Décimo Oitavo Capítulo
Naquela tarde cheguei em casa só, já que Silvana foi ao médico, para pegar o resultado dos exames que havia feito na semana anterior. Ela estava mesmo preocupada e eu também. Mas quando me ofereci para acompanha-la, ela preferiu ir só. Deixei-a ter seu espaço.
Quando entrei na casa da minha namorada, Lavínia estava fazendo os deveres, dei lhe um beijo e depois comecei a preparar a janta. Não se espante viu, sei cozinhar, você acha que vivia do que antes da minha gata selvagem aparecer e me alimentar?!
E foi no clima de conversa e brincadeiras com Lala que terminei de cozinhar e comecei a estranhar a demora de Silvana.
Tentei ligar para o seu celular mas só dava caixa postal, comecei a ficar ansiosa, mas não deixei passar isso para Lavínia, mas minha enteada era inteligente e começou a perguntar pela mãe também.
Então quando deu oito horas da noite e nada de Silvana, realmente entramos em pânico, iria deixar Lavínia na casa de uma amiga e iria começar a percorrer os locais que frequentávamos e se nada desse certo, iria a polícia.
Quando pegava a chave da moto e Lavínia se dirigia a porta, finalmente esta se abriu e minha namorada passa por ela.
Lala corre e a abraça, séria fala:
- mãe, a gente estava ficando doida já, onde a senhora estava?
Até então Silvana não tinha me olhado e esse foi o primeiro sinal que tinha algo muito errado. Ela beijou a filha e depois falou calma:
- tive que resolver um problema, escuta filha seu pai está ai fora e pediu para ir tomar um sorvete com você.
Lavínia desanuviou a expressão, beijou a mãe, me beijou e saiu correndo para se encontrar com Carlos, e eu...fiquei com o coração a mil, sabia que isso era muito atípico e tive a intuição que Silvana pedira ao ex marido ajuda, agora a dúvida era para o que.
Mil possibilidades passaram pela minha cabeça, a pior de todas e que Silvana estava muito doente. A lembrança de quando minha mãe me contou sobre a esclerose múltipla me veio, senti minhas pernas falharem e minha vista escureceu.
Dei uma cambaleada e minha namorada que estava atenta correu para me ajudar a sentar. A puxei para sentar comigo, olhei para aquele rosto que tanto amava, meti as mãos no seu cabelo com desespero e falei com a voz falha:
- vida, o que você tem? Meu deus é grave?
- amor preciso que você se acalme sim, não estou doente.
O alivio foi tão grande que as lágrimas desceram e abracei fortemente minha mulher, foi só depois que percebi que não me abraçava de volta.
Me afastei, sequei minhas lágrimas meio envergonhada e questionei:
- o que há Sil?
Ela desvia o olhar do meu rosto e o coloca nas mãos que se remexem nervosamente no colo, aguardo paciente sua resposta. E quando ela começou a falar, meu mundo caiu:
- cometi um erro terrível Flower - vejo as lágrimas escorrem por seu rosto - quando terminei com Pedro, fui para cama com ele.
Senti meu estomago parar no pé e comecei a ouvir o que ela continuou falando como se estivesse através de um vidro:
- naquele mesmo dia tentei te contar, mas fiquei com tanto medo de você me rejeitar, que acabei sufocando a culpa.
Por isso ela pedira meu perdão, finalmente ela me encara, e vejo muita agonia na sua expressão mas continuou calada e Silvana no seu relato:
- quando sai de lá, prometi que nunca mais entraria em uma situação assim, até porque você é a mulher que quero viver o resto da minha vida.
Consegui sair do meu torpor e perguntar, minha voz saiu morta:
- o que isso tudo tem a ver com a sua ida ao médico?
Tinha uma desconfiança da resposta é claro, mas quis muito tapar os ouvidos e sair correndo, fiquei. Ela tenta pegar na minha mão, mas em um reflexo a retiro do seu alcance, vejo a angustia que meu gesto causou, mas só penso em tudo o que ela está me falando:
- quando transei com Pedro, não usamos camisinha, foi automático, já tínhamos feito todos os exames e depois de alguns meses de relacionamento, começamos a não usar. Mas tomo pílula e acho que ela falhou, posso te afirmar que isso foi uma surpresa para mim também, já que estava menstruando normalmente, o médico disse que acontecia em alguns casos...
A corto impaciente com sua divagação, algo que ela fazia quando estava extremamente nervosa:
- fala logo!
Me encara com medo e solta a grande bomba:
- estou grávida Flower.
Fim do capítulo
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