Capitulo 9
Desmond abriu a porta do carro e jogou o corpo do frentista sem qualquer delicadeza no banco de trás, assumiu o volante tomando extremo cuidado de colocar luvas antes de tocar em qualquer coisa ali. O carro saiu em disparada pela rodovia e pegou uma estrada de terra não muito longe dali onde horas atrás Stella e Rosalie estiveram.
O homem que Rose viu falando ao telefone veio recebe-lo com ar de poucos amigos, Ramon não gostava dele porque além de ser um assassino frio e calculista não era confiável.
- Que cara mais feia! O que houve? Deixou uma fedelha de dezesseis anos lhe passar a perna? - zombou Desmond com um sorriso sarcástico.
- E onde você estava? O que fez até agora ham? - rebateu Ramon com a voz trêmula, não fosse por uma questão de orgulho perante seus comandados Desmond sabia que ele não teria coragem de enfrentá-lo.
- Buscando informações - disse o assassino abrindo a porta e colocando o frentista sobre os ombros antes de ir para dentro.
Passou pela sala e lançou um olhar gélido nos três que estavam ali: Pedro o moreno, Lorena a ruiva, Diogo o negro. Seguiu para a cozinha sem se importar com os protestos de Ramon e entrou no segundo quarto jogando o rapaz desmaido sobre a cama.
Checou a janela e fechou o cadeado que havia nela, depois trancou a porta com a chave e foi para a sala onde os quatro estavam reunidos.
- Eu não quero que o interrogue aqui, leve esse cara para longe e faça o que bem entender, não é da nossa conta - pediu Ramon claramente intimidado com Desmond como todos os outros.
- Calma aí, não estamos todos jogando do mesmo lado? Você precisa se redimir com Armando e eu, bem... eu quero um pouco de diversão e aquele rapaz tem as duas coisas. Ele é frentista do posto onde vocês pegaram a fedelha, deve ter visto com quem ela estava, em que carro. - explicou ele sorrindo.
- Se é assim... - Ramon começou.
- Espera aí! Esse não era o combinado! A gente pegaria a garota para o Armando, ele apenas falaria com ela e iria atrás do verdadeiro assassino, se for para alguém inocente morrer eu estou fora - o interrompeu Lorena.
Desmond a fitou intensamente e depois aumentou seu sorriso, com um andar de predador nato se aproximou dela até seus rostos quase se tocarem:
- Tão bonita e tão tola! Acha mesmo que Armando a soltaria? Ele a queimara viva até o último osso, se quer justiça ruiva está no lugar errado. - disse ele com sarcasmo.
- Me liga quando voltar a ser você mesmo - disse ela para Ramon e olhou para Diogo e Pedro. - Vocês vem ou ficam?
Diogo se levantou e a esperou na porta, Pedro negou com a cabeça e Lorena saiu empurrando Desmond com o ombro. Este continuou achando tudo muito divertido, a cara de Lorena ao saber a verdade, o semblante derrotado de Ramon e certa admiração de Pedro.
- Vamos começar? - perguntou ele fitando os dois que sobraram.
Pedro levantou e parou do seu lado, Ramon se limitou a dar de ombros e ir para a cozinha. Desmond acompanhado de seu mais novo servo destrancou o quarto quase no mesmo instante que Ramon abria uma garrafa de cerveja sentado na mesa da cozinha.
O frentista estava sem consciência na cama, Desmond pediu água a Pedro e assim que ele a trouxe jogou sobre Léo. O frentista acordou assustado e Desmond o segurou pelos ombros:
- Quero saber se viu uma piralha loira essa tarde, ela estáva acompanhada de uma ou mais pessoas, quem eram? - sussurrou ele no ouvido do rapaz.
- Não sei, por lá passa tanta gente! - respondeu o rapaz confuso.
- Ah! Faça um esforço! É essa a garota - insistiu Desmond tirando uma foto amassada do bolso da jaqueta e mostrou para ele - Tem certeza que não se lembra?
- Já disse que não sei.
- Vou refrescar sua memória e quem sabe no final não se sinta mais disposto a colaborar. - avisou Desmond retirando suas mãos dos ombros de Léo, o rapaz assim que se viu livre tentou escapar mas acabou jogado no chão por um forte murro do desconhecido.
Desmond levantou o rapaz pelas golas da camisa e socou outra vez e mais outra, continuou com isso até o rosto de Léo estar irreconhecivel.
- Tudo bem eu falo! Ela estava acompanhada por uma moça, cabelos pretos curtos, não mais que vinte e cinco anos e de um rapaz ruivo.
- Essa moça se vestia como homem? - quis saber Desmond interessado.
- Sim. - respondeu Léo sem forças.
- Rosalie, é claro! Faz todo sentido ela estar no meio, mas quem confiaria nela a ponto de deixar a menina sob seus cuidados? - disse ele para si mesmo.
