Capítulo 2
Na terça durante o almoço.
- Como foi a madrugada de sábado e o domingo inteiro?
- Intensos.
- Vocês duas transpiravam sex*. Nunca vi tanta fome no olhar… de ambas. - Beatriz encarou Mauro com seriedade.
- Eu sei o que você está insinuando… E você tem razão, estou envolvida por Letícia, muito, bem mais do que eu imaginava. - Mauro ficou surpreso.
- Do jeito que você está falando, isso parece uma coisa ruim. - Beatriz se recostou na cadeira meio impaciente.
- E é! Letícia é uma mulher maravilhosa, carinhosa, ela soube me ganhar sem me impor nada… Eu me sinto segura ao lado dela, ela consegue acalmar toda a turbulência que existe dentro de mim só com a presença dela…
- Ainda não entendi o que tem de ruim de se estar apaixonada por alguém assim.
- O problema sou eu Mauro! Eu não estou preparada pra isso, acho que nunca estarei. Eu não quero machucá-la, não quero ser responsável por magoá-la, ela é muito importante pra mim.
- Eu sei o quanto isso é difícil pra você. Mas você nunca se permitiu viver nada com ninguém. Por que você não se dá uma chance?
- Porque eu sei que vou estragar tudo, como sempre. Eu não quero mais falar sobre isso ok?
- Tudo bem. Mas saiba que se precisar estou aqui.
Beatriz passou a semana inteira evitando Letícia. Já tinha ido longe demais, a amizade e o bem-estar de Letícia era mais importante que qualquer outra coisa.
No sábado a noite.
- Eu vou confessar que fiquei surpresa quando você me ligou marcando esse encontro. - Mauro olhava incrédulo para Beatriz e Priscila.
- Você veio aqui pra gente dançar, beber e se pegar ou pra ficar conversando? - Priscila fez sinal de zíper na boca e foi levada por Beatriz para a pista de dança. Menos de cinco minutos depois.
- Oi meninos! Tudo bem? Bia já chegou? - Mauro e Bruno se entreolharam. - O que foi? - instintivamente Letícia olhou para a pista de dança. Sua feição mudou de forma instantânea.
- Lê…
- Eu estou bem Mauro, fica tranquilo. - durante toda noite Beatriz se manteve longe dos amigos, nem ao menos olhava em direção a eles.
- Eu vou embora.
- Como é? Como assim embora? A noite mal começou.
- Pra mim ela já terminou, aliás, nem deveria ter vindo.
- Eu vou com você.
- O que?
- Eu vou com você. O que eu vou ficar fazendo aqui? Vim pra cá por sua causa. Tá negando fogo, Beatriz? - Priscila percebeu que Letícia não tirava os olhos delas, Beatriz estava de costas para Letícia. - Juro que estou impressionada, a fama que lhe antecede, não é merecida. - Beatriz odiava ser desafiada, puxou Priscila pra junto de si e a beijou.
- Não me desafie, eu não sei o que você quer, mas eu sei o que eu quero e seja lá o que você está tramando, eu vou me aproveitar disso enquanto for possível. Quer ir comigo? Então vamos, mas pode ter certeza que dessa vez não será pra dormir.
- Melhor assim!
Beatriz saiu levando Priscila pela mão. Enquanto isso Letícia acompanhava tudo, visivelmente desapontada e furiosa.
- Lê, olha, releva isso tá? Beatriz está confusa.
- Confusa?!
- Eu não deveria está te dizendo isso, mas ela está muito envolvida por você, e você sabe como ela é.
- Sei, sei sim. - Letícia saiu pisando firme.
- Acho que você falou demais, amor.
- Beatriz vai me matar, mas eu não poderia deixar Letícia sofrendo desse jeito.
Do lado de fora da boate, Letícia procurou por Beatriz e a viu esperando o táxi ao lado de Priscila.
- Cai fora, Priscila!
- Como é?
- Além de fútil, você é burra e surda também? Então eu vou falar bem devagar: cai fora. - Beatriz estava surpresa. Nesse momento o táxi chegou. Beatriz abriu a porta para Priscila entrar, Letícia já segurava as lágrimas. Beatriz fechou a porta de trás e se debruçou sobre a janela da porta do passageiro na frente, indicou o endereço de Priscila e pediu que ele colocasse na conta dela, uma vez que o motorista era conhecido.
