Capítulo 22 - Libertação
Depois do encontro com Roberta, Carlos voltou ao hospital para conversar com Izabel, precisava decidir sobre a cirurgia que Raquel queria fazer em Carolina.
A chefe de cirurgia do hospital estava em seu consultório fazendo um atendimento e quando terminou chamou o rapaz para entrar.
-- Oi Carlos, como você está? – Fechou a porta – Sente-se.
-- Eu estou bem, na medida do possível. – Sorriu –
-- E então, você quer falar comigo, o que houve?
-- É sobre a cirurgia.
-- Sim, você decidiu alguma coisa? – debruçou sobre a mesa –
-- Sim, eu acho que ela iria arriscar, Carol é forte, eu preciso acreditar que tudo vai dar certo. Eu quero minha irmã de volta.
Izabel abriu um sorriso encorajando Carlos, apesar dos riscos, a cirurgia era a melhor chance de Carolina, ela ficou feliz por receber a autorização para tentar o procedimento.
-- Eu vou avisar a Raquel. Essa semana ainda faremos o procedimento. Vai dar tudo certo.
-- Obrigado. Eu vou ver Carol.
-- Vamos, eu vou com você.
Os dois foram conversando sobre o procedimento até a UTI no sétimo andar do hospital, onde Carolina estava internada. Como sempre, Ângela estava junto à médica cuidando dela, verificando o soro, a medicação e se certificando que tudo estava da melhor maneira para que Carolina ficasse mais confortável possível.
Carlos e Izabel observavam os movimentos da residente junto da sua mentora e Izabel mais uma vez percebeu o sentimento de Ângela crescendo por sua amiga.
-- Ela me lembra a Carol quando começou. – Izabel comentou –
-- Essa médica que está com ela?
-- Sim, Ângela, ela é residente de cardiologia, ela estava na equipe da sua irmã, ela me lembra Carol quando ela começou aqui na equipe de pesquisa do Borges.
-- Lembro dessa época, Carol ficava louca com os horários apertados. – Riu –
-- Sim, mas ela sempre teve uma paixão tão grande por tudo que fazia aqui dentro, e a Ângela também é assim, eu dei a missão a ela de cuidar de Carol e ela não sai daqui quando está de plantão. – Riu – Tem horas que é até engraçado ver as duas. Mesmo sem consciência, parece que elas se entendem ali dentro.
Ângela deixava a UTI com uma bandeja nas mãos e viu a chefe do lado de fora. Aproximou-se e foi falar com Izabel.
-- Doutora, o prontuário está atualizado, ela está estável, já troquei a medicação e fiz a limpeza da cirurgia.
-- Ângela, você não precisa fazer as limpezas, pede para alguma enfermeira cuidar disso.
-- Não precisa, eu faço questão. – Acenou com a cabeça -- Com licença.
Carlos percebeu que havia mais que admiração no olhar da residente por sua irmã, e pensou que ela poderia ser uma boa namorada para a médica, mas ela precisava acordar daquele estado para viver tudo que a vida estava lhe oferecendo.
Ele entrou na UTI com Izabel que foi olhar o prontuário deixado por Ângela e conferir os dados, como sempre, tudo correto e a amiga continuava estável, ela não via a hora de marcar a cirurgia com Raquel para trazer Carolina de volta.
Naquele momento, o que eles podiam fazer era se agarrar a esperança de ver Carolina acordar e voltar a fazer o que ela mais gostava na vida que era ser médica.
Enquanto isso, Carolina continuava presa àquela escuridão, escutava as vozes de Carlos e Izabel, sentia a presença de Ângela, mas não conseguia ir até eles, não conseguia falar, apenas tinha aquelas visões das lembranças mais intensas de sua vida.
Dezembro de 2006
O final do ano chegou e os irmãos ainda não haviam se recuperado da morte de dona Carmem. Carolina trabalhava como louca, parecia que não queria ir para casa e encontrar o vazio deixado por sua mãe, e Carlos começou a trabalhar embarcado e passava dias viajando.
Os dois começaram finalmente a ter uma vida mais confortável com os empregos estáveis e com o aumento da remuneração dos dois. Depois de conversarem e chegarem a um acordo, eles venderam a casa na comunidade e compraram um apartamento perto do Hospital Matriz, onde Carolina agora, passava a maior parte do seu tempo.
Como Carlos quase não ficava em casa, Carolina cuidava de tudo, pagava as contas, fazia as compras e contratou uma diarista para ajudar com a faxina.
Agora, Carolina conseguia ter dinheiro para se manter com conforto e queria que sua mãe pudesse estar ali para usufruir dessa comodidade que ela tanto buscou. Todas as noites Carolina rezava e chorava sozinha a falta de sua mãe, era uma dor que não tinha fim, apenas estava ali, teimando em não sair, em não ir embora.
Aos poucos a médica foi se adaptando à nova realidade, tirou a carteira de motorista, comprou um carro, e pôde finalmente comprar o seu próprio celular e pagar por ele. Ela ainda tinha o aparelho que Samantha havia lhe presenteado, na mudança ela o encontrou e lembrou-se da ex-namorada, se perguntou como estaria Samantha, se ela estava bem. Samantha parecia uma assombração, do mesmo jeito que aparecia, ela sumia e ficava meses, anos sem procurar a médica, até que uma coincidência ou ironia do destino as unia novamente.
Carolina não namorou ninguém por muito tempo, apenas ficava com algumas mulheres, mas sem nenhum compromisso, não se interessou por ninguém a ponto de tentar se entregar novamente,
Roberta não conseguia emagrecer, ao contrário, ela engordou mais ainda chegando a pesar quase cento e setenta quilos, a rotina que Carolina começou a seguir depois da morte de sua mãe não deixava muito espaço para encontrar com a amiga, elas se falavam pelo telefone, até porque a advogada estava muito envergonhada da sua aparência, no trabalho, ela não conseguia assumir nenhum caso do escritório, só ficava trabalhando para assessorar os outros advogados, até que Carolina foi visita-la na semana do Natal.
Izabel obrigou Carolina a tirar umas semanas de férias, a médica estava praticamente morando no hospital e a mentora já estava achando muito prejudicial à saúde da residente.
-- Carolina, vem comigo no meu consultório, nós precisamos conversar. – Passou apontando o dedo --
Raquel também fazia sua residência em neurologia no Hospital Matriz e brincou com a amiga.
-- Ih, não chamou pelo apelido, mandou ir pra sala dela, acho que você está encrencada.
-- Eu hein, eu não fiz nada. – Respondeu assustada –
-- Eu sei boba, estou te zoando, né. Melhor você ir lá. – Deu dois tapinhas nas costas da amiga – Boa sorte.
