Beatriz e Carine ficaram uns dias sem conversar. A iniciativa partiu da jovem de olhos cor de mel, que ligou para a outra e marcaram de lanchar juntas numa terça-feira. Tiveram um encontro agradável, conversaram bastante, descobriram gostos semelhantes, tais como: comidas, esportes, músicas e roupas. Neste dia, Carine estava de carro e levou Beatriz para casa, esperou por um convite para entrar, porém, não recebeu convite algum, por isso, achou melhor já tentar um próximo encontro.

 

- Vamos no cinema? Vai estrear um filme bom de ação.

- Meu gênero favorito. Podemos ir sim, bom que eu pago meia com a carteirinha de estudante.

- Tem algum dia que você sai mais cedo da faculdade?

- Na quinta, é dia de projeto e o meu já está bem adiantado.

- Eu passo te pegar depois da aula.

- Combinadas!

 

Despediram-se, Bia entrou e Carine foi para o seu apartamento. No dia seguinte trocaram algumas mensagens e voltaram a se encontrar na quinta-feira.

 

- Carine, aqui deve ser mais caro, porque não vamos em algum cinema de shopping mesmo?

- Faz bastante tempo que quero conhecer este local.

- Não frequento lugares assim.

- Eu quando tenho a oportunidade gosto de aproveitar o melhor que a vida tem para nos oferecer.

 

Carine escolheu um dos ambientes que possui as mais luxuosas salas de cinema de São Paulo, visando uma experiência exclusiva e com requinte para ambas.

 

- Quanto custa o ingresso?

- Bia, não se preocupe com isso, eu te convidei e nossos ingressos já estão comprados. Agora vamos aguardar no lounge.

- Carine, não é certo isso, toda vez só você paga e não me deixa ajudar em nada.

- Linda, sabia que você fica sexy quando está contrariada?

- Tome tento!

- E é um charme sua bochecha vermelha quando fica tímida.

- Boba!

- Por você (falou baixinho).

- Como?

- Pelo trailer que vi, parece muito bom o filme que vamos assistir.

- Olha o que está escrito naquele cartaz, salas de última geração, com poltronas inclináveis, espaçosas e confortáveis.

- Nós merecemos! Trabalhamos tanto.

- Você é doida em gastar com isso.

- Não é gasto, mas sim investimento em bem-estar.

- Lorena, ainda nem conhece nenhum cinema.

- É o nome da sua filha?

- Sim!

- Belo nome.

- Obrigada.

- Você já trouxe ela alguma vez para sampa?

- Ainda não.

 

As duas adoraram o filme, deixaram o local comentando sobre as melhores cenas.

 

- Vamos para a minha casa? (Carine convidou quando entraram no carro).

- Acordo cedo amanhã para ir trabalhar.

- Eu também, mas gosto tanto da sua companhia, nem quero te levar embora.

- Já que você não quer me levar, vou precisar encontrar um ponto de ônibus.

- Bia, você entendeu o que eu quis dizer né.

- Sim (respondeu sorrindo).

 

Como já estava tarde, não teve jeito e precisaram ir embora. Depois de estacionar em frente da casa de Bia, criando coragem Carine pediu:

 

- Me dá um beijo?

- Nossa, não esperava por este pedido.

- Prefere que eu roube um beijo seu?

- Olha a ousadia senhorita Bonini.

- Você mexe com meu juízo e está sua boca carnuda é linda.

- Você está me deixando tímida.

- Olhe para mim! Seus olhos são lindos.

 

Bia olhou para ela, voltou a sorrir e começou a se aproximar. Os lábios se tocaram de forma suave, conhecendo um ao outro, num beijo sem pressa. Beijaram-se por longos minutos.

 

- Bem melhor do que eu sonhava.

- Carine, você é uma danada.

- E você, é belíssima.

- Obrigada por todos os elogios e pelo passeio. Adorei.

- Eu que agradeço pela sua companhia.

- Preciso entrar, tenho que dormir, pois acordo muito cedo.

- Amanhã podemos ir naquele barzinho depois da sua aula?

- Sim. Boa noite!

- Ei, cadê meu beijo de boa noite? (Perguntou voltando a beijar a loira).

 

Adormeceram pensando uma na outra. Aquela sexta-feira demorou para passar para as duas, que já estavam loucas por um reencontro. Carine decidiu ir de carro, pois não queria perder a oportunidade de levar Bia para casa.

 

- Eu não vou beber hoje, estou dirigindo.

- Então vamos ch*par sorvete? Está calor e a sorveteria na lateral da universidade fica aberta até tarde no verão.

- Uma boa pedida.

- Desta vez, como o convite é meu, eu pago.

- Nada disso senhorita.

- Não seja chata.

- Moça, eu como bastante, não tente me alimentar, você pode até abrir falência (disse extrovertida).

- Como foi seu dia?

- Bom e o seu?

- Também.

- Confesso que estou doida para te beijar novamente.

- Toda ousada né mulher.

- Só contigo.

- Sei.

 

Escolheram os sorvetes no self service, comeram, papearam e desta vez Beatriz bateu o pé, conseguindo assim pagar a conta. Antes da despedida voltaram a se beijar dentro do carro. No final de semana não se encontraram, pois Bia viajou para ficar com Lorena. Voltaram a se ver somente na quarta-feira e pela primeira vez jogaram sinuca juntas, num barzinho próximo da casa de Carine. Estavam gostando muito de conhecer uma a outra.

- Você joga muito bem.

- Obrigada! Bia, agora quer meu prêmio.