- Mas como assim? - esbravejou Priscila de dentro do carro.
- Depois a gente conversa. Essa noite já está complicada demais. Eu prometo que a gente se fala. Leva ela Adauto, obrigada!
Letícia estava de braços cruzados com a cara amarrada na calçada, não sabia se as lágrimas que teimavam em cair eram de tristeza, raiva ou decepção.
- Desde quando você ficou tão raivosa assim?
- Na mesma época que você ficou canalha! - Beatriz se aproximou de Letícia para abraçá-la.
- Não encosta em mim. Você está com cheiro daquela puta.
- Ok. O que você quer que eu faça então?
- Vamos pra casa.
- Pra minha ou pra sua? - Letícia a fuzilava com o olhar, não estava pra brincadeira mesmo.
- Tá, entendi. - quando táxi chegou e Beatriz foi entrar junto com ela no banco de trás.
- Vai lá na frente, esse cheiro está me dando náuseas. - Beatriz a olhava incrédula, mas atendeu o pedido sem contestar.
Ao chegarem na casa de Beatriz.
- Pode me explicar o que foi isso? Não, não explica nada não, vai tomar um banho antes. Esse cheiro não combina com você, parece que é aquela perua que está na minha frente.
Quinze minutos depois, Beatriz apareceu na sala de roupão.
- Tá bom agora? Ou vou ter que me escaldar?
- Deveria mesmo, depois de ter se espojado naquela insuportável. - Beatriz coçou a cabeça.
- O que tá pegando, Letícia? Você nunca se importou com quem eu saio, não é a primeira vez…
- Eu não me importava antes porque não havia o que há hoje.
- E o que há hoje? - Letícia a olhou com perplexidade.
- Não se faça de desentendida, Beatriz. Você sabe muito bem! O que aconteceu com a gente a uma semana atrás, aliás, o que vem acontecendo com a gente nos últimos meses deixou de ser apenas sex* casual. - Beatriz passou a mão no rosto.
- Me desculpe! Eu não estou pronta pra isso. Não era pra ter chegado ao ponto que chegou, mas eu não estou pronta…
- Pronta pra que? Pra se apegar a alguém, pra se deixar amar?
- Pra ser responsável pelos sentimentos de alguém. Eu não consigo, Lê. Eu sei o quanto você está envolvida, eu também estou, mas eu não quero lhe machucar.
- Então você acha que sair se pegando com Priscila uma semana depois de eu ter lhe dito tudo que disse e de ter ouvido de você tudo que ouvi, não iria me machucar? Eu nunca imaginei que você fosse covarde.
- Chame do que quiser. Você é muito importante pra mim. É sem dúvidas a pessoa que mais me entende, você conhece o meu melhor e o meu pior lado. Eu não quero perder meu porto seguro.
- Pra ser sua amiga e uma trans* casual eu sirvo, mas como companheira, namorada não? Eu já entendi tudo. - Letícia pegou a bolsa para ir embora, Beatriz a segurou pelo braço. - Me solta!
- Não! Eu não quero que você saia daqui desse jeito.
- E você quer que eu saia como? Soltando fogos de artifícios? - Beatriz a puxou para ainda mais perto e abraçou. Foi o suficiente para Letícia desmoronar. Chorou tudo que estava preso, a raiva, o ciúme a decepção. Não se via mais sem aquele abraço, não queria abrir mão daquilo.
- Por que você está fazendo isso com a gente, Bia?
- Eu não sei. Eu preciso de um tempo. Durante muito tempo eu me senti vazia, sozinha, você é a única capaz de preencher esse vazio, essa solidão… Eu não quero estragar tudo, não quero avançar ainda mais.
- Eu não entendo você! Eu até tento, mas não entendo. Por que esse medo?
- Eu já perdi as pessoas que mais amava na vida uma vez, não vou perder de novo…
- Não foi culpa sua, Beatriz, você era apenas uma criança. Foi uma fatalidade. - agora era Beatriz que segurava as lágrimas.
- Não dá, Lê. Eu não posso. Eu vou acabar me tornando a pior pessoa pra você. Uma coisa é a gente passar uns dias juntas, outra coisa é ter convívio, responsabilidades, eu não posso.
