A Italiana por Sam King
CapÃtulo 10 - Clarisse
É claro que Amélia sabia que precisava de um homem e uma mulher para ser ter filho, ela só apenas não tinha pensado muito na mecânica da coisa. Com a descoberta da sua sexu*l*idade, não conectou uma coisa à outra. E quando a Chica lhe chamou a atenção para esse fato, ela soube que não se deitaria com um homem para esse fim. Portanto a tristeza espalhou-se pelo seu coração, agora teria certeza que passaria a vida só. Pensava em tudo isso quando Clarisse entrou na biblioteca, deu-lhe um sorriso apagado, se aproxima dela e coloca sobre a mesa uma cartilha de exercícios e diz contida:
- hoje tu faz esses exercícios, e mais tarde corrijo.
Amélia estranha a atitude apática de Clarisse, mas apenas questiona:
- non vais ficar?
Em nenhum momento a brasileira a encara, apenas balança a cabeça em negativa e começa a sair, antes de abrir a porta fala:
- qualquer coisa estou no meu quarto, mas acho que tu ficara bem. E mais uma coisa, nossa professora de etiqueta chega na próxima semana.
E sai deixando Amélia atordoada e sem saber o que tinha feito de errado para sua bela professora.
E foi isso a semana inteira, Clarisse corrigia a cartilha e explicava os erros de Amélia, depois lhe deixava mais exercícios e vai embora. E a cada vez a distância parecia maior, Amélia começou a sofrer com isso. Estava obvio que Clarisse já não gostava mais da presença da italiana e até podia estar arrependida da posição oferecida , se caso a situação continuasse, Amélia iria pedir dispensa do cargo e trabalhar com qualquer outra coisa, claro menos voltar para o vinhedo, mas não imporia sua presença ,se Clarisse não a queria mais.
O domingo anoitece e com ele um friozinho chegou também, Amélia estudava alguns livros no seu quarto, está pasmada com as coisas que aquelas páginas podia ensinar, quando alguém bate à sua porta, sem esperar permissão Chica coloca a cabeça pela porta e diz sorrindo:
- vamos tomar mate na fogueira?
Desde o acontecido Amélia não ia mais na fogueira, temia andar só pela fazenda agora. Mas está tão solitária, que imediatamente fechou o livro, coloca um xale por cima dos ombros, vão para a área dos italianos. Soube que a sua casinha tinha sido cedida para outro morador, suas coisas foram trazidas para seu quarto.
Foram conversando amenidades, Amélia não sentia-se a vontade para falar com Chica sobre Clarisse, parecia estranho dizer que estava sofrendo com a indiferença da sua patroa. Quando chegaram, Amélia foi recebida com abraços e saudades, podia não ter exatamente amigos íntimos entre eles, mas são compatriotas e enfrentaram as dificuldades juntos, portanto sempre seriam família.
Assim que sentam a cuia começa a passar de mão em mão, risadas e brincadeiras são compartilhadas, mas Amélia nota certa tensão no ar que não soube o porque. Então para deixar sua noite mais feliz, Daniel aparece com sua viola inesperável, os dois se abraçam forte e ele joga o instrumento no colo de Amélia, que fica satisfeita por ainda se lembrar das lições e toca um pouco. E naquela noite ela se diverte e esqueceu um pouco todo o tormento que viveu, apesar que no fundo de sua mente ainda ela estava presente, Clarisse.
Está sonhado tem certeza disso, mas a boca de Amélia na sua e tão real que por um momento duvida que seja apenas isso. Clarisse suspira audivelmente quando Amélia beija seu pescoço e seu sex* aperta, então ela morde seu lóbulo e diz com seu sotaque delicioso:
- es tão bella - mais uma mordida - e tens um gosto tão bom.
E Amélia a encara com aqueles olhos derretidos e Clarisse a puxa pela nuca a beijando longamente, enquanto o mão de Amélia começa a subir pela sua coxa e entrar no meio das suas pernas...
Acorda no susto e inevitável procurar a dona dos seus sonhos pelo quarto, mas está claro que não há ninguém ali. Clarisse cai novamente na cama e se vira inquieta na cama, se lembra do sonho e gem* audivelmente necessitada, frustrada, assustada. Sente a melosidade na roupa de baixo e coloca a mão entre as pernas, mais vez um gemid* sai, agora de algo que ela não sabia muito bem o que é, mas sabe que é causada pela italiana.
Desde a conversa com Amélia sobre sua vida e o carinho mais íntimo, Clarisse começou a ser atormentada por sonhos eróticos com a italiana. Sabe que aquilo é errado, não poderia ser atraída por uma mulher. Então se afastou, mas aquilo apenas piorou os sonhos e ainda por cima está sofrendo com a distância.
Clarisse levanta-se com a saudade e a tristeza a embalando, alguém toca na sua porta, e uma das empregadas com a água do seu banho, quando a empregada saia depois de preparar o banho,fala:
- sinhá disse que seu pai já foi busca a professora, para sinhazinha ta lá embaixo logo.