Carolina cerrou os olhos para a miga enquanto ela ria da situação. A residente foi até a sala de Izabel e sentou na frente da mesa. Estava apática, abatida, as olheiras não disfarçavam a falta de sono que a médica estava enfrentando. Aquele olhar pesado e dolorido estava lá, mais acentuado do que nunca. Izabel estava preocupada com a amiga e resolveu interferir.
-- Pode falar Izabel.
-- Carol, você precisa descansar, eu estou solicitando ao DP as suas férias.
-- Izabel, eu não quero tirar férias. – Bateu com uma das mãos sobre a mesa --
-- Isso não é uma pergunta Carolina, isso é uma ordem! Você está enfiada nesse hospital todo dia, está fazendo dois plantões de vinte e quatro horas e três de doze, tem dias que você fica aqui dentro 36 horas direto, você não dorme, não?
-- Durmo o suficiente. – Estava contrariada –
-- Mas não é o melhor para a sua saúde. E eu soube que tem dias que você ainda vai pro hospital universitário. Carolina, você quer se matar?
-- Não, eu não tenho essa coragem. – Abaixou os olhos –
Izabel sabia que a médica estava enfrentando um momento de depressão muito forte após a perda de sua mãe, o fato de Carlos estar longe por muito tempo também não está ajudando, a residente fica muito sozinha em casa e prefere passar o máximo de tempo trabalhando.
-- Carol, não diga uma bobagem dessas! – se espantou –
Carolina apenas olhou para a mentora e lágrimas surgiram em seus olhos, a dor que ela carregava e tentou manter escondida debaixo do tapete trabalhando sem parar, agora parecia ser descoberta em uma faxina na sua alma.
Izabel sentiu pena da amiga, e levantou caminhando até a cadeira onde ela estava sentada e a abraçou, a residente apenas a apertou e chorou, chorou suas dores e seus medos, chorou sua solidão, suas mágoas e sua falta de esperança.
Izabel puxou a cadeira ao lado de Carolina e ficou frente a frente com ela, olhando em seus olhos.
-- Carol, eu sei que está sendo muito difícil pra você, e eu estava esperando por isso a meses. O momento que você deixaria o seu sofrimento aparecer, você precisa deixar de ser forte em tempo integral, deixa a dor sair. – Dizia com pesar -- Ou o seu luto nunca vai acabar. – Fez um carinho nos seus cabelos –
-- Bel, é tão difícil! Tem dias que eu chego no apartamento – Soluçou – e não tem ninguém pra eu conversar, eu ligo pra Roberta, pra Raquel, mas não adianta, depois que desligo o telefone, eu volto pro silêncio. Aquele silêncio que quase me ensurdece.
Izabel apenas escutava.
-- Carlos conseguiu esse emprego que foi muito bom pra ele, mas com isso, nós dois estamos sozinhos, cada um em um canto. Eu sei que ele sente o mesmo. E a sensação que eu tenho, mesmo sabendo que não é intenção dele, é que eu fui mais uma vez abandonada. – Chorava –
-- Ninguém te abandonou, minha amiga. Você tem todos nós, você tem amigas maravilhosas, você tem a mim, por que você não me liga?
-- Você tem sua vida também, tão corrida quanto a minha, tem seu marido, você está recém-casada, eu não vou ficar te ligando para te aborrecer em casa, nossa rotina já é tão estressante. – Limpou o rosto com as mãos --
-- Deixa de ser boba, você pode me ligar a hora que você quiser. Eu vou ficar até mais calma se você fizer isso. – Segurou as mãos da residente – Eu estou muito preocupada com você. Por isso estou te dando esses dias, para você descansar, viaja, vai para algum lugar legal, diferente, chama alguma amiga. Você precisa desacelerar, ou você vai acabar de licença médica.
-- Eu não sei se eu vou aguentar ficar tanto tempo em casa sozinha, Izabel. Eu não quero ir pra lugar nenhum, não tenho vontade.
-- Mas você vai. Eu te proíbo de ficar aqui enfurnada nesse hospital e naquele apartamento.
-- Izabel, eu só tenho o meu trabalho, se você me afastar daqui eu não sei o que vai ser de mim. – Balançou a cabeça --
-- Carol, você precisa sair, se divertir, namorar, eu nunca mais vi você falar de nenhuma namorada, nenhum encontro, diferente de Raquel que todo dia tem um caso diferente. – Revirou os olhos – Vocês duas são totalmente opostas, uma tem demais e a outra de menos.
-- Eu não quero um mês de férias. – Limpou o rosto --
-- Se eu te der duas semanas então. Não precisa ser um mês, mas eu quero você longe daqui pelo menos um tempo.
-- Duas semanas?
-- Sim, e outra coisa, eu quero que você procure um psicólogo pra você conversar, você precisa desabafar com alguém, você está com depressão, e precisa de ajuda.
-- Isso também é uma ordem?
-- Sim, senão eu te afasto das suas funções e da residência.
-- Aí você quer me matar de verdade. – Desesperou-se --
-- A escolha é sua. – Deu de ombros --
Carolina pensou e aceitou a proposta de Izabel, a chefe indicou uma amiga psicóloga para atender a residente e colocou-a de férias por duas semanas.
A médica não sabia o que fazer depois de tanto tempo trabalhando quase sem descansar, com duas semanas inteiras sem ter compromisso com o trabalho.
Raquel sugeriu uma viagem para a praia, onde teriam muitas mulheres para Carolina se divertir, mas a médica não queria esse tipo de interação. Ligou para Roberta, mas a advogada não quis viajar com a amiga, não disse o motivo, mas recusou o convite, Carol prometeu ligar quando voltasse dessa pequena viagem para conversarem. Sentiu que havia algo errado com Roberta e iria dar mais atenção a ela.
Acabou indo para um hotel fazenda na serra, onde estava longe de bagunça e tinha apenas tranquilidade para colocar a cabeça no lugar.
Durante a viagem, ela conheceu Carina, uma veterinária que cuidava dos cavalos do hotel. Em um passeio pelos estábulos enquanto admirava os cavalos, Carina apareceu e acabou assustando Carolina.
-- Olá. – Disse sorrindo –
-- Ai, que susto! – Colocou a mão no peito –
-- Desculpe, não foi minha intenção. Tudo bem?
-- Sem problemas. Eu só estava distraída admirando os cavalos. – Sorriu de volta –
-- Eles são lindos mesmo! Você quer dar uma volta?
-- Acho que não, eu não tenho muita habilidade com animais.
-- Não tem perigo nenhum.
Carolina observava as expressões leves do rosto da mulher que chegou de repente, ela parecia calma e prestativa, muito bonita, com os cabelos curtos cor de cobre, os olhos azuis bem intensos, vestia roupas de montaria, ela acreditou ser alguma amazona. Aqueles olhos lhe transmitiram paz e tranquilidade, era o que ela precisava naquele momento.
