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EM BUSCA DO TAO por Solitudine

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Palavras: 16538
Acessos: 10437   |  Postado em: 15/01/2018

O CASÓRIO

 

 

CAPÍTULO 62 –  Vida Dupla

 

Cátia penetrava em Magali vigorosamente, imprensando-a contra a parede. Beijavam-se com fome uma da outra.

 

--Ah, ah, ah... -- arranhava as costas da amante -- AHAHAHAH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! -- gritou ao atingir o clímax

 

--Ah... Isso, minha linda! -- a loura continuava penetrando e apertando uma das coxas da outra mulher -- Vai!

 

--AHAHAHAH!!! -- gozou mais uma vez, fechou os olhos e sorriu -- Ah... -- acalmava a respiração aos poucos -- Meu Pai... -- abriu os olhos -- Ai, mas o que foi isso?

 

--Duas mulheres quentes fazendo amor! -- beijou-a e sorriu -- Você me deixa louca! -- afastou-se permitindo que a parceira tocasse os pés no chão -- Eu fico cheia de desejo! -- seus olhos faiscavam

 

--Mas ainda não acabou, minha loura incrível... -- mudou as posições e encostou a geofísica na parede -- Quero você... -- mordeu-lhe o queixo e seguiu lambendo seu corpo até chegar na virilha -- Se seus dedinhos fizeram maravilhas, -- ajoelhou-se -- minha lingüinha também não faz por menos! -- mergulhou no sex* da amante

 

--AH!!!!!! -- fechou os olhos e sorriu de prazer -- Você é demais, Mag...

 

***

 

--Ai, amor, ai... -- Lúcia gemia com os olhos fechados -- Assim, vai, desse jeito, ah!! -- pedia com respiração ofegante

 

--Isso, minha delícia, mexe gostoso... -- estimulava-a com os dedos enquanto penetrava com um acessório -- Assim... -- sorria maliciosamente

 

--Ah, hum!!!!! Ai!!! -- inclinou a cabeça para trás e gozou

 

--Quer mais, hein? -- segurou-a pela cintura e começou a rebol*r devagar, penetrando mais profundamente -- AHAHAH!!!!!! -- atingiu o orgasmo também

 

--AHAHAH!!!!!!! -- gozou pela segunda vez e caiu de bruços sobre a cama. Cátia deitou-se por cima -- Ai, pára, que você vai me matar... -- pediu dengosamente

 

--Só se for de prazer... -- sussurrou no ouvido -- Gostosa! -- retirou o acessório de dentro da outra -- Te adoro... -- seguiu beijando e lambendo as costas da amante -- Te adoro... -- mordeu uma das nádegas de leve

 

--Hum... -- virou de barriga para cima -- Adora mesmo? -- fez um dengo -- Vem cá, vem? -- chamou com o dedinho

 

--Vou! -- percorreu uma trilha de beijos até os lábios da bombeira -- Cheguei! -- brincou e beijou-a novamente

 

--Será que a doutora Cátia Magalhães só sai comigo mesmo? -- perguntou melosa

 

--Do contrário seria louca! -- beijou-a com paixão

 

***

 

--Difícil acreditar que alguém como você só saia comigo! -- Magali comentou acariciando o rosto da loura -- Seu passado te condena, Cátia! -- beijou-a

 

--Perdi Clarice pra terrorista de Cedro justamente por ter metido os pés pelas mãos. -- beijou-lhe -- Administrar várias mulheres é complicado... -- deslizava as mãos pelas costas da amante -- Ainda mais uma tão... -- mordeu-lhe o lábio inferior -- faminta quanto você... -- sorriu maliciosamente

 

As duas estavam nuas e sentadas uma de frente para outra.