- certamente Irene, obrigada pelo recado.
Depois de banhada Clarisse desce para tomar o café, Chica está na cozinha começando o preparo do almoço:
- bom dia Chica.
- bom dia sinhazinha.
- onde está Amélia?
- já tomou o café, e está na saleta com sua mãe, aguardam a professora.
Clarisse apenas assente e praticamente não come nada, o sonho ainda vivido na sua mente quando entra na saleta juntando-se a mãe e a Amélia. E quando seus olhos avistam a italiana, seu corpo reage cheio de lascívia, para evitar tragédia senta-se o mais longe dela, uma pontada de culpa a invade, quando percebe o olhar nostálgico e triste de Amélia. Sua mãe começa a especular como seria a nova professora preenchendo o silêncio tenso.
Não demora muito e seu pai entra com a professora que lhes ensinaria a se portar como damas, todas se levantam para cumprimenta-la, é uma mulher que aparentava ter uns 40anos, traços delicados no rosto, olhos castanhos profundos e um sorriso amável. Seu nome Alice Evans, não é inglesa mas a família sim.
Logos todos estão conversando amenidades, e Alice explica como serão as aulas e seu modo de ensino. Logo os pais de Clarisse saem e deixam apenas as novas alunas, e Alice fica mais a vontade. Entabula uma conversa com Amélia, encantada por ela ser de outro país, até falam um pouco de italiano. Clarisse fica incomodada com aquela professora cheia de sorrisos para italiana,então levanta-se de supetão e diz um tanto seca:
- a senhora deve estar cansada...
- senhorita, ainda não me casei - e abre um sorriso zombeteiro continuando- e duvido muito que o faça.
Amélia segura o braço de Alice e diz compreensiva:
- non se deve perder as esperanças no amor.
E antes que a professora possa falar algo, Clarisse diz:
- pois senhorita, como dizia... Deves estar cansada, melhor ir para seus aposentos, podemos começar as aulas de etiqueta a tarde, de manha ensino Amélia as letras.
- ah... está aprendendo a escrever Amélia?
- si, signorina Clarisse está me ensinando.
E aquele signorina chegou fundo na alma de Clarisse, percebe que Amélia a tratava com deferência novamente e isso a chateou, mas que outra atitude ela teria diante do seu afastamento. Alice apenas assente e diz se levantando:
- acho que vou me recolher um pouco mesmo, a viagem de são Paulo até aqui foi longa - toca o queixo de Amélia com carinho, fazendo Clarisse trincar o dentes e finaliza - mas se preparem meninas que mais tarde vamos começar as nossas aulas maravilhosas, vou transforma-las em verdadeiras damas inglesas.
E com isso finalmente sai do ambiente, deixando a sós. E mais uma vez Clarisse se vê na posição de querer ficar e fugir ao mesmo tempo, mas antes que pudesse se decidir, Amélia fala:
- gostaria de parlare signorina.
Clarisse suspira e senta-se novamente, mas sem encarar diretamente Amélia pede humilde:
- apenas Clarisse, por favor.
- non posso chamar-lhe assim.
Então Clarisse levanta a cabeça e fita os olhos tristes de Amélia, seu estômago dá um nó e seu coração se confrange , com um fio de voz:
- Amélia...
- e vero signorina, antes podia faze-lo, pois considerava uma amiga, ma tenho notado seu afastamento e penso que se pentito( arrependeu) de me dedicar tanta intimitá (intimidade). Por isso se non quiser ma ter-me como dama de companhia, non voglio (quero) impor minha presença.
E nesse momento Clarisse se arrepende de cada passo para longe dela, a emoção de Amélia estão na suas palavras, na sua voz e principalmente nos seus olhos brilhantes de lágrimas não derramada, tanto que ela não consegue mais sustentar o olhar de Clarisse.
Sem pensar em nada, Clarisse senta-se ao lado dela, e segura sua mão, o calor imediatamente a invade, mas ignora o que Amélia fazia com seu corpo , diz séria:
- não me arrependo disso Amélia.
-ma a signorina non quer mais minha presença...
- isso e culpa minha, não sua.
Amélia a encara confusa e Clarisse nota o quanto estão próximas, e seu olhar recai sem permissão nos lábios dela. Sonhou noite após noite com aqueles lábios em todas as partes do seu corpo, mais uma vez sente a umidade no meio das pernas, então solta-se de Amélia e se afasta mas diz:
- desculpe-me se a fiz pensar isso, ainda quero que seja minha dama e minha amiga.
- vero?
E Amélia sorri tão lindamente que Clarisse não consegue deixar de corresponder:
- sim, nada mudou Amélia.
Mas ela sabia que tudo mudara, Clarisse estava desejando loucamente aquela italiana linda.