-- Você é amazona? – Olhou a moça de cima a baixo –
-- Não. – Riu – Nem me apresentei, desculpe. – Estendeu a mão – Meu nome é Carina, eu sou veterinária. Cuido dos animais daqui.
-- Ah, sim. Prazer, Carina, meu nome é Carolina, eu sou médica. —Eu posso cuidar de você se quiser. – Sorriu –
Carolina sentiu o rosto queimar, não foi a intenção, mas acabou soando como uma cantada barata. Carina acabou rindo. Observou aquela mulher com o olhar triste e cansado, mas de uma beleza simples e marcante.
-- Desculpa, não foi o que eu quis dizer, não foi uma cantada, não que você não seja muito bonita, você é mas... – quanto mais Carolina tentava se explicar, pior ficava para a médica – Ai, eu não sei mais o que eu estou falando. – Balançou a cabeça – Desculpe. – Sorriu amarelo --
Carina riu do embaraço da médica -- Não se preocupe, eu não acredito que você seja do tipo que dê cantadas baratas. Você parece mais o tipo que recebe as cantadas baratas. – Encostou-se na cerca --
Carolina ficou envergonhada. Carina a olhou dos pés à cabeça, estava usando um short curtinho, uma camiseta regata preta e chinelos nos pés, estava bem à vontade.
-- E muito obrigada pelo elogio. Vindo de uma mulher tão linda como você, eu fico lisonjeada. – Piscou para a médica –
Carolina engoliu seco, pela primeira vez ficou abalada com uma cantada, pois no final, ela que acabou sendo cortejada. Não sabia o que fazer e optou por se afastar dos estábulos.
-- Prazer Carina, eu vou pra lá. – Tentava sair de fininho –
-- O prazer foi meu, doutora. Se quiser fazer aquele passeio a cavalo é só me procurar. – Sorriu –
-- Pode deixar. – Saia andando de costas – Eu volto. – Sorriu amarelo –
Carolina saía do estabulo caminhando de costas, tropeçou em uma falha na grama e quase caiu, perdeu o chinelo e ficou sem graça tentando alcança-lo em algum ponto da grama, Carina apenas observava a médica desajeitada para lidar com pessoas, percebeu que Carolina era muito tímida, mas ficou interessada na ingenuidade dela.
Carolina voltou para o quarto e ficou relembrando sua total falta de tato para conversar com uma mulher que não fosse sua paciente. Pela primeira vez na vida ela se sentiu intimidada pela presença de uma mulher. Deitou e começou a zapear os canais e acabou adormecendo com a TV ligada.
A noite Carolina saiu do quarto para jantar no restaurante do hotel e foi surpreendida com a veterinária chegando em sua mesa enquanto ela lia o cardápio.
-- Boa noite doutora! – sorria –
-- Oi, -- Sorriu sem graça – Boa noite. Tudo bem?
-- Tudo ótimo! Posso sentar?
-- Claro!
Carolina sentiu várias borboletas voando dentro do estômago. Realmente a presença da veterinária mexia com ela. Era algo novo que ela estava sentindo, nunca uma mulher havia mexido com ela dessa maneira além de Samantha.
-- Eu não te vi mais hoje, você foi se esconder? – ria –
-- Eu voltei pro quarto e acabei dormindo durante a tarde, tinha tanto tempo que eu não dormia mais de cinco horas cada noite que eu estou repondo todo sono que estava acumulado. – Riu –
-- Imagino, muitos plantões?
-- Demais até. Tanto que minha chefe me ordenou a tirar essas férias. – Revirou os olhos –
-- Agradeça a sua chefe por mim. – Mordeu o lábio inferior –
Carolina sentiu um calor subir pela espinha, com o simples movimento da outra. Olhava para Carina e por um momento imaginou como seria seu beijo, aquela boca carnuda, convidativa, estava tirando seu prumo, sentiu como se o tempo parasse para ela admirar a beleza da veterinária.
-- Você quer jantar comigo? – Finalmente voltou a respirar --
-- Adoraria. – Sorriu aberto –
Carolina estendeu o cardápio para sua nova amiga e elas continuaram conversando sobre amenidades.
Durante o jantar, as duas já estavam mais soltas, Carolina já estava mais calma com a presença da veterinária. A atração era latente dos dois lados.
Como sempre, Carolina bebeu suco, e Carina pediu uma taça de vinho.
-- Você não bebe nunca? – Bebeu um gole da bebida –
-- Raramente. Eu não gosto. Não tenho boas lembranças com bebidas. – Brincava com um canudo –
-- Entendo, família?
-- Sim, mas eu prefiro não falar sobre isso. – Bebeu o último gole do suco –
-- Sem problemas, não se faz necessário. Eu gosto de vinho, mas é a única coisa que eu bebo, e nunca passo de duas taças, não sou muito forte para bebida alcóolica.
-- Eu não gosto de bebida alcóolica e nem de cigarros, não faz parte da minha filosofia. Que exemplo eu vou dar pros meus pacientes, se eu fizer tudo o que eu disser para eles não fazerem?
-- Mas os seus pacientes, não vão saber disso. Você se cobra muito! – Bebeu outro gole –
-- Eu sei, mas eu vou saber. E isso me incomoda.
-- Você é uma mulher muito interessante, sabia?
-- Você não imagina o quanto. – Disse para si mesma –
-- O que? Eu não ouvi.
-- O que você achou de tão interessante? – Disfarçou –
-- Não sei explicar. Você tem um ar de ingenuidade, é linda, inteligente, mas um mistério. – Cerrou os olhos --
-- Um mistério? – riu –
-- Sim, que eu estou louca para desvendar.
Carolina entendeu a investida, ela também estava interessada em Carina, mas não sabia como agir, se fosse Raquel, com certeza já estaria dentro do quarto com a veterinária descobrindo tudo que estava debaixo daquelas roupas apertadas que a ruiva usava.
-- Quer dar uma volta? – Carina convidou –
-- Pode ser.
Os olhares se intensificaram, Carolina estava apreensiva, Carina entusiasmada, desde o encontro no estábulo, ela queria conhecer mais da médica que a encantou.
Depois de pagar a conta no restaurante, as duas saíram caminhando pela área externa do hotel. Carina conhecia bem o lugar, e levou Carolina até a beira de um lago na parte de trás das dependências do hotel, a iluminação fazia tudo mais interessante, luzes direcionadas para a água, produziam um efeito espetacular.
Apesar de ser verão, na serra, o clima estava bem fresco, uma brisa soprava sorrateira. O reflexo da iluminação na água do lago deixava o ambiente incrivelmente romântico.
Carina levou a médica para sentar em um banco de frente para o lago.
