Capítulo 13
A segunda-feira chegou num piscar de olhos e com ela, a ansiedade de separação por parte de Priscila. Beatriz ainda não havia contado a ela sobre a decisão que havia tomado, faria isso durante a noite, mas antes, enquanto Priscila estivesse no trabalho, ela precisava resolver outro assunto.
“- Espero que essa ligação seja pra dizer que conseguiu o que lhe pedi e não pra reclamar de novo sobre sábado a noite!”
“- Bom dia, rainha da simpatia! Sim, acredito que consegui o que a senhora deseja e ainda não superei o bolo que a senhora e sua proprietária nos deram.”
“- Que horas você pode ir comigo lá?”
“- Se a senhorita estiver disponível, agora.”
“- Me passa o endereço.”
Em quarenta minutos Beatriz estava de frente a um prédio enorme, muito bonito e numa localização espetacular. Era um prédio exclusivamente empresarial. Encontrou com Mauro na entrada do mesmo.
- Fica no oitavo andar, aliás, como você exigiu, caso seja do seu agrado, o andar inteiro será seu.
- Está a venda? - perguntou enquanto pegavam as credenciais na portaria.
- Sim, você tanto pode alugar, como comprar.
Quando as portas do elevador abriram, Beatriz sentiu a sensação de amplitude, tudo que ela queria para o escritório. O andar era cercado por janelas, assim como todo prédio, o que trazia uma excelente luminosidade para o ambiente.
- Se a sala da diretoria e de reuniões, for tão boa quanto isso aqui, você pode fechar negócio hoje mesmo.
- Venha, vou lhe mostrar.
A sala de reuniões era bem ampla, daria tranquilamente para colocar uma mesa bem grande ali, apesar de está se desfazendo das fazendas, Beatriz não pretendia deixar todo seu dinheiro parado, pretendia investir em algo que não fosse apenas fundos de investimentos, só não sabia ainda em que.
- Ok. Agora a sala da minha loira.
- Fico até imaginando o motivo de você querer uma sala tão perfeita assim. - Mauro a olhou de um jeito bem cafajeste.
- Nem trabalhando, você deixa de ser idiota, bora logo.
Uma linda porta de madeira dava acesso a uma ante sala, o que parecia ser uma recepção, logo em seguida uma porta dupla de madeira dava acesso à sala que seria de Priscila.
- Perfeita! Espaçosa, iluminada… com todo aquele espaço lá fora ela não vai precisar mais ficar em meio aos arquivos. Pode bater o martelo, é meu!
- Você não vai nem querer saber o valor?
- Está um valor justo?
- Sim.
- Contratei você por saber da sua competência, se você me trouxe até aqui, sem fazer nenhuma ressalva, é porque valia a pena. Posso ficar com as chaves?
- Nossa, fiquei até sem ar! Um elogio desses! Pode sim, quem seria louco de negar isso a você, não é mesmo? Só me dê uns minutinhos pra eu passar lá na administração do prédio, para eles colocarem seu nome na lista de livre acesso, enquanto a gente não termina todos trâmites legais da compra.
A noite.
“- Oi moça, vem pra cá hoje não?!” - perguntou Beatriz estranhando o fato de Priscila está ligando.
“- Oi amor! Sofia me pediu pra ir com ela, ver a prova do vestido de casamento dela e pra eu fazer a prova do meu de madrinha. Ela me disse isso hoje no final da tarde, tentei falar contigo, mas seu celular só dava caixa postal.”
“- Descarregou enquanto eu estava fora.”
“- Ficou chateada, né?”
“- Não. Só triste que não vou poder dormir abraçada a você, mas não estou chateada não. Entendendo perfeitamente.”
“- De verdade? Quando terminar lá no atelier, eu trago Sofia em casa e vou dormir com você.”
“- Não senhora! Nada de ficar dirigindo durante a noite sozinha. Vai curtir esse momento com sua prima, fica tranquila, está tudo bem. Ela precisa de você, afinal você é a madrinha! Se cuida tá? Estou com saudades!” - Priscila ficava toda mole quando Beatriz falava daquele jeito com ela.
