UM PEQUENO REFRESCO
CAPÍTULO 73 – Dezembro
Zinara e Fred conversavam ao telefone.
--Foi uma coisa muito louca por demais da conta, Zi, parece até história de filme! -- contava impressionado -- Eu andei assuntando aqui e ali pra achar teu homem e vi que o buraco era bem mais em baixo! O tal psiquiatra já saiu de circulação faz tempo e aí cai no esquecimento, né, honey? -- falava afetadamente -- Acionei tooodos os meus contatos da área de remédios controlados e mais a minha rede de bichas espalhadas por esse país inteiro e ninguém sabia de nada!
“Rede de bichas?” -- pensou espantada
--Só não joguei a toalha porque Frederico Guerra não tem esse nome à toa! Gay que se preze sabe querer e conseguir! Seja lá o que for!
--Mas e então? -- perguntou ansiosa
--E então que eu acabei de voltar de um seminário de três dias na Capital e durante o evento conheci uma mulher poderosérrima, chiquérrima e a gente começou a conversar por causa de cabelo! -- continuava contando a história -- Diga-se de passagem, o cabelo dela é um arraso! E sabe que apesar de ser todo grisalho dá um estilo super fashion? Cortado curto, uma franjinha pra jogar pro lado...
--Ai, Fred, vai direto ao assunto que chega dói de tanta consumição, aHHa! -- reclamou
--Calma, xiita, deixa eu seguir meu raciocínio, senão me perco! -- reclamou também
“Oh, Aba (Meu Pai), dai-me paciência...” -- pensou revirando os olhos
--Daí começou uma palestra maravilhosa do doutor Ron Leifer, um psiquiatra, e ele disse que até hoje não há a mínima evidência crível, que qualquer cientista respeitável consideraria válida, que demonstre que as chamadas doenças mentais sejam cerebrais ou bioquímicas! -- explicava -- Segundo ele, muito do que se diz é uma fraude completa! Fiquei passado, boba! -- afirmou enfático -- Então, lá pelas tantas, a poderosa pediu a palavra e contou a história do pai dela, que foi internado numa clínica psiquiátrica e comeu o diabo que amassou o pão com os pés sujos de titica! -- falou mais alto -- E o psiquiatra do coroa era quem? Ninguém menos que um tal doutor José Arnaldo Viegas, que trabalhava numa pequena cidade de Guaiás!
(Nota da autora: o depoimento deste psiquiatra, e muitos outros igualmente interessantes, podem ser vistos no documentário disponível no Youtube entitulado ‘Psiquiatria, a Indústria da Morte’)
--Smallah! -- exclamou admirada
--Xiita, fiquei tão chocado que só não botei um ovo porque não sou galinha, viu, fi? -- exclamou -- O coração bateu no dente e voltou! Se fosse banguela, o bicho pulava doido no chão! -- exagerava -- Na hora do intervalo me peguei com a poderosa pra saber notícias do bofe do mal e ela me disse tudo! -- fez suspense -- Tá sentada, my darling?
--Ave Maria, Fred, diz logo! -- andava para um lado e outro -- Karaahiyya! (Que ódio!)
--Até hoje você não aprendeu que não é karaaahiyya o nome do trem? É caralh*, honey! -- pensava que esclarecia a amiga -- Fica calma, xiita, cruzes! -- pediu contrafeito
--Yekfak! (Chega!) -- protestou -- Laa taleb lmoHal! (Não deseje coisas impossíveis!) Não vou conseguir ficar calma com você fazendo esse suspense todo! -- retrucou -- Você já gosta de me deixar doida, né? -- acabou achando graça
--Continuando a história, a poderosa processou o bofe e moveu céus e terra pra colocá-lo atrás das grades, só que a fofoca não deu em nada porque Viegas simplesmente surtou!
--Como assim surtou? -- não entendeu
--Surtou, embirutou, danou-se! -- respondeu de pronto -- Depois de internar tanta gente, foi a vez dele provar do próprio remédio!
--Ele tá internado?? -- ficou pasma -- Em clínica psiquiátrica??
--Em um manicômio daqueles dos mais punks, xiita! -- falava afetado -- Sozinho, abandonado e com frio! -- pausou brevemente -- Ou com calor, né, vai saber se usam ar condicionado nesses lugares? -- considerou
--Mas ele tá internado aonde? -- queria ardentemente saber -- A tal poderosa te falou?
--Ele tava num manicômio da Capital, mas liguei pra lá e soube que foi transferido pra outro lugar. Parece que o filho mexeu os pauzinhos e a Justiça autorizou uma mudança básica de endereço.
--Pra onde?? -- o coração batia acelerado
--Ah, xiita, aí também não sei, né? -- respondeu chateado -- Tudo quer saber, eu, hein! -- reclamou
--AHHa! -- reclamou indignada, mas acabou rindo -- Ai, ai, Fred, você fez esse suspense tão grande pra acabar não me dizendo o paradeiro do homem... -- balançou a cabeça negativamente
--Ai, Zi, deixa de ser ingrata? -- fez um drama -- Te dei uma luz, viu, fi? -- respondeu afetado -- O homem que me atendeu disse que não podia me revelar o paradeiro do bofe porque é segredo de Justiça!
--Tudo bem, reconheço que você já ajudou bastante e te agradeço! Só queria que me desse o contato do manicômio e da tal poderosa pra eu assuntar por mim mesma. -- pediu
--Tá, eu te passo por torpedo. -- concordou -- O nome dela é Tânia.
--Chukran, ya habibi. -- agradeceu -- À propósito, já decidiram se vêm passar o final de ano aqui ou não? -- perguntou curiosa -- Maama e baba disseram que podem vir!
--E você disse pra eles o que? -- intrigou-se
--Que você é um amigão dos tempos de Escola Técnica que eu reencontrei em São Sebastião na época da visita do Papa. -- esclareceu -- E seu marido eu disse que é seu amigo. -- pausou brevemente -- Não deixa de ser verdade!
--Hum, isso é... -- considerou -- Nós conversamos sobre isso, ele ficou empolgado mas eu ainda tenho receios...
--Vá pensando aí que ainda tem tempo. E no mais, obrigado mesmo!
--Não tem do que, xiita! Agora aciona aí tua rede de sapatanice e descobre o paradeiro do velho por tua conta! -- aconselhou
Riu. -- Eu não tenho isso, não, uai!
--Ih, tá dando mole, viu? Minha rede de bichas é o Ó!
--Pensando bem... -- lembrou-se de Jamila -- Talvez eu tenha uma pequena rede sim... -- pensava em possibilidades -- "Sahar não vai gostar muito dessa ideia mas... é por uma boa causa...”
***
--Zinara Raed, nóis tem qui prosiá e é sériu pur dimais da conta! -- Raed anunciou enquanto a morena catava feijão -- Assuntu gravi! -- deu um tapa na mesa
“Ave Maria!” -- pensou ao olhar para o pai -- Aywah. (Sim.) -- respondeu desconfiada ao interromper seu serviço
--Ahmed veiu mi falá qui qué fazê uma tar di zécomia, -- puxou uma cadeira e se sentou ao lado da filha -- e qui ocê já indicô dotô e tudu modi eli entrá na faca! -- fazia uma cara bem feia
--Aywah. -- respondeu simplesmente
--Mais qui negóciu é essi, hein, minina? -- protestou revoltado -- Ocê nunca qui pudia apoiá teu irmão pra fazê uma disgracêra dessa! -- gesticulava -- Eu tô danadu cum issu, num sabi? -- encarava a astrônoma -- Num vô pirmiti di um fio meu operá... -- não sabia como dizer -- os trem di homi!
“Eita pau...” -- pensou -- Baba, eu entendo que fazer essa operação seja uma coisa aparentemente contra a tradição...
--É claru qui é, né, Zinara? -- interrompeu-a com raiva -- Mais ocê, comu sempri, cuspiu nas tradição da genti! AHHa! -- cuspia marimbondo
A professora ficou revoltada com o que ouviu, mas controlou-se para responder com calma. -- Também não faz parte da tradição ter um filho de cada mulher, ou então ter mais awlaad (filhos) do que se possa sustentar, não é baba? -- retrucou educadamente
Raed ficou sem graça e se acalmou um pouco. -- Hum...
--Não diga que cuspo na tradição, porque a intenção não foi essa. -- esclarecia calmamente -- Ahmed me procurou pra se informar, porque ele e a esposa não querem mais filhos, e eu expliquei a ele como essa operação funciona.
--E pur que elis num queri mais fio? -- não se conformava -- Eu mais Amina tivemu seis! -- argumentou
--Mas os tempos são outros, baba, e as coisas mudam. -- olhava para ele -- Veja que Nagibe e Dora só têm Khadija, Cid e Penha só têm Cidmara e eu nem tenho awlaad. -- argumentou também -- De mais a mais, temos que dar graças a Deus que Ahmed casou e finalmente se mostra disposto ser um baba de verdade pros filhos que aí estão!
--Humpf! -- fez um bico
--Eu inclusive alertei a ele que o homem que faz vasectomia fica com mais facilidade em pegar... certas doenças. -- contava a mentira que pregou no irmão -- Por isso ele vai ter que ser fiel à esposa pra não se dar mal.
--É? -- ficou surpreso
--Vai ser bom que ele opere, baba. Assim não terá mais filhos e de repente vai se aquietar com uma só mulher. -- tentava convencê-lo -- Do contrário, com o passar dos anos, pode nascer um Ahmed Tomé, um Ahmed Pedro, um Ahmed Tiago, só que... de mães diversas! -- pausou brevemente -- E o casamento dele iria pro espaço! -- cruzou as pernas -- Sem contar, que algum baba indignado poderia querer fazer justiça com as próprias mãos.
--Hum... -- coçou o queixo -- Si pensá pur essi lado... -- considerou
--É a melhor escolha pra ele, baba. -- insistiu
--Eu quiria qui Ahmed tivessi casadu desdi qui o primêru mininu nasceu, mas a muié num quis sabê. -- lembrava -- E eu nunca qui intendi aquilu! -- comentou -- Dispois quis qui eli casassi cum a mãe di Ahmed Marcos, mais aí foi a famia dela qui num aprovô. Trem istranhu qui eu também num intendi! -- continuava contando -- Pur fim quis qui eli casassi cum a mãe di Ahmed Lucas, mais a muié já tinha homi! -- fez cara feia -- Ralã! -- expressão de desgosto
--E agora que ele casou com Catiúcia, vamos tentar ajudar pra que assim continue, não acha, baba? -- olhava para o pai
--É... -- respondeu pensativo
--Então ya said (o senhor) vai aprovar a operação? -- perguntou esperançosa -- Vai dar sua bênção?
Pensou antes de responder. -- É... É bão... -- reconsiderou -- Vô!
--Macleech, baba! (Não se preocupe, pai!) -- tentava tranqüilizá-lo -- Tudo vai dar certo, inshallah (se Deus quiser)!
--Inshallah! -- levantou-se -- Hum. -- ajeitou as calças -- Intão tá intão! -- colocou a cadeira no lugar e saiu da cozinha
--Ai, ai... -- suspirou e voltou a catar feijão
***
Raquel e Cecília estavam na casa de Leda para visitar a mãe. As três filhas da idosa conversavam com ela em seu quarto.
--Mamãe, mas pelo amor de Deus! -- Raquel protestava -- A senhora caiu, ainda nem se recuperou, e fica aí pensando em viajar pra passar fim de ano lá nos cafundós do Judas? -- reclamava -- Faça-me o favor!
--Não me recuperei AINDA! -- gesticulou ao se ajeitar na cama -- Mas vou ficar melhor, se Deus quiser, e quero ir pra roça sim senhora! -- afirmou decidida
--Humpf! -- a filha fez um bico
--Mas quem é esse pessoal, afinal de contas? -- Cecília perguntou intrigada -- É aquele povo estrangeiro que teve aqui na época do Papa? -- olhava para a mãe -- Aquele pessoal que a senhora disse que trouxe um monte de comida e ainda pintou o muro?
--Os próprios! -- respondeu de pronto -- São a família de Zinara, que é amiga de Clarice, e eu gosto muito de todos eles!
--Eu também gosto! -- a paleoceanógrafa concordou empolgada -- E a família nos recebeu como rainhas quando fomos pra lá! -- olhou para as irmãs -- Vocês vão gostar deles e o lugar é lindo! -- tentava convencê-las
--Ah, eu sei lá... -- Raquel não gostava da ideia -- A gente sempre passou final de ano aqui na sua casa e de repente mudar tudo pra ir pra casa dos outros... -- balançou a cabeça negativamente -- Pegar avião, pegar ônibus, pegar carroça... Muito cansativo!
--Vamos ficar aqui mesmo, mamãe, como a gente faz todo ano! -- Cecília pediu -- E agora que meu namoro terminou, eu tô tão desanimada... -- deslizava a mão pelo lençol da cama -- Não dá a menor vontade de viajar encarando essa coisa toda de avião, ônibus, carroça... -- suspirou
--Olha só, não sei se alguém avisou vocês, mas a velha aqui sou eu, tá? -- cruzou os braços -- Eu hein, vocês são molengas, rabugentas! -- criticou -- Olha a cara da outra porque terminou com aquele traste; -- apontou para Cecília -- parece até que cheirou uns miúdo!
“Mamãe e essa história de cheirar miúdo!” -- Clarice pensou achando graça
--Gê com certeza não vai gostar disso! -- pensava no marido -- Ainda nem falei com ele, mas sei que a resposta vai ser não! -- continuava contrariada
--E desde quando eu me importo com os gostos daquele ogro? -- Leda respondeu revoltada -- Se ele não quiser ir, melhor ainda! -- gesticulou -- A família de Zinara sofreu com bomba por muitos anos pra eu chegar lá levando uma outra! -- referia-se ao genro
Raquel fingiu que não ouviu o comentário -- E ainda tem o pobre do Deodoro, uma criança encarando uma viagem dessa! Tenha dó, né? -- insistia
--Minha filha, não me lembre que o nome do meu pobre neto é Deodoro por causa das manias de grandeza daquele ogro! -- retrucou de cara feia -- Continuemos com o apelido da criança que é menos traumático! -- gesticulava -- E o Di vai adorar a roça!
--É uma viagem cansativa mas ele vai gostar mesmo, Raquel! -- Clarice interferiu -- Tem várias crianças pro Di brincar! E como eu disse, o lugar é lindo! -- continuava tentando convencê-la -- Tem muitas árvores, um rio que passa perto da casa, roçado, cavalo... Duvido que o menino queira saber de voltar pra cá depois que chegar lá! -- sorria
--Seja como for, eu e Clarice vamos! -- a idosa afirmou com raça -- Vocês só têm duas escolhas: ou vão junto ou ficam aqui em São Sebastião assistindo TV Mundo! -- gesticulava
Raquel fez cara feia e se levantou. -- Incrível como a senhora simplesmente despreza a gente só pra fazer vontade à Clarice! -- retrucou chateada
--É isso aí! -- Cecília se levantou também -- Tudo que a filha preferida quer é ordem! -- olhou de cara feia para a irmã
--Como é que é? -- Clarice perguntou indignada
--Como é que é pergunto eu! -- Leda tentou se levantar mas sentiu dor e desistiu da ideia -- Que conversa é essa, hein? Eu quero ir pra roça porque é de MEU gosto e não por conta de capricho de Clarice! -- protestou
--A quem vocês tão tentando enganar com essa farsa? -- Raquel perguntou contrariada -- Tá na cara que essa tal de Zinara é uma namoradinha que deu certo e a senhora aprovou! -- falou abertamente -- Ou vocês pensam que eu sou idiota? -- olhou para a irmã -- Acha que nunca saquei qual é a tua, Clarice?
--Gente, Clarice é...? -- cobriu o lábio com as mãos e se apoiou na parede -- Meu Deus... Eu nunca imaginei...
“Cecília sempre a mais lesa...” -- Leda revirou os olhos -- Deixe de frescura e não se atreva a desmaiar, porque senão levanto dessa cama seja como for e meto-lhe a chinelada no rabo! -- ameaçou -- Bobeira, eu hein! -- a filha logo se recompôs com medo
--Mas, Clarice, você já foi casada com homem, como pode ter virado lésbica? -- Cecília perguntava sem entender
--Tá na moda isso! -- Raquel respondeu de cara feia -- A mulherada não dá certo com homem e aí sai colando velcro! -- gesticulou
--Escutem aqui vocês duas, -- a professora levantou-se falando com firmeza -- eu sou lésbica sim, Zinara é minha namorada sim e ninguém tem nada com isso! -- estava zangada -- É a minha vida, eu pago minhas contas sem pedir ajuda pra vocês e não sou pesada às duas em nada! -- afirmou enfática -- Recebemos o convite e queremos ir, se vocês não querem, que fiquem praí!
--E mesmo que eu quisesse ir só pra fazer vontade a Clarice vocês tinham mais é que ficar quietas! -- Leda complementou -- Quem é que sempre ficou comigo, que sempre cuidou de mim? Vocês por acaso ligam pra cá perguntando se eu preciso de alguma coisa? -- alegou -- As duas gostam de vir atrás de mim é só nas festas ou então quando tão precisando de ajuda! Mas quando EU -- bateu no peito -- preciso de ajuda, só tenho Clarice pra contar!
As duas mulheres ficaram caladas.
--Do meu gosto, ia todo mundo pra roça, mas se vocês não querem ir por conta de frescura, então que se danem! -- ajeitou-se na cama novamente -- Clarice vai comigo e tá ótimo!
--Eu também queria que vocês fossem, mas já que minha orientação sexual escandaliza as duas, né? -- comentou ironicamente -- Fazer o que?
--Deixa, minha filha. -- fez um gesto -- Elas ficam praí e a gente vai se fartar com aquela comilança boa que eles vão servir nas ceias!
--Comilança?? -- Raquel arregalou os olhos
“Falou em comida ela logo muda de gênio!” -- Leda pensou divertida -- É isso mesmo! Eles forram uns carpetes no chão, uns panos por cima e tome de comida!
