Capítulo 11
頭そるより心をそれ
Atama soru yori kokoro wo sore
Tradução: Antes de ver a aparência, olhe o coração.
(retirado do site: http://www.japaoemfoco.com/kotowaza-proverbios-japoneses)
Dejavu... Era a sensação que Callie sentia ao entrar no prédio onde Marina morava... As portas do elevador recuaram, e ambas adentraram num pequeno hall silencioso. A luz se acendeu ao detectar a presença delas. Callie caminhava relembrando dos detalhes do corredor. Ambas em silêncio. O edifício que Marina morava ainda era o mesmo: moderno, equipado com tecnologia recente, o que indicava que os moradores possuíam um alto padrão financeiro.
Pararam diante de uma porta trabalhada em madeira. Parecia ser um trabalho manual, com riqueza de detalhes entalhados cuidadosamente. Ao lado da porta havia uma caixa metálica, com uma luz miúda e vermelha. Marina sacou o cartão magnético e o inseriu. Um pontinho de luz verde se acendeu no local onde antes era vermelho, e alguns milésimos de segundo depois pôde ouvir um “clique” suave. A porta estava aberta.
Marina esperou Callie entrar. Ela parecia tranquila, mas desde que saíram do apartamento dela, não havia pronunciado nenhuma palavra ou comentário, apenas observava a paisagem fora do carro e agora, o ambiente. Olhou para o corredor escondido pelas plantas decorativas, depois para olhou para o sofá em L, quadros, entre outras coisas....
Tudo no apartamento permanecia exatamente igual ao que a ruiva se lembrava... Inclusive o que acontecera no sofá... Balançou a cabeça para espantar os pensamentos conflitantes. - Marina sem perceber comunicou:
- Você vai ocupar o quarto que é...
- Não vou ficar no quarto de Sofia - Callie a interrompeu seca antes que Marina concluisse a frase
- Não é o quarto de Sofia - respondeu Marina erguendo uma sobrancelha - "ciumes?" - se questionou.
- É claro que não é, eu esqueci, a cama dela era outra.
- Como?
- Nada - a ruiva respondeu irritada consigo mesma, havia deixado o pensamento verbalizar, sussurrado, mais para si mesma. Se Marina havia ouvido, preferiu fingir não ter entendido. Carlota, silenciosa, estava se recriminando: O que estava havendo comigo? Deve ser os hormônios da gravidez - Callie respirou fundo, suspirou e passou a mão pela barriga tentando se acalmar.
- Como eu estava dizendo, você vai ocupar o quarto que é ao lado do meu e pertence aos meus sobrinhos. Fiz algumas modificações, mas espero que o espaço esteja adequado a você - como a ruiva permaneceu calada, Marina chamou-a: Callie? Observando-a se sentar no sofá.
Mediante a utilização do apelido feito num tom suave, a gestante olhou curiosamente para ela. A irritação inicial evaporou como água - Suspirou - Estava gostando da forma carinhosa com a qual estava sendo tratada, entretanto ficava sem ação por ser o foco de tanta atenção, e desconfiada, pois não sabia se queria descobrir quais eram exatamente a intenção de Mari para com ela. "Mari não, Marina!" - se corrigiu mentalmente! Notou que ela ainda esperava a resposta. Desviou o olhar para a varanda enquanto respondia.
- Sim, Marina, estou bem. Estou com quase 65 quilos, 10 quilos acima do meu peso normal. Me canso fácil, só preciso me deitar um pouco.
- Isso não é bom - Disse Marina se sentando no sofá, ao lado dela e olhando-a fixamente. Não havia contato físico entre as duas, mas toda proximidade com ela a deixava a flor da pele.
- Eu sei que engordei demais, ok? Sem sermões. A Médica já me disse isso, falou que preciso me alimentar melhor, blá blá, só sei que me sinto uma baleia e... e... O que foi? - Questionou a mulher mais nova ao perceber o olhar intenso da mais velha
- Não tem nada a ver com seu peso.... - ergueu o braço e tocou a face dela fazendo com que os olhares de ambas se encontrassem e permanecessem presos - Você está tão linda quanto antes - completou, para em seguida, deslisar as pontas dos dedos sobre a bochecha e retirar a mão - De repente, após se repreender mentalmente pelo gesto impensado, Marina se ergueu do sofá indo até uma bar no canto oposto da sala. Tirou o casaco do terninho que usava, colocando-o sobre o móvel e passou a mãos pelos cabelos curtos. Callie observava ainda sentindo o calor do toque suave. Quando percebeu que ela não retornaria ao sofá, questionou:
- Então... Se não é meu excesso de peso, o que não é bom?
- Você me chamar de Marina - Calli quase riu.
- Esse é o seu nome. O estranho aqui é você me chamar pelo meu apelido... Quanto ao seu nome, não era você mesma que vivia dizendo pra eu não te chamar assim?
- E desde de quando você se tornou obediente ao que peço? - Marina viu Callie sorrir expontanente apesar do cansaço e tentou brincar mais: Então, já que está obediente, que tal um banho e uma massagem? - Callie arregalou o olhos
- Como?! - A imagem das duas tomou forma antes que a ruiva pudesse evitar e teve certeza que ficara vermelha como um tomate, tornando as sardas bem visíveis. Fato este que não ficou desapercebido por Marina, que imediatamente tentou explicar, com um sorriso divertido, deixando Callie de queixo caído literalmente.
- Hei calma, vou refazer a frase: Por que não vai tomar um banho? Enquanto isso vou pedir a Henri para mandar alguém vir trazer suas malas, ok? O quarto, fica localizado num corredor por atrás daquela "cortina" de plantas. É a terceira porta a direita. Tenho certeza que há toalhas e um roupão sobre a cama. O quarto é uma suíte, só não tem banheira. Mas no Banheiro principal tem, caso prefira. E quanto a massagem, há uma moradora no prédio que é fisioterapeuta e especializada em massagens, pensei em marcar uma hora com ela, se for do seu desejo - Carlota ficou momentaneamente tonta diante de tantas informações, e constrangida, pelos pensamentos que se passaram pela sua mente, tanto que rapidamente concordou com tudo que Marina indicou e saiu em busca do quarto. Uma pergunta martelava em sua cabeça: "como lidar com esta nova Marina?"
CONTINUA...
Fim do capítulo
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