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Fotografias em Preto e Branco por GLeonard

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Palavras: 1591
Acessos: 2027   |  Postado em: 27/06/2018

Capítulo 8

– Então, só para alimentar seu ego vou confessar que adoro fazer amor com você, e que foi a melhor cama que tive em muitos e muitos anos. Agora me beija e me deixa comer alguma coisa para que consiga sair dessa banheira e lhe provar isso... – Risos.

– Você carrega energético na bolsa, é? Desse jeito vai me matar antes que eu consiga administrar tudo que está acontecendo. – Brincou.

– Você é que vai me matar de fome se não tirar essa mão daí...

Mais risadas.

Então entre um beijo e outro, suco e frutas e mais sex* conseguiram finalmente sair da banheira.

Com a mesma naturalidade de antes, Camille se apossou da camisa que antes Luana vestia, colocou creme dental no dedo e escovou os dentes. Depois voltou ao quarto para procurar no meio das roupas jogadas no chão a langerie que usava na noite anterior.

– Tinha uma escova de dentes nova na gaveta da bancada, podia ter usado...

– Por hora deu pra resolver.

Enquanto Luana fazia a higiene matinal, Camille juntava pela casa suas roupas e pertences. Ao retornar do banheiro, a escritora encontrou-a sentada na cama de pernas cruzadas com um de seus livros.

– Esse ainda não li.

– Não acho que seja meu melhor trabalho.

– Vou ler, depois dou minha opinião.

– Estou no meio de outro...

– Qual o cenário, ou melhor onde a história se passa?

– Parte em São Paulo, parte na região da Toscana.

Conversaram por longo tempo sobre as obras da escritora, até a fotógrafa informar que precisava ir buscar o carro na casa da mãe, e combinarem que Luana a levaria em casa para que trocasse de roupa antes disso.

À frente da casa de Camille, antes de se despedirem com um beijo demorado, deixaram marcado para a noite uma passada breve pela galeria, onde o trabalho da fotógrafa estava sendo exposto, depois irem jantar.

Naquela semana jantaram juntas mais três noites, e saborearam toda a intimidade possível, sempre impressionadas com a cumplicidade e a sintonia.

Tina e as outras amigas de Luana sempre que ligavam para marcar um encontro ou encontravam o celular da amiga na caixa postal ou a amiga acompanhada da fotógrafa, o que as dissuadia de combinar uma visita para colocar as fofocas, mais que atrasadas, em dia.

Uma semana depois, depois de terem passado a noite fazendo amor, completamente entregues ao prazer e à luxúria, após um dos longos banhos regados a mais sex*, a fotógrafa, ao retornar ao quarto da amante anunciou:

– Preciso lhe contar uma coisa... No próximo sábado estarei indo para França. Tenho um trabalho para fazer em Lion. – Aguardou algum comentário, que determinaria o futuro daquele encontro, que só veio depois de longos minutos.

– Lion é belíssima, estive lá há dois anos. – Disse a muito custo, tentando sobreviver ao choque da informação. Com muita sorte teriam mais algum tempo juntas, antes da viagem da outra. Por que a mulher não lhe tinha dito isso antes?

– Então... Devo ficar fora algum tempo... – Parou para observar a reação da escritora.

– Sei como é... também tenho trabalho... – Tentou não demonstrar a decepção, mas já com o olhar baixo.

– O bom do seu trabalho é que pode fazê-lo em qualquer lugar, o meu nem sempre. Não gostaria de ter que sair do país agora... – Apelou, em desespero de causa.

– Agora vou sentir a sua falta... – Confessou, deixando o orgulho de lado.

Não era essa a resposta que Camille esperava. Queria ouvi-la dizer que poderia escrever em Lion, para acompanhá-la, ou que não gostaria que fosse, mas disse simplesmente que sentiria sua ausência.

Mesmo chateada, não queria ficar longe dela até ter que partir, então engoliu em seco e tentou sorrir.

– Então, se quiser e puder, vamos passar o máximo de tempo que der juntas, até sábado...

– Claro, gostaria muito.

O clima ficara repentinamente pesado, as palavras saiam estranhas. A sintonia havia sido quebrada.

Luana caminhou para o closed, e lá se demorou. Ao voltar, vestia calça jeans e uma camisa branca larga, ainda descalça. Camille interpretou a ausência e a vestimenta como sinal de que sua presença já não era mais bem vinda.

Imediatamente apanhou suas roupas, para terminar de vestir-se, anunciando que gostaria que Luana chamasse um taxi para que pudesse ir pra casa.

– Levo você.

– Não precisa, pego um taxi. Respondeu, já de costas, tentando não embargar a voz.

– Faço questão.

– Não precisa, mesmo. Não vou direto pra casa, vou passar na casa de mamãe antes.