--São iguarias da culinária de Guaiás e de Cedro! -- Clarice fazia figa à outra -- Você fica sem saber por onde começar!
--É? -- perguntou interessada
--Se é! -- Leda afirmou endireitando as cobertas -- E lá também tem tanto homem bonito...
--Homem?? -- Cecília surpreendeu-se
“Falou em homem ela fica doida!” -- pensou achando graça -- Sim! -- olhou para a filha -- Os irmãos de Zinara são todos casados, mas eles têm cada amigo... -- deixava Cecília curiosa -- E os rapazes do clube Cedro-Suriyyah? Só dá gataço! -- fazia a propaganda
--Solteiros? -- perguntou esperançosa
--Alguns sim, alguns não. -- respondeu de pronto -- Só sei que mamãe, sem fazer esforço, logo arrumou um pretendente viúvo. -- Clarice comentava -- Até hoje seu Rafi vive doido atrás dela querendo notícias!
--Ah... -- Cecília reconsiderava -- Apesar do baque em saber que Clarice é... -- não teve coragem de dizer -- acho que a família tem que permanecer unida e viajar pra roça, sim!
--De fato, a gente nunca viaja, né? O Di sempre fica sem ninguém pra brincar e acaba dormindo cedo sem aproveitar a festa... -- Rachel reconsiderava -- Quando Getúlio chegar eu converso com ele sobre essa viagem... -- olhou para Clarice -- E nem uma palavra sobre o seu caso...
--Acho bom! -- Clarice cruzou os braços desafiadora
--Fico feliz que vocês mudaram de idéia! -- Leda sorriu vitoriosa -- "Comida pra Raquel, homem pra Cecília e Zinara pra Clarice... gosto de ver minhas meninas satisfeitas...” -- pensou
***
DonaBord: Agora já tá tudo resolvido! Se Deus quiser chego na roça no dia 24 com minhas três filhas, meu neto e...
DonaBord: meu genro!
DonaBord: Desculpe por chegar trazendo essa bomba! :(
Siriema: kkkkkkk
Siriema: Podi vim cum mais essi homi qui nóis recebi! Tem problema não!
Siriema: Queru cunhicê as fia da sinhora, o netu
Siriema: E inté essi homi aí, num sabi? kkkkk
DonaBord: Vocês recebem muito bem! Só posso agradecer!
Siriema: E a sinhora? Já miorô? Curô du tombu?
DonaBord: Estou melhorando, graças a Deus!
DonaBord: Eu também rodopeio mais num freio!
Siriema: kkkkkkk
DonaBord: E o neném? Muito espertinho?
Siriema: Eli é uma gracinha! Mininu lindu pur dimais da conta!
Siriema: Comu meus netu são tudu! kkkkk
DonaBord: O meu também é fofíssimo! Você vai ver!
DonaBord: Nem parece que é filho de ogro!
Siriema: kkkkkk
Siriema: Nem sei qui trem di ogru é essi!
Najla desligava o telefone.
--Amina, -- olhava para a cunhada -- Aisha disse que Ahmed já se internou e vai operar amanhã. Raed vai ligar quando for a hora.
--Uai, e Raed tá fazendu o que qui num mi ligô hoji? -- fez cara feia e parou de digitar -- Pricisava dexá tua fia fazê issu? -- olhou para a outra -- AHHa! -- reclamou
--Aisha me contou que ele tá rezando o terço. -- justificou o irmão -- Amanhã ele liga.
--É bão! -- resmungou -- Ai deli qui num ligui! -- gesticulou -- Queru rezá nus pé da Virgi quandu o mininu começá a sê operadu, num sabi?
--Eu vou rezar junto com você. -- prometeu -- Vai dar tudo certo, inshallah (se Deus quiser)!
--Inshallah! -- repetiu e voltou a teclar
Siriema: Dêxa eu ti contá qui meu fio Ahmed foi pra Gyn modi operá! Tá na casa di Aisha!
Siriema: Fiz uma promessa pra dá tudu certu, num sabi?
DonaBord: Ele vai operar o que? É grave?
Siriema: Vai fazê uma zécomia!
--Como é?? -- não entendeu -- Clarice! -- chamou a filha -- Que diacho de operação é uma tal de zécomia?
A professora riu. -- E eu sei? -- respondeu da sala -- Quem disse isso? Onde a senhora viu esse nome?
--Amina que falou... -- coçou a cabeça
--Aisha também acabou de me dizer... -- Najla continuou a falar -- que ela e Janaína virão passar as festas conosco! -- sorriu
--É bão! -- Amina sorriu também
--E... -- ajeitou o lenço -- quanto a seu Marco... -- endireitou o pano da mesinha -- Aisha queria saber se ele poderia vir...
Voltou a olhar para a cunhada. -- Aisha quiria sabê? -- achava graça -- Ô, muié, dêxi di peitica e cunvidi logu essi homi! -- falou divertida
Najla ficou radiante e foi pulando para seu quarto. -- Quando acabar de usar o laptop me avisa! -- pediu
Siriema: Acabei di sabê qui Aisha vem cum a muié pra passá as festa mais nóis!
Siriema: E Najla ficô doida purque mandei cunvidá o homi qui ela gosta! kkkk
DonaBord: kkkkkk
DonaBord: Esse fim de ano promete!
DonaBord: Mas me diga, o que seria uma zécomia?
--Ih! Ela num sabi! -- Amina exclamou admirada
Siriema: É aquela operação qui mexi nus trem dus homi modi num dexá elis fazê fio, num sabi?
Leda riu gostosamente. -- Ai, ai... é vasectomia, criatura! -- falava para o computador -- Como essa menina fala errado! -- balançou a cabeça -- Mas também, ela estrangeira né? Tem que relevar... -- considerou -- Tem nacional que fala pior que ela!
DonaBord: Vai dar tudo certo! É uma operação simples!
Siriema: Zinara falô!
Siriema: Ó, dêxa eu contá também
Siriema: Ya Rafi dissi que vê a sinhora nu natar, num sabi?
--Ô, meu Pai... -- Leda fez um bico -- Pra que eu fui dançar com aquele velho das perna fraca? -- lamentava
DonaBord: Fazer o que, né? -- escreveu desanimada
***
Cátia e Clarice encontraram-se na faculdade inesperadamente. Cruzando o corredor principal quase esbarraram uma na outra.
--Ui, mil perdões! -- surpreendeu-se ao reconhecer a outra -- Você por aqui, Cátia?
--Vim buscar um livro na biblioteca do seu departamento. -- mostrou o volume em suas mãos -- Tudo bem com você, querida? -- perguntou polidamente
--Graças a Deus, e você? -- respondeu no mesmo tom
--Vou bem... -- balançou a cabeça positivamente -- Animada pro natal? -- queria estender a conversa
--Bastante! E não vejo a hora das festas chegarem! -- sorriu -- Esse ano tem sido um estresse terrível!
--Nem me fale! -- revirou os olhos -- Você vai fazer o que nesse final de ano? -- perguntou curiosa
--Vou viajar com minha família pra Guaiás. -- respondeu simplesmente
--Guaiás?! -- estranhou
--Sim. -- não entrou em detalhes -- E você, fará o que?
--Eu não comemoro natal, como você sabe. -- passou a mão nos cabelos -- Mas no réveillon não sei o que vou fazer.
--Seja como for, espero que seu final de ano seja bom e que 2014 venha com muita saúde, paz e felicidade pra você! -- desejou com sinceridade -- Bem, Cátia, agora com licença porque tenho que ir. -- preparou-se para se retirar
--Você ainda namora aquela terrorista? -- perguntou a queima roupa
--Nunca namorei nenhuma terrorista. -- respondeu secamente -- Mas Zinara e eu estamos muito bem, graças a Deus! Com licença.
Não deixou a morena ir embora. -- Clarice, por favor! -- pediu arrependida -- Sei que já insisti muito com você, mas meu coração tá nas suas mãos não é de hoje! -- falava com certo desespero -- Preciso de você, meu amor! -- olhava nos olhos -- Eu não sei ser feliz! -- confessou com sinceridade -- Me ajuda? -- segurou as mãos dela -- Eu te amo, não há como negar!
A paleoceanógrafa sentiu um certo desconforto mas também teve pena da ex namorada. Queria que ela se encontrasse e se permitisse amar de verdade. -- Escuta, meu bem... -- recolheu as mãos delicadamente -- Tô namorando e isso é sério pra mim; muito sério! -- frisou -- Sabe que amo Zinara, sempre soube. -- falava com jeito -- Não há mais jeito pra nós, Cátia... Estávamos nos enganando! -- suspirou -- Acabou! E é melhor que seja assim...
--Clarice... -- insistia
--Pense bem e veja que sua insistência comigo é muito mais um capricho do ego do que amor. -- pausou brevemente -- Você não tem se permitido amar e criou uma carapaça muito dura pra se proteger. Ao longo dos anos você só tem se interessado por sex* e prazer, não importa a que custo.
--Não é verdade! -- protestou de cara feia
--Ah, não? -- cruzou os braços -- E o que me diz de Magali? Sobre o que fez e ainda deve fazer com ela? Todas as mentiras e armações?
A loura não respondeu e desviou o olhar.
--Magali é uma mulher interessante e uma pessoa ótima! -- continuava a falar -- Se der uma chance pra ela, uma chance de verdade, poderá viver um grande amor! -- aconselhou -- Quanto a nós, ficamos no passado meu bem.
Balançou a cabeça contrariada.
--Sei que consegui te tocar um pouco mais fundo que as outras mulheres, mas também sei que você não se conforma de perder pra Zinara, e isso é orgulho. -- olhava para a outra -- Siga sua vida e seja verdadeira em suas palavras e atitudes que a felicidade virá. Do contrário, terá muitos motivos pra se arrepender mais tarde. -- pausou brevemente -- Com licença, Cátia, mas de fato preciso ir. -- deu tchauzinho -- Tchau e fique com Deus! -- partiu
A geofísica acompanhou a outra com o olhar e suspirou. -- O que ela viu naquela nariguda feia e sem graça? -- perguntava-se com desdém -- Deixe estar! -- voltou a seguir seu caminho -- Enquanto ela tem uma mulherzinha chinfrim eu tenho duas da melhor qualidade! -- sorriu orgulhosa
CAPÍTULO 74 – ‘aiid Al-Miilaad (Natal)
Aisha e Marco desciam da carroça animadamente. Além das malas, Marco trazia um embrulho de tamanho considerável.
--Eita, olha só quem vem lá! -- Zinara sorriu -- camma Najla! -- chamou da janela -- Vem ver quem chegou!
--Aisha!! -- levantou-se da poltrona toda empolgada
--E ya Marco. -- complementou achando graça -- Se prepara aí que é agora! -- brincou
--Ai, meu Pai! -- ajeitou o lenço na cabeça -- Deixa eu ver como é que eu tô! -- saiu correndo para se ver no espelho do banheiro
--E essi homi veio, é? -- Raed perguntou de cara feia -- Intrometidu!
--Eu mandei cunvidá! -- Amina retrucou -- E ocê num si atreva a reclamá ô fazê disfeita pru homi, num sabi? -- advertiu -- Sinão num vai prestá!
--Humpf! -- fez um bico -- Pôca vergonha... -- resmungou
--Oi, Zi!!! -- Aisha abraçava a prima com força -- Mais uma vez aqui estamos nós! -- sorria
--Graças a Deus! -- beijou a testa da outra -- Inshallah (Se Deus quiser) vai ser um final de ano maravilhoso! -- sorria também --E cadê Janaína, hein? -- perguntou curiosa -- Tô achando estranho que ninguém me deu tapão até agora! -- brincou
--Tá de serviço. -- suspirou -- Ela só vai chegar aqui no dia 30... infelizmente.
--Mas pelo menos vai poder vir, isso é o que importa, habibi! -- apertou a bochecha dela e olhou para o homem -- Olá, ya Marco! -- saudou o homem -- Seja bem vindo!
--Obrigada, querida. É mais que um prazer estar aqui! -- respondeu sorridente -- E... -- pigarreou -- A senhora Najla, como vai? -- perguntou envergonhado
--Vai muitu bem, seu homi créu. -- Raed respondeu seriamente ao se aproximar -- Tudu bão, minina? -- perguntou para a sobrinha
“Homem créu?!” -- Marco pensou sem entender
--Oi, tio! -- cumprimentou o homem carinhosamente com dois beijinhos -- Oi, tia! -- beijou Amina também -- Cadê mamii?
--Tá vindo aí. -- a mulher respondeu -- Aisha, cadê a ôtra? -- sentiu falta de Janaína
--Trabalhando, tia. -- respondeu desanimada -- Ela só vem perto do réveillon.
--Olá, seu Raed. -- cumprimentou timidamente -- Olá, dona Amina. -- Marco olhava para os dois -- Trouxe presentes aqui dentro da mala, mas peço que não reparem, por favor... é minha forma de humildemente agradecer a acolhida.
--Num tem purque agradicê! -- Amina respondeu com sinceridade -- E num caricia di presenti, não, purque nóis tem prazê im lhi recebê, né Raed? -- perguntou olhando para o marido que nada respondeu -- Num é, homi? -- beliscou o braço dele discretamente
--É. -- afirmou de má vontade enquanto esfregava a pele doída
--Filha? -- Najla chegava se ajeitando toda
“Eita, que camma se produziu toda!” -- a professora pensou achando graça -- "Passou até perfume!”
--Mamii!! -- sorriu e abraçou a mãe -- Saudade!!
--Sempre bom te ver, meu amor! -- beijou o rosto dela repetidas vezes
Marcos suspirou ao ver sua amada. -- Dona...
“Um olhar me atira à cama, um beijo me faz amar, não levanto, não me escondo, porque sei que és minha... Dona!!!” -- a música veio em seus pensamentos
--Olá, senhor Marco... -- olhou para o homem
“É! Você é um negão de tirar o chapéu, não posso dar mole senão você, créu! Me ganha na manha e baubau, leva meu coração...” -- suspirou ao se lembrar da canção
--Assanhamentu... -- Raed resmungava
--Olá, dona Najla. -- sorriu e se aproximou respeitoso -- Trouxe um presente pra senhora! -- entregou o embrulho -- Com todo respeito.
--Smallah, o que será isso? -- ficou admirada ao receber -- Pesado!
--Abri, muié, modi nóis pudê vê! -- Amina pediu curiosa -- Dêxa eu ti ajudá, num sabi? -- segurou o embrulho para a cunhada remover o papel de presente
--Ih, olha maama só nas fofocas! -- cochichou para Aisha e as duas riram discretamente
--Oh, Aba (Oh, Meu Pai) é um laptop! -- exclamou arregalando os olhos -- Gente!
--Qui bão! -- Amina gostou -- "Agora num tem mais pricisão di agenda pru leptótpio!” -- pensou
--O que?? -- Raed se revoltou -- Mais um leptópio nessa casa?? AHHa! -- reclamou
--Presente egoísta, dona Najla. -- afirmou envergonhado -- Só pra ter mais tempo de conversar com a senhora...
--Ai... -- suspirou embevecida olhando para ele
“Ya Marco tá investindo pesado!” -- pensou divertida -- Vem, Aisha! -- a morena segurou-a pela mão e pegou a mala dela -- Aproveita e me conta como foi seu primeiro período de volta à faculdade. -- pediu
A mulher entendeu as intenções de Zinara e seguiu junto com ela. -- Acredita que apesar de tudo eles aceitaram algumas das matérias que eu tinha cursado no passado distante? -- comentou -- Diz se isso não é têúdêô: TU-DÔ? -- pegou a mala das mãos da prima delicadamente -- Deixa que eu levo, mon cher (minha querida). Não é bom você ficar carregando peso. -- beijou o rosto da morena
--Vem, homi. -- Amina disse para o marido -- Pega as mala e vem cumigu! -- ordenou
--Humpf! -- pegou a mala contrariado -- "Dêxi istá qui vô tê um prosiadu cum essi homi créu!” -- pensou -- “Di homi pra homi, fuça cum fuça!”
--Me ensina como é que faz pra começar a usar ele? -- Najla pediu cheia de dengo ao colocar a caixa no chão -- Nunca passei por isso de ganhar de computador, sabe? Na época das vacas gordas eu não ligava pra informática. -- sorria encabulada
--Já pedi pra um técnico instalar o pacote do Official e então é só ligar e usar. -- pegou a caixa -- Eu levo pra senhora! -- ofereceu
“Que homem!” -- suspirou apaixonada
***
Clarice, Leda, Raquel, Deodoro e Cecília chegavam de carona com Rafi.
--Ih, olha só quem vem lá! -- Najla sorriu e olhou para Marco -- Clarice e companhia limitada!
--Vou lá ajudar com as bolsas! -- o homem se levantou
--Espera que vou com o senhor. -- pediu -- Deixa só falar com Zinara. -- aproximou-se da janela da cozinha -- Habibi, adivinha quem chegou? -- perguntou brincalhona
--Clarice!! -- paralisou com a louça na mão -- Sahar... -- sorriu embevecida
--Se prepara aí que é agora! -- brincou arremedando a sobrinha
--Eita boi, que eu tenho que dar um jeito no visual! -- secou a louça correndo e estendeu o pano de prato -- É hoje que vou conhecer minhas cunhadas, valei-me Nossa Senhora... -- falava para si mesma -- Ave Maria! -- correu para o banheiro
--É aqui? -- Raquel perguntou impressionada -- Gente, que lugar lindo!
--E você ainda não viu nada! -- Clarice respondeu sorridente
--Eu quero descer!! -- Deodoro pedia animado -- Quero brincar, mãe! -- olhou para Raquel
--Calma, querido. -- pediu -- Deixa o carro parar.