 

--Não sei... -- envolveu a cintura da geofísica com as pernas -- Esses lábios seus podem dizer muitas coisas... -- colou os corpos -- Quantas serão verdadeiras? -- beijou-a

 

--Meus lábios podem fazer muito mais... -- mudou as posições e deitou-se sobre a outra -- Muito mais... -- mordeu um mamilo

 

--Ah!! -- sorriu e gem*u -- Mostra quanto mais... -- pediu melosa

 

--Já que me pede... -- posicionou-se de modo que seu sex* ficasse diante do rosto da outra -- Também posso te pedir... -- provocou com a língua

 

--Ui... -- sentiu um arrepio -- Posição sessenta e nove? -- apertou as coxas da loura -- Podemos tentar... -- deslizou o nariz pelo sex* da parceira e introduziu a língua

 

CAPÍTULO 63 –  É Assim Que Eu Me Sinto

 

Zinara caminhava com Ahmed pelo roçado.

 

--É logo ali. -- apontou -- Daqui a pouco se chega na pedra. -- seguiu na frente por uma pequena trilha

 

--Comu qui eu morei aqui tantus anu e nunca qui sôbi dessis caminhu? -- perguntou espantado

 

--Porque você nunca foi de explorar o mato como eu. -- respondeu simplesmente

 

--Nagibe e Cid já viéru aqui? -- desvencilhou-se de um galho seco

 

--Aywah (Sim). Às vezes eu os trazia aqui quando eram crianças, mas eles não gostavam muito de caminhar. -- escalou rapidamente uma pedra arredondada -- Não é de hoje que eles não são chegamos a uma aventura! -- brincou

 

--Elis nunca qui mi mostraru essis caminhu! -- reclamou disfarçadamente -- Oxi! -- fez cara feia -- Merda! -- xingou baixinho ao ralar o joelho

 

A morena abaixou-se no topo da pedra e olhou para o irmão. -- Não tá conseguindo subir? Quer ajuda?

 

--Mais é claru qui cunsigu, uai! -- afirmou contrariado -- Careci di ajuda, não! -- recusou

 

Após observar as mal sucedidas tentativas do jovem, a astrônoma resolveu orientar: -- Pisa com o pé direito ali, -- apontou uma região da pedra -- e segura com a mão esquerda naquela garrinha natural. -- mostrou -- Aí, com a perna esquerda você dá um impulso, põe força na direita e com a mão direita alcança essa garra aqui. -- pôs o dedo em cima -- Assim vai dar certo, baseeta (sem problemas)!

 

Ahmed nada respondeu e fez como a irmã falou, conseguindo finalmente escalar a pedra.

 

--Simbora, homi! -- bateu uma palma e continuou a andar -- Yaalah! (Vamos lá!)

 

--Porque ocê sempri sabi di tudu? -- resmungou sem pensar

 

--Isso te incomoda? -- olhou rapidamente para ele e continuou caminhando -- Não tem que saber fazer tudo sozinho só porque é homem, Ahmed. -- afirmou calmamente -- Todo mundo precisa de ajuda em algum momento.

 

--Humpf! -- franziu o cenho sem responder coisa alguma

 

Minutos depois a morena subia em uma pedra de topo achatado. -- É aqui! -- anunciou ao se sentar

 

--Inté qui infim! -- subiu também e se sentou -- Qui massa! -- surpreendeu-se com a paisagem -- É bunitu di vê a vista daqui! -- admirou-se

 

--Jayed jedan! (Muito bom!) -- contemplava a natureza também -- Youssef, Khaled e eu vínhamos muito aqui assistir ao pôr-do-sol. -- apontou rapidamente para o horizonte -- Não demora muito e nosso espetáculo começa! -- encolheu as pernas e abraçou-se com elas -- É só esperar um pouco.

 

--Ocês trêis tinha um mundu qui era só docês. -- falou como se fizesse uma queixa -- Ninguém mais pudia intrá. -- ficou na mesma posição que Zinara -- Muitu menus eu...