“- Também estou! Beijo, boa noite!”
“- Boa noite! Beijo, linda!”
- Você precisa ver a cara de palerma que você fica quando fala com Beatriz. É sério, eu vejo a hora de escorrer um fio de baba pela sua boca. - Priscila apenas revirou os olhos, enquanto empurrava Sofia para saírem.
Era a última prova antes do casamento, o vestido de Sofia estava lindo e ela estava radiante, por um instante, Priscila desejou aquele momento para ela também. Depois de fazerem os ajustes finais de seus vestidos, foram jantar no shopping que ficava próximo.
- E então, esse lance com Beatriz é sério mesmo?
- Eu acredito que sim. Ela me pediu em namoro, estamos namorando tem alguns meses, se bem que passamos mais tempo separadas, nesse período, que juntas, mas eu acredito que com o tempo isso se resolva.
- O lance das fazendas, né? Ela se apega demais ao passado dela, isso meio que a deixa cega para o que está acontecendo no presente.
- É, ela me prometeu que voltaria para terapia, inclusive conseguiu uma vaga para amanhã. Não sei quanto tempo ela pretende ficar, não conversamos sobre isso, ela tem evitado de toda forma, acho que pra não estragar o momento bom que estamos passando.
- Mas e o que você acha disso? Se ela insistir em continuar mais tempo longe que perto, você vai aguentar?
- Não sei, Sofia. Sinto por Beatriz algo que nunca senti antes, vai além de uma paixão. Já me apaixonei trocentas vezes, inclusive várias vezes no mesmo dia, mas com ela é diferente.
- E ela? Será que sente o mesmo por você, você percebe isso da parte dela também?
- As vezes sim, as vezes não. Ela é sempre um mar revolto, eu nunca consigo entender o que passa naquela cabeça.
- Tenha cuidado. Vá com cautela, você está muito envolvida. A história de vocês é bem complicada, talvez até você esteja confundindo as coisas…
- Como assim?
- Sei lá, de repente se sentindo responsável por todo o mal que causou a ela, tentando se redimir, coisas desse tipo quando a gente faz uma cagada.
- Não, não. De forma alguma, o que acontece aqui dentro jamais seria isso. É algo tão forte que não consigo explicar…
- Vixi! Lascou, você a ama! - Priscila encarou a prima por alguns segundos, para então desviar o olhar. - No seu casamento, eu lhe mato se não for a madrinha.
- Besta! Vamos terminar de jantar que meu dia amanhã começa cedo.
No dia seguinte.
“- Alô!?”
“- Bom dia, Priscila! É Mauro, tudo bem?”
“- Bom dia, Mauro! Tudo sim e com você?” - Priscila estava sem entender porque Mauro estava ligando para o telefone empresarial dela.
“- Tudo em paz. Olha, gostaria que se possível, e eu sei que é porque Beatriz não para de elogiar seus dotes ninjas no trabalho, você me enviasse um levantamento individual de cada uma das fazendas que te enviei por e-mail. De tudo: quantidade de animais, funcionários, equipamentos, área construída, tudo nos mínimos detalhes. Não vou te pressionar, mas o quanto antes melhor. A medida que você for terminando uma, me envia pra eu ir montando uma estratégia de venda.”
“- Venda?” - Priscila ainda estava perdida olhando o e-mail que Mauro a enviou, com o nome das oito fazendas, inclusive o haras Indomável.
“- Pelo jeito Beatriz ainda não falou contigo, né? Mas ela vai falar, enquanto ela não fala, você poderia ir adiantando essa parte, por favorzinho?!”
“- Posso sim, Mauro. Sem problema algum.”
“- Obrigado! Não é a toa que Bia diz que você é a melhor. Tchau, tchau!”
“- Até mais, Mauro!” - Mal desligou o telefone, ouviu batidas na porta.
- Oi, dona Priscila! A senhora tem um minuto para mim?
