bring much success, no stress, and lots of happiness Muito sucesso, sem estresse e muita felicidade

(I'm better than that) (Eu sou melhor do que isto)

I'm not gon blast you on the radio Eu não vou te detonar no rádio

(I'm better than that) (Eu sou melhor que isto)

I'm not gon lie on you and your family Eu não vou mentir sobre você e sua família

(I'm better than that) (Eu sou melhor que isto)

I'm not gon hate on you in the magazines  Eu não vou te odiar nas revistas

('m better than that) (Eu sou melhor que isto)

I'm not gon compromise my Christianity Eu não vou comprometer minha cristandade

(I'm better than that) (Eu sou melhor que isto)

You know I'm not gon dis you on the internet Sabe, eu não vou te difamar na internet

Cause my mama taught me better than that Porque minha mãe me ensinou a ser melhor que isto

 

I'm a survivor (What?)        Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm not gon give up (What?) Eu não vou desistir (o quê?)

I'm not gon stop (What?) Eu não vou parar (o quê?)

I'm gon work harder (What?) Eu vou trabalhar mais duro (o quê?)

I'm a survivor (What?) Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm gonna make it (What?) Eu vou sobreviver (o quê?)
I will survive (What?) Eu vou chegar lá (o quê?)

Keep on survivin' (What?) Continuo sobrevivendo (o quê?)

 

I'm a survivor (What?)        Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm not gon give up (What?) Eu não vou desistir (o quê?)

I'm not gon stop (What?) Eu não vou parar (o quê?)

I'm gon work harder (What?) Eu vou trabalhar mais duro (o quê?)

I'm a survivor (What?) Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm gonna make it (What?) Eu vou sobreviver (o quê?)
I will survive (What?) Eu vou chegar lá (o quê?)

Keep on survivin' (What?) Continuo sobrevivendo (o quê?)

After of all of the darkness and sadness Depois de toda a escuridão e tristeza

Soon comes happiness Logo vem a felicidade

If I surround my self with positive things Se eu me cercar de coisas positivas

I'll gain prosperity Eu ganharei prosperidade

 

I'm a survivor (What?) Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm not gon give up (What?) Eu não vou desistir (o quê?)

I'm not gon stop (What?) Eu não vou parar (o quê?)

I'm gon work harder (What?) Eu vou trabalhar mais duro (o quê?)

I'm a survivor (What?) Eu sou uma sobrevivente (o quê?)

I'm gonna make it (What?) Eu vou chegar lá (o quê?)

I will survive (What?) Eu vou sobreviver (o quê?)

Keep on survivin' (What?) Continuo sobrevivendo (o quê?)

 

 

            Na hora de Raquel receber o diploma, não foi surpresa nenhuma que os amigos iriam escolher uma música tão animada quanto ela, muito descontraída ela caminhou sob o som de uma música que ela dizia ter sido escrita para ela. Saiu dançando e pulando pelo tablado e ao contrário dos outros estudantes que estavam mais contidos fez uma pequena coreografia e beijou o rosto do reitor da universidade quando pegou seu diploma arrancando gargalhadas de todos que estavam ali presentes.

Girls Just Wanna Have Fun       Garotas Só Querem Se Divertir   https://www.youtube.com/watch?v=PIb6AZdTr-A  

I come home in the morning light my mother says Chego em casa com o nascer do sol, minha mãe diz

When you gonna live your life right? Quando é que você vai viver sua vida direito?

Oh mother dear we're not fortunate ones Oh, mamãe minha querida, nós não somos as afortunadas

Oh girls they wanna have fun Oh, garotas elas querem se divertir

Oh girls just wanna have fun Oh, garotas só querem se divertir

 

The phone rings in the middle of night my father yells O telefone toca no meio da noite e meu pai grita

What you gonna do with your life? O que você vai fazer com a sua vida?

Oh daddy did you know you still number one Oh, papai, você sabia que ainda é o número um?

But girls they wanna have fun Mas as garotas, elas querem se divertir

Oh girls just wanna have Oh, garotas só querem

 

That's all we really want some fun Isso é tudo o que nós realmente queremos, um pouco de diversão

When the working day is done Quando o dia de trabalho termina

Oh girls they wanna have fun Oh, garotas elas querem se divertir

Oh girls just wanna have fun Oh, garotas só querem se divertir

 

(Girls they want (As garotas, elas querem

Wanna have fun Querem se divertir

And girls E garotas

Wanna have) Querem)

 

Some boys take a beautiful girl Alguns garotos ficam com uma linda garota

And hide her away from the rest of the world E a escondem do resto do mundo

I wanna be the one to walk in the sun Eu quero ser aquela que caminha no sol

Oh girls they wanna have fun Oh, garotas elas querem se divertir

Oh girls just wanna have Oh, garotas só querem

 

That's all we really want some fun Isso é tudo que realmente queremos, um pouco de diversão

When the working day is done Quando o dia de trabalho termina

Oh girls they wanna have fun Oh, garotas elas querem se divertir

Oh girls just wanna have fun Oh, garotas só querem se divertir

 

(Girls they want (As garotas, elas querem

Wanna have fun Querem se divertir

And girls E garotas

Wanna have) Querem)

 

They just wanna Elas só querem

They just wanna Elas só querem

(Girls, girls just wanna have fun) (Garotas, garotas só querem se divertir)

They just wanna Elas só querem

They just wanna Elas só querem

Oh girls! Oh, garotas!