 

A professora estranhou o comentário e olhou para o homem. -- Você se sentia rejeitado por nós? -- perguntou surpresa

 

--E num era, não? -- respondeu sem olhar para a astrônoma -- Ocês fazia tudu juntu mais sempri sem eu! Ocês nasceru im Cedro e nunca qui mi insinaru as língua di lá! Era comu si eu num existissi! -- seu tom carregava uma certa mágoa -- Ocês nem quiria sabê qui tinha ôtro irmão! -- acusou

 

--Choo? (O que?) Você realmente pensa assim?! Se considera a vítima da história? -- ficou pasma e indignada -- Quando você nasceu eu já tava com 12 anos, Youssef tinha 10 e Khaled 8. Seu nascimento foi uma verdadeira festa e você se tornou o preferido de baba, toda atenção do mundo era só pra Ahmed Raed! -- lembrava -- A gente mal podia chegar perto... -- comentou magoada -- E você era uma criança tão chata, tão mimada! -- fez uma cara feia

 

--Eu fui relegadu e sô relegadu pur ocês tudu! -- acusou mais uma vez -- Até pur Nagibe e Cid, qui sempre foru carni e unha, mais cumigu nunca tiveru muita amizadi, não!

 

--Você sempre teve tudo, Ahmed! -- retrucou de pronto -- Mais do que todo mundo!

 

--E ocê murria di inveja dissu, né não? -- provocou

 

--Eu me incomodava, sim! -- assumiu -- Acha que eu também não queria a atenção de baba e maama? Acha que Youssef e Khaled não queriam? Pelo menos que fosse uma pequena parte da que você recebia já tava bom! -- desabafou -- Eram injustiças que me incomodavam! Tudo pra você era perdoável, pra nós não! Tudo pra você vinha de mãos beijadas e nós tínhamos que fazer por onde! -- olhou para o horizonte e respirou fundo -- Você também sempre foi muito brigão e implicante. Não pode se admirar que Nagibe e Cid não tenham grandes entrosamentos contigo. -- pausou brevemente -- Melhor mudar o rumo dessa prosa, porque eu não te trouxe aqui pra discutir, mas pra te apresentar esse lugar, só isso.

 

Ahmed gastou uns segundos calado até que perguntou: -- E pur que issu agora? Pur que mi trôxi aqui?

 

--Porque você é o único que vejo com disposição pra mostrar esse lugar pras crianças. -- respondeu com a verdade -- Nagibe e Cid não farão isso e Khadija e Cidmara são muito pequenininhas. -- admirava o céu dourado -- Ahmed João e Ahmed Marcos já têm idade pra agüentar essa caminhada, podem vir contigo. -- sorriu melancólica -- Depois, quando Ahmed Lucas, Khadija e Cidmara ficarem maiores, você poderá trazê-los também. Ou então os meninos mais velhos podem fazer isso. -- passou a mão nos cabelos -- E Ahmed Mateus também merece vir aqui... mas deixa ele nascer primeiro, né? Mês que vem o bichinho taí, inshallah (se Deus quiser)!

 

Ficou desconcertado com a resposta. -- Ora, mas ocê mesma podia di trazê os mininu, num sabi? -- não entendia -- Num mi trôxi?

 

--Não quero tirar de você o prazer de viver experiências bacanas com awlaadak (seus filhos). -- olhou novamente para ele -- E não creio que vou viver pra trazer os menores pra cá. -- deslizou uma das mãos na superfície da pedra -- Você pode achar tudo isso uma grande bobagem, mas esse lugar faz parte de nossa história. Não queria que essa história morresse...

 

--Nem eu... -- gastou uns segundos calado e pensativo -- Ocê devi di si perguntá purque iscolhi ocê e Nagibe pra batizá meu mininu. -- Zinara olhou para ele -- Nagibe foi pur causa da aligria di Khadija cum a gravidez di Catiúcia e ocê... -- criava coragem para dizer -- purque eu sempri murri di inveja docê e num quiria qui meu fio fossi um burru di roça qui nem eu. -- envergonhou-se -- Eu quiria qui meus mininu tudu fossi dotô, qui nem ocê... -- confessou

 

A professora novamente se surpreendeu.