--Cheguemo! -- Rafi estacionou e abriu a porta para Leda -- Pode descer, minha dama! -- falou cavalheiresco
--Obrigado. -- agradeceu desconfiada e saltou do carro -- Cheguei, meu povo! -- brincou com Najla e Marco, que se aproximavam -- Agora é só bagunça! -- bateu uma palma
--Ya Leda!! -- Najla saudava animada -- Que bom que a senhora veio!! Ficamos muito preocupados quando soubemos do tombo. -- segurou a mão dela -- A benção! -- pediu respeitosa
--Que tombo que nada! Já tô quase um espetáculo! -- respondeu sorrindo -- Deus te abençoe, mas vem aqui me dar um abraço! -- pediu -- Só não me aperta muito, não, porque ainda tô meio calambiada! -- abraçaram-se felizes
--Que lugar legal, mãe! -- Deodoro pulava que nem pipoca
--Lembra de mim, dona Leda? -- Marco perguntou sorridente -- Tudo bem?
--Claro que lembro! Vê lá se eu vou esquecer de homem bonito! -- olhou para a ex fazendeira -- Com todo respeito, viu? -- cochichou para ela, que sorriu encabulada -- Tudo bem, menino? -- sorriu para ele
--Graças a Deus, sim. -- respondeu encabulado -- Eu vou pegar as malas de vocês. -- olhou para Rafi -- Olá, tudo bem com o senhor? -- cumprimentou educado -- Tá aberto o bagageiro, seu Rafi?
--Tudo bom, meu filho, e você? -- apertou um botão no painel do carro -- Agora tá aberto! -- sorriu para ele
--Os homens aqui são tudo velho, é? -- Cecília perguntou desanimada para Clarice
--Criatura, fala baixo! -- a professora resmungou de cara feia -- Oi, dona Najla! -- cumprimentou sorridente -- Estamos nós aqui de novo!
--Olá habibi! -- a mulher respondeu dando beijinhos -- E são mais que bem vindas, viu? -- segurou uma das mãos dela -- A viagem foi boa?
--Foi! -- Clarice respondeu de pronto -- “Pra ver Zinara eu não me incomodaria de cruzar o mundo todo!” -- pensou
--Mas é cansativa, né? -- Raquel comentou sem graça -- Di, pára de correr e vem pra cá! -- ralhou com o filho
--Ah, criança de cidade grande fica doida num lugar dessi! -- Rafi comentou -- Muito verde, muito espaço, não sabe?
--Cadê Amina que não veio me ver? -- Leda perguntou estranhando -- Raed, Zinara e mais o povo todo?
--Zinara tá aí e os outros foram pro clube. -- olhava para a idosa -- A festa de natal vai ser lá!
--No clube Cedro-Suriyyah? -- Clarice perguntou empolgada -- Ai, que legal! -- olhou para as irmãs -- Meninas, vocês vão conhecer o clube deles!
--E tem muito homem lá? -- Cecília perguntou aos cochichos
--E tem muita comida?? -- Raquel desejava saber
A paleoceanógrafa apenas revirou os olhos e suspirou.
--Por isso que Amina pediu pra ya Rafi buscar vocês. -- Najla justificou -- Porque ela e Raed não estariam presentes pra recebê-los e pra que vocês tivessem mais conforto ao invés de vir de carroça. Afinal de contas a senhora se machucou, né? -- olhou para Leda
--Sei... -- a idosa respondeu descrente -- "Isso me cheira a um plano caipiresco pra ver se fico de lambição com esse Rafi das perna fraca...” -- pensou semicerrando os olhinhos
--E nós agradecemos, porque a viagem de carroça é muito menos confortável! -- a professora comentou
--Deixe eu apresentar minha família, que vocês dois ainda não conhecem! -- Leda falou para Najla e Marco -- Estas são Raquel -- apontou para a filha -- e Cecília. -- indicou também -- E esse lindinho aqui é meu neto Deodoro. -- chamou o menino para se aproximar -- Mas chamem ele de Di, por favor!
--É um prazer! -- Najla cumprimentou as mulheres -- E o Di é lindinho mesmo! -- beijou a cabeça dele
--Já vou fazer seis anos no ano que vem! -- afirmou orgulhoso
--Nossa, por isso que é tão grandão! -- Marco fez um carinho na cabeça do menino após cumprimentar as mulheres
--E seu genro, ya Leda, não veio? -- Najla estranhou
--Faltou vaga no carro, então ele se ofereceu pra vir de carroça. -- respondeu sorridente -- "Pelo meu gosto ele vinha puxando a carroça junto com os outros cavalos!”-- pensou
--Ele se ofereceu... -- Raquel resmungou -- Mamãe que enxotou o pobre pra carroça...
Clarice achou graça. “Bem feito!” -- pensou divertida
--Nóis se vê lá nu clubi! -- Rafi se despediu -- Inté! -- deu tchau
--Até mais! E obrigado pela carona, seu Rafi! -- Clarice agradeceu
--Obrigado! -- as irmãs responderam em coro
--Até... -- Leda respondeu desanimada
--Vamos entrando! -- Najla convidou -- Marco vai ajudar com as bagagens. -- estendeu o braço para Leda, que se apoiou nele -- Vocês vão gostar da festa no clube! -- começaram a andar -- Tem muita comida e bebida boa...
--Hum!! -- Raquel arregalou os olhos satisfeita
A ex fazendeira olhou para o menino -- Crianças de montão...
--Oba!! -- Deodoro se empolgou
--Todas as famílias descendentes de Cedro-Suriyyah estarão lá...
--Homens!! -- Cecília arregalou os olhos empolgada
--Zinara!! -- Clarice viu que a amada se aproximava e correu animadamente para abraçá-la
“É disso que eu gosto! Cada um com seu cada um!” -- Leda pensava satisfeita -- "Comida pra Raquel, criança pro Di brincar, homem pra Cecília e Zinara pra Clarice!” -- sorriu
--Ya Rafi tá ansioso pra lhe apresentar à família dele! -- Najla comentou empolgada olhando para a idosa -- Falou nisso a semana toda!
“Só não gostei de ter Rafi pra mim!” -- fez um bico
***
--Amor, tá tudo tão lindo aqui! -- Clarice reparava no ambiente embevecida -- Eu tô me sentindo em... -- não sabia como se expressar -- em um palácio de Cedro! -- sorriu
--Esse ano o clube caprichou mesmo, Sahar! -- concordava -- E fizeram uma decoração que reproduz o luxo dos áureos tempos de Cedro e Suriyyah! -- apontou para as lanternas de vidro e metal -- Adoro vê-las iluminadas! -- sorriu também
--Será que tem alguma pra vender, hein? -- perguntou empolgada -- Eu bem que comprava pra colocar lá em casa!
As duas namoradas caminhavam de mãos dadas pelas instalações do clube, que estava belamente ornamentado para a festa que se iniciaria em menos de duas horas. Várias lanternas enfeitavam e iluminavam o ambiente, música típica tocava ao fundo e mensagens escritas na língua de Terra de Santa de Cruz e de Cedro transmitiam bons votos para a celebração.
--Nossa, mas tanta gente deve ter trabalhado pra essa festa acontecer que me dá até vergonha de chegar aqui só pra usufruir! -- comentou olhando para Zinara -- Do pouco tempo que tive pra observar notei que seus pais, seus irmãos e suas cunhadas não pararam!
--Você é convidada, Sahar, e convidadas não trabalham! -- respondeu com carinho -- Ao contrário, recebem tratamento de rainha! -- cochichou no ouvido dela -- É só esperar...
--Ai... -- suspirou arrepiada -- "Aposto que ela já tá toda querendo a minha bousa...” -- pensou excitada
--Não vejo a hora de... -- aproximou-se para cochichar novamente -- bousa ala shafayef (beijar seus lábios)...
“Não disse?” -- pensou sorridente
Parou de caminhar e olhou nos olhos da amada. -- Não sabe o quanto fico feliz em tê-la a meu lado! -- declarou apaixonada -- Eldenyi balaak sadeءni ghareebi! -- afirmou com intensidade
--Ai, meu bem, traduz... -- pediu melosa
--O mundo sem você é estranho, acredite! -- afirmou com a mesma intensidade
“É nessas horas que o espírito, o coração e a bousa ficam loucos...” -- Clarice pensou derretida
“Zinara e Clarice têm umas mania di ficá si oiandu e falandu uns trem qui pareci qui as duas abestalha, num sabi?” -- Raed pensava intrigado -- "Devi di sê coisa di muié...” -- concluiu como de costume
--Ya Raed essi anu tem um monti di convidadu im tua casa, num é? -- Abdullah comentou com o amigo -- É bão! Também tenhu uma famia di cincu pessoa pôsandu lá im casa, num sabi?
--É bão! -- concordou -- Eu tenhu meus trêis netu fio di Ahmed, -- começou a contar nos dedos -- minha subrinha Aisha, a famia cumpleta di uma sinhora amiga di minha muié e mais duas sinhora amiga di minha fia, num sabi? -- exibiu-se orgulhoso -- Inda tá pra chegá mais uma moça -- pensava em Janaína -- e mais dois amigu di Zinara, só qui essis trêis aí só vem pru anu bom!
--E aqueli homi qui vem di braçu cum tua irmã num tá pôsandu im tua casa, não? -- apontou
--Ah! -- olhou para Marco -- "O homi créu!” -- pensou contrariado -- É... -- balançou a cabeça positivamente -- Isquici di incluí eli. -- fez um bico -- "Dispois du natar essi homi créu num iscapa di tê uma prosa mais eu!” -- decidiu
--Mamii, me diz como que funcionam as coisas por aqui! -- Aisha pediu curiosa olhando para todos os lados -- É minha primeira vez em festa com o povo da terrinha e não quero fazer feio, né? -- sorriu
--Eu também queria saber, senhora Najla. -- Marco pediu -- Fazer a senhora passar vergonha por minha causa é que não pode ser!
Najla achou graça das reações deles. -- Também não tenho experiência mas o lema é ficar à vontade, interagir com as pessoas e, no momento certo, participar da ceia. -- sorriu para os dois -- Macleech, habibi! (Não se preocupe, querida!) -- deu um beijo no rosto da filha -- Macleech, seu Marco! -- pensou em beijar o rosto dele mas se conteve envergonhada
“Ah, que pena...” -- Marco lamentou por não ser beijado
Aisha percebeu o lance e achou graça. “Acho que vou ajudar a botar um fogo na curnicha de mamii senão essa história não desenrola!” -- pensou divertida
--Ih, que bolo bonito! -- Marco apontou empolgado -- Dá até pena de comer!
--O nome é buche de Noel, -- Najla esclareceu -- um bolo de chocolate no formato de um tronco, coberto com chantilly e decorado com bonequinhos de Papai-Noel.
--Eu lembro do buche de Noel! -- Aisha comentou -- Mamii fazia nas nossas ceias de natal!
--Foi a senhora que fez, dona Najla?
--Ah, eu... -- ajeitou o lenço nos cabelos -- Ninguém aqui sabia fazer, né? -- comentou encabulada -- Foi maama que me ensinou, sabe? É um doce típico do natal de Cedro e um ponto alto de qualquer ceia que se preze!
--Oh, que mulher... -- suspirou apaixonado -- Até um bolo que a senhora faz é espetacular!
--Ai... -- a ex fazendeira suspirou também -- O senhor é que é muito galante... -- sorriu
“Ô, meu Deus, mas é um lesco lesco...” -- Aisha pensou com vontade de rir
--Amina, que coisa linda que ficou esse lugar! -- Leda comentou impressionada -- Imagino a trabalheira que deu! -- reparava no ambiente -- Lindo!
--Também tô boba! -- Zezé olhava para todos os lados -- Acho que vim até mal vestida, porque tá tudo tão chique! -- comentou receosa
--E olha que o casamento de seu filho já foi um arraso, mas isso aqui tá muito massa, visse? -- Ritinha concordava com as amigas -- Também tô impressionada!
--Nossas festa di natar são um ispetáculu e as sinhora e o povo todu hão di gostá! -- Amina respondeu orgulhosa -- Fica tudo à vontadi, num si amufina cum nada e vamu apruveitá! -- sorria
--Com certeza! -- Leda esfregou as mãozinhas -- Só não dá pra barbarizar porque é festa sagrada e aí tem que ter um respeito, né? -- olhou para as membras de sua gangue -- Mas pode-se divertir de várias formas, né mesmo? -- todas concordaram
--Minha dama! -- Rafi se aproximou sorridente -- Deixa eu lhe apresentá pra minha família, não sabe? -- estendeu o braço para ela
--É, vai lá! -- Ritinha deu força e piscou para a idosa
--Vai, mulher! -- Zezé também apoiou -- Vai! -- piscou
--Lembra du qui eu falei, ya Leda, fica à vontadi! -- Amina sorriu para a amiga
“Traída pela minha própria gangue!” -- pensou contrariada -- “Não se pode confiar em ninguém...”
--Gê, olha praquilo ali!!!! -- Raquel agarrou o marido pelo braço -- Meu Deus, quanta comida boa!!! -- lambeu-se extasiada
--Tu ainda nem cumeu e já acha que é coisa boa, mulé? -- o homem retrucou -- Eu hein, forrá as coisa nos carpete e espalhá lanterninha por todo canto, parada sinistra! Parece até oferenda de macumba, porr*! -- reclamou
--Fala baixo, criatura! -- ralhou discretamente -- Diz isso, não, que tá tudo chique demais! -- olhou novamente para o banquete -- “E eu não vejo a hora de cair de boca nessa comilança!” -- pensou
A área mais ampla do clube foi preparada para a ceia de natal, com a colocação de belos carpetes formando uma letra U e muitas palmeirinhas e lanternas ao redor. Sobre os carpetes, toalhas vermelhas com detalhes verdes, louças decoradas, panelas de barro sobre suportes e almofadas para as pessoas se sentarem. Os pratos do dia a dia ganharam ingredientes mais sofisticados, como o tradicional kibe recheado com nozes e pinhões, o arroz de Al Maghrib salpicado com pistache, amêndoas e pinhões e o peru e o carneiro recheados. Peixes da região, como a piraputanga, apresentavam-se em elegantes travessas prateadas.
--Amor, que ceia linda!! -- olhou empolgada para Zinara -- Essa roça de vocês é muito chique! -- sorriu -- Nunca fui numa festa de natal assim!
--Essa realidade é nova, Sahar. Nem sempre foi desse jeito. -- sorria também -- Fico muito feliz que Allah (Deus) me permitiu viver coisas assim ao lado da mulher que amo! -- quase sussurrou
--Você adora me derreter... -- suspirou apaixonada
Potes de frutas secas como nozes, amêndoas, avelãs, uvas passa, damascos, tâmaras secas, figos secos e castanhas decoravam a ceia em arranjos maravilhosos.
--Tem mahmul de tâmara e de nozes, Sahar. -- Zinara anunciou -- Eu mesma ajudei a fazer... -- comentou encabulada -- Você gostou tanto desses doces no casamento de Ahmed... -- esfregou as mãos nervosamente -- Perfumamos o recheio de nozes com água de flor de laranjeira pra ficar mais gostoso...
--Ai, mas que fofa! -- conteve-se para não beijá-la nos lábios
--Gente, quanto gatinho!! -- Cecília falou para si mesma -- "Como será um homem desse tipo, hein?” -- pensou curiosa -- Cada tipão... -- reparava nos rapazes -- Ui! -- sentiu um esbarrão e olhou assustada para ver o que se passava
--É... discurpa, moça! -- o jovem respondeu envergonhado -- "Eita, qui filé!” -- pensou maliciosamente
Reparou no jovem de cima a baixo e ajeitou-se toda. -- Ah, oi! -- sorriu -- Tudo bem, sem problemas!
--Meu nomi é Ahmed! -- estendeu a mão para cumprimentar -- Sô irmão da Zinara e ocê devi di sê uma das irmã da professora Clarice, né? -- concluiu -- Pelo sutaqui diferenti e mais os modu fino... -- flertava com ela
--Ah, que é isso? -- passou a mão nos cabelos fazendo charme -- Mas você acertou, sou mesmo irmã da Clarice. -- caprichava nos olhares -- Cecília, -- estendeu a mão também -- é um prazer! -- falava toda melosa
--Incantadu! -- beijou a mão da mulher -- "Nessa eu mi dei bem pur dimais da conta! Irmã di professora num há di tê duença nus trem di muié modi mi lascá us trem di homi!” -- deduziu
“Hum, ganhei pra hoje!” -- pensou animada
--Amor, me diz como funciona essa festa de vocês! -- pediu para a astrônoma -- Quero entender tudo!
Zinara ficou feliz com o interesse da namorada. -- O ano todo, as pessoas da comunidade que podem e querem contribuir depositam mensalmente um valor adicional à mensalidade e é esse dinheiro que paga a festa. -- explicava -- Aí então a direção da associação e os conselheiros, incluindo baba, começam a organizar as coisas desde o começo do mês e é um corre corre danado! -- continuavam caminhando e apreciando a decoração natalina -- Nem preciso dizer que, pra variar, as mulheres trabalham muito mais que os homens... -- sorriu -- Lá em casa é que nos últimos anos a regra é outra! -- riu brevemente
--Dá-lhe, dona Amina! -- riu também
--Ya Rafi trabalha com comércio e hoje em dia é um homem de condições financeiras nada modestas. -- continuava explicando -- Ele investe um bom dinheiro nessa festa!
--É mesmo? -- perguntou admirada
--E também tem investido uma boa dose de sedução pra seduzir ya Leda! -- brincou ao reparar nos idosos -- Olha lá ele apresentado ela pra Il-cela (a família). -- apontou discretamente
--Acho que ele vai ter que se esforçar um pouquinho mais! -- achou graça -- E falando em família, amor, cadê seus irmãos? -- perguntou curiosa -- Tô vendo o Di correndo pra lá e pra cá com os filhos de Ahmed mas nem sinal do restante do clã dos Raed. -- comentou brincalhona
--Nagibe, Cid e suas famílias ainda não chegaram e Catiúcia ainda vem com os pais e Ahmed Mateus, mas Ahmed já tá aqui porque foi ele quem trouxe os meninos. -- reparou no ambiente -- Aliás, ele ficou de tomar conta dos garotos e eu não tô vendo ninguém de olho neles. -- estranhou -- Cadê essa criatura? -- não entendia
--Cadê Cecília?? -- estranhou também -- "Hum... isso não tá me cheirando bem!” -- pensou preocupada
--Ô, Raquel, isso aqui é festa de viado, tá ligada? -- Getúlio reclamou de cara feia -- É um tal de macho beijando cara de macho, abraçando, xavecando... -- reparava
--Que nada, criatura, que coisa, fala isso baixo! -- deu um tapa no braço do marido -- É a cultura deles! -- argumentou -- Na nossa cultura as mulheres se abraçam e dão beijinhos e ninguém vê nada de mais nisso! No caso deles, os homens fazem isso e é normal! -- explicou
--Eu acho isso uma viadagem ferrada, isso sim! -- retrucou -- E não quero ver meu muleque correndo pra lá e pra cá com aqueles garoto ali, não! -- apontou para os filhos de Ahmed -- Trata de ir lá chamar o Di pra ficá com a gente! -- ordenou
--Que é isso, amor? -- perguntou surpreendida -- Deixa nosso filho brincar!