- Qual?

- Você!

- Você é uma terrível. Temos que ir. Já está ficando tarde e trabalhamos amanhã.

- Vamos!

 

Deixaram o local e voltaram a conversar dentro do carro.

 

- Sábado, vamos numa balada? Vão fazer uma festa temática, muito top.

- Não consigo ir, aos sábados vou para a minha cidade.

- Verdade. Uma pena.

- Nos vemos na sexta?

- Claro! Vamos naquele restaurante que te falei.

- Do seu amigo né.

- Sim. Passo te pegar assim que acabar sua prova, vamos para a minha casa, deixo o carro por lá e seguimos de Uber, pois lá têm bebidas deliciosas.

- Fica perto do metrô?

- Não.

- Então tenho que pesquisar para saber qual ônibus posso usar para ir embora para casa depois.

- Você pode voltar comigo e dormir no meu apartamento.

- Eu acordo muito cedo.

- Não tem problema. Preciso sair de manhã mesmo para visitar meus pais.

- Nem vai trabalhar neste próximo sábado?

- Felizmente não, estarei de folga.

- Que bom! Seus pais moram onde?

- Campos do Jordão.

- Dizem que é uma cidade linda.

- É mesmo. Eles se aposentaram e mudaram para lá. Preferem as montanhas, ao invés do litoral.

- Quais os nomes deles?

- Danilo e Rosana.

- Você é mais parecida com quem?

- Com meu pai e meu irmão com a minha mãe.

- Seu irmão mora com eles?

- Não. O Cairo, mora no Chile.

- Entendi.

 

Carine estacionou e logo começaram a se beijar, toda despedida delas passou a ser assim, cheia de beijos.

 

Na sexta-feira jantaram num restaurante japonês e Beatriz conheceu Akio, o melhor amigo de Carine.

 

- Amiga, hoje você está muito bem acompanhada. Seja esperta e não perca está preciosidade. Ca, você não mentiu quando enalteceu a beleza dela.

- Para bicha você está deixando ela constrangida.

- Fica com vergonha não. Fiquem à vontade, vou só dar um help na cozinha e já volto para dar atenção para vocês (ele disse se distanciando, enquanto elas se acomodaram numa mesa).

- Linda, desculpe, ele é todo palhaço, não ligue.

- Sem problemas. Que restaurante bonito e que aquário perfeito!

- Akio tem muito bom gosto. O pai dele tem uma rede de restaurantes e cada membro da família responde por uma loja, não é puxando saco não, mas este aqui do meu amigo é o restaurante mais bonito.

- Não entendo nada deste cardápio. Eu gosto bastante de salmão.

- Pode deixar que eu escolho e você vai gostar.

- Todo dia na hora do almoço ligo para conversar com a minha filha. Hoje ela chorou com saudades.

- Amanhã você já estará com ela e não fique pensando nisso. Vamos comer e ter uma noite agradável.

 

Logo Akio se juntou a elas, começou a contar para Beatriz sobre o funcionamento do restaurante, falou sobre a amizade de muitos anos com Carine, já que os dois estudaram juntos desde o primário e soube que a morena estudou em um excelente colégio particular. Akio também revelou que sempre teve uma queda por Cairo, mas que nunca teve chances com o irmão da amiga e que atualmente está apaixonado por um jogador de futebol. As duas também contaram como se conheceram e desta vez nenhuma das duas pagou a conta, pois Akio não permitiu e pediu para elas voltarem mais vezes. Deixaram o restaurante e foram para o apartamento.

 

- Você mora sozinha?

- Sim.

- Sua ex-mulher morava aqui contigo?

- Não. Comprei este apartamento depois da separação.

- Qual foi o motivo do término?

- Desgaste e brigas. Nos conhecemos na faculdade, começamos a namorar com poucos dias que tínhamos nos conhecido, resolvemos morar juntas com três meses de namoro, fomos precipitadas, imaturas, possessivas e acabou nem dando certo. Ela voltou para o RJ.

- Nossa!

- Quer beber algo?

- Não, obrigada! Onde posso deixar minha mochila?

- Onde você quiser, sinta-se em casa e fique à vontade.

 

Elas ficaram por um tempo sentadas no sofá, trocando beijos e ouvindo músicas.

 

- Preciso dormir, quero descansar e amanhã tenho que trabalhar. Sua mala já está pronta para viajar?

- Sim. Vem vamos para o quarto, precisamos descansar.

 

As duas se arrumaram para dormir, beijaram-se e cansadas logo adormeceram. No outro dia, acordaram com o despertador de Bia.

 

- Bom dia! (A loira disse se espreguiçando e desligando o aparelho).

- Bom dia! Dormiu bem?

- Sim e você?

- Também. Como você consegue ser tão linda até descabelada?

- Você é extrovertida até quando acorda.

- Eu te levo no seu trabalho.

- Não precisa.

- Faço questão. Vamos nos arrumar, tomamos café da manhã juntas, te deixo e já viajo.

- Tem certeza?

- Sim! Você vai adorar o café da manhã da padaria aqui do bairro.

 

Elas fizeram conforme a sugestão da morena e Beatriz ainda chegou dez minutos antes do horário.

 

- Manda mensagem avisando que foi tudo bem na viagem.

- Pode deixar. Bom trabalho e boa viagem para você também no final do dia.

- Obrigada.

 

Despediram-se e cada uma seguiu seu rumo. Durante o final de semana conversaram somente por mensagem.

 

 

 

Fim do capítulo