Capítulo 1
Beatriz Gaultier olhou para o céu e notou que a chuvarada estava prestes a começar. Ela estava muito cansada devido a semana corrida que tivera e tinha acabado de sair do trabalho. Quando os pingos começaram a cair ela buscou refúgio nas lojas do comércio local, já que naquele dia, trabalhou na região central da cidade. Por alguns minutos olhou algumas roupas, até que deparou com um espelho grande e observou seu reflexo. Beatriz é uma jovem alta, de pele clara, boca carnuda, olhos azuis, cabelos longos, lisos e loiros. Do lado de fora, uma tempestade, com ventos e trovões. Lembrou-se que dentro de alguns dias seria o aniversário da sua filha e aproveitou para escolher um vestido de presente para a criança. Procurou bastante, conferiu os valores e acabou escolhendo um modelo infantil todo florido. Após pagar pelo produto, seguiu para a porta do estabelecimento, a chuva ainda não tinha parado, ela começou a ficar impaciente, movimentando-se de um lado para o outro, devido ao chão molhado escorregou, desequilibrou-se e acabou caindo na entrada da loja. Recebeu auxílio de uma moça de pele clara, cabelos castanhos escuros e olhos cor de mel, que também estava fugindo da tempestade.
- Tirando o tombo, tudo bem? (A estranha questionou enquanto a ajudava a levantar).
- Nossa me espatifei, estou até dolorida (reclamou).
- Machucou-se? (Perguntou avaliativa).
- Agradeço a sua ajuda, estou bem.
- Tem certeza?
- Sim.
- Sente alguma dor?
- Um pouco, na perna e no meu pé.
- Eu me chamo Carine Bonini e sou fisioterapeuta. Deixe-me te auxiliar?
- Nem precisa, foi só uma queda boba, fui vítima deste piso escorregadio e todo molhado. Tenho que ir embora.
Ao tentar se locomover para deixar a loja, Beatriz sentiu a dor aumentar e fez uma careta que não passou despercebida por Carine.
- Aceite meus cuidados (a morena voltou a dizer).
Concordou resignada e sentindo sua perna direita latejar. Acomodou-se em uma cadeira, que os clientes usam para experimentar sapatos e foi examinada por Carine.
- Você vai ficar bem, recomendo repouso e um relaxante muscular para aliviar a dor.
- Muito obrigada!
- Qual o seu nome?
- Beatriz.
- Belo nome o seu. Meu carro está no estacionamento aqui do lado. Posso te dar uma carona.
- Não é necessário, já me ajudou muito e não quero tomar mais do seu tempo.
- Por favor, aguarde, vou estacionar o carro aqui em frente, retorno para te encontrar e passamos numa farmácia pelo caminho.
- Mas...
Beatriz não teve tempo de concluir, Carine foi até o seu carro e logo voltou. No decorrer do trajeto passaram na farmácia.
- Sugiro que se apoie em mim e não force a perna dolorida (Carine sugeriu ao abrir a porta do carro para Beatriz).
- Muito obrigada por tudo.
- Precisa de ajuda para entrar?
- Não, você já me ajudou muito. O corredor é curto e não tem escadas.
- Podemos trocar telefones? Seria bom ter notícias suas.
Elas trocaram os números e logo se despediram. Em casa, Beatriz tomou um banho, medicou-se, deitou e logo adormeceu. No dia seguinte recebeu uma ligação da fisioterapeuta que a socorreu.
- Alô!
- Olá! É a Carine. Como vai?
- Estou bem melhor, agradeço pela sua atenção e também pela ligação.
- Bom... Posso passar na sua casa? Tenho uma pomada que pode te auxiliar.
- Não precisa e obrigada por toda a sua ajuda.
- Faço questão.
- Sendo assim, não negarei. Pode vir no horário que puder.
- Irei no começo da noite, ao término do meu plantão.
Carine cumpriu sua palavra e foi ao encontro de Beatriz. Após examinar novamente a perna e o pé da jovem, confirmou que ela já estava bem melhor, que a lesão foi simples e fez questão de aplicar a pomada. Uma semana após a queda, Beatriz decidiu convidar Carine para um jantar de agradecimento.
- É bem simples, mas de coração, espero que goste (Beatriz afirmou quando se sentaram para jantar).
Carine adorou! Beatriz cozinha muito bem e é caprichosa. De fato, o jantar era simples, mas muito bem preparado, tinha arroz, feijão, salada, bife e batata frita. Também beberam suco de carambola. Quando terminaram o jantar a fisioterapeuta indagou:
- Posso te chamar de Bia?
- Claro.
- Quero te confessar que penso em ti todos os dias.
- Não acredito (disse acanhada).
- Fiquei muito feliz com o convite para este jantar e você está de parabéns, que delícia!
- Eu precisava te agradecer.
- Quantos anos você tem?
- 22 e você?
- 25. Solteira?
- Sim e você?
- Também.
Voltaram a ficar em silêncio por alguns segundos, até Carine voltar a perguntar:
- O que faz da vida?
- Eu estudo e trabalho como diarista em algumas residências.
- O que você estuda?
- Letras.
- Ainda não conseguiu nada na sua área?
- Comecei a estudar este ano.
- Você está gostando?
- Sim! Onde você se formou?
- Na federal do rio.
- Você é carioca?
- Não. Sou paulista, me formei por lá e depois voltei.
- Entendi.
- Solteira a bastante tempo?
- Sim e você?