– Mesmo assim... posso deixá-la lá. Insistiu, sem entender a repentina mudança de humor da outra. Quem deveria estar chateada era ela, que acabara de saber que ia viajar, antes mesmo que pudessem se conhecer melhor. Ou estaria tentando dispensá-la? Precisava arriscar. – Achei que tivesse dito que, até sua viagem, passaríamos todo o tempo possível juntas. Buscou os olhos de Camille para tentar encontrar uma explicação.

– Não sei mais se vale a pena continuarmos com algo que terá de ser, no mínimo, interrompido em pouco mais de uma semana. – Finalmente encarou Luana, sem conseguir disfarçar os olhar embaçado.

– Já começamos, e não quero ficar longe de você, só quando isso for inevitável. – Admitiu então, também demonstrando o quanto a queria.

– Só será inevitável se você quiser.

– Isso quer dizer exatamente o quê?

– Para quem é escritora, ou não sabe ler as entrelinhas ou não as quer ler. – Comentou, num misto de magoa e irritação.

– Via de regra, as pessoas com quem me relaciono são personagens... Sou eu quem lhes da voz e ideias. Não a conheço o suficiente para saber o sentido das coisas que diz, mas quero entender. – Beijou-a de leve, depois a encarou novamente sem soltá-la.

– Achei que tinha sido bem clara quando comentei que pode fazer seu trabalho em qualquer lugar...

– E o que tem isso? Você está querendo dizer o que agora imagino?! – Fez uma expressão de incredulidade deixando Camille completamente irritada.

– Não, Luana. Eu não pediria que fosse comigo e trabalhasse lá, porque seria algo completamente idiota já que nos conhecemos a tão pouco tempo. Seria algo inimaginável pra você. – Desvencilhou-se do abraço com certa violência, virando de costas para apanhar os sapatos para calçá-los.

Era isso que ela estava querendo dizer?! Jamais teria certeza, porque seu estado de lucidez estava completamente alterado, mas a ideia era tão louca e maravilhosa que precisava arriscar mais uma vez.

– Porque se quisesse que eu fosse com você eu não pensaria duas vezes. –Atirou, esperando a confirmação ou uma desculpa qualquer, que a faria arrepender-se.

– Arg! Você vai me deixar louca, sabia? Vou ter que aprender a ser mais específica quando disser algo a você. Quero que viaje comigo, droga! E não me faça repetir, nem tentar explicar toda essa loucura. – Disse, virando-se para Luana, mostrando os olhos molhados, recebendo um sorriso mais que encantador.

Um beijo ardente e apaixonado foi a recompensa de ambas. As roupas foram sendo arrancadas, e mais uma vez fizeram amor.

– Você é que vai me enlouquecer...

– Se isso tudo é loucura não me importa. Gosto de você, e não quero ter que ficar longe até saber o que significa tudo isso. Quero mais é me embriagar.

O celular de Luana tocou. Era Tina. Pensou em não atendê-la, mas sabia que se fizesse isso seria bem possível a amiga simplesmente ligar inúmeras outras vezes.

– Pode ir contando tudo. – Atacou, antes mesmo de cumprimentá-la.

– O quê?

– Já sei que você saiu com a fotógrafa ontem de novo.

– Estou indo pra França, no próximo sábado. – Disparou, sem pensar.

– O quê? Como assim? O que isso quer dizer? Ela está aí com você?

– Sim. Camille precisa ir a Lion a trabalho. Vou com ela. – Anunciou.

– Enlouqueceu?! Vocês mal se conhecem... Claro que pelo visto o sex* deve ter sido fantástico, mas daí para atravessar o Atlântico com ela...

– Justamente por causa disso. Queremos nos conhecer melhor... Mas acho que podemos conversar sobre isso outra hora. – Tentou livrar-se das explicações, para não precisar revelar outras coisas à amiga, na presença de Camille.

– Não. Você enlouqueceu mesmo! Vocês usaram drogas?... Está onde?

– Também achamos que pode ser loucura, mas vamos nos arriscar a descobrir. – Riu gostosamente imaginando a expressão da amiga ao ouvir as notícias.

– Luana. Ela está na sua casa agora? Estou entendendo direito? Ela dormiu na sua casa, e vocês vão pra França? Não, agora tenho certeza... você está louca ou drogada.

– Agradeça a ela. – Brincou Camille.

– Tina, não seja alarmista. Estou bem. Tem sempre uma primeira vez pra tudo para tudo... Inclusive Camille está aqui ao meu lado, pedindo que lhe agradeça por ter me levado à galeria aquela noite.

Os gritos de Tina do outro lado do aparelho foram ouvidos até por Camille, que caiu na risada acompanhada por Luana.

– Você tá bêbada? Essa mulher deu alguma coisa para você cheirar ou beber... Você não é a Luana que conheço. Estou indo aí. E trate de abrir a porta, do contrário a coloco abaixo. Vou ligar para as meninas para que me encontrem aí.

– Tina! Menos, bem menos. Não faça alarde. Estou bem. Por sinal estou muito bem. E não venha sem ser convidada, vamos sair daqui a pouco. Quando puder ligo, e conversamos mais.

Fim do capítulo


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