-- Eu não tinha vindo pra esse lado ainda, esse lugar é incrível. – Encostou no banco –
-- Sim, eu adoro vir aqui no final da tarde e ficar olhando para o reflexo da iluminação no lago. Eu sinto uma paz que não consigo descrever. – Apoiou a cabeça em um dos braços no encosto do banco –
-- Você trabalha aqui a muito tempo? – Virou-se de frente para a outra –
-- Já tem três anos. – Virou também – Eu gosto daqui. É um ótimo lugar para trabalhar.
-- Você mora aqui no hotel?
-- Não, eu moro no Centro da cidade, eu resolvi ficar hoje, pois eu queria te encontrar de novo. – Sorriu –
-- Você ficou só pra me ver? – Olhava para a veterinária –
-- Confesso que sim. – Sorriu sem graça – Eu fiquei impressionada com você, eu não sabia quanto tempo você vai ficar, eu tinha que tentar te encontrar hoje ainda.
-- Eu vou ficar mais dois dias. Depois eu volto para casa.
-- Onde você mora?
-- Em Niterói.
-- É perto. – Riu para a médica --
As duas mulheres se olhavam, havia desejo, havia sedução, devagar, Carina se aproximou de Carolina, que não recuou, deixou os lábios quentes da veterinária encontrarem os seus, ela queria esse toque, ela queria sentir aquele beijo. Foi uma deliciosa descoberta de sensações.
Carina segurou o rosto da médica entre suas mãos e a beijava docemente, saboreando seus lábios, descobrindo o gosto do beijo da morena. Carolina deixou-se levar pela sedução da veterinária, segurou seu pescoço e enterrou uma das mãos em seus cabelos puxando seu corpo para mais perto.
Sem saber definir o tempo que aquele beijo levou, as duas se afastaram e ainda de olhos fechados, encostaram as testas, sentindo o momento, aproveitando cada segundo daquela aproximação tão gostosa para ambas.
Abrindo os olhos ao mesmo tempo, as duas mulheres se encontraram e sorriram. Carolina àquela altura já estava agradecendo pela insistência de Izabel em convencê-la a viajar.
-- Oi doutora. – Carina sorriu –
-- Oi doutora. – Retribuiu o sorriso –
-- Eu estou adorando a sua companhia.
-- Eu também, você foi uma surpresa maravilhosa nessa viagem. – Estendeu a mão para a veterinária –
Carina entrelaçou os dedos nos de Carolina. – A recíproca é verdadeira.
As duas se olhavam, admiravam tamanha beleza entre si, a doçura de Carina encantou Carolina, se perguntava como aquela mulher tão segura de si foi se interessar por ela, que estava tão quebrada por dentro.
Mas Carolina ainda tinha suas questões, e temia que a veterinária quisesse mais do que aquele beijo e seus medos e inseguranças a afetaram novamente.
-- Eu vou subir para o quarto, eu já estou sentindo um pouco de frio. – Soltou a mão da veterinária e abraçou o próprio corpo –
-- Esfriou mesmo, e nós estamos no sereno. – Sorriu –
-- Sim, e isso não é bom. Eu não trouxe o meu kit de primeiros socorros. – Sorriu --
-- Então vamos.
-- Pra onde? – Carolina não entendeu –
-- Para os nossos quartos. – Riu da ingenuidade da outra –
-- Ah sim. É, vamos.
As duas levantaram e caminharam para dentro do hotel, Carina acompanhou Carolina até a porta do quarto dela e a médica estava relutante em deixar que isso acontecesse.
-- Não precisa ir até o quarto, Carina.
-- Eu faço questão! Não se preocupe, eu não vou invadir o seu quarto durante a madrugada. – Riu --
-- Não é isso, isso não passou pela minha cabeça. – Sorriu sem graça –
-- Olha Carolina, você pode estar se perguntando se isso já aconteceu comigo antes, se eu estou com uma mulher nova a cada fim de semana, ou se eu dou em cima de todas as hóspedes que aparecem aqui no hotel.
Chegaram à porta do quarto.
-- Não Carina, eu nem tive tempo para pensar em algo desse tipo, não pensei em nada disso. – Tocou o braço da veterinária –
-- Mas eu quero te dizer mesmo assim, que você foi a primeira mulher que eu desejei desde que eu comecei a trabalhar aqui. Eu sempre mantive a minha postura totalmente profissional.
Carolina encostou no batente da porta enquanto escutava a outra se explicando.
-- Até porque eu quase não tenho contato com os hóspedes, meu trabalho é totalmente voltado para cuidar dos animais. O hotel tem profissionais para os passeios com os cavalos.
-- Carina, você não tem que me explicar nada disso. Fica tranquila. Eu nunca julgaria você.
A veterinária olhou para a médica e aproximou-se de seus lábios, beijando-a com paixão, o beijo agora foi mais latente, as mãos na cintura da outra, os corpos se encontrando, o calor que crescia em cada uma, era algo quase incontrolável. Mas as duas sabiam que existia um limite, para a primeira noite, aquele era o momento de se despedirem.
-- Boa noite Carolina.
-- Boa noite Carina.
A veterinária saiu pelo corredor e subiu mais um lance de escadas até o seu quarto, Carolina abriu a porta e entrou eufórica. Encostou-se na porta depois de fechada e ficou tentando sentir o perfume de Carina nas suas mãos. Gostou do que sentiu, queria mais daquela mulher, queria ir além de apenas beijá-la. Mas não sabia se estava pronta para se entregar, principalmente a alguém que acabara de conhecer.
Tomou banho e deitou em sua cama lembrando de cada detalhe daquele beijo tão macio e suave que experimentou. Sentiu a umidade entre suas pernas ao lembrar do toque leve das mãos em sua cintura e quis ter mais da outra, desejou o corpo de Carina em sua cama. Acabou adormecendo com essas lembranças recentes daquela noite.
No dia seguinte, Carolina levantou cedo, e desceu para tomar café, com a esperança de encontrar Carina no restaurante, elas não combinaram nada, mas ela queria rever a veterinária.
Carolina tomou o seu café, mas não avistou Carina no restaurante. Desapontada, pensou que a moça já teria esquecido dela. E saiu para caminhar pelo hotel, resolveu passar pelos estábulos imaginando que Carina poderia estar por lá.
Caminhando novamente perto dos cavalos, ouviu a voz que tirou o seu sono naquela noite.
-- Oi doutora.
Carolina se virou e encontrou aqueles lindos olhos azuis lhe observando. Abriu um lindo sorriso e aproximou-se da veterinária.
-- Bom dia Carina. – Sorriu –
-- Bom dia Carolina. Dormiu bem?
Carina aproximou-se da médica e deu um selinho. Carolina sentiu o rosto queimar.