- Me separei tem cerca de um ano e meio.
- Tão nova e já foi casada?
- Não era no papel. Mas morávamos juntas.
- Você tinha um relacionamento com uma mulher?
- Sim. Já está ficando tarde. Tenho que ir.
Beatriz acompanhou Carine até o portão. Elas se despediram com dois beijinhos no rosto.
O jantar foi na quarta-feira e na sexta voltaram a conversar por mensagem, combinaram de se encontrarem naquela noite, optaram por um barzinho próximo da faculdade da estudante.
- Você cursa uma das melhores universidades de São Paulo.
- Sou bolsista.
- Parabéns por esta grande conquista.
- Obrigada!
- Toma cerveja?
- Tomo.
Elas compraram a bebida e se acomodaram em uma das mesinhas que estava livre.
- Estamos bebendo, você não vai dirigir não né? É perigoso!
- Não estou de carro, vim de Uber.
- Mais seguro.
- Você dirige?
- Não, nem tenho cnh.
- Você também é lésbica? (Carine foi bem direta, pois tinha muita curiosidade para saber aquela resposta).
- Bissexual. Meu primeiro namoro foi com um homem e também já me relacionei com mulher.
- Entendi.
Pediram uma porção. Comentaram sobre a semana que tiveram, Carine contou detalhes sobre a sua atuação e ficaram no barzinho por umas duas horas.
- Eu preciso ir, amanhã trabalho.
- Bia, somos duas, meu sábado será puxado.
- No domingo você também trabalha?
- Não e você?
- Também não.
- Podemos marcar algo.
- Estarei com a minha filha.
- Sério? Nem imaginava que você tinha uma filha. Onde ela estava quando fui na sua casa quarta?
- Ela não mora comigo (falou demonstrando certa tristeza na voz).
- Nossa! Por qual motivo nem moram juntas?
- Eu saio muito cedo para trabalhar e a noite tenho a faculdade. Então ela mora no interior com a minha mãe. Amanhã no final do dia já viajo para lá, passamos o domingo todo juntas e eu volto na segunda bem cedo.
- Quando você estiver livre me avise, que podemos marcar algo.
Beatriz queria dividir a conta, porém, Carine não permitiu.
- Vou de metrô (comentou Bia).
- Te acompanho até a estação e de lá chamo um Uber.
Elas caminharam juntas por alguns minutos.
- Então você é do interior?
- Sou sim.
- Se mudou para estudar?
- Também e por aqui o salário é melhor.
- Mas deve ser complicado para você ficar longe da sua mãe e da sua filha.
- Demais, só que precisamos de dinheiro para sobreviver e eu estudo bastante, pois quero proporcionar um futuro melhor para a minha princesa.
- Quantos anos ela tem?
- Cinco.
- Você teve ela bem nova.
- Sim.
- Não tinha TV na sua casa? (Brincou).
- Geralmente dizem isso quando a mulher tem vários filhos. Eu só tenho uma.
Beatriz não gostou da brincadeira e Carine ficou bem sem graça com a resposta da outra.
- Minha gravidez nem foi planejada e foi um susto quando descobri. Mas independente de tudo, amo minha filha e ela é o maior presente da minha vida.
- Bia, desculpe se fui indelicada.
- Sabe, já ouvi muitas brincadeiras de mal gosto, na minha cidade mesmo, falam mal de mim por ser mãe solteira, já engoli muito sapo e aprendi a não ficar mais calada.
Carine não conseguiu dizer mais nada. Saber que Bia era mãe foi uma grande surpresa. Chegaram na estação e logo se despediram. No outro dia as jovens trabalharam bastante e nem conversaram. No domingo, Beatriz passou o dia com sua família e Carine foi para um churrasco, em uma chácara com os amigos.
Fim do capítulo
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eu_clarisse
Em: 13/05/2019
May, virei fã da sua escrita hahaha e vi que é Leonina tbm. :)
Já li o primeiro capítulo e já gostei rs.
Bjs ^^
Resposta do autor:
Olá! Sério? Virou fã? Agradeço, mas, nem sei se mereço rs
Sim, sou, mas, tem quem diga que sou uma leonina às avessas e que nem faço jus kkk
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Mille
Em: 11/02/2018
Oi querida May essa semana estava pensando em ti e hoje quando vi atualização nem li a sinopse kkkkk fui direto para o capítulo.
O destino uniu as duas e logo a Carine irá conquistar a Bis e tirar a bola fora.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá! Querida amiga Mille, senti saudades. Enfrentei dias corridos, muito trabalho e estudo. Deixa eu te contar estou toda coruja rs pois serei tia madrinha, então também estava toda atarefada preparando o chá de fraldas que foi ontem. Aproveitei que hoje nem fui pular carnaval para escrever, já que eu estava toda saudosa. Que bom vc ter pensado em mim e eu ter conseguido aparecer com um novo romance. Fiquei toda sorridente quando vi seu comentário. Que tenhamos uma linda semana. Beijos e até breve.
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NovaAqui
Em: 11/02/2018
Gostei!
Apesar da bola fora de Carine, acho que elas se identificam
Vou acompanhar com toda certeza!
Já favorito!
Abraços fraternos procês aí
Resposta do autor:
Olá! Fico feliz em receber seu comentário e por você ter gostado. Agradeço por ter favoritado e será uma honra contar com a sua companhia nesta nova história. Será que a Carine será a rainha da bola fora? kkk Outro abraço fraterno para ti e uma ótima semana!
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