Capítulo 59 -- Digitais
A ILHA DO FALCÃO -- CAPÍTULO 59
Digitais
Andreia se movimentava com dificuldade, devido ao peso da barriga. Quando chegou a garagem, sua respiração era pesada.
-- Natasha! Onde está...
Ao vê-la caída no chão, ela não conseguiu concluir a pergunta.
Sentiu um nó na garganta. Não podia acreditar no que estava vendo. Andreia ficou pálida, sem fala, olhando para o seu amor ao lado do carro, caída de bruços, numa poça de seu próprio sangue.
-- Natasha! -- Andreia chamava.
Sem conseguir mais se controlar, ela caiu ajoelhada ao chão frio da garagem.
-- Natasha, meu amor -- ao perceber que ela não se movia, Andreia entrou em pânico. Não demorou para que as lágrimas começassem a rolar por seu rosto -- Não me deixe -- sentou-se e puxou-a para mais perto, de modo que a cabeça ficasse apoiada em seu colo. Começou a bater levemente nas mãos e no rosto de Natasha. De nada adiantou, pois ela continuava inconsciente.
Piscou os grandes olhos castanhos, suspirou fundo buscando forças, precisava chamar a ambulância e a polícia. Se levantou com dificuldade, apoiando-se no carro. Suas mãos sujas de sangue deixavam marcas em tudo que tocava.
De repente, passos ecoaram pelo chão de mármore, do lado de fora da garagem. O barulho marcante soava cada vez mais próximo. Andreia pegou a arma jogada ao lado do corpo desfalecido de Natasha, e apontou em direção da porta aberta da garagem.
Ofegante e com a arma em punho, ela deu um passo e parou abruptamente. O barulho parou, mas seu coração continuou batendo forte como se quisesse pular do peito.
-- Quem está aí? -- Andreia colocou a mão sobre a barriga, enquanto se concentrava em enfrentar o invasor -- Estou armada. Nem pense em entrar.
-- Sou eu, a Carolina -- a irmã de Natasha berrou lá de fora e entrou cautelosamente na garagem, aliviando a tensão de Andreia.
-- Meu Deus, Carolina! Que bom te ver -- Andreia tremia dos pés à cabeça -- Alguém entrou aqui e atirou na Natasha. Pelo amor de Deus, chama a ambulância -- ela voltou a se ajoelhar ao lado de Natasha.
Apavorada, notou que Carolina tinha uma expressão fria de quem parecia pronta para atacá-la. Espantada com o comportamento da moça, ela berrou:
-- Liga para a Talita!
Dona Valgina apareceu logo atrás de Carolina.
-- Meus Deus! -- ela exclamou alarmada -- O que aconteceu? -- perguntou, aproximando-se.
Andreia olhou para a empregada. Havia angústia em suas pupilas castanhas.
-- Liga para a Talita, dona Valgina. Rápido, por favor.
-- Sim -- ela respondeu pegando o celular e discando o número da médica.
-- Larga essa arma, Andreia -- Carolina fez um gesto com a mão para indicar onde ela deveria colocar o revólver -- Acabou. Você não tem saída.
Com a arma na mão e toda ensanguentada, Andreia arregalou os olhos, apreensiva. Você não tem saída? Mas, do que ela estaria falando?
-- A doutora está vindo de helicóptero -- disse Valgina, trazendo Andreia de volta à realidade.
-- Você é louca! -- Andreia colocou a arma sobre o carro e voltou-se para Natasha, sentindo a presença de Carolina logo atrás de si -- Ela está perdendo muito sangue -- disse, com a voz trêmula.
-- Eu vou buscar algumas toalhas - disse a empregada, entrando rapidamente na casa.
-- Aguenta firme, meu amor -- Andreia cerrou os olhos e sentiu as lágrimas quentes rolarem por seu rosto -- Eu te amo, não posso viver sem você -- murmurava, enquanto passava a mão em sua testa.
Ao se ajoelhar ao lado de Natasha, Carolina dirigiu-se diretamente a cunhada.
