REFLEXÕES

Respirei fundo e apreciei o maravilhoso gesto de fazê-lo, o ar estava com cheiro de maresia e as ondas batiam suaves sob meus pés descalços na areia morna daquela manhã. Olhei o azul cristalino do mar e o céu sem nuvens e agradeci mais uma vez o milagre de estar viva, o milagre de ainda poder ver a beleza à minha frente agora.

Fazia um ano desde que tudo acontecera, tudo o que trago daquele dia e uma dor incomoda de vez em quando na minha perna esquerda e um leve mancar, mas diante da gravidade do meu quase homicídio, para mim isso é nada.

Não tenho ódio do Pedro, tenho pena por que ele não soube dar valor ao amor da sua família, eles ficaram arrasados com suas loucuras e sua morte.

Não pense que minha recuperação foi fácil, fiquei sem andar por quase 2 meses, e depois tive que fazer muita fisioterapia, quanto ao meu cérebro, não tive nenhuma sequela por conta do coma, mais uma coisa que tenho que agradecer, segundo a médica tive muita sorte.

E sabe em que mais tenho sorte? Tenho uma família linda, duas filhas perfeitas, uma noiva admirável que não saiu do meu lado nenhum momento e ótimas amigas.

Mais uma vez respiro fundo, abro os braços e abraço todo o universo cheio de coisas positivas e maravilhosas.

E assim que Alexia me encontra, para ao me lado e pergunta desconfiada:

- será que o diagnóstico da medica estava errado, e tem alguma coisa errada no seu cérebro? Ta abraçando o que doida!

- ah minha amiga o mundo, abra os braços e sinta o positivismo também.

Continuo sorrindo e de braços abertos, Alexia só balança a cabeça irônica:

- ok senhorita positivismo, estamos atrasadas ou vai desistir do casamento?

Alexia diz me tirando da paz e me levando direto para ansiedade.

E isso, vamos nos casar hoje, na pousada à beira da praia. Escolhemos essa data justamente por queríamos fechar um ciclo que foi muito difícil, mas que chegaria ao fim com o início da nossa vida matrimonial.

Antes de seguir com Alexia, a abraço e digo:

- obrigada por tudo, por ter segurado as pontas na empresa durante minha recuperação, por sempre estar ao meu lado não importasse o que - nos separamos e as duas com os olhos marejados, continuou - você é uma irmã, sei que não falo muito isso, mas eu te amo.

- caralh* Flor, vai fazer eu estragar minha maquiagem.

Essa é Alexia, tão boa quanto eu em falar sobre sentimentos, mas então ela volta a me abraçar e sussurra no meu ouvido:

- fiquei com muito medo de te perder, eu te amo também Flower.

E ficamos assim por um longo tempo, só sentindo o quanto e bom ter pessoas maravilhosas ao nosso lado.

CASAMENTO

Estava em dos quartos da pousada me arrumando, me olhei no espelho e ajeitei o cabelo. Estava usando uma camisa azul clara por cima um blazer branco fazendo conjunto com a calça social da mesma cor. Ajeitei a rosa branca na lapela, desde que tivera o "sonho" com minha mãe, sempre a sentia presente na minha vida. Fiquei um instante triste por ela não me acompanhar hoje, mas espantei qualquer sentimento depressivo, hoje seria apenas alegria. Uma batida na porta e Alexia coloca a cabeça para dentro e me avisa:

- ta na hora gata.

Me olho mais uma vez e depois vou em direção ao meu destino.

Saio pela porta lateral da pousada e Silvana sairá pela outra, nos encontraremos no meio e seguiremos juntas para o altar, que está disposto em um grande tablado com piso de madeira, de frente para o mar. Assim que saímos Lavínia e Tatiana (que já está andando e falando) se aproximam. Vou entrar com as duas e Silvana com o pai. Abraços nossas meninas, que estão fofas, Lala está com um vestido lilás e Tatiana com um terninho parecido com o meu.

Nos posicionamos e quando a voz de Alexia cantando ao violão a música Say You Won't Let Go, do James Artur começa e a nossa deixa para começar a andar. Lavínia com um braço enganchado no meu e Tati no meu colo. Não demora muito e perco todo meu fôlego, pois minha futura esposa aparece linda em um vestido branco longo de seda com detalhes de rendas e sem mangas, um decote que me enche os olhos. Nas mãos um buque simples de lírios e nos olhos o amor transbordando, damos nossos passos ao encontro uma da outra, quando chegamos perto estamos com as lágrimas estragando as nossas maquiagens.

Lavínia tira Tati da meu braço e se posiciona na nossa frente, meu sogro aperta gentil minha mão e vai para frente. Eu e Silvana sorrimos e secamos as lágrimas uma da outra, entrelaçamos nossos dedos e seguimos para nosso futuro.

OS VOTOS

Seguimos pelo corredor formado por cadeiras, todos os convidados estão de pé e sorrindo, vejo minha sogra de coração duro secar uma lágrima, Camila sorri alegre e Carlos nos olha emocionado.

Mas quando chegamos à frente da juíza de paz, toda a minha atenção é para a mulher que roubou meu coração.

Eu e Silvana ficamos frente a frente e digo a ela sem palavras:

- te amo.

Sorrimos feito duas bobas apaixonadas e a juíza dá início a cerimônia, ela enaltece o amor, a família e depois e nossa vez de dizer algumas palavras, Silvana começa:

- você é um presente Flower, é minha força, meu amor. Sei que nosso caminho até aqui não foi fácil, sei que muitas vezes errei, mas saiba que ter você em minha vida me faz querer ser uma pessoa melhor, quero passar o resto da minha vida aprendendo com você, quero passar o resto da minha vida te amando.

