Narradora

Pietra acaba de fechar o notebook quando sente algo pequeno e molhado bater na sua perna. Seus olhos buscam a menina de 2 anos pelada que pinga no chão do seu escritório, ao longe ouve Clara gritar o nome da criança. Elizabeth ri travessa e tentava subir no colo de Pietra, que prontamente atende o pedido da filha, fala:

- Lizzie você fugiu da mãe, de novo.

Assim que se levanta da cadeira, Clara aparece na porta, está quase tão molhada quanto a filha e trazia uma toalha de banho do desenho do Frozen na mão.

Se aproxima das duas e embrulha a filha na toalha e olha sem graça para Pietra, que traz uma expressão severa:

-amor não tenho culpa, essa menina tem dons de espiã, me distrai um minuto apenas.

Clara faz cócegas na menininha que dá uma gargalhada alta e as duas mães babonas esquecem da traquinagem dela. Clara a carrega de volta para o banheiro e termina de banha-la.

Pietra observa Clara colocando a filha delas para dormir. Mais uma vez a esposa lia para Elizabeth um do seus livros. Pietra há alguns anos é uma autora de sucesso de livros infantis, adaptados inclusive para a televisão.

Assim que a criança dorme, as duas vão para o próprio quarto. Mas antes que Clara possa começar a se preparar para dormir, Pietra a puxa para a varanda e ela se espanta com a mesa preparada. Uma garrafa de champanhe no balde cheio de gelo. Pietra olha para a esposa, diz com um sorriso feliz:

- terminei amor. O livro finalmente está pronto.

Clara sorri também e abraça apertado:

- parabéns amor! Tenho certeza que vai ser um sucesso.

Se separa de Pietra e estoura a rolha da garrafa, logo serve dois copos com o liquido transparente para as duas. Pietra apoia uma mão sobre o gradil e observa a paisagem. A noite está clara, uma lua cheia brilha no alto cercada de estrelas. E uma daquelas noites que você se sente pequena diante da magnificência do mundo. Abaixo a água da piscina brilha em um azul opaco, ao redor o jardim completa o cenário de paz.

Clara havia desenhado cada parte da casa delas. Mesmo que o projeto só saísse do papel 3 anos depois de casadas. Foi difícil no começo, mas elas eram fortes e perseverantes, não demoraram tanto para conquistar uma vida confortável.

Clara a abraça por trás e beija suavemente a curva do pescoço de Pietra , que se arrepia. A voz rouca da esposa sai baixa e melódica quando pergunta:

- o que te preocupa amor?

Pietra amava o quanto era transparente para a esposa, quem não queria alguém que lesse as suas entrelinhas. Entrelaça os dedos na mão de Clara que esta pousada sobre sua barriga e apoia a cabeça no ombro dela, podendo assim fitar seu rosto:

- tenho medo de não dar certo, e tão diferente de tudo o que já escrevi até hoje.

- amor você é super talentosa, óbvio que vai ser um sucesso. E um romance lindo e o mais importante, um romance lésbico. Com sua visibilidade vai abrir portas para muitas autoras talentosas que temos no país. Vai ser um marco.

Pietra sente o coração mais leve , Clara sempre sabia como a deixar menos neurótica. Beija a esposa carinhosamente e depois brinca:

- mas esse, não vai poder ler para nossa menininha. Pelo menos até ela ter mais de dezoito.

Clara sorri deixando as ruguinhas do cantos dos olhos mais aparente, depois seu olhar muda para um tom mais malicioso:

- não mesmo.

 Tira o copo da mão de Pietra e junto com seu próprio os deposita de volta a mesa, depois vira Pietra novamente ficando as suas costas, com uma mão sobe por dentro da blusa dela apertando um seio  a outra paira perigosamente perto cós da calça, enquanto deposita beijinho por toda a extensão da nuca de Pietra , fala:

- imagina se ela descobre que a maioria da cenas de sex* foram inspiradas pelas mães.

Clara morde o lóbulo da orelha da esposa que solta um suspiro misturado com um gemidinho. Pietra se curva um pouco para trás e sua mão sobe até a cabeleira de Clara, desliza os dedos pelo fio sedosos, um pouco sem fôlego diz :

- amor, acho que meu livro vai ter continuação, que tal você me ajudar com mais algumas cenas.

- o pedido da minha esposa é uma ordem.

Clara desliza a mão para dentro da calça e calcinha, seus dedos deslizam sobre seu sex* já úmido, fazendo Pietra arfar e tombar a cabeça para trás e beija-la cheia de paixão.

Mas antes que algo mais possa acontecer, Clara se afasta deixando Pietra atônita:

- amor...

Clara enlaça sua cintura e começa a puxa-la para dentro do quarto dizendo:

- sei que quando te toco esquece de tudo amor, mas nosso vizinho de 15 anos estava na janela nos espionando.

Ela fecha a porta da varanda e puxa as cortinas, depois volta a abraçar Pietra e diz rindo:

- se ele quiser saber o final da cena, vai ter que ler no seu próximo livro. Agora vem aqui, que vou te inspirar tanto, que você terá que escrever um kama sutra lésbico.

E dizendo isso Clara derruba Pietra na cama cumprindo sua promessa.

Clara acordou antes da esposa, ela dormia de costas, pode apreciar a curva da sua coluna até o arredondado quadril. Clara se encaixa sob aquela pele sedosa, sua mão se arrasta pelo braço delicado de Pietra e para na sua mão esquerda. Ela segura a aliança de casamento de Pietra e a gira devagarinho. Depois de um tempo nota os olhos azuis da esposa a observando, sorrisos são trocados e Clara deposita um beijinho nos lábios dela. Há muito tempo que deixara de ter nojinho.

- porque você sempre faz isso?

Clara levanta uma sobrancelha questionando sem palavras, a esposa responde:

- fica girando minha aliança.

Clara a fita apaixonada e entrelaça seus dedos aos delas, as alianças se alinham lado a lado, responde:

- porque quero me certificar que tudo o que vivemos é real, que você é minha esposa e que temos uma filha perfeita e linda.

Pietra se vira e abraça a esposa, suas peles nuas se encontram despertando o desejo, mas antes que possa saciarem mais uma vez, Pietra segura o rosto de Clara e diz emocionada:

- é tudo real amor, mesmo que por algum tempo nossas escolhas nos levassem por caminhos separados, já estava escrito que seriamos uma da outra.

- eu te amo Pe, amo a nossa família e prometo que nunca deixarei mais nada nos afastar.

Clara se declara com lágrimas nos olhos, fazendo os de Pietra também molharem-se. As duas se beijam docemente selando a promessa.

Elas sabiam que contra o destino não tem como lutar, já estava escrito!

FIM.

Fim do capítulo