--Eu, hein, Raquel, pára com isso! -- gesticulou -- Aquilo ali é tudo viadinho, olha só como corre igual umas gazela! -- apontou novamente para os meninos -- Bando de biba mirim!
--Ocê tá falandu dus meus subrinhu? -- Nagibe perguntou de cara feia
--Tá sim! -- Dora afirmou reparando em Getúlio -- Eu ôví!
--Ocê tá chamandu meus subrinhu di efeminadu? -- Cid também encarou o homem
--Eu vi eli apontandu prus fio di Ahmed! -- Penha colocou lenha na fogueira
--Hahahahahahahaha! -- riu forçadamente e deu um tapa no braço de Nagibe -- Aí amor, ele caiu na minha pilha! -- disfarçou -- Hahahahaha! -- deu um tapa no braço de Cid -- Bem que a coroa dizia que eu nasci pra ser artista, sabe qual é, malandragem? -- sorria
--Era brincadeira, gente. Palhaçada pra descontrair! -- a mulher sorria nervosamente -- Prazer, eu sou Raquel, filha mais velha da dona Leda. -- tentava mudar o clima -- E esse é meu marido, Getúlio! -- apontou para o filho -- Aquele espoleta que corre com os sobrinhos de vocês é nosso menino, o Di.
--Ah, intão tá intão! -- Nagibe sorriu e deu um tapão no braço de Getúlio
--Tá intão! -- Cid fez a mesma coisa
“Porr*, cada bicho da mão pesada!” -- Getúlio pensou enquanto dava um sorriso amarelo
--Aí eu tô vivendu uma crisi nu casamentu, num sabi? -- Ahmed contava uma história triste -- Tô inté pensandu im mi separá modi incontrá uma companhêra di verdadi!
--Entendo! -- Cecília balançava a cabeça -- Que pena que seus casamentos não dão certo! -- lamentou -- Quatro esposas e nenhuma companheira de verdade, né? -- comentou penalizada
--Pois é... eu sofru pur dimais da conta! -- mentiu -- "Essa aí já tá nu papu!” -- pensou empolgado -- "É só passá o natar qui chamu ela pra í pru matu mais eu!” -- decidiu
“Esse aí já caiu nos meus encantos!” -- Cecília pensou -- "Depois da meia noite o couro vai comer!” -- decidiu
--Será qui ya Leda e ya Rafi vão si acertá? -- Amina perguntou para Ritinha e Zezé
--Sei lá! Ela não me parece muito disposta... -- Ritinha comentou
--O que é uma pena porque fazem um casal lindo! -- Zezé falou
--Minha dama, agora eu vô lhe apresentar pra meus outro filho que tão ali! -- apontou para eles e seguiu puxando a idosa pelo braço
--E você tem quantos filhos afinal? -- perguntou horrorizada -- Já conheci bem uns dez!
--Na verdade... -- ajeitou a roupa -- Tive quinze, mas infelizmente um já se foi, num sabi? -- admitiu
--Quinze?! -- arregalou os olhos
--Cinco da primeira esposa, cinco da segunda, três da terceira, um da quarta e mais um da quinta. -- esclareceu -- Ao todo tenho quarenta e cinco netos e três bisnetinho! -- comentou orgulhoso
“O diacho desse homem tinha um fogo no pinto, que minha Nossa Senhora!” -- pensou surpreendida
--Mas agora já não quero mais tê filho, num sabi? -- continuava arrastando Leda -- Agora chegô!
“Não quer e nem pode, porque duvido que esse velho agüente uma gata pelo rabo!” -- pensava -- "Se as perna são fraca, o pinto ainda mais!” -- concluiu
--São quatorze filhos, quarenta e cinco netos e mais eu precisando de amô, carinho e atenção de uma muié que nos cuide, num sabi? -- afirmou meloso -- Lavá, passá, cuzinhá, fazê uns trem bão... -- sorriu cheio de malícia
“Ih, eu hein, tô fora!” -- pensou ao se desvencilhar dele -- Deixe que depois eu conheço o resto da família porque é gente demais e eu fico até besta. -- preparou-se para se afastar -- Ao longo da festa vamos nos falando! -- despachou
--Ah, não, minha dama! -- reclamou como criança -- E como eu fico sem você? -- caprichou nos olhares
--Toma um chá bem quente que resolve! -- respondeu de pronto
--Como é?? -- não entendeu
--Enigma para você pensar! -- deu tchauzinho -- Fui! -- afastou-se -- "Nada melhor que uma bebida quente pra acalmar o fogo de velho broxa!” -- pensava -- "Queima a língua e acabou-se a potência!”
***
Era meia noite e Cátia lia o e-mail que Lídia enviou. Conforme prometeu, a loura vinha ajudando a jovem e frequentemente recebia mensagens dela.
“Esse ano foi maravilhoso para mim, querida amiga! Passei para a faculdade, estou estudando saxão e ainda tive a honra de conhecer uma pessoa tão valiosa quanto você! Nunca vou esquecer da ajuda que se dispôs a me dar e juro que no que precise de mim estarei a sua disposição para o que for preciso!
O mundo seria um lugar muito mais bonito se houvessem mais Cátias Magalhães por aí!
Que o amado Rabi te abençoe e que seu final de ano seja maravilhoso! Feliz natal e um 2014 esplêndido!
Mamãe manda beijos e minha avó, de onde estiver, te abençoa.
Com todo carinho,
Lídia Maria de Souza”
A geofísica sorriu emocionada. -- Você é um amorzinho, menina! -- falava para o computador -- Merece tudo que vem conquistando brilhantemente... -- suspirou e se levantou caminhando pela sala -- Tomara que essa coisa toda de natal passe logo! -- desejou ao derramar uma lágrima
Desde que sua mãe e avó se foram, a loura não gostava mais de celebrar certas datas. As inevitáveis lembranças do passado faziam com que uma saudade causticante machucasse seu coração.
“--Oba, uma boneca! -- a pequena Cátia sorria empolgada com o brinquedo de plástico na mão
--Que bom que você gostou, filha. -- a idosa respondeu sorridente -- Tive medo que não gostasse dessa boneca tão humilde.
--Eu gostei! -- confirmou dando um beijo no brinquedo
--E esse é o presente da mamãe! -- entregou um pequeno urso para a filha
--Ursinho!! -- abraçou-se com ele -- Adorei!
--Que bom, meu amor! -- a mãe sorriu
--Eu também tenho presente! -- a menina pegou duas pequenas caixinhas que escondeu nos bolsos e se levantou -- Um pra cada uma! -- estendeu os presentes, que as duas mulheres receberam emocionadas
--Nossa, mas o que será? -- abriu a caixa curiosamente -- Um par de brincos! -- sorriu
--Um cordão! -- a avó ficou toda prosa -- Como conseguiu comprar, filha? -- estava surpresa
--Dinheiro que ganhei dando aula na escola pra umas colegas que não sabem matemática. -- afirmou orgulhosa -- Consegui comprar os presentes e ainda deu pra comprar mais duas balas! -- tirou os doces do bolso -- Ó! -- mostrou
--Ah, minha menina... -- abriu os braços -- Vem com a mamãe! -- abraçaram-se carinhosamente
--Vem, vovó! -- chamou e a idosa se uniu a elas
--Tesouro da vovó! -- beijou a cabeça da criança
--Prometo que quando eu crescer vou ser uma cientista famosa e vou comprar uma televisãozona pra vovó e uma cama boa pra mamãe! -- falava empolgada -- E a gente sempre vai no mercado fazer compras sem ficar contando os preços e a gente vai comprar roupa e sapato novo e a gente vai passear nos lugares mais bonitos! -- olhava para as mulheres -- Eu prometo! -- sorria
--Você será uma grande cientista, meu bem! -- a mãe concordou orgulhosa
--E vai conseguir fazer tudo que quiser, minha filha! -- a avó complementou”
--Não consegui, vovó... -- Cátia falava consigo mesma -- Não deu tempo de fazer nada do que lhes prometi... -- fechou os olhos e chorou com muitas saudades
***
--Vamos ver se vocês vão gostar da receita que aprendi no curso! -- Sara falou para seus familiares -- Acho que sim! -- sorria
--Você cozinha bem, mãe! Duvido que não tenha ficado gostoso! -- Leonor deu força
--Deve tá massa, isso aí! -- Reinaldo também incentivava
E de repente ouviram-se batidas na porta.
--Quem será? -- Sara levou um susto -- Chegar na casa dos outros em plena noite de natal e sem avisar?
--Deixa eu ver quem é. -- Leonor levantou-se intrigada e olhou pelo olho mágico -- Meu Deus! -- abriu a porta animada
--Será que dá pra mais uma? -- Jamila perguntou humildemente
--Filha!! -- Sara sorriu satisfeita -- Você veio!
--Dá sim, filha! -- Reinaldo se levantou e pegou mais uma cadeira -- Senta aqui! -- pediu
--Tive medo de chegar tarde demais... -- caminhou para perto da mesa -- Afinal de contas, eu nunca venho...
--Antes tarde do que nunca! -- Leonor também estava feliz -- O importante é que você veio! -- fechou a porta
A advogada sorriu e se sentou. Estava feliz por estar ali. -- Pretendo fazer muitas coisas de modo diferente daqui por diante... -- prometeu -- Comemorar o natal com vocês é uma delas...
***
À meia noite, todos os presentes no clube Cedro-Suriyyah se reuniram ao redor do presépio para ouvir a leitura da Bíblia. Em seguida Rafi e Raed proferiram um pequeno discurso e tudo se encerrou com um Pai Nosso coletivo. Ao final, as pessoas se abraçaram desejando bons votos e foram para o salão onde a ceia estava posta.
--Porr*, já não agüentava mais de fome! -- Getúlio reclamou de cara feia -- É reza, é discurso, é Bíblia...
--Fala baixo, criatura! -- Raquel ralhou -- Agora é hora de desestressar... -- babava olhando para a comida -- Por onde começo? -- sorria empolgada
--Ai, que festa linda! -- Ritinha comentou animada -- Tô adorando tudo! -- sorria -- Agora, é o manjar dos deuses! -- olhava para a comida
--E pensar que a gente quase não veio, hein? -- Zezé comentou -- Que bom que seu sobrinho comprou nossas passagens de avião e ônibus pela internet! -- pegou um pedaço de pão de Suriyyah e serviu-se de carne -- Pegar a carroça pra chegar aqui, embora seja desconfortável, é o mais fácil! -- mordeu o pão -- Hum... -- saboreava
--Cecília, o que é você tanto procura, hein? -- Leda perguntou desconfiada -- A comida tá na tua cara e você olhando pra tudo que é lado!
--Nada, mamãe, eu hein! -- disfarçou -- Deixa eu provar isso aqui. -- pegou um salgadinho
--Sinto cheiro de sacanagem... -- a idosa semicerrou os olhinhos
Ahmed, se aproximava ao lado de Catiúcia. Os dois voltavam de um pequeno cômodo que havia sido preparado para as crianças dormirem.
--Ahmed Mateus demorô a durmi, né? Fiquei besta qui eli ficô acordadu essas hora toda e nem chorô! -- comentou com o marido -- Vamu sentá, amô? -- ela pediu
--Ah, vamu. -- sentaram-se -- Nossu mininu é machu qui num o baba deli! -- respondeu orgulhoso -- Tanta genti aqui, né? -- reparava nas pessoas
--Quem é qui ocê prucura, hein, mininu? -- Raed perguntou desconfiado
--Ninguém, baba. -- sorriu sem graça -- Quiria só um tantinhu di vinhu... -- disfarçava
--Sei... -- resmungou prestando atenção no filho
--Mamii, cadê o tahine? -- Aisha procurava a pasta -- Hoje vou meter o pé na jaca: vai ser pão de Suriyyah com tahine pra usar como talher pra quase tudo! -- sorria -- E na hora dos doces, se segura! -- brincou
--Tá ali, meu bem. -- apontou mostrando a pastinha
--E esses pratos, dona Najla? Como a gente se serve? -- sentia-se perdido no meio dos quitutes
-- Quer que eu lhe sirva, senhor Marco? -- Najla perguntou melosa
--Seria uma honra, dona Najla. -- sorria todo prosa
--Gente, acho que nunca tive um namoro light como esse! -- Aisha comentou consigo mesma e riu -- "Comigo sempre foi no pá-pum!” -- pensou divertida
--Ô, bestagi... -- Raed resmungou contrariado -- Mais dêxa ocê cumigu, homi créu... -- falava consigo mesmo
--Senta aqui, mulher! -- Leda chamou Amina -- Se aquieta e vem cear! Hoje você quase não parou! -- comentou
--E num é? -- sentou-se ao lado da amiga -- Vamu cumê, ya Leda! -- sorriu e se serviu um pouco -- E ya Rafi? A sinhora cunhiceu a famia deli toda? -- queria saber -- Fez amizadi?
--Amina! -- Leda fez uma cara séria -- Faça-me um favor e em nome de nossa amizade, deixe minha... ‘curnicha’ em paz! -- pediu
--Eita, lasquêra! -- ficou sem graça -- "Achu qui tumei um chega pra lá no meio das fuça...” -- concluiu
--Todo mundo bonitinho aqui com a gente! -- Zinara cuidava da criançada -- Ahmed João, Ahmed Marcos, Ahmed Lucas, Khadija, Cidmara e Di. -- deu um beijinho em cada um -- Todo mundo rebol*ndo o queixo! -- sorria -- Yaalah! (Vamos lá!)
--Deixa que eu ponho suco pra vocês. -- Clarice falou pegando os copos
--Dá comida pra mim, camma Zina? -- Khadija pediu
--E pra mim! -- Ahmed Lucas também pediu
--E eu! -- Cidmara também queria
--Calma, criança! -- achava graça -- Todo mundo bonitinho comendo sozinho!
--Me dá comida, tia Clarice? -- Deodoro pediu
--Hoje, não, meu amor! -- beijou o menino -- Todo mundo comendo sozinho! -- sorria
--Essa tal de Zinara e tua irmã bem que pudia arrumá um homi pra tê filho em vez de ficar nessa babação com os filho dos outro, sabe qual é? -- Getúlio comentou com Raquel
--Criatura! -- olhou para ele preocupada -- Fala baixo!
--Ocê tá querendu arrumá homi pra minha irmã? -- Nagibe ouviu e perguntou de cara feia
--Ocê tá querendu issu? -- Cid revoltou-se também
--Eli qué qui eu ôví! -- Dora comentou
--E eu! -- Penha deu força
Getúlio engoliu em seco. -- Ahahahah! -- riu sem vontade -- Já falei de sacanagem só pra colocá pilha em vocês, tá ligado? -- disfarçou
--Ah, tá! -- Nagibe deu um soco no braço dele
--Ah, intão tá intão! -- Cid fez a mesma coisa
“Praga de caipiras da mão pesada, porr*!” -- Getúlio pensou disfarçando a contrariedade
“Getúlio vai acabar levando uma surra nessa roça!” -- Raquel pensou enquanto devorava um franguinho -- "Que pelo menos eu possa comer sossegada...” -- mordeu mais um pedaço -- Delícia!
--Ai, deixa eu me servir dessa tal de piraputanga porque Clarice fez a maior propaganda desse peixe! -- olhou para o prato -- Hum, recheado com farofa de banana! -- lambeu os beiços e começou a se servir -- É tão bonita essa família de Zinara, né, mamãe? -- Cecília comentou com a idosa -- Gente simpática, agradável... -- olhou para Leda -- A gente podia vir aqui mais vezes...
Leda se aproximou da filha e respondeu bem baixinho: -- Trate de segurar essa periquita bem quietinha aí, porque se ela ousar a piar um pouquinho que seja com o pintinho de Ahmed, cabeças vão rolar, viu, menina? -- ameaçou
--Mamãe?! -- arregalou os olhos e paralisou -- Que é isso? Foi só um comentário inocente... -- ficou sem graça -- "Como que ela percebeu??” -- pensou espantada
--Quando você pensava em se matricular na escolinha da sacanagem eu já era doutora, minha filha! -- deu-lhe um beliscão na coxa -- Segura essa passarinha tarada aí!
--Ai! -- esfregou a mão na perna dolorida
--Sabi qui eu gostei pur dimais da conta dessa famia di dona Leda? -- Ahmed comentou com o pai -- O sinhô e maama pudia cunvidá não só a professora Clarice mas as irmã dela modi vim aqui mais veiz, num sabi? -- bebeu um gole de vinho
Raed aproximou-se do filho e ameaçou em voz baixa: -- Se ocê si ingraçá cum Cecília, eu cortu o qui us médicu deixaru quétu quandu fizeru tua zécomia, num sabi?
--Baba?! -- arregalou os olhos e se engasgou com o vinho -- "E num é qui eli notô?!”
--Qui foi amô? -- Catiúcia batia nas costas do marido -- São Brás, São Brás, cura o engasgadu! -- pedia
--Recadu dadu! -- Raed deu um tapão nas costas de Ahmed
--Eita, que fiquei bão! -- parou de tossir -- Ave Maria!
CAPÍTULO 75 – Presentes de Natal
--Então quer dizer que... -- Clarice aproximava-se engatinhando sensualmente -- o natal foi ontem mas meu presente eu recebo hoje, no dia 26?