- Tenho sim. - Priscila ainda estava atônita.
- O que foi? Fiz mal em vir te chamar pra almoçar?
- Não, não, Bia! Imagina, é que preciso organizar umas coisas, aí você sabe como fico concentrada, mas já passou. Vamos? Tô morrendo de fome. - Mesmo não acreditando naquela desculpa, Beatriz decidiu fingir que acreditava.
Depois do almoço.
- Eu vou te deixar no escritório, mas antes, preciso te levar a um lugar.
- Beatriz! Tem muita coisa pra fazer lá no escritório, eu já passei quase a semana toda fora, daqui a pouco vão reclamar que não faço meu trabalho direito.
- Eu assumo a responsabilidade e outra, não adianta nada reclamarem, eu sou sua chefe e sou eu que estou lhe “sequestrando”. Prometo que vai ser bem rápido.
- Com essa cara, não tem como lhe dizer um não.
Ao estacionar em frente o imponente edifício.
- Beatriz, não me diga que você?
- Vamos? Depois você reclama. - Beatriz pegou as credenciais na recepção e subiu até o andar onde seria o novo escritório do grupo Magalhães.
Ao acender as luzes.
- Bia, isso aqui é enorme! Você…
- Comprei esse andar inteiro. Já não dava mais pra vocês ficarem ali, aquele lugar é um cubículo, mal iluminado, mal ventilado… aqui o ar condicionado é central, olha essa vista. Duvido que alguém não trabalhe satisfeito num ambiente desses.
- Você é louca?! Como que você compra algo desse tipo, assim, do dia pra noite?
- Não foi do dia pra noite. Aquela sua sala me incomoda demais. E por falar nisso, vem comigo. - Beatriz levou Priscila primeiro para sala de reuniões, depois para sala que seria dela, tapou seus olhos com as mãos e a guiou até o local. - Agora, a cereja do bolo, bem vinda a sua nova sala!
Priscila ficou boquiaberta com o local, a vista era belíssima, dava pra ver toda cidade e as serras que a circundavam. A sala era ampla, arejada, bem iluminada pelas enormes janelas que possuía.
- E se a claridade incomodar, é só baixar as persianas. - Beatriz pegou um controle remoto no bolso e ao apertar um botão as persianas baixaram, deixando a sala na penumbra, mais um toque e elas subiram pela metade, deixando um pouco de luz entrar. - E então, gostou?
- Bia, por que fez isso? Deve ter custado uma pequena fortuna…
- Pelo bem estar do pessoal do escritório. Por você! Eu não me sentia bem em lhe ver naquele aperto, no meio daqueles arquivos, aquele escritório já estava ultrapassado, aqui a gente vai ter espaço suficiente pra trabalhar com qualidade.- Priscila acariciou seu rosto.
- Quando você ia me contra sobre as fazendas? - Beatriz fez cara de interrogação – Mauro me ligou.
- Bicha linguaruda! Eu ia te contar ontem.
- Eu te pressionei demais, não é? Olha, não precisa fazer isso, não tome nenhuma decisão precipitada…
- Não se preocupe. Lembra que eu falei que fui ver tia Sílvia antes de ir pro seu apartamento? Conversamos e chegamos ao consenso que essa seria a melhor coisa a se fazer. Eu não vou mentir, e dizer que a nossa relação não influenciou essa decisão, influenciou bastante, mas você, é mais importante pra mim, que qualquer fazenda dessas. Isso não vai nos prejudicar financeiramente em nada, até porque a gente vai transformar esse dinheiro em outros negócios, que ainda não sei quais e conto com sua ajuda pra isso. - sorriu nervosa pra Priscila – Eu fiz que precisava ser feito.
- Bia… - Priscila parecia inconformada.
- Eu achei que você ficaria feliz, por eu querer estar perto. Eu não quero mais ficar viajando, nem me preocupando da forma que vinha, mas pelo visto mais uma vez, fiz besteira.
