Capítulo 8
O caminho parecia não ter fim, eram quilômetros e quilômetros de poeira, árvores e campinas. Pararam por uma hora para almoçar e esticar as pernas, Héctor se mostrou ser uma boa companhia não reclamava como Stella e ainda entretia os dois jovens entendiados. Rosalie, no entanto, curtia a solidão em seu canto.
Pensava em seus comportamentos por demais estranhos e sobretudo em Stella, se arrependeu de não ter ficado com a recepcionista e saciado aquela fome cada vez mais voraz dentro de si. Assim o dia para ela foi longo e ao cair a noite decidiu que o melhor era parar, se alongar e ir descansar.
- Dormir!? Aqui!? No meio do nada? - perguntou uma Stella perplexa.
- Será bueno rúbia, verá - aprovou Héctor pulando da caminhonete e saindo atrás de lenha para uma fogueira.
- Ouça a Barbie espanhola, não temos muita escolha. Não vou passar a noite dirigindo, nem vou obrigar Gabriel a isso, não confio nesse Héctor e você além de não ter carteira ainda dormiria no volante e mataria todos nós - explicou Rose rindo da cara da loira.
Para seu alivío Stella aceitou, não sem antes reclamar dos pernilongos, da falta de um colchão macio, de um banho quente, da comida que não era um jantar exatamente, do cheiro de suor que provávelmente todos estavam e mil e uma outra coisas.
- Ufa! Achei que ficaria surda! - exclamou Rosalie quando Stella foi encher o saco de Héctor.
- Ah, ela não é tão ruim assim - defendeu Gabriel mas mudou de idéia ao ver a sombracelha levantada de Rose - Pensa que ela poderia ser esnobe.
- De tantas pessoas no mundo por quê vim parar aqui, no meio do nada, com ela? - perguntou a morena desconsolada.
- Vai ver é o destino.
- Me diga onde está esse maldito que eu mesma vou matar. - brincou ela.
Stella assistiu Héctor acender o fogo com um pederneira e ajeitar a lenha com cuidado, depois se sentou grama ao lado dela:
- Fez muito isso?
- Si, muchas vezes tantas que no vale a pena contar.
- Deve ser legal andar sem rumo por aí mas não sente falta da familía?
- Mi madre morrió quando yo era un nino, vivi com mi papá asta los dezocho, quando él se fue resto apenas mi hermana más vieja. Ella já era novia y morava con su conpaniero, no restava más nada para mi lá entonces saí conocer el mundo y tien sido bueno. Yo sinto-me vivo de una manera que no sentia cuando trabajava y estuda lá - explicou Héctor.
- E fala com sua irmã?
- As veces, nem siempre eso es possible más la última ves ella estaba esperando su segundo hijo. Y tú, tiene hermanos?
- Não que eu saiba.
- Si me permite, porque ustedes estan atrapando para la Argentina?
- Só passeando sabe - desvencilhou-se Stella, ele parecia não representar perigo mas Rosalie a mataria se contasse.
- No é lo que parece, pero se no quieres hablar no necessita.
A loira continuou falando com Héctor e agradeceu por ele não insistir no assunto. As horas foram passando lentamente ao som da voz do espanhol, Rosalie e Gabriel se aproximaram da fogueira com uma lona larga e cobertores que encontraram na traseira da caminhonete. Os dois estenderam no chão há uma boa distância da foguera mas não tão longe para que o calor das suas chamas os aquecessem do frio. Não daria para os três no entanto Héctor surpreendeu á todos ao pegar um saco de dormir que se encontrava preso á sua cargueira.
Com a cama feita Rosalie dividiu as bolachas e salgadinhos comrprados no posto por Gabriel, a coca-cola quente completou a janta. Stella ficou em dúvida sobre onde dormir então escolheu ocupar o lugar do lado de Héctor e Gabriel deitou do seu lado sob as cobertas, a loira fingiu não ver a contrariedade de Rosalie e nem ligou para suas tentativas de conversa.
Dormir não foi díficil mesmo com o cobertor amaciando um pouco o chão ainda estava duro, seu corpo moído da viagem agradeceu o espaço para se esticar e mesmo com tantas incertezas pelo caminho se entregou ao doce sono onde mais uma vez reencontrou a morena que tirava sua paz.
Rosalie quase beijou Gabriel ao ver o que o garoto encontrou na caçamba quando foi procurar a comida que tinha comprado, resolveu dois problemas com uma cajadada só. A noite enluarada e estrelada estava tão linda e ali todos os astros eram tão visíveis que pareciam lhe cercar, teve a impressão de que se enguesse os braços poderia toca-los. Deitou na lona e contemplou aquela multidão brilhante e se sentiu pequena diante de tanta imensidão.
O silêncio que ficou quando as três vozes se calaram era aboluto, quebrado apenas pela sinfonia dos grilos e dos pássaros noturnos. Seus pensamentos começaram a falar alto demais em sua cabeça, seus olhos foram da lua cheia para o rosto de Stella. A loira dormia serenamente com uma expressão de tranquilidade que um desejo tão grande de toca-la veio de repente, sua sorte é que ela estava longe e não pôde obedecer a esse impulso que com certeza se arrependeria.
Observando as estrelas pediu com todas as forças para qualquer divindade que conseguissem chegar logo a Europa e deixar Stella lá, porque não sabia por quanto tempo controlaria aqueles sentimentos dentro de si e que
lutavam para escapar cada vez que mergulhava naquelas lágoas claras que eram os olhos dela, a cada discussão que tinham.
O dia que passou dirigindo e pensando decifrou o porquê de sua indecisão sobre o que fazer com Stella, descobrira que por trás de cada farpa trocada havia um desejo insano de beija-la, de tê-la nem que fosse por uma única vez. Mais do que nunca compreendia que estava encrencada e tinha plena consciência de que a loira não correspondia então o melhor fazer é se manter distante.
Suspirou alto e balançou a cabeça para se livrar daqueles pensamentos, "Em breve ela estará onde deve e eu... vou voltar para minha vida dupla, esses dias não serão mais que uma lembrança isso se não forem simplesmente esquecidos." pensou Rosalie fechando os olhos resignada, não havia futuro para aquilo e ela mais do que ninguém entendia.
Léo entregou o dinheiro para o caixa e saiu para o estacionamento, naquele horário o posto estava vazio e para sua infelicidade seu carro estava distante da loja de conveniência do posto fora das vistas do gerente. Mesmo com o silêncio e o escuro ele não sentia medo, estava acostumado a sair aquele horário e nunca lhe ocorreu mal algum porém essa noite seria diferente de todas.
Assoviando uma melodia animada andou calmamente até o automóvel, tentou pegar a chave no bolso da frente e ela escorregou de suas mãos caindo no chão. Se abaixou pra pega-la xingando, no entanto sua voz morreu ao ouvir passos do outro lado do carro e agaichou mais para ver o quem estava ali.
Quando não encontrou nada balançou a cabeça com um sorriso nervoso e apanhou o molho de chaves. Se levantou e colocou-a na porta do carro pronto para liga-lo e se mandar dali, seus olhos se fixaram no vidro e viu com espanto algo ou alguém atrás de si. Sequer teve tempo de esboçar uma reação, um golpe forte jogou sua cabeça para o lado e um segundo apagou suas vistas transformando aquela noite escura mais sombria ainda.
Fim do capítulo
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