--Ô, Aba (Meu Pai)... -- Zinara babava -- Smallah! -- exclamou admirada
--Fica quietinha aí! -- sentou-se no colo da astrônoma -- Hoje quem manda nessa barraca de camping -- beijou-a -- sou eu!
--Eita, se essa barraca falasse... -- abraçou-a pela cintura e beijou-a com desejo
--Hum... -- interrompeu o beijo -- Quietinha, dona Zinara! -- sorriu -- Trate de me obedecer! -- envolveu o pescoço dela com os braços
--Quietinha! -- fez cara de inocente
--Own, minha caipirinha linda! -- beijou-a repetidas vezes -- Deitando de bruços, vai? Quero te fazer uma massagem! -- saiu do colo da morena
--Oba! -- sorriu e obedeceu -- Adoro massagem!
--Mas tira a camisola primeiro... -- pediu toda melosa
A astrônoma ficou um pouco envergonhada mas obedeceu e logo se deitou de bruços.
--Ainda tem vergonha de mim, meu bem? -- posicionou-se sobre as nádegas da outra e começou a massagear-lhe os ombros -- Pensei que já tivesse compreendido que te amo sem reserva alguma... -- comentou carinhosamente -- Não te acho feia, do contrário! -- abaixou-se e sussurrou no ouvido dela -- Ya gamil... (Sua linda...) -- voltou a massagear
--Ave Maria, que arrepiou tudo! -- comentou excitada
Clarice achou graça. -- Caipira safada! -- sorria -- Minha caipira safada!
--Massagem boa... -- fechou os olhos -- É relaxante...
--Mas eu quero te deixar relaxada e bem molinha... -- seguia massageando os braços da morena bem devagar -- Pra no momento certo, usar e abusar...
--Eu não conhecia esse seu lado ousado e aproveitador de caipiras... -- brincou -- E tô adorando isso! -- sorriu
--Não costumo a mostrar esse lado... -- voltou a massagear os ombros da namorada -- Mas com você eu fico à vontade pra tudo, meu amor... -- sorriu
Zinara ficou toda prosa.
--Deixa eu te contar uma coisa... -- seguia lentamente massageando ao longo da coluna -- Sabia que nenhuma revista de alta indexação quis aceitar o artigo que apresentamos no congresso mundial pra publicação? -- comentou -- Tive que submeter pra uma revista de menor relevo e recebi a resposta do aceite no dia 23 desse mês.
--Dah mumill (Isso é um saco), mas não me surpreende. -- respondeu de pronto -- Quem disse que a ciência é destituída de valores? -- comentou -- Eu te avisei que isso aconteceria.
--Eu sei... -- fazia delicados movimentos circulares nas costas da amante -- Lembra daquela minha ex aluna de doutorado, a Chandra?
--Ela já voltou pra Ganarājya, né?
--Sim. Conversamos via LivrodasFuça há poucos dias e ela disse que também tem passado por maus bocados em seu país pra poder divulgar seus trabalhos.
--É assim mesmo. Se soubesse o que já passei... -- sentia prazer com aquela massagem -- O negócio é não desistir da luta! -- pausou brevemente -- Sahar, eu tô adorando isso! -- sorriu
--Que bom! -- seguiu até os quadris da astrônoma -- Porque eu tô me esforçando muito... -- arranhou as nádegas dela de leve
--Ah... -- gem*u baixinho
--Será que te deixei relaxada? -- mordeu as costas da amante enquanto arranhava-lhe a pele
--Eita! -- abriu os olhos -- Agora acendeu foi mais ainda!
--Ah, é? -- fingia inocência -- Por que será? -- seguiu mordendo a pele da outra até chegar nas nádegas -- Hein? -- mordia e arranhava as nádegas da morena
--Ainda é pra ficar quieta? -- perguntou excitada -- Ana a’ayzek bas enti! (Eu só quero você!) -- afirmou cheia de desejo
--Você fala de um jeito... -- deslizou as mãos pelas costas da mulher -- Me deixa toda arrepiada... -- sorriu -- Mas ainda é pra ficar quietinha... -- mordeu novamente as nádegas da astrônoma -- Quietinha...
--Sahar... -- sentia a excitação crescente
--Quero... você... assim... -- beijava, mordia e lambia a pele da amante, seguindo lentamente em direção ao pescoço dela -- Quietinha e... de costas... pra mim... -- arranhava devagar
--Walaw... (O prazer é meu...) -- respondeu sentindo o corpo queimar
--Meu amor... -- deitou-se sobre a outra e sussurrou em seu ouvido -- Te amo... -- mordeu-lhe a orelha -- e te desejo... -- segurou-a pelos cabelos da nuca com uma das mãos enquanto a outra deslizou até um dos seios -- seja como for... -- esfregava o sex* contra as nádegas de Zinara
--Ah... -- gem*u excitada -- Ah... -- sentia os lábios de Clarice beijando e mordendo-lhe o pescoço e as carícias provocando-lhe o seio
--Não haverá outra... -- continuava sussurrando -- somente você... -- deslizou a mão para o sex* da astrônoma
Zinara gem*u mais alto ao sentir os dedos da amada provocando-lhe entre suas pernas. -- AHAH!!!!!
Soltou os cabelos da morena e deslizou a mão para o seio que ainda não tinha estimulado. -- Gosta assim, amor? -- sussurrou no ouvido -- Hum? -- penetrava com os dedos e acelerava os movimentos de seus próprios quadris
--AH!!! -- gemia -- Ana cawza!! (Eu quero!!) -- lutava consigo mesma para não reverter as posições e tomar Clarice nos braços
--Habibi... -- sussurrava -- Behebbik ya... Enti tastatie'i an tash'uri bihubbi... (Eu te amo... Você pode sentir...)
Percebendo que o próprio orgasmo se aproximava, Zinara não conseguiu resistir e inesperadamente movimentou-se para se deitar sobre sua mulher. Segurou as coxas dela com força, abrindo-lhe as pernas e se posicionando entre elas.
--AH!! -- Clarice gem*u surpreendida
Esfregando-se rapidamente, sex* contra sex*, a astrônoma beijava Clarice com paixão.
“Meu Deus!” -- a paleoceanógrafa pensou extasiada
Atingiram o orgasmo rapidamente e gem*ram alto, beijando-se com fome uma da outra.
--Ai... -- a paleoceanógrafa suspirou -- Adoro o modo como você... -- beijou-a -- consegue ser terna e doce e... -- beijou-a novamente -- tão quente ao mesmo tempo... -- sorriu
--Você consegue despertar em mim... -- beijou-a -- o que posso ter de melhor... -- beijou-novamente -- Minha Sahar... -- deslizava uma das mãos pela coxa dela -- Meu amanhecer... -- beijou-a -- Quando estou com você... -- olhava nos olhos -- baءol lel waءte yetool... (eu peço para o tempo correr devagar...)
--Quando você fala assim... -- puxou-a para um beijo apaixonado
--Quero você, Sahar... -- beijou-lhe o queixo -- De novo... -- seguiu beijando e mordendo o pescoço da outra
--Ai... -- gem*u e fechou os olhos -- Esse é o melhor fim de ano da minha vida... -- sorriu
--Ya Leda, será qui nossas minina foru acampá modi furnicá nu meio du matu? -- Amina perguntou desconfiada
Achou graça. -- Pra ver estrela é que não foi! -- respondeu divertida -- Quer dizer... foi! Mas outro tipo de estrela! -- riu brevemente
--Uai! -- ficou intrigada -- Zinara brincô o dia todu cum as criança, nadô nu rio, comé qui podi? Devi di tê cansadu, num sabi? -- não queria aceitar
--Ah, minha filha, pra certas coisas tira-se forças de onde não se tem! -- aproximou-se mais da amiga -- E haja de curnicha piar! -- brincou e riu
“Cumé qui ya Leda podi achá essis trem tão naturar?” -- pensou intrigada
--E tua irmã foi pra onde, Raquel? -- Getúlio perguntou coçando entre as pernas -- Pro meio do mato com aquela outra... -- sorriu maldosamente -- Sei não...
--Criatura, cala essa boca! -- ralhou com ele -- Alguém pode ouvir isso! -- fez cara feia
--Essa amizade com Zinara... -- gesticulou -- Sei não... Duas mulher perdida no mato...
--Ocê tá querendu insinuá o que?? -- Nagibe ouviu e ficou furioso
--O que?? -- Cid tomou satisfação também
--Duas mulher, professora, estudiosa, perdida no mato, sei não! -- disfarçou olhando para os outros dois -- Vão é estudá pra caramba!
--Ah, isso é! -- Nagibe deu um tapão no braço de Getúlio
--As dua gosta di istudá mesmu, num sabi? -- Cid deu um tapão também
“Porr*, que meus braço já tão tudo doído por causa desses caipira!” -- pensou disfarçando a revolta
Cecília reparava nas pessoas presentes na casa dos pais de Zinara. Estavam todos reunidos no quintal ao redor de uma fogueira. “E agora?” -- pensava desconsolada -- “Se Ahmed é safado como mamãe me falou e aqui só tem homem comprometido e coroa, quem que eu vou pegar?” -- questionava-se -- Natal sem peru... -- suspirou
--Quantos dias a gente vai ficar aqui, hein? -- Clarice perguntou melosa -- Pode ser até o réveillon? -- brincou ao beijar a amada
--Se fosse por mim, Sahar, seria pra sempre... -- beijou-a -- Meu presente de natal...
--Por mim também... -- deslizou o dedo pela sobrancelha da astrônoma -- Mas falando sério... até quando você pretende me manter nesse cativeiro maravilhoso? -- beijou-a
--Até quando ya Leda e maama vierem aqui nos puxar pelas orelhas... -- brincou e beijou-a demoradamente
***
--Alô? -- Cátia atendeu o telefone sem reparar em quem ligava
--Oi, amor! -- Lúcia respondeu do outro lado -- Tudo bem com você?
--Oi! -- sorriu espontaneamente -- Melhor agora que você me ligou, minha delícia! -- respondeu cheia de charme -- Como foi a festa de natal? -- parou de trabalhar e se levantou
--Teria sido melhor se você tivesse vindo... -- afirmou melosa
--Perdão, querida, mas não comemoro natal. -- desculpou-se com a verdade -- Te contei isso. -- foi para a sala e deitou-se no sofá
--Eu sei e respeito... somente lamento por isso. -- pausou brevemente -- Por que não foi pra sua casa em Costa Azul?
--Tô com um problema no encanamento do banheiro e da cozinha. A casa tá em obra e não dá pra ir enquanto aqueles pedreiros enrolões não terminarem. -- fez cara feia -- Acredita que desde o dia 20 eles se deram folga e já disseram que só voltam em três de janeiro?
--Pedreiro é uma raça do cão, vou te contar! -- Lúcia reclamou -- Eu nunca dou sorte com eles!
--Nem eu! -- revirou os olhos -- Acho que os bons pedreiros são raridade nos dias de hoje!
--Mas escuta uma coisa, amor. -- queria entrar no assunto de seu maior interesse -- Vovó decidiu passar o réveillon em Princesinha do Mar... por que não você vai com a gente ver a queima de fogos? -- convidou -- Seria maravilhoso...
--Eu tava sem planos pro réveillon e receber um convite desses era tudo que eu precisava pra me animar! -- sorriu -- Pensei que vocês fossem pra casa da tua tia.
--Ah, deu uns problemas lá e os planos mudaram. -- respondeu de pronto -- Eu até gostei, porque senão ia ficar longe de você mais uma vez... -- afirmou dengosa
--Eu nunca tô longe de você, minha gata! -- caprichou na voz -- Meu coração tem seu nome tatuado... Você nunca sai da minha mente!
“Agora ela tá mesmo apaixonada!” -- pensou empolgada -- E será que... a gente podia se ver amanhã à noite? Não precisa esperar o réveillon chegar, né?
--Com certeza! -- concordou imediatamente -- Quero você a noite a toda gem*ndo gostoso no meu ouvido... -- sussurrou com voz de cafajeste
--Nossa, fiquei até pegando fogo aqui... -- fez um dengo
--Imagine eu, minha bombeira gostosa! -- sorria -- Imagine eu!
--Então tá, a gente se vê amanhã. -- afirmou decidida -- Você vem me buscar?
--Até se estivesse em outro mundo eu iria! -- fazia um tipo
--Boba! -- respondeu melosa -- Infelizmente vou desligar porque ainda não passei a roupa toda. Até amanhã, meu amor!
--Até amanhã, gata! Beijo nessa boca linda!
--Você também! Tchau!
--Tchau! -- ouviu o telefone sendo desligado -- Beleza! -- levantou-se com o aparelho na mão -- Amanhã tem! -- sorriu maliciosamente
E o telefone toca novamente.
--Alô! -- pensava que era Lúcia -- Fala gostosa, o que foi?
--Como sabia que era eu? -- Magali perguntou desconfiada -- Esse número é privado!
--Ah, mas é por isso que eu sabia! -- ficou sem graça e tentava disfarçar -- A única pessoa que me liga de número privado é você! -- sentou-se novamente -- "Perde essa mania de atender sem olhar quem é, sua besta!” -- brigava consigo mesma
Acreditou na outra. -- Quero ser discreta e acabo ficando óbvia! -- achou graça -- E então, querida? Não vou perguntar do seu natal porque você não gosta, mas queria saber como está.
--Bem, graças a Deus. -- sorriu -- E você? Morri de saudades... -- fazia um tipo
--Também tô, graças a Deus. E também morri de saudades... -- confessou -- Senti falta desse seu jeito cafajeste na minha bem comportada festa de natal...
Achou graça. -- E quando você volta de Paulicéia pra gente matar as saudades com muita safadeza na cama, hein? -- sussurrou
--Já voltei hoje! Esse ano a família quer passar réveillon em Princesinha do Mar! -- respondeu empolgada -- Liguei pra te convidar!
--O que?? -- levantou-se de um pulo e arregalou os olhos -- Nossa, eu... -- não sabia o que dizer -- Cara, o coração até acelerou... -- riu desorientada
“Gente, ela ficou até abestalhada com a notícia!” -- pensou toda prosa -- E aí? Aceita meu convite ou não? -- perguntou esperançosa
--Ah, eu... -- não sabia o que dizer -- Claro! É claro que eu aceito! -- andava pela sala como barata tonta -- Esse convite era tudo que eu queria pra terminar esse ano com chave de ouro! -- passou a mão nos cabelos -- E ainda vou conhecer tua família, né? -- deu um sorriso amarelo
--Calma, que isso não quer dizer que a gente vai casar! -- brincou -- E também não dou satisfação da minha intimidade pra família, não. -- esclareceu
--Ah, tá. -- não sabia o que dizer
--E amanhã à noite? Será que rola da gente se ver? -- perguntou insinuante -- Queria passar a noite toda com você, bem quente...
--Ah, amanhã eu... -- ficou pensando -- vou terminar de ler a tese daquele aluno moleirão que te falei! -- mentiu -- Mas depois de amanhã, pode ser! -- passou a mão nos cabelos -- Não vejo a hora de te sentir inteira, minha delícia maravilhosa! -- sussurrou
--E eu! -- arrepiou-se toda -- Então fica pra depois de amanhã, querida!
--Depois de amanhã... mal posso esperar! -- usava todo o charme cafajeste
--Nem me fale... -- pausou brevemente -- Deixa eu desligar, senão... -- suspirou -- Ai!
--É, eu sei... Aqui tá tudo pegando um fogo doido!
--E aqui! -- riu brevemente -- Tchau, Cátia!
--Tchau, meu tesão! -- ouviu o telefone sendo desligado -- E agora, como é que vai ser isso? -- falava consigo mesma nervosamente -- Lúcia e Magali vendo os fogos na praia e eu tendo que me dividir entre as duas! -- jogou-se no sofá -- É, Cátia... Aprende a ser ninja senão os fogos vão explodir e você que vai sair queimada... -- suspirou -- Que presente de natal...
***
--Najla, aquele seu namorado é um tipão! -- Zezé comentou assanhada -- Que senhor bonitão, cavalheiro... -- bebeu um gole de chá -- Com todo respeito, visse? --esclareceu
--Eu sei, não precisa se preocupar. -- sorriu -- E ele não é meu namorado... -- respondeu envergonhada
--Ah, mas é por pouco tempo, porque daqui a pouco os dois estarão é casados! -- Ritinha falou -- Sinto cheiro de casamento no ar! -- brincou
--Que é isso? -- sentia as bochechas queimarem
--Se vai dar em casamento não sei, mas que vem lambição por aí, isso vem! -- Leda comeu um pedaço de bolo
--Ah, si vem! -- Amina concordou e bebeu um gole de chá -- Marco deu inté um leptópio pra ela di presenti di natar! -- falou para as demais
--Nossa! -- as idosas exclamaram surpreendidas
“Seu Marco é o meu presente de natal e não somente o laptop!” -- Najla pensou apaixonada -- Sabe, esse ano foi maravilhoso pra mim! -- desabafou com as amigas -- Reencontrei minha filha, voltei pro seio de usritii (minha família), conheci seu Marco... -- suspirou -- Nunca mais nem tive problema de coração! -- sorriu -- Embora não tenha deixado de tomar meu remédio!
--E vai ter problema? -- Zezé comentou -- Com um negão daqueles o coração fica até moço de novo! -- brincou
--E você, Leda? -- Ritinha perguntou assanhada -- O Rafi tá te querendo! E ele tem dinheiro! -- comentou
--Pois pra mim tem passagem livre! -- gesticulou -- Não quero saber de lambição pro meu lado! Ainda mais com aquele velho tarado das perna fraca! -- afirmou resoluta -- Se você ou Zezé quiserem, eu passo! -- comeu mais um pedaço de bolo
Todas acharam graça.