-- Andreia - sua voz soou forte e assustadora -- Acho melhor você sair daqui antes que a polícia chegue.
Todo o sangue pareceu sumir do rosto de Andreia naquele instante. Ela se sentiu tonta e enjoada ao mesmo tempo. Teria caído se não estivesse de joelhos.
-- Eu não acredito que você está insinuando que fui eu quem atirou na Natasha! -- Andreia, que já estava brava, ficou furiosa com a acusação de Carolina -- Sua dissimulada. Perversa. Eu amo a sua irmã, nunca faria isso -- negou ela com veemência.
Carolina notou que lágrimas desciam de forma abundante pelo rosto da ruiva.
-- Se você pensa que lágrimas funcionarão, está muito enganada.
O barulho do helicóptero pousando a fez olhar para fora.
Talita abriu a porta da aeronave e saiu correndo segurando a maleta de primeiros socorros. Carolina já estava de pé, à sua espera.
-- O que houve? -- perguntou, aproximando-se.
-- Ainda bem que chegou -- Carolina apontou para Natasha -- Ela levou um tiro, está inconsciente.
-- Meu Deus! -- disse Talita ao vê-la ensanguentada.
Imediatamente a médica abriu a maleta e começou os procedimentos para controlar o sangramento. A ferida provocada pelo projétil que atingiu Natasha pelas costas no lado esquerdo, sangrava muito. Precisava levá-la urgentemente ao hospital, cada segundo era muito precioso.
-- Vamos transportá-la para o helicóptero -- pediu Talita, aos técnicos -- Você está bem? -- perguntou, fitando Andreia.
-- Não, não estou -- os olhos de Andreia se encheram de lágrimas.
Carolina empinou o peito.
-- Foi ela quem atirou na minha irmã.
-- Você não pode me acusar dessa forma -- respondeu ela.
-- Por favor -- Talita fez um gesto apaziguador -- Você não pode acusar uma pessoa sem provas.
-- Quando cheguei, essa ladra, trapaceira, estava com a arma na mão.
-- Calma lá! Não tire conclusões precipitadas -- pediu, Talita.
-- Você ainda protege esta desclassificada! Por quê? -- indagou ela, com ar petulante.
Andreia cerrou os punhos.
-- Não preciso da proteção de ninguém, eu sou inocente.
-- Quero ver a polícia acreditar em você. O seu passado a condena, Andreia -- Carolina pegou uma luva da maleta de Talita, calçou, pegou o revólver e enrolou em uma toalha -- Sem contar que as suas impressões digitais estão nessa arma.
-- Eu peguei a arma para me defender. Pensei que o criminoso ainda estava aqui na mansão -- Andreia parou para respirar -- Você deve estar muito feliz em me acusar. Não é mesmo?
-- É, mais ou menos isso -- foi a resposta que ela deu, empurrando Andreia pelo braço -- Agora, vá embora. Pela Natasha, estou te dando a chance de fugir para bem longe daqui.
-- Parem com isso já! -- Talita colocou-se entre as duas e empurrou Carolina -- O helicóptero está pronto. Vou levar a Natasha para Florianópolis. Por favor, Carolina. Não tome nenhuma atitude precipitada -- a médica lançou um último olhar a Andreia; depois, afastou-se.
O destino parecia se divertir em maltratar Andreia. Primeiro a doença do pai e a falência do hotel. Depois, o erro em participação da trama maldosa da irmã e o amor impossível por Natasha! Ela já não tinha esperança de ser feliz. De repente, porém, tudo mudou na sua vida: Estava grávida, casada com Natasha e sentindo-se a criatura mais afortunada do mundo. E, novamente, levou uma rasteira do destino.
Voltando-se para Carolina, procurou, mas não encontrou nenhum traço de benevolência em seu rosto, mas havia outra emoção que ela não conseguia decifrar.