Girls just wanna have fun Garotas só querem se divertir

(They just wanna (Elas só querem

They just wanna) Elas só querem)

 

They just wanna Elas só querem

They just wanna Elas só querem

(Girls, girls just wanna have fun) (Garotas, garotas só querem se divertir)

They just wanna Elas só querem

They just wanna Elas só querem

Oh girls! Oh, garotas!

Girls just wanna have fun Garotas só querem se divertir

(They just wanna (Elas só querem

They just wanna) Elas só querem)

 

When the working Quando o trabalho

When the working day is done Quando o dia de trabalho acaba

Oh when the working day is done Oh, quando o dia de trabalho acaba

Oh girls! Oh, garotas

Girls just wanna have fun Garotas só querem se divertir

 

(Everybody) (Todo mundo)

They just wanna Elas só querem

They just wanna Elas só querem

(Girls, girls just wanna have fun) (Garotas, garotas só querem se divertir)

They just wanna Elas só querem

They just wanna Elas só querem

Oh girls! Oh, garotas!

Girls just wanna have fun Garotas só querem se divertir

(They just wanna (Elas só querem

They just wanna) Elas só querem)

 

            No dia da formatura Carolina percebeu de quem Raquel herdou seu humor sempre afiado, seus pais estavam com cartazes engraçados, seu pai levantou uma faixa onde tinha a foto de Raquel e estava escrito: “Não fez mais do que a sua obrigação!”, sua mãe levantou outra onde dizia: “Achei que nunca veria isso!”. Todos no salão riam dos pais de Raquel, que não ficou para trás, quando todos pensaram que ela ficaria chateada ou repreenderia os pais depois, ela surpreendeu ao chegar em sua cadeira e levar um cartaz também, onde estava escrito: “Quem quiser emprego me procure, pois hoje eu vou dar trabalho!”.

            Com certeza Raquel era uma moça especial, todos ali concordavam com isso, e assim, aquele ciclo se encerrava, dando espaço para outro começar para todos os formandos.

Carolina não participou da festa da turma, não teve dinheiro para pagar pela festa, depois da cerimônia foi jantar com a família e com Roberta. Os quatro foram para um restaurante próximo a sua casa, e lá comemoraram essa etapa concluída, Carolina agora poderia trabalhar e teria seu dinheiro para ajudar Carmem e o irmão.

Durante o jantar, conversaram amenidades. A médica estava muito animada, já tinha convites para trabalhar. Todos estavam felizes. Carmem estava reagindo bem ao tratamento, e a esperança vivia entre os três.

Carolina sabia que tudo mudaria daquele momento em diante. Só não sabia que seria tão difícil de encarar a dura realidade de uma doença tão agressiva como o câncer.

 

 

Março de 2006

 

Carolina fazia sua residência no hospital Matriz, depois de se formar trabalhou por um tempo até entrar na residência em cardiologia, Izabel ficou muito feliz ao contratar a amiga como plantonista, também dava plantões no hospital universitário. E começou a receber bem por seu trabalho, com os primeiros salários, ela pagou um curso para Carlos se profissionalizar, o rapaz começou a estudar sobre mecânica de navios, o mercado estava expandindo e isso lhe rendeu um bom emprego em um estaleiro.

Carmem continuava o tratamento para o câncer, mas não estava mais sendo tão eficaz, o corpo dela não estava mais reagindo, Carolina conseguiu transferir seu tratamento para o hospital universitário, onde tinham ótimos oncologistas e podia acompanhar sua mãe mais de perto. Reduziu seus plantões para estar mais perto de Carmem em casa para cuidar dela e tentar minimizar os efeitos do tratamento com a quimioterapia, mas chegou em um determinado momento que o corpo frágil de Carmem começou a desistir.

Carmem estava internada no hospital universitário, havia se sentido mal e Carolina a levou às pressas em uma ambulância.

Carlos saiu do trabalho e correu para o hospital. A médica estava ao lado da cama da mãe, segurava sua mão. Carmem dormia.

 

-- Carol.

 

-- Oi irmão. – levantou –

 

Os dois se abraçaram e ficaram um tempo assim. Eles sabiam que Carmem estava muito fraca, e não sabiam o que esperar.

 

-- Como ela está? – Perguntou preocupado –

 

-- Teve outra hemorragia, eu a trouxe pra tomar uma transfusão. Ela está muito fraca. – Sussurrava –

 

Depois de algumas horas, Carmem despertou com dificuldades. Uma enfermeira colocava um remédio em seu soro, Carolina e Carlos estavam no canto do quarto.