--Ya Leda num gosta di tocá nessi assuntu, intão vamu dexá ela quéta mais a curnicha dela, num sabi? -- comentou para Zezé e Ritinha
--Tudo bem! -- Zezé concordou -- E falando em homens, -- pegou um pedaço de pão -- cadê Raed e Marco? -- estranhou
--Seu Marco foi com Aisha esperar por Janaína, que vai chegar hoje, graças a Deus. -- Najla respondeu
--E Raed... -- Amina ficou na dúvida -- Pra ondi aqueli homi foi, uai? -- não sabia
--Finalmente! -- Marco exclamou para o carroceiro -- O senhor demorou! -- reclamou
--O cabrestu du cavalu deu um problema nu caminhu, num sabi? -- o homem se justificou
--O importante é que ele chegou! -- Aisha respondeu -- Simbora, seu moço! -- sentou na carroça e bateu uma palma -- Vem, Marco! -- chamou
--Pois ocê num vai, não, homi créu! -- Raed chegava com um facão preso ao cinto -- Nóis tem qui tê um prosiadu agora! -- afirmou com decisão
Olhou intrigado para Raed. “Por que ele me chama de homem créu?” -- não entendia
--Ah, tio, tem que ser agora? -- Aisha reclamou -- A gente tava indo esperar Janaína... -- fez um beicinho
--Pois vai ocê sozinha qui Janaína vai gostá mais, num sabi? -- cruzou os braços -- O homi créu fica aqui modi prosiá mais eu! -- olhou seriamente para Marco
--Tudo bem, Aisha, eu converso com seu tio. -- olhou para a mulher -- Vai receber Janaína que ela de fato quer mais é te ver, e não a mim.
--Tá bom. -- fez sinal para o carroceiro -- Simbora, seu moço! Sebo nas canelas dos cavalos! -- brincou e o carroceiro partiu
--Agora é nóis! -- encarou com Marco -- Prosa di homi, fuça com fuça!
“Que será que me espera?” -- pensou desconfiado
***
--Ocê já devi di sabê qui Najla e eu somo us único qui sobrevivemu nu meiu dus meus irmão tudinhu. -- olhava para o homem -- E devi di sabê qui ela é a única irmã muié qui eu tivi!
--Sim. -- respondeu simplesmente
--E também devi di sabê qui ela foi muié di um homi só e qui tá sozinha desdi qui separô du trasti du maridu dela. -- afirmava seriamente -- Num é moça donzela mas é muié direita!
--Certamente! -- concordou
--E da ondi eu venhu, us homi cuida di defendê a honra das muié da famia! -- olhava nos olhos
--Sei. -- aguardava o desfecho daquela conversa
--Minha irmã num é muié pra sê usada pur quarqué homi créu! -- falou com decisão
--Eu não sei porque me chama assim, mas eu não sou um aproveitador! -- defendeu-se -- Nunca fui fanfarrão e também sou sozinho desde que me separei! -- falava a verdade
--E ocê qué o que cum ela? -- foi direto ao assunto
Os dois homens estavam sentados em banquinhos de madeira perto do curral das vacas.
--Eu quero conhecê-la melhor. -- respondeu sem malícia -- Não posso saber se iremos casar ou não, mas não busco uma aventura! Dona Najla é uma mulher que me encanta e eu desejo tentar! -- sorriu -- Ela é meu verdadeiro presente de natal!
--Deseja tentá...? -- apoiou os cotovelos sobre as pernas e semicerrou os olhos -- O sinhô sabi qui lutei na resistênça di Cedro, num sabi?
--Aisha e dona Najla me contaram. -- balançou a cabeça positivamente
--O sinhô podi nunca di tê lutadu numa guerra, mas sabi que pra ficá vivu um sordadu tem qui atirá pra matá di veiz im quandu, num sabi?
--Sei... -- respondeu desconfiado
--E di veiz im quandu us tiru mata... -- balançou a cabeça positivamente
--Pois é... -- não sabia o que dizer
--Mais issu é na guerra! -- endireitou o tronco novamente -- Num tem mais pricisão dissu!
--Não tem! -- concordou com medo
--Mais... -- ajeitou o cinto -- um sordadu também aprendi a dá punição pra quem mereci!
--Imagino...
--Quandu aparicia us istupradô, aquelis sordadu qui gostava di si aproveitá das muié di Cedro ô intão ôtros aventureru qui quiria dá uma di ispertu... -- apoiou-se sobre as pernas novamente -- Nóis intão pegava elis, um sigurava pur tráis e ôtro vinha cum facão -- sacou a faca rapidamente
--AH! -- gritou assustado
--E cortava os trem di homi fora, num sabi?
--Sei! -- engoliu em seco
--Mais faiz tempu qui num pricisu di fazê mais issu. -- abaixou o facão
--Uff! -- respirou aliviado -- E nem vai mais precisar! -- respondeu de pronto
--Tomara, viu, homi creu? -- balançou a cabeça -- Purque si ocê maguá minha irmã...
--Não pretendo fazer isso!
Espetou rapidamente o facão entre as pernas de Marco fincando a ponta na madeira. -- Eu ti cortu os trem di homi fora! -- ameaçou
--Eita, que essa passou perto! -- exclamou arregalando os olhos
--Tá avisadu, num sabi? -- levantou-se da cadeira -- Eu num tenhu medu di nada, não! -- advertiu -- Di nada! -- bateu no peito
“E eu tô aqui me borrando de medo!” -- pensou apavorado -- Não se preocupe porque não sou um canalha! -- falou a verdade
--É bão! -- olhava para o outro com cara feia
--RAED!!! -- Amina gritou -- Um monti di loça pra lavá e ocê aí prosiandu?? -- reclamou
--Carma, muié! -- respondeu sem graça -- Já tô indu! -- pegou o facão e colocou no cinto novamente -- Tá avisadu! -- ameaçou mais uma vez e correu
--RAED!!
--Tô indu, muié! -- corria
--Não tem medo de nada? -- acabou achando graça -- Eu hein! -- balançou a cabeça negativamente e olhou para a marca da faca na madeira -- Ave Maria! Essa foi por pouco! -- viu que a faca ficou a dois dedos de sua virilha -- O que um homem é obrigado a passar por amor!
CAPÍTULO 76 – Últimas Emoções de 2013
--Quer dizer que as duas só voltaram do acampamento ontem, é? -- Janaína deu um tapão no braço de Zinara -- Três noites inteirinhas de...? -- piscou para a outra
--Quem te contou isso, hein? -- esfregou o braço doído -- Ah, só pode ter sido Aisha! -- acabou rindo
--Vocês assumiram? -- perguntou curiosa -- Por que pra ter sumido por três dias, tem que ter uma desculpa, né? A menos que tenham declarado a verdade!
--Não, a gente falou que foi acampar e fazer uma caminhada que atravessa o cerrado perto da cachoeirinha. -- respondeu prestando atenção se alguém ouvia -- E de fato a gente até caminhou um pouco, tomou banho de rio... -- sorriu -- Não foi de todo uma inverdade!
--Sei! -- deu-lhe um tapão na coxa -- Você já curou, porque senão não ia ter esse fogo todo, né, comadre? -- sorria -- Tá cheia de força!
--AHHa! -- esfregou a perna -- Se me der mais um tapa, você vai ver como vai a minha força! -- ameaçou de cara feia
Janaína engoliu em seco.
--Clarice, vou te contar! Ou você comeu titica quando era criança ou entregou pra Deus! -- Leda ralhava com a filha -- Eu e Amina tivemos que rebol*r pra não levantar suspeitas! Se todo mundo ainda não percebeu que você e Zinara viveram nove semanas de amor, é porque esse povo é muito trouxa! -- gesticulou
Corou. -- Mamãe! -- reparava nas pessoas próximas -- Fala baixo! Alguém pode ouvir!
--Eu sei que acasalar é bom, mas pra tudo tem limite, né? -- pôs as mãos na cintura -- Quer matar Zinara antes do tempo? Não sabe que a bichinha tá fazendo biscoito pra viagem?
--Não diz isso! -- reclamou de novo -- Ai, a senhora adora me matar de vergonha! Tá dando na pinta!
--Ah, essa é boa! -- riu -- Você acasala por 48 horas, volta com um sorriso de orelha a orelha e eu é que dou na pinta? -- balançou a cabeça contrariada -- Eu só tive filha doida! Não sei a quem puxaram!
Clarice acabou rindo também. -- A quem será?
--Raquel, essa temporada na roça foi uma decepção pra mim! -- Cecília desabafou -- Você tem comido tudo e mais um pouco, teu marido fica aí que nem um paxá, Di brinca noite e dia com a criançada, mamãe se diverte com as amigas, Clarice tem a professora dela... -- suspirou -- E eu não peguei ninguém! -- cruzou os braços
--Calma, criatura! -- comia um pequi cozido -- Ainda falta a festa de réveillon! -- lembrou
--Ah, mas vai ser aqui, na casa deles! Só vem homem casado e coroa! -- continuava inconformada
--Será? -- terminou de comer e limpou as mãos no guardanapo -- Ih, vem chegando alguém ali! -- Raquel observou uma carroça se aproximando
--Não acredito! -- Zinara levantou-se animada -- Fred e Gilson! -- sorriu e olhou para Clarice -- Eles vieram mesmo! -- encaminhou-se para recebê-los
--Que bom! -- Clarice foi atrás da namorada
--São amigos de Zinara! -- Raquel comentou para a irmã
--Gente, olha que gato! -- Cecília se ajeitou rapidamente -- Nossa, mas são dois gatos! -- comentou animada -- Ah, mas o mais magro é melhor! -- referia-se a Fred
--Viu? Nem tudo tá perdido! -- Raquel piscou para a irmã
--Maravilha! -- ajeitou os seios no sutiã
***
--Maama, baba, queria apresentar meus amigos Fred e Gilson. -- indicou os dois homens -- Como falei antes, são gente boa por demais da conta!
--Agradecemos sua hospitalidade e gentileza em nos receber! -- Gilson falou respeitosamente -- É uma honra pra nós! -- cumprimentou os pais da morena
--É um prazer mesmo! -- Fred falou com voz muito grossa -- Conheço Zinara há anos e fico feliz em conhecer essa família linda! -- gesticulava como um robô
A astrônoma sentiu vontade de rir mas se conteve.
--Por que Fred tá esquisito assim? -- Clarice perguntou discretamente
--Acho que ele quer fingir de machão. -- sussurrou de volta
--É um prazer dona Amina! -- Fred deu beijinhos de comadre na mulher -- É um prazer seu Raed! -- apertou a mão do homem
--Fica à vontadi qui ocês são tudu bem ricibidu, num sabi? -- Amina respondeu sorridente -- Dexi eu í prepará o cantu ondi ocês vão posá! -- anunciou
--Dona Amina, por favor, deixa eu entregar um presente pra senhora! -- Fred continuava falando grosso -- Eu e Gilsão trouxemos presentes pra mostrar nossa gratidão! -- olhou para o marido
--Estão aqui. -- Gilson apresentou duas bolsas -- Nessa bolsona tem brinquedos pras crianças e aqui um presentinho pra senhora e outro pro seu esposo! -- sorria
--Tem brinquedo pro teu sobrinho também, viu, fi? -- Fred falou em voz baixa para Clarice
--Obrigado! -- a paleoceanógrafa agradeceu
--Agradicida! -- a mulher sorriu e recebeu as bolsas -- Queru vê o meu! -- pegou o embrulho com o nome dela -- Qui será? -- desembrulhava
--Agradicidu também! -- Raed balançou a cabeça e pegou o embrulho que era seu -- Hum... -- desembrulhava curioso
--Pôxa, gente, que gentileza! -- Zinara comentou surpreendida -- Posso chamar as crianças pra entregar os presentes?
--Claro! -- Gilson respondeu animado -- Tá com você!
--Toma, minina! -- entregou a bolsa das crianças para a filha -- Chama os mininu e faiz a festa! -- Amina sorriu
--Beleza! -- a astrônoma sorriu e olhou para a namorada -- Vamo brincar com a criançada? -- convidou
--Vamos! -- Clarice concordou animada
--Criançada!!! -- Zinara chamou acenando -- Presente!!! -- levantou a bolsa -- Presente pra todo mundo!
--Oba! -- os três filhos de Ahmed vieram correndo
--Vem Cidmara! Vem Di! -- Khadija chamava os dois
--Legal! -- Deodoro correu também
Cidmara corria no seu passinho
--Oba, um kit di beleza e um CD da Catitta!! -- Amina sorriu toda prosa -- E cum artógrafu, num sabi?
--A gente encontrou com ela no aeroporto e não resisti, pedi pra autografar! -- Fred comentou afetado -- Ela tava lá toda poderosa e chiquérrima com uma roupa... -- percebeu que não estava disfarçando -- Uma roupa de mulher linda! -- voltou a falar grosso -- Desculpa, dona Amina, mas aquela mulher mexe comigo! -- gesticulou todo macho
--Eu gostei dessi trem aqui! -- Raed examinava sua caixa de ferramentas
--Que bom! -- Gilson comentou
Zinara e Clarice estavam sentadas no chão com as crianças, ajudando as menores a abrir seus presentes.
--Agradicida mesmu! -- Amina balançou a cabeça -- Agora dexi arrumá o canto docês! -- pediu licença e se afastou
--Ocês são bem ricibidu! -- Raed reafirmou -- Só queru qui respeiti as muié da casa, num sabi? -- recomendou seriamente
--Claro, claro! -- os dois homens responderam em coro
--A gente adora mulher, mas sabe respeitar! -- Fred afirmou com sua voz muito macha
--Raquel, aquele homem é tudo que eu quero! -- Cecília comentou empolgada olhando para Fred -- Gato, gostoso e macho!
--Vai fundo! -- comia uma goiaba
***
--Zi, o que é que você tá fazendo? -- Fred se aproximou da amiga nervosamente -- Preciso da tua ajuda, honey! -- falava com seu jeito afetado -- Help me!
--O que foi? -- achava graça do desespero dele -- Tô preparando o telescópio pra mostrar o céu pras crianças e quem se interessar possa. -- olhou para o amigo -- Quando der oito da noite vamos fazer uma pequena excursão astronômica. -- sorriu
--Ah, então eu vou junto, porque preciso fugir do assédio de uma mulher: -- reparava para ver se alguém prestava atenção -- Cecília, tua cunhada!
Riu gostosamente. -- Então quer dizer que ela tá interessada em você? Jayed jedan! (Muito bom!)
--Acho que consegui encontrar alguém que gosta mais de homem do que eu! -- revirou os olhos -- Desde que pus os pés aqui ela não me dá sossego!
--E o Gilson? -- continuava achando graça
--Ah, ele se diverte, né, xiita? Sabe que não corre perigo! -- gesticulava
--Então vem na excursão com a gente, porque Clarice diz que Cecília não curte nada de ciência. -- continuava ajeitando o equipamento -- Aisha, Janaína e Nagibe também vão com a gente. Você vai ficar protegido! -- riu
--Eu vou mesmo, viu, fi? Num dou conta, não! -- desmunhecou
--Clarice, que pena que já é dia 30 e daqui a pouco a gente volta pra São Sebastião! -- Cecília comentou -- Tô adorando essa roça! -- contemplava a paisagem -- Lugarzinho gostoso!
--Que bom! -- ficou feliz em ouvir -- Em pouco tempo aprendi a amar esse lugar! Reparou como mamãe num instante melhorou das dores?
--Pois é! -- concordou -- E aqui as pessoas são tão simpáticas, tão agradáveis... Esses amigos da Zinara, por exemplo... -- comentou disfarçando o interesse -- Rapazes bacanas, tão legais... -- passou a mão nos cabelos -- O tal do Gilson tá conversando com seu Raed e Ahmed, mas o outro desapareceu... Deve ser mais tímido, né?
A professora olhou espantada para a irmã. -- Não me diga que tá interessada no Fred? -- perguntou incrédula
--Por que? Qual o problema? -- não entendeu -- É um gatinho solteiro e carente! -- respondeu de pronto -- Ele me disse que terminou há pouco tempo um namoro que durou anos! -- contava -- O coitado tá arrasado e só esperando alguém pra colar os cacos!
--Ah, tá bom! -- conteve-se para não rir -- E você quer ser essa pessoa? A coladora de caco?
--Por que não? -- passou a mão nos cabelos
“Como diz Zinara: Oh, Aba (Meu Pai)!” -- pensou segurando o riso
***
--Mas, amor, por que você não vai direto comigo e vovó? -- Lúcia reclamava -- Vai ser o maior perrengue te achar no meio daquela multidão!
--E pra que existe celular, minha gata? -- Cátia argumentava -- Eu tenho que ir pra Niterói entregar o material do aluno e não vai dar tempo de ainda passar na sua casa pra buscar vocês! -- mentia -- O rapaz volta pra terra dele hoje!
--E pra que existe internet? Não pode mandar esse material por e-mail, área de transferência ou seja lá o que for?
--Os arquivos são muito pesados, minha gostosa! -- respondeu cheia das vozes -- Imagina só um monte de mapas em 3D dos dados da sísmica!
--Eu não entendo nada disso que você tá falando mas deve ser coisa pesada... -- pausou brevemente -- Tá bom, amor... -- acabou concordando -- Eu vou ficar atenta no celular.
--Confia em mim que eu vou estar lá pra você! -- garantiu -- Tem minha palavra!
--Acredito em você.
--Pode confiar! Se é uma coisa que Cátia Magalhães tem é o senso de honrar a palavra! -- afirmou com firmeza -- Fica ali perto do posto 7 que não tem errada!
--Tá bom. Pode deixar que não vamos sair de lá! -- garantiu
***
--Mas que merd*, Cátia, pra que você foi inventar de levar esse material pro aluno justo hoje? -- Magali reclamava
--Eu me perdi nos prazos, querida, tenho que confessar! -- mentia -- E o rapaz mora fora do estado, aí já viu! Ele também quer passar o réveillon com a família, né?
--Você é muito enrolada pro meu gosto! -- continuava revoltada
--Eu sei que sou, tem razão! -- assumiu -- Mas te prometo que estarei lá pra você! É só deixar o celular ligado e prestar atenção nele!
--Acho bom que você vá mesmo! Senão, me esquece!