-- Você é uma mau-caráter, uma ladra, mas Natasha não merece o constrangimento de ter o seu nome evidenciado em rede nacional por ter sido baleada por sua esposa grávida. Seria um escândalo vergonhoso.
Andreia deu alguns passos e parou na porta da garagem. Uma mão pousou sobre seu ombro e ela olhou para Valgina. A mulher também olhava para o helicóptero enquanto o piloto se preparava para decolar.
-- Não está certo -- disse Andreia. Lágrimas queimavam em seus olhos -- Eu deveria estar naquele helicóptero ao lado da Natasha.
-- Sim -- concordou Valgina, com seu jeito sempre calmo -- Mas, acho melhor você fazer o que a dona Carolina está falando.
-- Estou assumindo algo que não fiz -- murmurou, observando o helicóptero subir no ar.
-- Nesse momento, vamos nos preocupar com o bebê -- Valgina a relembrou gentilmente -- Quem sabe a Dona Natasha se recuperando, ela não possa identificar o atirador?
As palavras de dona Valgina faziam sentido. A própria Natasha poderia inocenta-la.
-- A senhora tem razão. Natasha vai acordar e contar à polícia quem foi o autor do tiro -- ela comentou com entusiasmo e lançou um olhar inquisidor para Carolina -- Você não vai nos separar. Por mais que tente, não vai conseguir. Quando o amor é verdadeiro, supera qualquer problema.
Fim do capítulo
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Anny Grazielly
Em: 14/09/2020
Odiando essa Carolina... fala serio... que mulher chata...
Acho que ou Ivo ou Cesar fez isso...
jake
Em: 05/09/2018
PARABÉNS Vandinha pelo ótimo Cap
E agora ?
Oq sera q vai acontecer?
N demore to aqui louça pelos próximos Cap
Bjs bjs
Felicidades dessa fã q nunca te esquece ....
Resposta do autor:
Bom dia Jake!
Obrigada, meu anjo. Você mora no meu coração e não paga aluguel. ( Essa é do tempo da minha vó. Kkk, mas é verdadeiro).
E agora?
Parece ser infelicidade demais para uma pessoa só, mas só pra lembrar, que tudo o que plantamos, colhemos. Andreia não teria o que temer se no passado não tivesse cometido o crime de estelionato.
História que segue. Vamos ver.
Beijosss...
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patty-321
Em: 03/09/2018
Gente que trama. Será q a Carolina e responsável por isso? Quem é essa mulher? E Andrea caiu na armadilha. Afffz. Vandinha foi bc myito má agora. Angústia.
Resposta do autor:
Bom dia Patty!
Fui má né!
Porém, às vezes temos que sofrer pra poder aprender, chorar pra depois sorrir. Sofrer não é totalmente ruim, faz parte do nosso amadurecimento. Bom seria se todos pudéssemos amadurecer sem precisar passar por desgostos ou sofrimento. Mas será que teríamos vivido de verdade?
Beijão, Pattyyyy...
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NovaAqui
Em: 03/09/2018
Eita que essa Carolina é uma cobra
Espero que Natasha se recupere logo
Agora é aguardar para ver o que vai acontecer com Andreia antes de Natasha se recuperar
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Bom dia, NovaAqui!
Carolina é uma personagem a ser estudada. Quem será essa mulher? De irmã boazinha a malvada em dois tempos.
Andreia continua a sua via crucis, agora, sem a presença de Natasha.
Beijão. Até.
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Mille
Em: 03/09/2018
Nossa
Andreia caiu na armadilha da Carolina.
E se ela tiver atirado na irmã não sei não mais acho que a falsa Carolina mesmo enganando não era tal mal quanto a irmã.
Só espero que a Nat fique logo Boa e acabe com a palhaçada da Carolina e traga a Andreia para a vida dela.
Andreia agora irá comer o pão que o diabo amassou.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Bom dia, Mille!
Não podemos esquecer do Cesar e do Ivo. Essas duas figurinhas merecem ser observadas.
O que Natasha poderá esclarecer?
Beijão. Até.
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