- Tudo bem, Beatriz. Eu não vou te obrigar a ficar comigo. - mais uma vez Letícia pegava a bolsa para ir embora.
- Não vai, fica, por favor! Dorme comigo.
- É a foda de despedida que você quer?
- Não! É a última noite sem pesadelos, a última noite em que serei feliz de verdade.
- Por que você é tão teimosa, tão idiota… - Letícia dava tapas nos ombros de Beatriz, que a segurou pelos braços e a beijou de forma terna, não havia desejo, havia apenas amor. A pegou nos braços e a levou para o quarto, Letícia soluçava de tanto chorar, mesmo que de forma contida, Beatriz a aninhou em seus braços e a fez dormir acariciando seus cabelos.
Na manhã seguinte, ao acordar, Beatriz se viu sozinha na cama, havia apenas um bilhete sobre a mesinha de cabeceira: “Não quero despedidas, preciso de um tempo, quando eu me recompor, te ligo.”
Ficou sentada na cama com os cotovelos apoiados nos joelhos. Por mais que seu coração gritasse para que ela fosse atrás de Letícia, sua razão a puxava para o oposto.
Durante a semana ouviu sermão de Mauro e como esperava, ficou sabendo por ele também o quanto Letícia estava desolada. Tentava se convencer mentalmente que Letícia se recuperaria logo e poderiam voltar a serem amigas, como sempre foram. Decidiu dar um tempo das noitadas, não queria ver ninguém, conversar nem nada do tipo, mas havia uma pessoa que não lhe dava trégua.
- Entra.
- Estou esperando e já tem quinze dias!
- Esperando o que? - Beatriz estava mais impaciente que o normal.
- O seu pedido de desculpas, por ter me trocado por aquela puta.
- Vamos deixar as coisas bem claras aqui: primeiro lugar eu não te devo pedido de desculpas nenhum. Segundo lugar, chama Letícia de puta de novo, que você desce pela janela. E terceiro e último: nunca mais abra sua boca pra falar qualquer coisa sobre ela, entendeu?
- Nossa! Tudo bem, não está mais aqui quem falou.
- Agora, deixa de palhaçada e fala logo o que você quer.
- Eu já falei e você já me respondeu. Então…
- Passar bem. - Beatriz abriu a porta e fez sinal com a mão para Priscila sair.
- Acho que eu que tenho que decidir de que forma quero passar bem. - fechou a porta e se pendurou no pescoço de Beatriz. - Eu não estou bêbada, sua amiga não está aqui, qual será a desculpa dessa vez? - Beatriz a olhou com uma das sobrancelhas levantadas, todos que a conheciam sabiam bem o que aquilo significava.
- Eu vou matar sua curiosidade. É foda que você quer? Então é foda que você vai ter… do meu jeito. - encostou Priscila na porta que ela havia acabado de fechar, a despiu com tamanha precisão e rapidez que a deixou impressionada. Beatriz tinha uma pegada firme, sabia exatamente onde tocar, por mais que não quisesse demonstrar, Priscila estava toda mole com as carícias de sua algoz. Beatriz levantou uma das pernas de Priscila e a colocou sobre o ombro, abrindo caminho para sua boca encontrar um sex* latejante e encharcado, sorriu de canto de boca quando percebeu como foi fácil amolecer a “toda poderosa”, fez o que sabia fazer de melhor, em poucos minutos Priscila estava se contorcendo e gem*ndo despudoradamente na boca de Beatriz que apertava os seios de sua parceira com a mão que estava livre. Por mais que tentasse se conter, o orgasmo veio fácil, deixando Priscila de pernas bambas.
- Essa foi só a preliminar… - Beatriz tinha um sorriso sacana nos lábios, conduziu Priscila até o sofá, a colocou de joelhos virada de costas pra si. Priscila percebeu que Beatriz havia pego uma camisinha e deduzindo do que se tratava, falou ainda ofegante.