--Esquecer você, minha deusa? -- falou sedutoramente -- Impossível!
--Sei...
--Fica com sua família por ali pelo posto 7 que não tem errada! Por favor, tá?
--Vamos ficar. -- respondeu sem muita graça -- Até mais, Cátia. E vê se não me sacaneia! -- desligou o celular
--Uff! -- passou a mão nos cabelos -- Pronto, agora é só administrar as duas! -- falou para si mesma -- Cátia, esse vai ser o maior desafio da tua carreira de mestre de alcova! -- balançou a cabeça pensativa
***
--Clarice, chega aqui pra um particular! -- Leda chamou
--Particular? -- achou graça -- O que foi mamãe? -- aproximou-se da idosa
--É impressão minha ou Cecília tá perseguindo o amigo de Zinara desde que ele chegou ontem? -- foi direto ao assunto
--Verdade. -- confirmou achando graça
--E é impressão minha ou ele é gay e casado com aquele outro?
“Essa velhinha pesca tudo!” -- pensou admirada -- É sim.
--Humpf! -- fez um bico -- Eu sabia! Cecília só se interessa por canalha e aquele rapaz não me parece homem desse tipo.
--Então, tinha que ser gay! -- Clarice concluiu
--Claro, né? Sua irmã por acaso sabe escolher? -- gesticulou -- Se não é canalha, tinha que ser alguém que gosta da mesma fruta que ela!
--Pelo amor de Deus, mamãe, não fala que Fred é gay porque ele tem disfarçado ao máximo!
--Disfarçado ao máximo... -- achou graça -- Às vezes acho que vivo no meio de cegos! -- balançou a cabeça negativamente -- Também, você e Zinara vão acasalar no meio do mato e ninguém desconfia de nada, quer mais o que?
--Mamãe!! -- ralhou com ela
--Zi, pelo amor do Pai, me defende! -- Fred pedia -- Tô adorando essa roça, mas o assédio da tua cunha, num dou conta, não!
--Evita ficar sozinho com ela, porque não tem o que eu possa fazer! -- respondeu divertida -- De mais a mais, quando romper ano novo, Zinara vai sumir da vista do povo!
--Vai pra onde, hein? -- perguntou cheio de fogo -- Namorar com a prof poderosa? -- piscou para a amiga -- Você não era saidinha assim, não, viu fi? -- deu um tapinha no braço dela
--Todo mundo vai ficar empolgado na comemoração e nem vão dar falta da gente, ainda mais que a família de Catiúcia vem aí e eles são muitos! -- sorria -- Avisei pra maama e ela me defende!
--Essas maamas caipiras... -- Fred acabou rindo
***
--Prontu, maama, a sinhora pidiu tá aqui meu apareio di som! -- Ahmed terminava de instalar o aparelho do lado de fora da casa -- Agora é só ligá!
--Quandu dé pertu das meia noiti vô ligá e butá meu CD novu, num sabi?
--Isso, Amina! -- Leda concordou -- E põe a nossa música pra tocar bem na hora da virada! Aí todo mundo aqui vai dançar! -- olhou para Ritinha e Zezé -- Quero ver a gangue fazendo bonito!
--É isso aí! -- as idosas concordaram animadas -- Vamos barbarizar!
--E qual é a música, mamãe? -- Raquel perguntou curiosa
--A que Amina e eu dançamos no palco juntinho com a Catitta e foi um sucesso danado! -- respondeu gesticulando
--É a Show di Poderosa! -- Amina complementou a resposta -- A música premiada comu a mió du anu! -- gesticulou
--A música da Catitta foi eleita a melhor do ano?! -- Zinara perguntou surpreendida para Clarice
--E Juan Bacana foi o melhor cantor! -- a namorada respondeu divertida
--Smallah! -- exclamou admirada e as duas acabaram rindo gostosamente
--Só faltava essa, Raquel! Tua mãe virou funkeira! -- Getúlio achava graça -- Vê se pode isso, umas mulé de idade, curtindo esse tipo de som? Hahahahahaha! -- ria
--Criatura, não fala mal de mamãe! -- reclamou -- E fala baixo que dona Amina adora Catitta! -- ralhou
--Ah, fala sério, umas mulé dessa gostá de Catitta? -- continuava zombando
--Ocê tá falandu mar dus gostu di maama? -- Nagibe perguntou de cara feia -- É issu mesmu??
--Falando mar di maama?? -- Cid perguntou também -- Justu di maama??
--Fala sério, eu fico besta com o talento que Catitta tem! -- Getúlio tentava disfarçar -- Umas senhora dessa gostá dela, é sinal de que a mulher manda bem! -- balançou a cabeça positivamente
--Ah, tá! Tinha intindidu erradu! -- Nagibe deu um tapão no braço do outro
--E eu! -- bateu também
“Porr*! Meus braço tão como podre!” -- sentia dor mas disfarçava com um sorriso amarelo
***
--Cátia, até que enfim! -- Lúcia exclamou aliviada -- Pensei que tinha acontecido alguma coisa ruim! -- pôs as mãos na cintura
--E aconteceu! -- respondeu seriamente
--O que? -- perguntou preocupada
--Fiquei longe de você mais tempo do que desejava! -- respondeu sedutoramente antes de beijá-la na testa
--Boba! -- beijou o rosto da loura
--Oi, vovó! -- beijou a idosa
--Oi, filha! -- a idosa respondeu sorridente -- Estávamos preocupadas!
--Agora não tem mais porque! -- sorria -- Cheguei! -- abriu os braços e fez uma pose
Minutos depois...
--Vou te contar, pensei que você ia me dar uma calça arriada! -- Magali foi logo se queixando
--Mas eu vou dar! -- aproximou-se da outra para beijar-lhe o rosto -- Quando estivermos a sós arrio suas calças e te deixo toda nua só pra mim... -- sussurrou no ouvido
--Ai... -- arrepiou-se -- Nossa! -- sorriu e beijou o rosto da geofísica também -- Deixa eu te apresentar a minha família! -- indicou as pessoas
--Quanta gente! -- ficou impressionada
--E você ainda não viu nada! -- comentou sorridente -- Estes são meus pais, meus tios, minhas primas... Vai decorando aí o nome de cada um! -- brincou
--Sempre tive boa memória! -- piscou para a amante
***
--Cátia, como você demorou a comprar um coco! -- Lúcia reclamou -- Foi tirar do pé? -- fez um bico
--E a fila? -- revirou os olhos -- E ainda teve gente se engalfinhando por causa de canudo, acredita nisso?
--Eu acredito! -- a idosa respondeu de pronto -- Vi dois marmanjos ali brigando por causa de cerveja gelada! -- apontou para uns homens
--De fato, a praia tá lotada demais! -- a bombeira concordou -- Fica aqui do meu ladinho pra não sumir mais! -- deu o braço à loura -- Não quero que se perca!
--Pois eu não vejo a hora de me perder entre suas pernas... -- sussurrou no ouvido
--Safada... -- respondeu melosa
***
--Minha nossa, mulher, foi matar o boi pra fazer o espetinho, é? -- Magali cruzou os braços contrariada -- Deve ter levado mais de meia hora longe daqui! -- reclamou
--Uma fila insuportável pra pagar e outra pior ainda pra pedir o espetinho! -- mentia -- E tome de levar sapatada, pescotapa e rabo de arraia! -- revirou os olhos
--Se aquieta aqui do meu lado porque não quero te perder de vista! -- deu o braço a ela -- Eu hein, toda hora some e eu fico doida!
--Mas eu te quero bem doida mesmo! -- sussurrou no ouvido -- Doida de tesão quando eu tiver em cima de você te comendo toda! -- falava com voz de cafajeste
--Não faz isso... -- ralhou toda dengosa e deu um tapinha no braço da amante
***
--Vambora criançada, quando der meia noite, todo mundo pulando com a camma Zina! -- falava para os pequenos -- Vamos gritar um obrigado bem alto pra Deus e nos abraçar todo mundo junto! -- sorria
--Eu vou pulá no colu da camma Zina nessa hora! -- Khadija falou
--E eu! -- Ahmed João concordou
--E eu!! -- os outros disseram também
--Eita, que é hoje que a caipira derrenga de vez! -- achava graça
--Vão tudu si preparandu aí! -- Amina instruía as amigas -- Todu mundu nus passinhu di Catitta!
--Eu não sei se vou saber dançar isso, Amina! -- Najla respondeu divertida
--A senhora sabe de tudo, dona Najla! E o que não sabe, aprende rápido! -- Marco respondeu babando
--O homi créu sempri si metendu im tudu! -- Raed resmungava
--Dançando e cantando, viram, meninas? -- Leda instruía -- Quero ver fazer bonito!
--Tamo pronta! -- Ritinha respondeu
--Solta o som! -- Zezé bateu uma palma
--É mole? -- Clarice achava tudo divertido
--E cadê o gatão, hein? -- Cecília procurava por Fred
--Vamo, Janaína, todo mundo vai dançar! -- Aisha puxava a mulher pelo pulso -- Vem!
--Eu já não sou de dançar e ainda mais com música de Catitta! -- resmungava
--Solta franga e deixa rolar, meu amor! Hoje é dia de alegria! -- a mulher respondeu
--Alá! -- Dora apontava Janaína para Penha -- Lá vai a muié machu si preparandu pra dançá fanqui!
--Coisa ridícula! -- Penha fez cara de desgosto
--Simbora dançá, Catiúcia! -- Ahmed chamava -- Vai sê divirtidu!
--Vamu! -- animou-se -- Nossu fio tá durmindu intão agora possu sortá minha franga!
--Eita, sortá franga, não! -- reclamou de cara feia -- Muié minha tem recatu! -- protestou
--Maama, farta pôco! -- Nagibe avisou olhando para o relógio
--Intão, -- posicionou a faixa e aumentou o volume -- A mio música du anu!!!
--Catitta!!! -- Leda gritou
--Cara, não acredito! -- Getúlio zombava
--Cala a boca, criatura! -- Raquel deu um tapa no braço dele -- Não aprende! -- comeu uma castanha
--Até você, mulé? -- esfregou o braço dolorido
E o som da buzina invadiu o ambiente.
“Prepara,
Que agora,
É a hora...”
--Di show di poderosa, laiála, laiála! -- Amina cantava e dançava
“Que descem,
Rebolam,
Afrontam as fogosas,
Só as que incomodam,
Expulsam as invejosas...”
--Catitta, poderosa!!! -- Fred soltou a franga e correu para o meio das dançarinas todo se rebol*ndo
--Será...? -- Cecília perguntava-se decepcionada
“Que ficam de cara,
Quando toca...”
--Prepara, se não tá mais a vontade, sai por onde entrei... -- Ritinha cantava e se requebrava
--Quando começo a dançar eu te enlouqueço, eu sei... -- Zezé ia na onda
--Meu exército é pesado, a gente tem poder... -- Gilson cantou a única frase que sabia ao certo
“Ameaça coisas do tipo você,
--Vai! -- Najla gritou se requebrando
Todas crianças dançavam em roda com Zinara e Clarice.
--Sorta o som qui vai mi vê... -- Amina cantava e dançava
--Sambando... -- Leda e sua gangue responderam
--Pega us trem qui ocê tá...
--Babando...
--Vem, Gê, vamos dançar! -- Raquel puxou o marido
--Mas eu curto é pagode, mulé! -- respondeu contrariado ao ser puxado por ela
--Cara, isso tá muito louco!!! -- Aisha ria enquanto dançava
--Tá mesmo! -- Janaína dançava e ria
Ahmed, Nagibe e Cid brincavam e dançavam juntos. Suas esposas também.
--Sorta o som qui vai mi vê... -- Amina não parava
--Sambando... -- todos responderam
A família de Catiúcia uniu-se aos dançarinos.
“Chama atenção à toa,
Perde a linha, fica louca...”
--Fazia tempo que eu não me divertia tanto, dona Najla! -- Marco falou enquanto dançava
--E eu! -- ela concordou
--Fica loucaaaaaa!! Fica loucaaaaaaaaa!! -- Fred rebol*va como se fosse a última vez
--Será...? -- Cecília se perguntava decepcionada
--FELIZ 2014!!!!!!! -- Zinara gritou -- Simbora, criança!!!!
--OBRIGADUUU!!!!!!!! -- os pequenos gritavam e pulavam -- AHAHAHAHAH!!!!
--Que 2014 seja têúdêô: TU-DÔ!!! -- Aisha pulou no pescoço da esposa e beijou-a sem pensar em nada
--Genti!! -- Dora agarrou o braço de Penha
--Pôca vergonha!! --Penha escandalizou-se
--Eita! -- Raed não sabia o que fazer
--Feliz ano novo, minha gangue!! -- Leda, Ritinha, Zezé e Amina se reuniram em um abraço grupal -- Oba!!!
--Feliz 2014, Gilsão!!! -- Fred jogou-se nos braços do marido
--Será...? -- Cecília tinha pontos de interrogação na cabeça
--Porr*, isso aqui tem de tudo! -- Getúlio comentou com a mulher -- Sapata, viado...
--Pelo amor de Deus! -- Raquel segurou-o pela camisa -- Cala essa boca e não se mete em confusão falando bobagem! -- pediu
Getúlio reparou que Nagibe e Cid estavam por perto e puxou Raquel para um beijo nos lábios. “Deixa eu disfarçá porque não agüento mais tanta porr*da!” -- pensou
--Feliz ano novo, seu Marco! -- Najla e o homem deram-se as mãos
--Se for perto da senhora, será um ano muito feliz mesmo! -- ele respondeu e os dois suspiraram apaixonados
--Sahar... -- Zinara segurou Clarice por uma das mãos -- Vem comigo? -- sorria -- Yaalah? (Vamos lá?) -- chamou
--Com você eu vou pra qualquer lugar, meu amor... -- respondeu apaixonada
***
--Feliz ano novo, amor! -- Lúcia e Cátia se abraçaram carinhosamente -- Você foi meu presente de 2013! -- sussurrou no ouvido
--E você é meu presente pro resto da vida! -- sussurrou também
--Ai... -- suspirou apaixonada
Minutos depois...
--Feliz ano novo, Mag! -- abraçou-a com carinho -- Sei que não parei quieta nessa praia, mas sou agitada assim mesmo! -- falava no ouvido -- Na cama e fora dela... -- sussurrou
--Feliz ano novo, Cátia! -- fechou os olhos -- Você é toda enrolada, mas eu te adoro!
--Também te adoro... -- segurou o rosto dela com as duas mãos -- Ainda mais quando fica toda nua só pra mim... -- sussurrou com voz sedutora
--Não me provoca... -- deu um tapinha no braço dela
“Meus pés estão queimados e as pernas doem de tanto que andei pra lá e pra cá, mas esse réveillon na praia foi um sucesso!” -- Cátia pensava -- "E ninguém desconfiou de nada!” -- sorriu vitoriosa
***
--Amor, o céu tá ainda mais lindo visto daqui! -- Clarice comentou admirada -- Meu Deus, eu me sinto... -- caminhou um pouco e abriu os braços -- num filme de amor!
--Diz pra mim como você se sente. -- pediu -- Gostaria de ouvir. -- sorria
--Ser ‘capturada’ -- fez aspas com os dedos -- por você no meio da alegria do réveillon e fugir montada num cavalinho pra chegar aqui -- rodopiou -- e ver esse céu lindo! -- emocionou-se -- Ah, Zinara... -- olhava para ela -- Eu nunca senti isso, eu nunca vivi isso! -- derramou uma lágrima -- É lindo! -- sorria -- Eu te amo de um jeito que... -- não conseguiu explicar -- Eu te amo... -- outra lágrima teimosa rolou por seu rosto
--Também nunca vivi isso, Sahar! -- aproximava-se lentamente -- Eu pensava que já tinha visto o amanhecer, mas não... -- segurou as mãos da namorada -- Eu só vi o sol nascer com os olhos do corpo! -- emocionou-se também -- Com você, eu vejo o amanhecer com os olhos da alma...
Clarice não conseguia falar.
--Eu não te trouxe aqui pra fazer amor ou simplesmente pra poder te tocar, eu te trouxe pra te mostrar o quanto te pertenço, -- falava com intensidade -- não no sentido de ser sua posse, mas de fazer parte de você!
--Zinara... -- sentia o coração disparar
--Sou sua, tanto quanto as estrelas são do céu, tanto quanto o céu completa a terra, tanto o quanto a terra abriga as águas e tanto quanto as águas geram vida!
--Amor... -- envolveu o pescoço dela com os braços
--Não me importa se tenho pouco ou muito tempo, mas apenas quero que este tempo se passe com você! -- olhava nos olhos -- Behebbik ya wenti ‘aarfa haءolhalek feskot... (Eu te amo, e direi isso em silêncio...) -- abraçou-a pela cintura -- Tacaalii, habibi... (Vem, querida...) -- beijou-a com intensidade
“Eu nunca havia experimentado tamanha felicidade, Kitaabii (Meu Livro)! Nunca tive um final de ano, ou seja lá que época da vida, em que tudo corresse tão bem para mim! Pena que pude sentir essa alegria somente agora, quando vivo o outono de meus dias, mas prefiro pensar que é melhor assim. Triste seria nunca ter experimentado esse júbilo no coração...
Ficará para sempre gravada em mim a lembrança de cavalgar com Sahar no escuro da noite, iluminadas apenas pelos astros, sentindo o vento acariciar nossos cabelos e o calor da pele uma da outra. Marcado em meu peito, ficará o registro dessa felicidade simples e despretensiosa que sinto agora, mesmo diante dos desafios que tenho pela frente.
Estou viva, Allah me permitiu chegar até aqui. E que caminhada, Kitaabii, que caminhada...
Aprendo cada vez mais que a felicidade não é um destino para o qual nós nos dirigimos, mas talvez o próprio caminho. O Tao, cujo traçado se esconde dentro de nós, plantado na intimidade dos pensamentos, nos recônditos da alma...
Eu quero viver, Kitaabii! Quero muito! E isso independe do fato de meu corpo estar inteiro ou não.