 

-- Meus filhos. – Carmem chamou –

 

Os dois correram até a cama da mãe, se posicionaram lado a lado perto dela.

 

-- Oi mãe, que susto! A senhora adora pregar peça na gente, né. – Carlos brincou –

 

-- Pois é meu filho, fazer o que? – Riu baixinho –

 

-- Como a senhora está se sentindo? – Carolina olhava os equipamentos –

 

-- Cansada. Fraca.

 

-- É assim mesmo, mas vai passar. A senhora vai se sentir melhor depois dessa medicação.

 

-- Carlos eu quero que você cuide da sua irmã. – Segurou a mão do filho --

 

-- O que é isso mãe? – Se assustou – A senhora está desistindo? Não é hora ainda não. Para com isso. – Ficou desesperado –

 

-- Eu sei que eu já não tenho mais as mesmas forças de antes, então você vai me prometer que vai cuidar da sua irmã.

 

O rapaz começou a chorar e não conseguia responder, Carolina que estava convivendo com esse tipo de cena no hospital não conseguiu segurar a emoção estando no lugar oposto, como familiar de paciente.

 

-- Mãe, a senhora está apenas fraca, amanhã já podemos ir para casa. – Lágrimas teimavam em surgir --

 

-- E você vai me prometer que vai ser feliz, você merece ser feliz, minha filha. Não se enterre dentro desse hospital, saia, faça amigos, namore, encontre alguém que te ame do jeito que você merece. – Segurou a mão da filha –

 

-- Mãe... – Lágrimas escorreram de seus olhos –

 

-- Eu não vou viver pra sempre, então cuidem um do outro. Vocês são as melhores coisas que me aconteceram. Eu amo vocês dois.

 

Os dois abraçaram a mãe. Choraram em seu colo como se tivessem dez anos novamente.

E naquela noite, Carmem veio a falecer segurando a mão de Carolina. A médica tentou reanimar a mãe, mas foi em vão, Ronaldo seu tutor e agora chefe, acompanhou o atendimento e amparou Carolina quando declarou a hora da morte da idosa. Raquel estava de plantão durante a noite e correu para confortar a amiga, mas Carolina parecia que estava em algum tipo de choque, não chorava, apenas olhava a esmo a parede do quarto em que estavam, não falava nada, agiu como médica ao cuidar de algum paciente desconhecido. Mais uma vez ela erguia suas muralhas para tentar não sucumbir ao desespero e à dor.

Carlos, ao contrário de Carolina, ficou desesperado em casa, quando Carolina avisou o que aconteceu. O rapaz ligou para o amigo que trabalhava na funerária perto da casa deles e pediu que ele organizasse tudo.

Depois do enterro da mãe, os dois chegaram em casa desolados, sozinhos e sem saber o que fazer, Carolina permaneceu naquele estado de quase autismo, mostrava sua dor através de algumas lágrimas que teimavam em cair, mas que ela teimava em censurar, todos comentavam o quanto ela era forte. Roberta e Raquel não saíram do lado da amiga, conversavam entre si criando uma nova amizade, Carolina respondia algumas coisas automaticamente, sem prestar muita atenção ao que era dito.

Os dois sentaram no sofá e ficaram olhando para o nada. Nem os pensamentos conseguiam organizar. A casa estava escura assim como os sentimentos dos dois, tudo estava cinza, tudo parecia quebrado dentro deles.

Carmem sempre cuidou da família e dos dois, sofreu muito com o segundo marido e com o filho do meio, e faleceu sem saber se ela tinha encontrado alguma paz. Agora, só restava a casa vazia, primeiro sem o irmão que se foi tão jovem e agora sem a mãe. Carolina olhava em volta e via as luzes apagadas, sabia que não escutaria a voz da sua mãe a chamando para jantar, lembrava daquele olhar terno e amoroso que ela via todas as vezes que sentia medo e que não teria mais para lhe acolher. E finalmente, depois de manter aquela postura tão rígida na frente das pessoas, caiu em um pranto desesperado pela primeira vez depois de muitos anos.

Carlos saiu em amparo a irmã, a abraçou e a acolheu em seu colo, aliviado por finalmente ver a emoção da irmã, estava preocupado com ela, chorou junto, a dor de perder mais uma pessoa, a mais importante para os dois, seu espelho e seu porto seguro.

A dor era dilacerante, nada poderia fazer aquele vazio ser preenchido, era um caminho sem volta, queriam ter dito mais vezes que a amavam, queriam ter feito tantas coisas diferentes com sua mãe, mas já não era mais possível.

Os dois irmãos se perderam naquele abraço, naquela dor, naquele choro doído. Nada mais fazia sentido, apenas que precisavam se ajudar, pois já não tinham mais para quem voltar. Naquele momento, um só tinha ao outro.

 

 

Fim do capítulo