-- Não tem problema você namorar uma hóspede?
-- Você está me pedindo em namoro, doutora?
Carolina se assustou e começou a gaguejar.
-- Não, não foi isso, não que eu não quisesse, -- se atrapalhou -- é que não foi um pedido, mas é muito cedo pra isso. Quer dizer, não é? – Levantou uma sobrancelha --
Carina soltou uma gargalhada e Carolina ficou sem graça, mas acabou rindo também.
-- Eu só estava brincando doutora. – Acariciou o rosto de Carolina -- Você fica uma graça quando não sabe o que fazer.
Deu outro selinho em Carolina.
-- Você está adorando me pregar peças não é.
-- Com certeza! E respondendo a sua pergunta, não tem nada no regulamento que me impeça de namorar hóspedes, mas não estamos namorando, doutora. – Sorriu –
Carolina acompanhou a veterinária no sorriso.
-- Então eu não vou te atrapalhar no seu horário de trabalho, não quero te prejudicar. Podemos nos ver mais tarde?
-- Com certeza, as oito no restaurante?
-- Perfeito.
Carolina que deu um selinho dessa vez e se afastou sob o olhar faminto da veterinária que ficou acompanhando o caminhar da outra se afastando.
Durante o dia, Carolina tentou se distrair em uma caminhada em uma trilha dentro do hotel, com outros hóspedes, na volta almoçou no restaurante e foi para o quarto, dormiu mais um pouco, estava realmente descansando.
À noite, no horário marcado, a médica estava no restaurante aguardando pela veterinária que apareceu linda, em uma calça jeans apertada, uma camiseta colada no corpo e botas nos pés. O seu perfume já estava chegando na mesa onde Carolina estava sentada, e ela se deliciou com aquela visão. Os olhares no restaurante foram atraídos para a veterinária e Carolina percebendo isso ficou com uma pontinha de ciúmes, mas sorriu ao receber em sua mesa aquela mulher tão linda e cobiçada no restaurante.
-- Oi Carolina.
-- Oi Carina, só você me chama assim, pelo nome inteiro, todos que me conhecem sempre me chamam de Carol.
-- Eu gosto do seu nome, é forte, é bonito. Ca-ro-li-na. – Repetiu enfatizando as sílabas –
Carolina riu e admirou a mulher que estava ali com ela.
-- Você está linda!
-- Obrigada, você também está linda.
Carolina vestia uma blusa frente única preta e uma saia longa branca, deixando a sandália de salto fino a mostra.
-- Eu quis caprichar mais hoje. – Sorriu –
-- Então vamos pedir o jantar? Eu estou faminta!
Carina olhou para a médica com fome, Carolina percebeu o duplo sentido nas palavras da veterinária e sentiu o ventre contrair de desejo, considerou deixar aquele encontro fluir, decidiu que não iria mais fugir, era hora de se libertar.
-- Com certeza.
As duas fizeram os pedidos enquanto conversavam, a noite estava maravilhosa, não estava muito frio, a conversa estava muito agradável, até que o destino mais uma vez, prega uma peça em Carolina.
-- Como foi o trabalho? – Bebeu um gole de suco –
-- Muito tranquilo, eu estou acompanhando os cavalos, porque eu dei vacina neles essa semana, preciso monitorar pra ver se eles não tiveram nenhuma reação. Mas está tudo bem.
Carolina estava jantando com Carina e em um momento viu entrar no restaurante, um rosto muito conhecido acompanhada de um homem que parecia ter saído de um filme de gangster. Samantha Monte Alto estava no mesmo lugar que a médica.
Carolina engasgou com o suco que estava bebendo e ficou vermelha de nervoso.
-- Carolina, o que foi? Você engasgou?
Carolina tossia e fez sinal com a cabeça que sim. Seu rosto estava vermelho e lágrimas escorriam de seus olhos, ela sentia que estava sufocando, não apenas por ter engasgado, mas por ter Samantha por perto novamente.
-- Levanta os braços.
Carolina balançou a cabeça que não. Levantou e foi até o banheiro. Carina foi atrás, preocupada com a médica. No banheiro, Carolina lavava o rosto, ainda tossindo, mas já melhor.
-- Você está melhor?
-- Sim. – Respirou fundo –
-- Caramba, eu me assustei. Você parecia que ia explodir.
-- Eu sei. – Puxava o ar com dificuldade --
A sensação que Carolina tinha era exatamente essa, parecia que ia explodir com a presença de Samantha naquele hotel.
Quando pensou em sair do banheiro, Samantha a encontrou ao entrar.
-- Carol. Eu sabia que era você. – Sorriu --
-- Vocês se conhecem? – A veterinária perguntou intrigada –
-- Sim, ela é uma colega da época da escola. – Carolina foi bem vaga –
-- Agora eu sou só isso pra você, Carol?
Samantha percebeu que havia algo acontecendo entre as duas, e aproveitou para tentar afastar a mulher de sua ex-namorada.
-- Com licença Samantha.
-- Eu não vou ganhar nenhum abraço, nada? Tantos anos que não nos vemos, meu amor.
-- Eu não sou seu amor. E não, você não ganha nada. – Dizia ressentida --
Carina sentiu que havia uma tensão entre as duas e fez menção de sair do banheiro.
-- Carina, espera, eu vou com você pra mesa. Nós já acabamos aqui.
-- É sua namoradinha? – Olhou a veterinária da cabeça aos pés –
-- Não é da sua conta Samantha.
Carolina segurou a mão de Carina e saiu do banheiro conseguindo finalmente respirar longe dos olhares de Samantha. Depois de sentar na mesa, ela sentiu que devia explicações a veterinária.
-- Carina, desculpe a cena no banheiro, ela é minha ex-namorada. E não foi uma relação muito boa.
-- Eu imaginei, deu pra perceber como você ficou abalada com a presença dela. – Disse sem graça --
As duas voltaram a comer, Carolina acabou perdendo a fome, bebeu apenas o restante do suco. Samantha passou pela mesa das duas encarando a médica e sentou junto com o homem estranho.
-- Essa viagem estava maravilhosa, eu não sei por que ela sempre tem que aparecer quando eu estou bem.
-- Calma Carolina, você não precisa passar por isso. Ela está com um homem. Está acompanhada, ela não vai te incomodar.
-- Você não a conhece. – Balançou a cabeça – Eu tenho certeza que o meu sossego terminou essa noite.
-- Você não está sozinha. Eu estou com você, e não vou permitir que ela estrague suas férias.
Carolina sorriu para a veterinária e mentalmente agradeceu por ter conhecido Carina naquela viagem.
-- Você é um amor.
Carina estendeu a mão sobre a mesa e Carolina entrelaçou os dedos sinalizando que elas estavam juntas. Samantha sentou de frente para a mesa das duas e ficou vigiando seus movimentos. E não gostou de ver aquele contato.