- Não… Bia, desculpa, não foi isso que quis dizer. Eu me sinto lisonjeada por tudo, sério, adorei a sala, o espaço para o novo escritório, o fato de você querer ficar perto de mim. Eu só não quero está fazendo você tomar decisões que vão lhe fazer mal. Que você venha se arrepender depois…
- Eu não vou me arrepender nunca! Mesmo que lá na frente a gente não dê certo, eu sei que terei feito o que era possível, eu não me perdoaria se deixasse esse sentimento tão bom que está nascendo entre a gente morrer por falta de atenção. - Priscila sentiu uma vontade enorme de dizer o quanto a amava, mas seria cedo demais para isso, achou melhor se conter.
- Vem cá me dá um beijo. Adoro quando você fica manhosa desse jeito. - Beatriz abriu um sorriso enorme. Beijou Priscila docemente, parecia que estavam separadas a meses, tamanho foi o arrepio que tomou conta das duas ao sentirem o corpo uma da outra.
- Vamos, antes que você leve bronca da sua chefe por chegar atrasada.
Deixou Priscila no escritório e combinaram de se encontrar a noite no apartamento dela.
A mudança para o novo espaço ocorreu quinze dias após Beatriz ter ido conhecer o local. Ela resolveu trocar todo maquinário. Comprou computadores e copiadoras top de linha, o que existia de mais moderno e eficiente no mercado. Os antigos, foram formatados e doados para uma ONG que trabalha com crianças em situação de rua.
Os dias foram passando, assim como as semanas e os meses. No aniversário da filha mais nova de Sara, Beatriz pode mais uma vez observar um lado de Priscila que ela jamais cogitou existir: sua paixão por crianças, na realidade, ela parecia uma das crianças da festa.
Dezembro chegou e junto com ela o casamento de Sofia. Como noiva e madrinhas se arrumariam no local do evento, Beatriz não pôde ver Priscila como madrinha antes da cerimônia, ao vê-la saindo do cômodo onde estavam se arrumando, seus olhos brilharam, Priscila estava linda, talvez mais bonita até que a noiva, para Beatriz ela estava, sem dúvida.
- Ela está linda, não é?! - Beatriz apenas balançou a cabeça em sinal positivo, em resposta a pergunta da mãe de Priscila. - Vai lá falar com ela! Daqui a pouco a cerimônia começa e vocês não terão tempo pra isso antes da festa.
Ao se aproximar de Priscila, tocou gentilmente sua mão.
- Oi amor!
- Você está linda! Não que você não seja, todos os dias… mas hoje você está ainda mais. - pela primeira vez, Priscila percebeu Beatriz nervosa em uma situação.
- Devo estar mesmo! Deixei você sem fala!
- Se de madrinha você está assim, imagina você de noiva… eu me casaria com você agora! - aquela fala pegou as duas de surpresa. Suas emoções driblaram seu cérebro e ela entregou o que estava guardado no seu inconsciente. Priscila aproximou a boca do ouvido de Beatriz, para então falar:
- No dia que esse pedido for feito da maneira certa, eu aceito. - se afastou e piscou o olho para namorada. - Agora deixa eu ir, que o casamento já vai começar, antes que o noivo tenha um troço.
Beatriz voltou para perto de Paula, coração ainda batia acelerado, pelo que disse e pela resposta que teve. A cerimônia foi linda, a noiva estava impecável, mas Beatriz só tinha olhos pra uma pessoa.
- É melhor você pegar um lenço, querida. Está quase escorrendo um filete de baba da sua boca. - instintivamente Beatriz passou a mão na boca, para só então se dar conta que a mãe de Priscila estava tirando uma com a cara dela, sorriu meio que entregando os pontos.
Curtiram bastante a festa, ficaram juntas quase a noite inteira, exceto nos momentos de fotos com a noiva, com a família, quase ninguém da família de Priscila conhecia Beatriz, apenas sua mãe e Sofia, ela foi apresentada para vários primos, tios… Priscila tinha uma família muito grande por parte de mãe.
Perto do natal.
