Mesmo depois de ter assumido em voz alta sua paixão pela Vitória, Clara ainda se perguntava se aquilo estava realmente acontecendo.

Uma paixão por alguém há 1500 km de distância... Ou pior, alguém que nunca tinha visto na vida, se apaixonar por ela.

Clara não era uma das pessoas mais confiantes do mundo e sua autoestima não era das melhores.

Ainda na linha com Vitoria, Clara ouve uma respiração mais forte e pergunta:

- Você está bem?

- Sim. Eu só preciso de um tempo, pois achei que você não corresponderia dessa forma. E também, assumo que quase pulei na cama quando você me contou que terminou com aquele trouxa!

*risos*

- Bom, eu estou me sentindo mais leve. Sobre o que você me disse, eu espero que se torne mais que apenas uma paixão...

- Eu também.

Ambas se despediram e foram dormir.

No dia seguinte Clara retornou para a casa da avó, pois estava passando uns dias na casa da tia. Arrumou as malas e viajou para a cidade que a mãe mora.

Vitória passou a noite pensando nas palavras de clara “eu também”.

Ela esperava ouvir um silêncio e após ele uma pergunta do tipo “como?” ou “por quê?” nunca um “eu também”.

Como era louca a sensação de gostar de alguém que nunca viu, tocou ou olhou nos olhos...

Como era louco se apaixonar por alguém apenas pela personalidade dela, mesmo após determinados acontecimentos...

Vitória havia acabado de sair de um relacionamento de quase um ano com uma pessoa que não sabia o real valor de quem estava ao seu lado.

Vitória não esperava que alguém a cativasse de tal forma, pois sempre foi uma pessoa muito fechada.

Mas o jeito carinhoso e a personalidade de Clara foram quebrando certas barreiras internas em Vitoria que, quando percebeu, havia se rendido a tais atributos.

Clara ama escrever e estava ha alguns dias escrevendo um pequeno texto para Vitória, onde ela expressava um pouco do que sentia e a importância que ela tinha em sua vida.

Ao finalizar o texto, Clara pegou o telefone e ligou para Vitória:

- Boa noite meu bem!

-Boa noite amor!

-Como está sendo seu dia?

-Muito melhor agora que estou ouvindo sua voz...

-Escrevi algo para você e quero que você ouça tudo bem?

-Tenho até medo, mas tudo bem...

- Não tenha medo... Vamos lá: “Existem pessoas que entram em nossas vidas com o intuito de nos moldar a elas. Existem outras que nos moldam sem intenção e sem o mínimo esforço. Bom, você é daquelas que nem percebem o "estrago" que fazem.
Existem fases da vida que precisamos abrir os olhos para as besteiras que estamos prestes a fazer e, às vezes, precisamos de pessoas pra nos ajudar com isso. Agradeço todos os dias por ter pessoas maravilhosas em minha vida, mas agradeço mais ainda por ter você: alguém que, acima de qualquer coisa, quer o meu bem e a minha felicidade.
A vida é feita de momentos bons e ruins, cabe a nós saber filtrar e levar na bagagem somente o que nos faz bem. Eu quero sempre levar nossos momentos de descontração e de alegria comigo.  
Jamais esquecerei o primeiro "Amor" (mesmo que você fique constrangida), nem o primeiro "eu estou completamente apaixonada por você" (palavras que me fizeram perder o ar. E ainda fazem toda vez q ouço ou leio). Suas palavras me tiram do chão, me deixam desajustada, desmontada, caidinha. Você me laçou com seu jeito, me prendeu com atitudes e fez com que eu me apaixonasse perdidamente por você com sua personalidade maravilhosa, com aquele jeitinho meigo e ao mesmo tempo controlador. Você me ganhou com pouco... Imagina quando eu “ver” tudo o q você é capaz!
Eu amo seu jeito amorzinho, seu jeito controlador, seu jeito safada, seu jeito mandão, seu jeito carinhoso... Eu amo todos os seus jeitinhos, porque eles te tornam a pessoa maravilhosa pela qual me apaixonei!
Tem algo que você diz e que eu odeio: "Eu sou tão comum!".  Você não é comum. Você é única e especial. Você é aquela pessoa que faz bem até de longe, é inteligente, cativante, apaixonante e acima de tudo: é a pessoa pela qual eu me apaixonei, e eu não me apaixonaria por alguém "comum", pois, como sempre falamos: "Nunca seremos uma coisa só"!”. Bem... É isso... Você gostou?

*Silencio*

-Vitória?

Amor?

-Oi, estou aqui!

-Está bem?

-Você me fez Chorar...

*Clara fica vermelha*

-Mas não foi nada, foi apenas um texto...

-Me tocou de uma forma diferente, de uma forma boa. Eu amei, me manda depois.

- Mando sim...

- Eu...

- O que?

- Por favor, não me faça dizer o que ainda não deve ser dito.

- Tudo bem...

Continuaram a conversar e enquanto Conversavam, pegaram no sono.

Clara e Vitória tinham o habito de “dormir juntas” ao telefone, pois a distância não permitia que elas estivessem juntas fisicamente.

Assim, todos os dias se sentiam mais próximas uma da outra.

No exato dia 22/12, Clara acordou mais cedo que o de costume e foi lavar roupa... Como estava com as mãos molhadas, Vitoria ligou e elas ficaram conversando pelo telefone, até que Clara fala:

- Nossa eu sou muito fraca, qualquer coisinha eu já fico vermelha e o coração parece q vai dar um treco...

- Huum... Não pode passar fortes emoções...

- Pois é...

- E se eu te pedir em namoro?

*silencio*

Depois de uns 2 minutos:

- Oi???

-É isso mesmo que você ouviu... Você quer namorar comigo?

- Espera, deixa eu sentar porque eu quase cai!

-Está bem!

- Sim! Eu aceito...

- Eu já estava preocupada, esperando um não...

- Como eu poderia de dizer não? Agora eu posso te chamar de MINHA NAMORADA... Com todas as letras!

- Pode sim, minha namorada...

-Eu...

-Não, ainda não... Sem precipitações...

-Tudo bem...

Fim do capítulo