 

--Catiúcia deu aquela rata di falá di tua herança, mais juru qui num foi nissu qui eu... -- balançou a cabeça negativamente -- Eu num tava di oio im dinhêru teu! -- afirmou com verdade -- Tem minha palavra dibaxu di Deus e di nossus ancestrar. -- jurou

 

Envergonhou-se por tê-lo julgado mal. -- Acredito em você... -- mirava a despedida do sol -- E também nunca imaginei que você tivesse inveja de mim... Sempre acreditei que você me achasse uma solteirona metida a besta. -- acabou achando graça

 

--Eu achu istranhu ocê num sê casada e nem tê seus mininu, mas sempri murri di inveja docê sabê di tudu. -- assumia -- Uma muié intiligenti, qui conheci o mundu, qui já fez tanta coisa boa pur dimais da conta nessa vida... -- pausou brevemente -- Ocê é pêxi grandi qui num cabi nessi aquáriu piquenu qui é a roça... -- contemplava o pôr-do-sol -- Pra mim, a roça já é o mundu qui eu possu tê, e num queru corrê atrás di mudá issu, não... -- admitiu -- Mas quiria qui prus meus mininu fossi di ôtro jeitu...

 

-- Inshallah (Se Deus quiser), pode ser! -- afirmou convicta -- Só depende do modo como vai orientá-los na vida e depois das próprias escolhas que os meninos fizerem.

 

--Eu só isculhi mar. -- reconheceu

 

--Então comece a fazer o certo! -- argumentou de pronto -- Você ainda é muito jovem pra falar como se não houvesse mais tempo!

 

Ahmed gastou mais alguns segundos calado antes de voltar a falar: -- Quandu baba pricisô di rim... eu pudia tê dadu o meu pra ele... -- não sabia para onde olhar -- Os médicu falô qui nóis era compatívi, mais eu... fartô coragi... -- Zinara não fez comentários -- Eu já num mi guentava di consumição quandu sôbi qui ocê ia doá o teu... -- encolheu-se mais -- Fiquei mi sintindu tão mar, tão... -- emocionou-se -- Num foi atitudi di sujeitu homi!

 

--Sempre soube que você poderia ter doado seu rim. -- confessou naturalmente -- Os médicos me disseram que nós dois podíamos.

 

--Ocê sabia??? -- olhou para ela em choque -- E pur que nunca qui dissi nada? -- questionou sem entender -- Ocê pudia di tê jogadu issu nas minha fuça! Pudia di tê ditu pra baba!

 

--Faria isso se fosse eu? -- perguntou decepcionada -- Ya wail... (Que pena...) -- lamentou

 

O jovem deu um suspiro profundo e contemplou emocionado a pintura celeste feita pelos últimos raios do sol que se despedia. -- Cada veiz mais eu veju qui ocê é uma pessoa muitu ispeciar... -- reconheceu -- Pena qui demorei dimais da conta pra mi atiná nissu... -- lamentou também

 

--Eu tô aqui pensando em tudo e cheguei à conclusão que a gente nunca tinha conversado pra dizer um pro outro como se sentia. -- pausou brevemente -- Não imaginava que você se sentia só ou rejeitado por nós... Nem você devia notar como as coisas foram injustas e que a gente sem querer acabou descarregando em você a mágoa por tudo que aconteceu. -- conjecturava -- Baba errou, maama errou, você errou e nós, seus irmãos, erramos também.

 

--E faz o que agora? -- perguntou com jeito de criança -- Purque eu num quiria qui fossi assim pra sempri... -- lamentou -- Quiria pudê contá cum meus irmão.

 

Deu um suspiro profundo. -- A gente não muda num estalar de dedos, Ahmed, mas pode tentar mudar. -- olhou para ele -- Continuaremos tendo nossas diferenças, mas podíamos ter um pouco mais de amizade. -- estava disposta a tentar -- Você e eu, você e os outros dois... Acho que já é tempo, né?