- Minha tia pediu pra convidar você e sua mãe, para passarem o natal com a gente lá no haras. - Priscila suspirou.
- Bia, não fica chateada, mas é meio que uma tradição na nossa família a gente fazer uma grande ceia, reunir todo mundo, durante o natal. Eu adoraria passar com vocês e tenho certeza que mamãe também, ela te adora… Por que vocês não passam conosco?
- Eu entendo. É o primeiro natal depois que saí de casa que passo com tia Sílvia, geralmente essa data eu sempre passei sozinha ou resmungando na casa de Mauro. Ela está muito animada com os preparativos, não quero tirar isso dela. Tem também o pessoal do haras… - suspiraram juntas.
- Ano novo a gente passa junta, então? - indagou Priscila.
- Sim, sim. Sem dúvida!
- Quando você vai pra casa da sua mãe?
- Amanhã. - falou baixinho.
- E você só me avisa hoje?
- Eu não iria resistir a sua cara de menor abandonada se dissesse antes, mas não quero chatear a mamãe. Porque tem que ser tão difícil?!
- Calma moça! Tá tudo bem, minha cara de menor abandonada vai continuar até você voltar. - sorriram juntas – Mas isso não significa que estou chateada com você, ou algo do tipo. Mudando completamente de assunto – Beatriz esticou o braço e tirou algo de dentro da gaveta. - como ainda não sei o dia do seu aniversário, eu comprei isso aqui pra te dá de presente de natal, como não estaremos juntas, vou adiantar. - Entregou um pequeno embrulho a Priscila.
- Bia, não precisava. Só pra constar meu aniversário é em abril. - abriu o embrulho cuidadosamente, seus olhos se arregalaram quando abriu a caixinha que lhe foi entregue. - Bia!! Eu não acredito!!
- Coloca no dedo, pra ver como fica. Deixa eu colocar. - Beatriz deslizou a joia delicadamente pelo dedo anelar direito de Priscila.
- Ficou perfeito! Como você sabia o tamanho certo?
- Eu roubei um anel seu, um dia antes de comprar. - fez cara de inocente. - Gostou?
- Eu amei! Você prestou atenção… - sorriu acariciando o anel, seus olhos estavam transbordando alegria. Beijou Beatriz com todo amor que existia dentro de si. - Você é única, sabia? Como pude ficar tanto tempo sem você?
- Você merece, tem sido uma namorada incrível. Cada dia, o que sinto por você só aumenta. - Priscila tinha os olhos cheios d’água.
- Eu também tenho algo para você mocinha. Não saia daí, vou buscar no carro. - dez minutos depois, Priscila estava de volta com um embrulho considerável. - Espero que goste!
Ao desembrulhar o seu presente, foi a vez de Beatriz encher os olhos de lágrimas. Era uma pintura realista de Mérida, correndo pelo campo no haras.
- Tirei essa foto um dia que fui almoçar com sua tia, enquanto você estava no Indomável. Roberto disse que ela estava num mau humor do cão. Fui vê-la no pasto, ela estava linda, mas realmente bem arreliada, dava pra ver pela cara dela e pela expressão corporal, relincho… Conheci um rapaz, que faz pintura realista em óleo, entreguei a foto e pedi que ele caprichasse, juro que quase fiquei com o quadro pra mim… Gostou? - Beatriz acariciava a tela, observava cada detalhe.
- É perfeito, estou sem palavras! Vou mandar emoldurar e pendurar lá na sala. Você captou a essência dela e o artista conseguiu reproduzir isso perfeitamente. Esse quadro tem vida. É lindo, lindo!
Fizeram amor a noite inteira, ficariam longe quase cinco dias, isso fazia com que o desejo triplicasse de intensidade. No dia seguinte, Beatriz levou Priscila até seu apartamento para ela terminar de arrumar as coisas e viajar para casa da mãe, Beatriz resolveu ir para o haras, ficar com a tia. Haviam dado folga aos funcionários do escritório, que duraria até dia três de janeiro, para que pudessem aproveitar melhor essa época de final de ano.