Não aguentei e a beijei antes, os convidados assoviaram e deram risadas, então eu que sempre fui estoica, abri meu coração na frente de todos:

- você me deu algo que nem sabia que precisava, uma família. Sempre achei que tinha algo errado comigo, porque o tal do amor nunca apareceu na minha vida, até olhar para a casa ao lado e ver você e depois me apaixonar ao conhecer a pessoa fantástica que é. Silvana prometo honrar a dadiva que me deu ao me amar e prometo te amar nessa vida e na próxima.

Dessa vez ela que me beija, e finalmente saio daquele tablado de braços dados com minha esposa.

A LUA DE MEL

Nossa primeira dança como casadas e ao som de Cristina Perri, A Thousand Years, somos cumprimentadas por nosso amigos, abraçadas pelas nossas filhas e até ganho um aperto de mão de dona Dalva. Cortamos o bolo, tomamos a champanhe com braços entrelaçados. E no meio da festa roubo minha noiva para o nosso quarto de núpcias, não aguentava mais o tesão com ela naquele vestido.

Entramos aos beijos e tropeços e caímos na cama, Silvana me virar e começa a sair do meu agarre, digo confusa:

- vida, vai onde?

Ela liga o som e Is This Love, WhiteSnake toca, ela começa a tirar o vestido em um strip-tease lento, fico vidrada a cada peça tirada. Primeiro sai o vestido, deixando aparecer o sutiã sem alça, a calcinha e o que me deixa em órbita quase orgástica, a cinta liga. Ela vai se mexendo e passando as mãos no corpo, e no refrão canta sem voz junto com Coverdale... isso é amor? Só tenho uma resposta.

Me levanto sem aguentar mais e agarro, mordo o lóbulo de sua orelha e digo safadamente:

- e amor sim, mas é tanto tesão Sil, que está escorrendo...

Silvana não me deixa terminar a frase, puxa a minha cabeça e me beija cheia de paixão.

Arranco minhas roupas, ficando apenas de calcinha e a jogo na cama, tiro a cinta liga com os dentes a deixando ofegante com minha ação. Me arrasto por cima do seu corpo gostoso e me acabo naqueles seios. Os mordo por cima de sutiã e Silvana aperta a minha cabeça inquieta buscando mais contato. A seguro pela cintura e me posiciono entre suas pernas, nosso sex*s se esfregam por cima do tecidos. Silvana arqueia para trás, aproveito e beijo toda a extensão no seu pescoço, ela implora:

- tira tudo amor, não aguento mais, quero te sentir inteira.

Então não deixo minha esposa na mão, arranco o sutiã e ch*po seus seios, desço minha língua pela barriga, me perco no seu umbigo e me acho no meio das suas pernas. Tiro a calcinha e a lambo bem devagarinho, ela puxa meus cabelos e gem* forte quando finalmente enfio todo seu clit*ris da minha boca, nunca me cansaria do sabor da minha esposa. Meto os dedos na sua entrada até o fundo e Silvana enlouquece, gem* e rebol* deliciosamente sob minha língua, e me encho de alegria por ela se entregar tão inteiramente a mim.

Seu orgasmo não demora, derrete-se para mim.

Não a deixo descansar, a puxo a fazendo sentar, e engancho nossas pernas em uma tesoura, e sem pressa fazemos amor. Nos beijamos sem fôlego, suor e sex* recendendo por todo quarto, nossos quadris remexendo na dança mais antiga da humanidade, nossos gozos no final se misturando.

Caímos exaustas no colchão e Silvana se enrosca em mim, beija meu pescoço e alisa devagarinho a cicatriz na minha barriga, e uma das muitas que ganhei. Mas elas apenas me lembram que sobrevivi.

A VIDA

Era o primeiro dia de aula de Tatiana, Silvana como já tinha passado isso com Lala, estava mais calma, mas eu estava uma pilha de nervos, achava que nossa menina era muito nova sair debaixo das nossas asas. O argumento de que ela tinha apenas quatro anos não convenceu minha esposa, e então estamos as duas aqui em frente a escolinha.

Devo acrescentar que minha filhinha está uma fofura no uniforme e parece bem animada, a levamos no portão, ela nos beija afetuosa e depois se distrai em uma conversa animada com outra criança e não olha nenhuma vez para trás quando some dentro da escola.

Silvana me abraça pela cintura, beija meu ombro e brincando fala:

- amor não chora, as cinco horas estamos de volta.

Dou um sorriso e encaro Silvana, que com o passar dos anos ficara mais bonita ainda, beijo delicadamente sua testa e vamos para o carro começar mais um dia de trabalho. Quando dou partida, Silvana solta:

- imagina quando a Lala passar no vestibular e quiser fazer faculdade em outro estado.

Entro no transito já com o coração apertado, digo enfezada para Silvana:

- sabe vida, não está ajudando.

Ela me olha com carinho e entrelaça a mão na minha que está pousada no câmbio:

- se acalma amor, as meninas estão crescendo e irão viver a vida delas, mas sempre voltarão. E enquanto isso, estaremos juntas esperando.

Me inclino rapidamente beijando aquela boca vermelha que sempre me dará tesão, depois volto minha atenção ao trânsito e digo conformada:

- tem razão vida, e sabe de uma coisa?

- o que amor?

- não poderia ter escolhido companhia melhor.

Ela me brinda com um sorriso, o meu sorriso, que nunca mais saiu da sua face e assim até hoje.

Fim.

Fim do capítulo