 

--É... -- estava disposto também -- Tô morrendu di medu di casá e só agora tô sintindu o que é sê um baba. E é difícir qui chega dói! -- confessou -- Pricisu di uma famia cumpleta, iguar ocê pidiu quandu nóis toquemu e cantemu!

 

--Eu aceito batizar seu filho, na verdade será uma honra. -- sorriu ternamente -- E tô disposta a te conhecer melhor. -- tocou o rosto dele -- Só não me peça dinheiro pra sua festa de casamento que eu não vou dar! -- provocou brincando -- Di jeitu manêra, sô! -- acentuou o caipirês

 

--Num queru levá uma sova di baba! -- brincou também e se abraçaram -- Eu vô trazê os mininu aqui, prometu qui vô! -- fechou os olhos

 

--Chukran, ya habibi. (Obrigado, meu querido.) -- fechou os olhos também

 

--Num morri, não, Zinara? -- pediu como se a irmã fosse capaz de controlar o destino -- Nóis pricisa docê!

 

--Tô tentando... -- olhou para ele -- Tô tentando... -- deu um sorriso triste

 

CAPÍTULO 64 – Convites

 

Jamila analisava o caso de Aisha e o momento atual do empresário Mike Ametista.

 

--Você não tá muito bem na fita, ya habibi... -- falava como se o homem estivesse lá -- Os negócios não bombaram como esperava e sua imagem tá um tanto desgastada. -- cruzou os braços pensativa -- A gente podia tentar um acordo pra te ajudar a pousar de bom moço nessa história... -- sorria -- Se eu fosse você, topava!

 

O telefone tocou de repente. -- Alô?

 

--Doutora Jamila, ligação de Godwetrust. -- a secretária anunciou -- A senhora Kristie Puell, da ONG AVATAZ, deseja lhe falar. Posso transferir a ligação?

 

--Oxi! O que essa mulher quer comigo? -- ficou curiosa -- Pode transferir sim.

 

--Ela fala nossa língua. Arrastado, mas fala. -- comentou antes de transferir

 

--Hi there, doutora Jamila! -- a mulher cumprimentou

 

--Hi there. -- respondeu desconfiada -- O que deseja?

 

--A senhora no me conhece mas eu ser da ONG AVATAZ, que se mobiliza contra os injustiça, os guerra, fome e perseguisson na mundo.

 

--Já ouvi falar na sua ONG. Vocês fizeram uma forte campanha solicitando asilo político pro ciberagente Scowben. -- lembrava

 

--Isso, isso mesmo! -- respondeu empolgada -- E nós ficar sabendo que senhora defendeu a professor Hamatsu e fez trabalho maravilhosa!

 

Surpreendeu-se. “Ave Maria, esse povo de tudo sabe!” -- queria entender onde a mulher pretendia chegar -- Sim, mas e então? Por que me procura? Perdoe ser tão direta, mas...

 

--Sua tempo é preciosa, eu sei. -- pausou brevemente -- Eu vai direta ao assunto: nossa ONG tem feito muitas protesto, nas ruas de Godwetrust e no internet, porque non querer a invason de Suriyyah! -- a advogada se interessou -- A mundo pensa que toda gente daqui concorda com política estratégica de nossa país, pois eu digo: non concorda! Nós já non agüenta mais tanta guerra e tanta destruiçon!

 

--Sim... -- aguardava o desenrolar da história

 

--Enton nós procurar advogadas da mundo toda pra lutar contra essa guerra de Suriyyah em bases legais. Nós querer ir além dos passeatas e websites! Nós querer brigar na tribunal, no Suprema Corte! -- explicava-se -- E nós pensar no senhora pra unir forças com nosso causa!

 

--Smallah! -- exclamou admirada -- Eu não esperava por isso!

 

--Eu vai mandar uma e-mail pro senhora explicando as detalhe. Toma seu tempo pra pensar.

 

--Tudo bem. -- concordou sem saber o que dizer

 

--A povo de Suriyyah precisa do senhora. Fica aí a convite! -- afirmou com decisão -- Desculpa tomar sua tempo e obrigada por atençon! -- agradeceu

 

--Por nada. -- respondeu ainda abestalhada -- Eu darei um retorno.