Priscila foi recebida com muito carinho pela mãe e por alguns familiares que já se encontravam por lá. Enquanto caminhavam só as duas pela praia.
- Como estão você e Beatriz?
- Bem, muito bem. Olha só o presente que ela me deu. - Priscila esticou a mão, mostrando a mãe o anel e contando toda a história que o envolvia.
- Você a ama, não é filha?
- Sim, mãe, muito! - deu um suspiro, que deixou a mãe confusa.
- E qual o problema nisso?
- Eu não sei, se ela também sente o mesmo. Tudo entre a gente sempre foi muito complicado. Eu fiquei muito surpresa quando ela decidiu largar tudo, pra ficar comigo, mas Bia sempre foi muito impulsiva. Não sei até onde isso foi realmente por nós, ou um desses momentos dela de impulsividade.
- Quando vocês estão juntas, como ela te trata?
- Como se nada no mundo importasse mais do que eu! Eu disse a senhora que ela comprou um andar inteiro no prédio comercial mais luxuoso da cidade, só pra que eu tivesse uma sala melhor?
- Sim, disse. E você ainda tem dúvidas sobre esse amor?
- Ela nunca falou…
- E você, já falou pra ela, que a ama?
- Não! Eu não quero me precipitar! - a mãe a olhou com doçura.
- E se ela também não quiser? E se ela quiser te provar com atitudes? E se ela estiver tentando te mostrar que não está sendo impulsiva, mas que realmente está fazendo o que faz por amar você? - Priscila ficou pensativa.
- A senhora consegue me acalmar e me confundir ao mesmo tempo! - sorriu para mãe.
- Dê uma chance a ela de sentir segura, no que diz respeito a você acreditar no sentimento dela. Baixe a guarda, se deixe amar. - Priscila abraçou e deu um beijo na testa da mãe.
Na noite de natal.
“- Feliz natal, meu amor!”
“- Feliz natal, vida! Tudo bem por aí? Diz a sua mãe que estou mandando um abraço.”
“- Está tudo bem, meu anjo. E por aí?”
“- Tudo bem também… só a saudade de você que está me matando! O que você fez comigo, hein?”
“- Eu também estou com saudades, meu amor. Tanta que chega doer!”
“- Pri...” - Beatriz hesitou por um momento.
“- Que foi, Bia?” - Priscila ficou preocupada, com o silêncio de Beatriz. Ouviu um longo suspiro do outro lado da linha.
“- Eu sei que esse tipo de coisa não deve ser dito por telefone. – mais uma pausa longa, o que fazia a apreensão de Priscila aumentar ainda mais. - Mas eu não quero esperar e acabar perdendo a coragem...”
“- Bia, você está me assustando!”
“- Eu te amo, Priscila! O que eu sinto por você, nunca senti por ninguém, é tão forte, é tão intenso… Não pense que estou me precipitando. Eu tenho certeza, eu te amo! Cada vez que eu te olho é como se eu tivesse te olhando pela primeira vez. Eu ainda sinto o mesmo frio na barriga de quando eu lhe vi pela primeira vez na escola. Sempre foi amor, Pri, sempre. Por mais que eu tenha fugido.” - do outro lado da linha, Priscila não conseguia conter as lágrimas.
“- Assim você me faz sair daqui agora só pra te dar um beijo… Vários… Me entregar completamente a você, pra poder sussurrar no seu ouvido o quanto eu te amo! Você não faz ideia do quanto é especial pra mim! O quanto sua presença deixa tudo mais leve, o quanto me deixa feliz… Eu te amo, Bia! Muito!” - um silêncio de cumplicidade se fez entre as duas, suas respirações demonstravam todo o turbilhão de emoções que ambas estavam sentindo.
“- Volta logo pra mim, minha vida!”
“- Volto sim, meu amor!”
“- Beijos! Te amo!” - Priscila sorriu em meio as lágrimas.
“- Também te amo, meu amor!”
Fim do capítulo
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