- Quem é essa? - perguntou Ramon da cozinha com a voz enrolada.
- Em que carro estavam ? - perguntou novamente a Léo e levantou a mão para soca-lo outra vez quando ele demorou para responder.
- Uma caminhonete preta. Posso ir para casa? - quis saber o rapaz inocente.
- Claro que pode... - começou Desmond sorrindo.
- Obrigado! - agradeceu Léo se levantando do chão.
- Eu não disse que seria vivo. - completou o assassino fazendo tanto Pedro, que assistia imóvel de um canto do quarto, quanto o pobre frentista se surpreenderem. O assassino sentou em frente a Ramon na cozinha depois de ter se livrado de seu incômodo - Não a conheço pessoalmente mas já ouvi histórias. Nas mesas do Velho Mercado passam muitos boatos, um deles é sobre uma garota como o finado frentista descreveu. Segundo as putas e os bebados ela é uma assassina de aluguel que mata impiedosamente qualquer um que se ponha em seu caminho, seu nome...Rosalie, mas também a chamam de Anjo da Morte por sua beleza.
- Uma assassina? Quem seria louco para colocar a menina com ela? - questionou Ramon não tão bebado assim.
- Me pergunto a mesma coisa, talvez Armando saiba. - respondeu Desmond gostando do desafio que ela ofereceria.
- Espera aí, isso vai dificultar no sequestro da garota - disse Pedro ocupando um ligar vago na mesa.
- Armando não quer mais informações sobre ela, como castigo por deixarmos a fedelha fugir temos que levar ela até ele - explicou Ramon e analisando Desmond perguntou - Mas quais são as suas motivações?
- Diversão - respondeu ele sorrindo sádico.
Quando Stella acordou na manhã seguinte Rosalie não estava em lugar nenhum, Gabriel e Héctor dividiam o pacote de bolacha com olhares estranhos um para o outro. Ela sentou perto deles e logo o assunto foi compartilhado:
- Rosalie levantou cedo e desapareceu, até agora não voltou - contou Gabriel.
- Onde acha que ela foi? - questionou Stela.
- No hay muchos lugares donde ir aqui - respondeu o loiro piscando para ela como se entendesse algo que ela não compreendia.
- Então logo estará de volta - disse Stella.
No entanto Rose demorou para aparecer, quando o fez seu cabelo curto estava úmido e tinha um sorriso relaxado no rosto. Deu bom dia aos dois e ignorou Stella, sentou-se do lado de Héctor e começou a comer:
- É assim? Vai fazer de conta que eu não existo? - perguntou a loira levantando.
- Ah! Oi Stella, não tinha te visto aí - mentiu Rose.
- Ótimo, vou dar uma volta - disse revoltada e saiu em direção á floresta.
- Stella, espera! - ouviu a morena gritar e nem se importou, se magoara e não sabia por quê. Rosalie sempre seria a questão não respondida em sua vida e muitas vezes desejou não saber a resposta.
Tinha entrado no meio das árvores e se achava fora da vista do grupo, por isso ao ser empurrada repentinamente contra o tronco de um eucalipto gritou surpresa. Encontrou Rosalie atrás de si com o rosto completamente transtornado, sem entender bem o que fazia ou o que faria.
- Veio se desculpar? - perguntou a loira encarando a morena que a fitava de um jeito diferente.
- Desculpar? Pelo quê? - quis saber Rose deixando seu rosto a centímetros do de Stella.
- Deixa quieto, você é incapaz de compreender. - retrucou a outra engolindo em seco ao mergulhar naquelas pedras negras e confusas.
- Me explique - insistiu Rose sussurrando, a respiração quente dela batia contra o rosto de Stella provocando um arrepio em seu corpo inteiro.
- Não dá - afirmou Stella empurrando Rosalie com as mãos, no entanto tudo que conseguiu foi ter seus pulsos presos pelas mãos da outra.
- Dá sim, vou te mostrar como.
Stella ficou petrificada ao sentir os lábios da morena nos seus, tantos pensamentos passavam por sua cabeça que achou que ela pararia de funcionar a qualquer instante. E como lidar com o frio em seu estomago se seu coração batia tão alto em seus ouvidos? Sem poder se controlar suas mãos foram para o pescoço de Rosalie e as mãos dela agarram sua cintura com possessividade.
O contato do corpo dela contra o seu produziu uma onda que irradiava de seu baixo ventre para todo o seu corpo e sua boca invadida pela lingua dela foi impossivel não suspirar. O ar começou a faltar e mesmo relutante ela se afastou, Rosalie a encarou determinada a beija-la porém esse não era o plano de Stella que conseguiu afasta-la com um empurrão e voltou para onde os rapazes estavam mais confusa do que antes.
Fim do capítulo
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