Assim que Carina terminou de comer, as duas levantaram e saíram do restaurante, ficando fora do alcance de Samantha.
Carina levou Carolina para um lado do hotel que não dava acesso aos hóspedes, Samantha nunca as encontraria ali. Depois dos estábulos, havia um descampado de grama alta, a veterinária pegou um cobertor em sua sala e estendeu na grama, as duas deitaram ali e ficaram olhando as estrelas.
-- Carina, eu te devo desculpas.
-- Não se preocupe, você já pediu desculpas lá no restaurante. – Colocou as mãos atrás da cabeça –
-- Tantos hotéis na serra, e ela vem parar justo nesse aqui. – Fechou os olhos –
-- Carolina, esquece que ela está aqui, enquanto você der atenção a ela, você nunca terá paz. É só uma sugestão.
-- Você está coberta de razão. Eu preciso esquecer a presença dela, é que foram tantas traições, tantas mentiras, que eu não consigo esquecer a mágoa.
-- Isso é normal. Mas agora você é uma mulher diferente, não é mais aquela que aceitou essas traições, vocês não estão mais juntas. O seu presente é outro, o seu agora está bem aqui do seu lado. – Olhou para a médica –
Carolina desviou o olhar para Carina e virou-se de lado para encontrar os lábios quentes da veterinária. O beijo intensificou, e logo Carina estava sobre o corpo de Carolina, pesando sobre ela, explorando seu corpo com suas mãos habilidosas. Carolina estava apenas se deixando levar pela destreza da veterinária.
Ali sob a luz das estrelas, as roupas foram se perdendo, e os corpos se encontrando, as peles nuas encostaram e soltavam faíscas. Carina conquistou a médica que se permitiu algo novo, conhecer o corpo da outra mulher. Carina beijava o corpo da médica com paixão, e encontrou seu sex* molhado sob a calcinha, retirou a última peça e vislumbrou seu sex* aguardando ser degustado. Sua língua passeou pelo sex* de Carolina causando uma corrente de prazer como nunca sentido, passeava com a língua hábil sobre seus grandes e pequenos lábios e ouvia Carolina gem*r baixinho, ela rebol*va tentando alcançar um contato maior e a veterinária entrou com dois dedos em seu sex*, fazendo com que Carolina se retesasse um pouco com aquele movimento, algumas lembranças vieram, mas ela lutou contra elas e depois de muito esforço conseguiu se entregar àquela sensação de prazer e permitiu que Carina explorasse seu corpo, seu sex* como ninguém havia feito antes, a veterinária intensificou os movimentos, lambendo o clit*ris da outra, entrando e saindo de forma cadenciada do sex* molhado de Carolina, a médica gemia, e começou a rebol*r na boca macia que lhe devorava, o prazer que estava sentindo era algo fora do comum, e com esses movimentos e carinhos, Carolina chegou ao orgasmo, Carina sentiu o sex* da médica apertando seus dedos e sorriu marota, foi beijando lentamente o ventre de Carolina enquanto retirava seus dedos lambuzados e levou à boca para saborear aquele líquido agridoce que ela adorou ter provado, e isso causou um novo estremecer em Carolina, assim, a veterinária abraçou a morena e a acolheu em seus braços.
A médica queria retribuir o prazer recebido e logo se colocou sobre a veterinária, ainda estava ofegante. Carina estava adorando aquela atitude, sentia Carolina se soltando, e a morena beijava seus lábios com volúpia, com uma das mãos desceu até o sex* de Carina e começou a movimentar em círculos, pressionando com o peso do seu corpo, enquanto escutava os gemidos de prazer da sua amante, ela delirava novamente de desejo.
Carina se contorcia de prazer e a médica desceu beijando seus seios, passava a língua em seus mamilos durinhos, levando Carina a gem*r alto, desceu lambendo sua barriga até chegar em seu sex* mordendo de leve seu clit*ris, deixando Carina louca de desejo, então Carolina engoliu seu sex* ch*pando e lambendo seu mel, que gosto delicioso, agridoce, Carina se contorcia, enquanto com uma das mãos, Carolina maltratava um dos seios da veterinária, a outra alcançava seu sex* e a penetrava com movimentos firmes e cadenciados, levando a veterinária ao orgasmo rapidamente.
Carolina abraçou Carina e as duas ficaram ali por alguns momentos se recuperando daquela enxurrada de sensações. Para Carolina era uma barreira sendo quebrada, estava descobrindo novas sensações e que sex* não é sinônimo de dor e medo.
-- Você está bem? – Carina perguntou –
-- Eu acho que sim. Você anotou o caminhão que me atropelou? – Deitava sobre a barriga da veterinária --
As duas riram, Carina ficou pensativa. Levantou e apoiou a cabeça em um dos braços e olhou para Carolina.
-- Você vai embora amanhã?
-- Sim, meio dia. – Entristeceu o olhar – Eu vou sentir sua falta.
-- Eu também. É uma pena que você more tão longe. – Deu um beijo – Você é incrível doutora!
-- Obrigada, como você disse, a recíproca é verdadeira. – Sorriu –
As duas voltaram a se beijar e ficaram ali mais algumas horas namorando e se curtindo. Já era madrugada quando elas resolveram voltar para os quartos. Na porta do quarto de Carolina, Carina se despedia.
-- Eu te vejo amanhã antes de você ir embora? – Mexia nos cabelos da morena –
-- Sim, com certeza. Quer tomar café comigo?
-- Você teria que acordar muito cedo, e eu não posso fazer isso com você nas suas férias. – Riu –
-- Mas valeria a pena. – Sorriu sedutora --
-- Se você acordar, eu vou tomar café as sete da manhã. Senão, me procura nos estábulos.
-- Tudo bem. Boa noite.
-- Boa noite.
A veterinária beijou Carolina e saiu para o seu quarto. Carolina ficou olhando até que ela sumisse nas escadas e entrou no quarto.
Trocou de roupas e colocou seu pijama, estava se preparando para dormir quando ouviu batidas na porta, pensou que seria Carina voltando para passar a noite com ela e ao abrir sorrindo deu de cara com Samantha. O sorriso se desfez na mesma hora.
-- Ué, não ficou feliz em me ver?
-- Não, vai embora. – Fechou a porta –
Samantha não deixou que a morena fechasse a porta, colocou o pé impedindo que Carolina conseguisse se trancar no quarto.
-- Você não vai me mandar embora assim. – Empurrou a porta contra a médica –
-- Samantha vai embora, nós não temos nada pra conversar.
Samantha era mais forte que Carolina e empurrou a porta forçando a entrada.
-- Sai do meu quarto ou eu chamo a segurança.