E as aulas de etiquetas começaram, elas aprenderam a postura correta e a elegância para as interações sociais. Alice as ensinou a serem simpáticas e afáveis na medida correta, para não passar uma impressão errada de serem sedutoras, não havendo assim nenhuma confusão quanto à postura correta das moças de família devem ter. Mais uma aula como se vestir para cada evento, os vestidos e calçados corretos, as cores e essa foi uma aula que deixou Amélia encabulada, Clarisse percebendo lhe cochichou que logo comprariam roupas adequadas na capital. Isso não deixou Amélia exatamente a vontade, mas ficou feliz pela velha camaradagem delas estar de volta.
E chegou uma aula que Amélia gostou bastante, a de etiqueta na mesa, Chica preparara muitos pratos de comida para conceber mais realidades as aulas, e Amélia se fartou de comida gostosa da amiga enquanto aprendia corretamente os talhares para comer. E coisa que ela percebeu foram os olhares cumpridos de Chica para a Alice, e o sorrisinho indecoroso da cozinheira que aparecia sempre que conversava com ela. Amélia consultou seu coração como se sentia vendo sua ex amante tentando seduzir a professora, mas nele só encontrou carinho por Chica, ele estava ocupado por outra brasileira.
E assim transcorre mais um mês, Amélia falava praticamente sem confusão de palavra, estava lendo e escrevendo como uma brasileira e as aulas de etiqueta a estava refinando, está muito diferente da imigrante ignorante que chegara há quase 1 ano atrás.
A aula daquele dia e dança de salão. Alice colocou no velho gramofone a valsa de Strauss, mas como não havia cavalheiros diz animada:
- Amélia faça o cavalheiro primeiro e depois Clarisse troca de lugar.
Amélia se aproxima de Clarisse com o coração retumbando no peito, estar tão perto dela a fazia suar nas mãos e seu estomago enchia-se de algo que parecia borboletas revoando. Então faz o clássico gesto de ofertar a mão com uma leve reverencia, Clarisse assente a cabeça e segura firme a mão oferecida.
As duas começam a valsar, e a música tocando ao fundo some, a professora dando dicas some, apenas fica Amélia e Clarisse se encarando intensamente e por um momento Amélia viu lampejos de desejo no olhar castanho. E como se um imã fosse, se aproxima mais dela, seus rostos ficam a poucos centímetros, o cheiro natural de jasmim invade suas narinas a deixando de pernas moles o que não é muito interessante quando se tem que valsar e por um insano instante ela se imaginou tocando aqueles lábios com os seus.
Alice desliga a música e as encara parecendo surpresa:
- meninas acho que por hoje está bom de dança.
Clarisse assente e sai disparada porta a fora, Amélia apenas fica estática no lugar, até que Alice toca seu ombro e pergunta:
- está tudo certo?
Ela apenas assente e começa a sair da sala também, mas antes Alice diz preocupada:
- Amélia se fosse eu teria mais cuidado.
- como professora?
Amélia a encara surpresa e Alice diz enfática:
- o que houve aqui está tão claro que se fosse os pais de Clarisse ou qualquer outra pessoa também veria isso.
- professora, eu...
Alice balança a cabeça e diz doce:
- compreendo isso Amélia, não precisa se justificar para mim. Mas infelizmente existirá outras pessoas menos compreensivas e infelizmente a corda arrebenta para o mais fraco.
- corda?
Alice sorri achando graça que a italiana não entendera a referência, apenas finaliza:
- quer dizer que a pessoa que pode se prejudicar é você. Clarisse e rica e bem nascida, pode abafar certos escândalos, mas você é mais frágil nessa relação, portanto repito , apenas tome cuidado sim.
- grazie.
E Amélia saiu com a cabeça confusa, tanto pelo o que reconheceu no olhar de Clarisse como pelas palavras de Alice.
Está parada na varanda em frente ao casarão pois precisava tomar ar, quando vê Clarisse subindo o morro. Sem pensar apenas a segue, quando chega no alto a nota abraçando-se e fitando a vista espetacular dos vinhedos. O sol começava a se por, pintando de laranja todo o céu e refletindo nas videiras abaixo.
Amélia se posiciona ao lado de Clarisse, que sem encara-la diz:
- não sei o que fazer Amélia.
- com o que?
E Clarisse se vira para ela com o desejo transbordando pelos olhos e quase sufocada:
- com o que sinto cada vez que chega perto de mim, esse fogo que me consome, essa vontade de ti.
Amélia emocionada aproxima-se dela, colocando uma mecha rebelde atrás da sua orelha, depois escorrega a mão sobre a maça do rosto de Clarisse:
- também me sinto assim Clarisse.
- o que vamos fazer? isso está errado!
- errado e podar nossos desejos...
E Clarisse não a deixa terminar, enfi* as mãos pelos cabelos de Amélia e a trás para junto de si, por um instante apenas se olham mostrando todo o querer que sentem e delicadamente Clarisse a beija.
Fim do capítulo
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