Câncer, seja lá como você progrida, hoje eu sei: te venci!”
***
E no primeiro dia de 2014, Zinara arrumava a mesa para o café da manhã quando o celular tocou.
--Quem será a essa hora? -- pegou o aparelho desconfiada -- Ih, Jamila! -- atendeu curiosa -- Alô! -- caminhou para perto da janela
--SabaaH Il-kheer (Bom dia), Zinara. -- a advogada saudou -- Incomodo? -- perguntou receosa
--SabaaH in-nuur (Bom dia), Jamila. -- cumprimentou -- De forma alguma. -- respondeu com delicadeza -- Como vai? Como foi de final de ano?
--Passei as festas com usritii (minha família) e foi muito bom. E você?
--Aqui também foi maravilhoso! -- sorriu -- E fico muito feliz em saber que fez diferente dessa vez!
--Farei diferente em um monte de coisas, habibi. -- respondeu gentilmente -- Bem, não vou tomar seu tempo... Queria te dar uma notícia que você vai gostar! -- anunciou
--Sou toda ouvidos! -- sentiu o coração disparar
--Descobri o paradeiro de doutor Viegas!
--Oh, Aba! -- fechou os olhos -- Onde?
--Em um manicômio estadual em Coriteba. -- pausou brevemente -- Acabo de mandar o endereço pro seu e-mail.
--Chukran (Obrigada), Jamila! -- abriu os olhos -- Não sabe o quanto me ajudou com isso!
--Al’afw! (Não há porque agradecer!) Sempre que precisar, estarei às ordens!
--Digo o mesmo! -- pausou brevemente -- Feliz 2014, Jamila!
A advogada gastou uns segundos calada. -- Feliz 2014, Zinara... -- suspirou -- Tchau!
--Tchau! Tudo de bom! -- desligou o telefone e ficou pensando no que fazer dali para frente -- Acabou o recreio, Zinara! -- falava para si mesma
--Que qui hovi qui ocê taí parada e falandu sozinha, minina? -- Amina perguntou desconfiada ao chegar na sala
--Já sei onde doutor Viegas está, maama! -- respondeu de pronto
A mulher sentiu o coração disparar. -- E é dissu qui ocê tem medu? Di sabê ondi incontrá eli?
--Eu não tenho medo do alif, mas do que vem depois... -- respondeu com um provérbio de Cedro
(Nota da autora: alif, primeira letra do alfabeto)
Fim do capítulo
Músicas do capítulo:
Najla Suspira com:
Meu Ébano. Intérprete: Alcione. Compositores: Nenéo / Paulinho Rezende
Marco Suspira com:
Dona. Intérprete: Roupa Nova. Compositores: Sá & Guarabira
E o povo canta na roça:
Show das Poderosas. Intérprete: Anitta. Compositora: Larissa Machado
Comentar este capítulo:
PaudaFome
Em: 02/06/2024
Suas histórias são maravilhosas demais!!! Com certeza você viveu algo do que nos conta porque ninguém pode descrever um casamento ou uma festa de final de ano do jeito que você faz sem ter vivido a gente vai junto e é incrível... adoro a família da Zinara, Clarice dona Leda agora já até simpatizo com a Jamila e me divino com a cafa da Cátia kkkk super curiosa com o caso do Viegas!
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Samirao
Em: 09/10/2023
Hoje en dia quisera eu ir pra roça...
Solitudine
Em: 11/11/2023
Autora da história
É...
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Femines666
Em: 16/03/2023
Que capitulo gostosinho! Amei! Bora pra roça?
Resposta do autor:
E quem não quer ir para essa roça? rs
Beijos,
Sol
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Seyyed
Em: 19/09/2022
Eu fico louca com os eventos da roça! Sonho, babo, invejo, admiro parece tão da hora tão incrível E tanta gente junta se divertindo. Zi e Clarice vivem uma história de amor tão linda tão envolvente. Aquilo que todo mundo sonha prasi e eu DUVIDO que a Zi vai morrer porque tu não é louca hahaha
Cátia só administrando Tremenda cafaaa E o Viegas hein? Vem aí um desafio foda pra Zi
Resposta do autor:
E quem não gosta dos eventos na roça? Eu amo!!!! rs Fico feliz por ter te animado também!
A história delas é muito linda! Zinara e ninguém morre; só muda de dimensão. rs
Cátia não é mole e Viegas é uma verdadeira montanha para a caipira de Cedro escalar.
Beijos,
Sol
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Zaha
Em: 22/03/2018
Boa noite,
Eu vi o vídeo e em parte concordo, milhões de pessoas morrem. Como disse, mais que nas guerras. O sistema nos hospitais psiquiátricos está muito mal. Sou a favor da reforma de saúde mental e a indústria farmacêutica também ganha muito com isso, por isso é conveniente pra eles.A forma como tratam e medicam nao está controlada,nao informam aos pais, nao visam a recuperação ou reinserção na comunidade, deixam aí como lixos humanos, sem falar os maltratos. Sem falar que existem pacientes que nao necessitam ficar nos hospitais, podem dar seguimentos desde casa...tem os familiares tb,nao vamos esquecer que muitos largam, nao apoiam pra que voltem ...os medicamentos receitados de forma desmedida. Apesar das investigações nao se sabe a razão real e sempre vamos encontrando algo novo, n é? Assim que nao concordo c a afirmação deles,mas acho importante esse vídeo para informar as pessoas e dar importancia a Nao aos hospitais psiquiátricos..
Sim existem fatores emocionais pelos que passamos durante nosso desenvolvimento ou durante a gestacao que podem vir a acarretar uma dessas patologias, sao mts experiencias traumatizantes que podem levar ao desenvolvimento das doencas.
Nemm vamos falar que sao consequencias das vidas passadas, n, é? Todas as doencas sao requícios de outra vida segundo o espiritismo ou obssessos. Existem alguns médicos que acreditam na parte espiritual e as vezes diagnosticam como influencia espiritual ou requícios de outra vida e nao como patologia, indicam buscar um centro..já vi alguns casos. Vi um psicólogo tb que trabalha assim...muito bom. Mas é um tema delicado isso, mas devemos nos comprometer mais e lutar, afinal somos parte e se n fizermos nada tb seremos responsáveis, n devemos atuar de acordo com o que é conviniente pra gente e sim para todos, trabalhar para um ,mesmo que faca c o coracao n vai melhorar esse mundo e nos mesmos, tem que ser coletivo, uma mudanca interna....estamos vivendo tempos tenebrosos..a reforma íntima é necessária, devemos nos preparar e formar pessoas capazes de auxiliar, fortificar nossa esperanca, fé.
eu tinha deixado o espiritismo de lado pq estava com umas reflexoes que o espiritismo n podeia me responder ainda,busquei outras fontes e me perguntava pq n houve uma reformulacao no livro dos espíritos,mas acho que saiu uma nova edicao, se n me engano. Eu voltei há dois anos,mas tenho problma c a constancia, porém tentarei de novo..rsrs. Como dizem se vc tem conhecimento e se comporta de forma relapsa, a consequencia é pior, fiz algumas projetos,mas acho q posso fazer mais.. vc fez esse projeto aqui escrevendo, n? Mas faca mais por aí tb. Incentivar a galera, pena q n aproveitaram aqui,né? Bom, cada um tem seu momento..
sorry,sempre escrevo demais.. as vezes nada com nada..rs.
Sabe que tenho outra percepcao de Zinara nessa segunda leitura...tá mais humana, ou seja, imperfeita..demais!! kkkkkkkkkkkkkk. Gosto mais dessa!
Nariguda kkkk. Nariz de tucana..huahauhauahahuaha. Ou é batatinha ou é atucanado os narizes dos Libis!! Mas tem boa genética , são biitas!
Sinto tanto por Cátia, era tao doce, pena que a morte das duas a fez tao mal!!
Olha Samira, mt bem! Renovando os vínculos familiares..todo mundo feliz!
Que lindas ,Zi e Clarice!! Mas MT sexo, só se vêem e logo a curnicha (nem domina a situação!! Rs
Frases lindas! N sabia que tinha talento pra poemas kkkkk. N colocou fontes, então foi vc!! MT bem, assim fica mais fácil ter namorada! Hahahaha. E nem venha c jogada ao vento..derrengada!! Rsrs.
Ese capítulo foi....
têúdêô: TU-DÔ!!
Benciones, amor, luz, fuerza, un beso en tu alma y abrazo Lailêsco!!!
Cuídate, Sadiki!!
PS: Foi grande esse..sorry!
Vuelvo pronto, no me eches de menos!Jejeje
Se falei algo que n foi do seu agrado,discúlpame!
Resposta do autor:
Concluo que assistiu ao vídeo Psiquiatria: a Indústria da Morte. Tenho atualmente prestado atenção na medicina chinesa e na quântica. Porém, como ando cheia de demandas e problemas e tudo mais, não dou o devido aprofundamento. A superficialidade tem sido uma constante em uma série de coisas para mim, dada a falta de tempo. Quisera o dia ter 72h e eu não precisar dormir! rs
Mas Zinara é humana! Ela apenas aprende a viver mais rápido que muitos, por uma questão de necessidade, vida ou morte.
É, dona Lailinha, as curnichas deste casal Zinara e Clarice piam bastante. Mistura muito amor com atração, tempos sem se ver e dá nisso! kkk
Eu gosto de escrever... ainda não percebeu? Poesia inclusive.
Esse vento andou me sacudindo mesmo. E a derrengação está complexa de trabalhar. Hoje o que mais me derrenga é este (des) governo brasileiro!!
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Gabi2020
Em: 17/05/2020
Olá Solzinha tudo bem ?
Essa história com Khaled foi sinistra por demais.
Zinara com todo jeito conseguiu convenver o pai sobre a vasectoma do irmão, legal vê-los conversando sem troca de acusações.
Essas escritoras filhas da dona da Leda hein? Uma lesa louco por macho e outra esfomeada... Kkkkkkk... A Clarice é mais normal delas. Entendo dona Leda ser do jeito que é.
"Comida pra Raquel, homem pra Cecília e Zinara pra Clarice... gosto de ver minhas meninas satisfeitas...” -- pensou... Resuma das filhas de dona Leda... Kkkkkk...
Clarice foi uma fada sensata com a Cátia, pena que a geofísica não conseguiu absorver o que foi dito, quem perdeu foi ela.
"Intrumetidu"... Relaxa seu Raed... Kkkkkk...
Seu Marco veio com artilharia pesada e Raed não gostou nada! Kkkkkk... Mas ele não tem que gostar mesmo, quem tem que gostar é a mãe da Aisha.
Momento ownnn... Sahar e Zinara... Ai ai ... Tão fofinhas!
Você sabe fazer esse buche de Noel? Parece ser tão gostoso.
"Traída pela minha própria gangue!” -- pensou contrariada -- “Não se pode confiar em ninguém...”Kkkkkkk...
Ahmed não toma jeito mesmo, felizmente Raed deu uma situada nele e Cecília... Bem Cecília é de um "assanhamentu" viu?
Getúlio é melhor nem comentar, escroto.
“O diacho desse homem tinha um fogo no pinto, que minha Nossa Senhora!” -- pensou surpreendida... Ya Leda... kkkkkkk...
Se aquela barraca falasse...
Beijos Solzinha!
Sou canhota sim! E meu afilhado também é, somos os únicos da família... É muito inteligência né? Você já ouviu isso né? Que os canhotos são mais inteligentes! Kkkkkkkkkk....
Tá cuidando bem da velhinha?
Beijos querida!
Ps. Professor é a mais bela profissão que existe. Sabia que no Japão a única pessoa que o imperador presta reverêcia é para o professor?
Resposta do autor:
Olá Gabinha!!!
E existem vários Khaleds por esse mundo velho sem porteira...
Zinara convenceu o pai e usou umas mentirinhas brandas para ficar tudo mundo manso e essa vasectomia poder acontecer sem maiores consequências! kkk
E Clarice também tem trabalho com as irmãs, né? Ô mulherada doida! kkk
Raed é ciumento, mas como diria aquele técnico: vai ter que engolir.
"Você sabe fazer esse buche de Noel?" Não. Só camma Najla.
Ahmed foi muito mal criado e tem um instinto sexual bem aguçado. Aí junta com a ideologia machista e dá no que dá. Mas ele também está em seu processo de amadurecimento e vai saber se portar melhor diante da vida. Assim como Getúlio, que você adora!!! kkk
Há barracas que escondem muitos segredos...
"Tá cuidando bem da velhinha? " Chegou aqui muito para baixo. Agora está linda, fofinha e bem alimentada. É rebelde mas a caipira sabe lidar com essas crianças de cabelos brancos.
Beijos!
Sol
PS: melhorou da mão?
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Zaha
Em: 22/03/2018
Boa noite,
Eu vi o vídeo e em parte concordo, milhões de pessoas morrem. Como disse, mais que nas guerras. O sistema nos hospitais psiquiátricos está muito mal. Sou a favor da reforma de saúde mental e a indústria farmacêutica também ganha muito com isso, por isso é conveniente pra eles.A forma como tratam e medicam nao está controlada,nao informam aos pais, nao visam a recuperação ou reinserção na comunidade, deixam aí como lixos humanos, sem falar os maltratos. Sem falar que existem pacientes que nao necessitam ficar nos hospitais, podem dar seguimentos desde casa...tem os familiares tb,nao vamos esquecer que muitos largam, nao apoiam pra que voltem ...os medicamentos receitados de forma desmedida. Apesar das investigações nao se sabe a razão real e sempre vamos encontrando algo novo, n é? Assim que nao concordo c a afirmação deles,mas acho importante esse vídeo para informar as pessoas e dar importancia a Nao aos hospitais psiquiátricos..
Sim existem fatores emocionais pelos que passamos durante nosso desenvolvimento ou durante a gestacao que podem vir a acarretar uma dessas patologias, sao mts experiencias traumatizantes que podem levar ao desenvolvimento das doencas.
Nemm vamos falar que sao consequencias das vidas passadas, n, é? Todas as doencas sao requícios de outra vida segundo o espiritismo ou obssessos. Existem alguns médicos que acreditam na parte espiritual e as vezes diagnosticam como influencia espiritual ou requícios de outra vida e nao como patologia, indicam buscar um centro..já vi alguns casos. Vi um psicólogo tb que trabalha assim...muito bom. Mas é um tema delicado isso, mas devemos nos comprometer mais e lutar, afinal somos parte e se n fizermos nada tb seremos responsáveis, n devemos atuar de acordo com o que é conviniente pra gente e sim para todos, trabalhar para um ,mesmo que faca c o coracao n vai melhorar esse mundo e nos mesmos, tem que ser coletivo, uma mudanca interna....estamos vivendo tempos tenebrosos..a reforma íntima é necessária, devemos nos preparar e formar pessoas capazes de auxiliar, fortificar nossa esperanca, fé.
eu tinha deixado o espiritismo de lado pq estava com umas reflexoes que o espiritismo n podeia me responder ainda,busquei outras fontes e me perguntava pq n houve uma reformulacao no livro dos espíritos,mas acho que saiu uma nova edicao, se n me engano. Eu voltei há dois anos,mas tenho problma c a constancia, porém tentarei de novo..rsrs. Como dizem se vc tem conhecimento e se comporta de forma relapsa, a consequencia é pior, fiz algumas projetos,mas acho q posso fazer mais.. vc fez esse projeto aqui escrevendo, n? Mas faca mais por aí tb. Incentivar a galera, pena q n aproveitaram aqui,né? Bom, cada um tem seu momento..
sorry,sempre escrevo demais.. as vezes nada com nada..rs.
Sabe que tenho outra percepcao de Zinara nessa segunda leitura...tá mais humana, ou seja, imperfeita..demais!! kkkkkkkkkkkkkk. Gosto mais dessa!
Nariguda kkkk. Nariz de tucana..huahauhauahahuaha. Ou é batatinha ou é atucanado os narizes dos Libis!! Mas tem boa genética , são biitas!
Sinto tanto por Cátia, era tao doce, pena que a morte das duas a fez tao mal!!
Olha Samira, mt bem! Renovando os vínculos familiares..todo mundo feliz!
Que lindas ,Zi e Clarice!! Mas MT sexo, só se vêem e logo a curnicha (nem domina a situação!! Rs
Frases lindas! N sabia que tinha talento pra poemas kkkkk. N colocou fontes, então foi vc!! MT bem, assim fica mais fácil ter namorada! Hahahaha. E nem venha c jogada ao vento..derrengada!! Rsrs.
Ese capítulo foi....
têúdêô: TU-DÔ!!
Benciones, amor, luz, fuerza, un beso en tu alma y abrazo Lailêsco!!!
Cuídate, Sadiki!!
PS: Foi grande esse..sorry!
Vuelvo pronto, no me eches de menos!Jejeje
Se falei algo que n foi do seu agrado,discúlpame!
Resposta do autor:
Concluo que assistiu ao vídeo Psiquiatria: a Indústria da Morte. Tenho atualmente prestado atenção na medicina chinesa e na quântica. Porém, como ando cheia de demandas e problemas e tudo mais, não dou o devido aprofundamento. A superficialidade tem sido uma constante em uma série de coisas para mim, dada a falta de tempo. Quisera o dia ter 72h e eu não precisar dormir! rs
Mas Zinara é humana! Ela apenas aprende a viver mais rápido que muitos, por uma questão de necessidade, vida ou morte.
É, dona Lailinha, as curnichas deste casal Zinara e Clarice piam bastante. Mistura muito amor com atração, tempos sem se ver e dá nisso! kkk
Eu gosto de escrever... ainda não percebeu? Poesia inclusive.
Esse vento andou me sacudindo mesmo. E a derrengação está complexa de trabalhar. Hoje o que mais me derrenga é este (des) governo brasileiro!!
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Solitudine Em: 14/06/2024 Autora da história
Olá querida,
A caipira viveu de fato algumas coisas, outras são trem doido que ela inventa! rs
Que bom que você adora as famílias e que até Jamila tenha caído na sua graça. Muito bom!
Continue aqui e a curiosidade será satisfeita!
Beijos,
Sol