Samantha avançou em Carolina segurando seu rosto entre suas mãos e a beijou com saudade e paixão, Carolina tentou lutar afastando a loira de si e conseguiu resistir ao beijo. Carolina estava muito decepcionada com a ex-namorada, dessa vez ela não iria ceder.
-- Você não tem o direito de aparecer na minha vida quando bem entende Samantha, eu já te esqueci, depois de tudo o que aconteceu, você ainda acha que vai chegar aqui e me encontrar de braços abertos te esperando?
-- Nós nos pertencemos Carolina! Eu não sou feliz sem você.
-- Mas eu sou sem você. E estou muito bem longe da sua vida sem regras. – Gesticulava --
-- Você é minha Carolina. E não será feliz longe de mim.
-- Você está louca! – Segurou o rosto de Samantha – Você está drogada Samantha! Não adianta falar com você! Você nunca vai mudar. – Balançou a cabeça –
Carolina soltou a ex e se afastou, tinha raiva por Samantha estar se matando daquele jeito e não queria fazer parte daquilo.
-- Samantha, volta pro seu homem, quem é ele?
-- Não te interessa quem ele é. Você não quis me falar da sua namoradinha nova.
-- Com certeza não, ela tem sorte de não te conhecer. Vai embora daqui.
Carolina abriu a porta do quarto novamente e expulsou Samantha. A proximidade com a modelo era tóxica demais para Carolina, a relação de Samantha já estava passando para um estágio doentio.
-- Nunca mais volte a me procurar. – Apontava para o corredor --
-- Nós ainda vamos nos esbarrar. – Disse baixinho –
Samantha passou acariciando o rosto da médica que tentou se esquivar. Depois de fechar a porta do quarto Carolina teve uma falta de ar que parecia que iria morrer sufocada, sua paixão por Samantha havia se tornado algo ruim, o sentimento que a atraia pela modelo mudou radicalmente e a mágoa passou a reinar em seu peito.
Pegou uma garrafa de água no frigobar e bebeu um pouco para tentar se acalmar, Samantha teve a audácia de ir enfrenta-la no seu quarto, não se sentia mais segura. Colocou um roupão e saiu do quarto, bateu no quarto de Carina que atendeu a porta em uma camisola de seda que tirou os pensamentos ruins de Carolina na mesma hora.
-- Oi Carolina. – Sorria – Deu saudades?
-- Sim. Posso dormir aqui?
-- Claro! – Abriu espaço para a médica entrar –
Carolina contou sobre a visita de Samantha e Carina a acolheu em seus braços passando segurança para a médica adormecer.
De manhã, o celular de Carina despertou para ela levantar para trabalhar e Carolina acordou junto com a veterinária.
-- Bom dia.
-- Bom dia Carolina. – Beijou a moça – Desculpe pelo despertador, mas eu preciso levantar para trabalhar.
-- Não se preocupe, assim eu vou tomar café com você, eu estou pensando em ir embora mais cedo para evitar o contato com Samantha.
-- Que pena. Eu te entendo, mas gostaria muito de ter você aqui mais tempo. —Fazia carinho nos cabelos da médica –
-- Eu também, eu tento voltar em algum fim de semana. Ou você pode ir me visitar.
-- Eu adoraria.
Carina beijou a médica e a abraçou forte, as duas levantaram e foram se trocar para descer e tomarem café. Carina acompanhou a médica até o quarto e esperou Carolina tomar banho e se trocar para descerem juntas. O clima de romance entre as duas era explícito. Mas nenhuma das duas estava preocupada com isso.
Durante o café, não encontraram com Samantha, o que fez Carolina agradecer mentalmente.
Carina foi para o estábulo e Carolina foi arrumar suas coisas para ir embora, depois de ajeitar a mala, ela sentou na cama e respirou fundo, foram tantas lutas, tantos momentos de tristeza, Carolina nunca se sentia totalmente feliz. Ainda carregava o peso do mundo em suas costas.
A viagem serviu para renovar suas forças, ela conseguiu descansar, encontrou uma mulher incrível que a encantou e ela descobria aos poucos que sex* não era somente dor, seus medos lentamente estavam sendo vencidos.
Levantou-se e pegou suas coisas, foi até a recepção e fez o check out. colocou sua mala no carro e foi procurar Carina para se despedir.
Encontrou a veterinária em sua sala lendo algumas fichas. Ao avistar Carolina na porta ela abriu um lindo sorriso.
-- Oi doutora. –Deixou os papéis sobre a mesa –
-- Oi doutora. Eu vim me despedir. – Caminhou até a veterinária –
-- Infelizmente. – levantou –
Carina abraçou a cintura da médica e a puxou para um beijo cheio de paixão e intensidade. Carolina a segurou firme como se não quisesse mais sair daquele lugar tão aconchegante que era o abraço da veterinária.
As duas trocaram telefones com a promessa de não perderem o contato e Carolina deixou aqueles poucos dias de paz para trás, pensando no que faria no futuro. Dirigiu até Niterói com os pensamentos longe, na Serra, naquele hotel fazenda, onde estavam duas mulheres que lhe tiraram o fôlego, cada uma a sua maneira.
Com os dias de férias, Carolina aproveitou para visitar Roberta, estava muito tempo sem ver a amiga, e resolveu ir até sua casa em um sábado antes do Natal.
Carolina tocou a campainha e a mãe de Roberta atendeu a porta, elas quase nunca se encontravam, os pais de Roberta sempre trabalharam muito, mas agora já estavam aposentados.
-- Oi Carolina, que surpresa boa. – Abraçou a menina –
-- Tudo bem, Dona Glória? Quase não nos vemos, não é?
-- Verdade, você precisa aparecer mais, Roberta está precisando sair mais de casa, fica o tempo inteiro enfiada naquele computador. Eu estou bem preocupada com ela.
Caminhavam conversando. Glória levou a médica até o quarto de Roberta e bateu na porta.
-- Roberta, tem visita pra você.
A advogada abriu a porta e Carolina quase caiu para trás, Roberta estava muito mais obesa do que a última vez que elas se encontraram. Sem saber o que dizer, as duas ficaram paradas se olhando.
-- Oi Beta. – Olhou preocupada --
-- Oi, por que você não ligou? – Virou de costas e voltou pro computador –
Glória saiu e deixou as duas amigas para conversarem. Roberta andava com dificuldades, quase não encaixava mais na cadeira que estava à frente da mesa do computador, e a cadeira era bem grande. Carolina ficou preocupada com a saúde da amiga, se ela não perder peso, ela pode morrer.
-- Eu preferi vir te ver, fazia muito tempo que não nos encontrávamos. Por que, não gostou da minha visita? – Tentava provocar a amiga --
-- Não é isso. – Não olhava para a miga –
-- Roberta, eu sei que você está sem graça, olha pra mim.