- Eu não curto isso. Se quisesse um pau eu trans*va com homens…
- Sua mente é muito fechada… se você não curte, vai aprender a curtir agora. - posicionou o dildo na entrada do sex* que Priscila, que ainda pulsava do orgasmo sentido minutos antes. Percebeu que ela estava tensa. - Relaxa gatinha, vai ser gostoso, confie em mim. - empurrou vagarosamente até não sobrar mais nada, Priscila se recusava a demonstrar que estava bom, mas Beatriz sabia sentir toda reação que o corpo dela demonstrava. Começou a se movimentar vagarosamente, tirando até metade e colocando tudo de volta, de forma bem lenta, em pouco tempo, Priscila estava movimentando os quadris, seu corpo estava mais relaxado e já insinuava querer movimentos mais rápidos. Beatriz a segurava pela cintura e alternava se encaixando completamente atrás dela e acariciando seus seios, quando começou a ouvir os primeiros gemidos de Priscila, intensificou os movimentos, o que a fez perder a cabeça de vez:
- Mete tudo vai! Fode gostoso, mete… - Beatriz sorria satisfeita, toda aquela pose de menina bem comportada indo embora de maneira tão rápida. - Eu vou goz*r! - subitamente Beatriz parou de se movimentar, aproximou a boca do ouvido de Priscila e sussurrou:
- Quando eu quiser.
- Filha da puta! Não sabia que você era sádica!
- Se continuar mal comportada assim, aí que você não goz* mesmo. - Priscila forçava o corpo tentando se livrar de Beatriz, mas a diferença de tamanho entre as duas a deixava na desvantagem.
- Quer que eu tire? - Beatriz retirava lentamente – Ou quer que eu fique? - voltava a colocar, arrancando gemidos de Priscila. Ficou nesse vai e vem vagaroso por alguns minutos, até que…
- Não faz isso, por favor! Me faz goz*r, eu não aguento mais!
- Assim é bem melhor! Mexe esse rabo gostoso e mostra pra mim como você quer. - Priscila já havia perdido completamente a compostura, mexia os quadris de forma cadenciada e desesperada, Beatriz resolveu acabar com sua angústia, acelerou os movimentos para mais uma vez escutar o gemido alto de Priscila que dessa vez veio junto com alguns palavrões. Beatriz tirou a cinta, encaixou seu sex* nas nádegas de Priscila e se masturbou até goz*r. E como ela esperava acontecer, aquele vazio a preencheu de novo. Sem dizer uma palavra se dirigiu ao banheiro para tomar banho. Priscila estava exausta, nunca havia goz*do daquela forma, com aquela intensidade, o sex* sempre foi algo bem morno, era completamente diferente tudo aquilo que havia sentido com Beatriz, sentia-se num mar revolto, estava meio que atordoada. Levou um tempo pra ir atrás de Beatriz.
- Posso? - falou escorada na porta do box.
- Deve! - Beatriz a puxou gentilmente para dentro do box. A água caía morna sobre as duas, não tinham intimidade alguma, estavam ali mais como duas gladiadoras do que como amantes. Beatriz a encostou na parede, diminuiu a intensidade da água, encaixou uma de suas pernas entre as dela e a beijou de forma intensa, enquanto isso, suas mãos trabalhavam por todo o corpo de Priscila, ao sentir ser penetrada pelos dedos de Beatriz.
- Você não se cansa não?
- Nunca! - apesar do protesto verbal, seu sex* estava inundado mais uma vez, tamanha era sua excitação, Priscila se deixou levar novamente, cravando as unhas nas costas de Beatriz ao goz*r pela terceira vez sem nenhum pudor. Terminaram o banho e não trocaram uma só palavra, Priscila se vestiu e foi embora. Beatriz tinha a certeza que aquela teria sido a primeira e última vez das duas. Toda a expectativa que tinha de como seria sua primeira vez com Priscila, desde a adolescência, caiu por terra, sentia-se vazia, agia de forma mecânica. Não sabia se aguentaria muito tempo longe da mulher que seu coração havia escolhido para ser a mulher da sua vida. Passou mais uma noite em claro, além de todos os fantasmas que já a assombravam, tinha agora a ausência de quem lhe fazia tão bem.
Fim do capítulo
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SaraSouza
Em: 21/10/2018
odiando a Bia ..
Que a Priscila seja seus proximos pesadelos beatriz afff
Resposta do autor:
Obrigada por acompanhar!
Acredito que com o passar do tempo ela não seja tão odiosa assim rsrsrs.
As vezes as aparências enganam!
Mais uma vez, obrigada!
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