-- Eu não quero. Eu não queria que você me visse assim. – Olhou para o outro lado –
-- Roberta, olha pra mim por favor.
A advogada relutou, mas atendeu o pedido da amiga e a olhou nos olhos. Carolina sabia que Roberta estava incomodada e queria ajudar a amiga.
-- Roberta, eu quero te ajudar. Eu posso te ajudar.
-- Como Carol? Olha o meu estado! – Apontou para o próprio corpo – Eu só consigo engordar.
-- Lembra da cirurgia que eu te falei? Eu consigo uma vaga pra você fazer lá no hospital.
-- Cirurgia? Aquela de redução do estômago?
-- Sim, consigo lá no hospital universitário, você entra no programa e terá acompanhamento com o médico, nutricionista e psicólogo, eu tenho certeza que você consegue com essa intervenção.
-- Eu tenho medo de hospital. – Abaixou a cabeça – Desde que você me falou eu fiquei pensando nisso, mas eu não queria precisar de cirurgia.
-- Eu estarei lá com você, eu vou acompanhar tudo, essa é a sua única saída agora amiga. – Relutou em falar – Senão você pode morrer, Roberta.
Roberta pensou e resolveu aceitar a proposta de Carolina, pediu que a médica marcasse a consulta com o médico no hospital e estava disposta a começar o processo para perder aquele peso todo que ganhara nos últimos anos.
Carolina prometeu estar com ela durante todo o processo e cumpriu sua palavra, ajudou Roberta como pôde até a advogada conseguir se livrar de todo o peso que carregava, não só os quilos, mas também da alma.
Fim do capítulo
Oi meninas.
Tudo bem? Espero que sim.
Capítulo fresquinho, chegando mais cedo, espero que gostem.
Carol finalmente consegue se libertar mais um pouco dos fantasmas do passado, e se entrega ao prazer. Será que ela consegue começar uma relação com Carina?
E Roberta só vê esperança na cirurgia, sua vida vai mudar, mas com muito sacrifício.
Carlos autorizou a cirurgia, será que Carol vai resistir? Será que ela vai acordar?
Façam suas apostas!
Obrigada pelo carinho, Lunna Maria, Pryscylla, Patty_321, Mille, Carol The M, NovaAqui e Lai.
Lai, amiga, gosto assim, bem interativa, rsrs. Pode pedir música! kkkk
E pra não perder o costume, Lu, amo você!
Beijos
Cris Lane
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Zaha
Em: 07/12/2018
Amiga, li, mas vou comentar dps! Só uma coisa... adorei a veterináriar pra Carol!
Beijos
Resposta do autor:
Oi??? Lai???
Devolve minha amiga já!!!!
Como assim? Para tudo!!! Uma linha de comentário?????
Cara de espanto!!!!
AAAAAAAAAAAAAAAAAh!
Beijo
Cris
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lis
Em: 16/12/2018
Tomara que essa cirurgia faça a Carol acordar, ainda bem que a Izabel estava ao lado dela e obrigou ela a parar um pouco, Carol ter se abrido ajudou muito para ela poder viver essa perda e superar a dor, que bom que a Carol encontrou uma pessoa bacana e conseguiu se soltar e superar mais esse trauma, afff essa Samantha tb parece um fantasma está em todo lugar, bonita a atitude da Carol em ajudar a Roberta e estar ao lado dela nesse momento tão dificil para ela.
Resposta do autor:
Oi Lis
As vezes precisamos de um empurrãozinho pra ver que estamos pegando pesado, Izabel fez isso e proporcionou uma ótima experiência pra Carol.
Carol é uma boa pessoa, ela sempre tenta enxergar o lado bom das pessoas, e por mais que isso a machuque, ela nunca irá deixar de acreditar e ajudar.
Foi uma ótima viagempra Carol, não foi?
Obrigada pelo carinho.
Beijos
Cris Lane
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Sem cadastro
Em: 07/12/2018
Amiga, li, mas vou comentar dps! Só uma coisa... adorei a veterináriar pra Carol!
Beijos
Resposta do autor:
Oi??? Lai???
Devolve minha amiga já!!!!
Como assim? Para tudo!!! Uma linha de comentário?????
Cara de espanto!!!!
AAAAAAAAAAAAAAAAAh!
Beijo
Cris
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Mille
Em: 05/12/2018
Olá Cris
Carol enfrentando e não sendo mais submissa a Sam. E espero que a Carine traga para nossa morena uma relação saudável e que ela possa fazer a Carol se sentir amanda e além disto mostrar a diferença do primeiro e segundo relacionamento.
E que tudo ocorra bem na cirurgia da Carol e possa enxergar na Ângela o que todos percebem o amor que ela transmite em cada gesto.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Oi Mille
Pois é, Carol se libertou daquele sentimento que a levava para esse relacionamento tóxico.
Vamos ver se a Carol irá se abrir para um novo relacionamento, torce aí.
Ângela está por perto, vamos ver se a cirurgia vai dar certo.
Amanhã tem mais. Te espero por aqui.
Obrigada pelo carinho!
Cris Lane
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Carol The M
Em: 05/12/2018
Que legal que gostou da música, é de um anime que se chama Angel Beats. A tradução do título da música condiz mais ainda com a situação do capítulo anterior, se me permite uma opinião. Ah, e se você gostar de animes, recomendo fortemente assistí-lo, e leve lencinhos rs!
Poxa, se não der certo com a Carina, vou lamentar profundamente, porque ela é uma fofura! Mas pelo menos o episódio desagradável serviu para sedimentar ainda mais a autoestima e a determinação da Carol de apagar de vez essa Samantha da vida dela.
Resposta do autor:
Oi Carol
Achei a música muito bonita sim. Eu só não sou de animes, rsrs, quem gosta é meu irmão.
Mas obrigada pela indicação, e a opinião de todas vocês é o que nos move a escrever, então continue dizendo o que acha.
Torcida organizada para Carina! Levantem os pompons!
Carol se livrou do sentimento por Sam, agora é esperar que ela acorde, torce aí.
Obrigada pelo carinho.
Beijos
Cris Lane
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NovaAqui
Em: 05/12/2018
Aleluia! Além de se livrar da mala da Samantha, conheceu Carina e teve o prazer de ter prazer. Muito bom para ela.
Agora é a cirurgia de Roberta e a própria cirurgia de Carol
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Oi NovaAqui
Sim, Carol virou a página e Sam é passado, mas será que a Carina vai virar presente? Jogue suas fichas.
Virão duas cirurgias difíceis, mas acredite que tudo dará certo. Aposta aí.
Amanhã tem mais. Aguardo você novamente.
Obrigada pelo carinho.
Beijo
Cris Lane
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