 

--Eu conta com isso! Tchau! -- desligou

 

--Gente... -- desligou o telefone sem saber o que pensar -- Nunca pensei que o caso Hamatsu pudesse levar meu nome pra tão longe... -- passou a mão nos cabelos e sorriu -- Espere só até eu contar isso pra hayati! Ela vai morrer de orgulho! -- debruçou-se sobre a mesa -- E já sei até quando eu vou contar... -- planejava algo

 

***

 

--Eu tô contando nos dedos os dias que faltam pra esse casamento acontecer! -- Zinara falava toda melosa -- Deixa eu te contar que devo estar mais ansiosa que os noivos! -- sorria -- Não vejo a hora de ver minha Sahar, ya habibi, ya gamil (minha querida, minha linda)...

 

--Eu também tô doida pra te ver, amor! -- deitou-se na poltrona e agarrou a almofada -- Infelizmente não tem como ir praí antes do casamento mesmo... -- lamentou

 

--Oh, ya lilli ya aini... (Oh, você que é meus olhos...) -- cantarolou -- Saudades imensas e o medo de não te ver novamente... -- confessou

 

--Own, minha caipirinha, senti que você tava com medo de morrer antes do dia do casamento chegar... -- fazia um dengo -- Mas olha só, você melhorou tanto em pouco tempo! -- afirmou animada -- Sei que vou chegar aí e te ver mais safada que nunca, se Deus quiser! -- brincou

 

--Ma hatha (O que é isso), eu não sou safada! -- protestou como criança

 

--Você é bem safadinha, tá, Zinara? -- falou mais baixo para a mãe não ouvir -- Eu bem que sei... -- sorria

 

--Oxi! -- franziu o cenho -- Você parecia gostar bem dessa minha... -- olhou para todos os lados e falou mais baixo -- safadeza!

 

--Adoro, sua boba! -- soprou um beijo

 

“Hum... olha Clarice cheia de fogo no sofá!” -- Leda pensava enquanto teclava com Amina

 

DonaBord: Nossas filhas namoram no telefone! Que lambição mais danada!

DonaBord: Daqui do quarto vejo Clarice toda saliente na poltrona que nem minhoca na terra quente! kkkkkkkkk

Siriema: Zinara tá nu quintar deitada na rede cum um surriso di oreia a oreia!

Siriema: O amô é lindu! kkkkkkkk

 

--E dessa vez... -- a paleoceanógrafa perguntava sorridente e fazendo charme -- vai ter barraca de camping pra gente dormir? -- perguntou cheia de intenções

 

--E eu é que sou a safada, né? -- brincou -- Tem sim, Sahar, e eu vou montá-la aqui no quintal bem de frente pra onde a Cynthia cheia vai estar!

 

--Ai, que lindo! -- empolgou-se -- Namorar com você sob as bênçãos da Cynthia e das estrelas...

 

--Law ‘aozt negma men el sama hagebha leek… -- sussurrou baixinho

 

--Traduz, amor… -- pediu dengosa

 

--Se você quiser uma estrela do céu, eu a trarei para você...

 

--Você me deixa louca com essa mania de sussurrar esse idioma lindo no meu ouvido... -- suspirou

 

“Eita, meu Pai, que a lambição hoje tá danada!” -- Leda pensava divertida

 

Siriema: Inda bem qui ocês aceitaru o cunviti di vim aqui nu casório di Ahmed mais Catiúcia! Vai sê divirtidu, num sabi?

DonaBord: E a gente ia ser besta de fazer desfeita? Eu até já decidi o modelito que vou usar nesse casamento aí!

DonaBord: Tô velha mas não desço do salto! ;)

Siriema: kkkkkkkkkkkk

Siriema: E eu qui inda num pensei nessis trem di rôpa!

DonaBord: Tem que pensar, mulher! Você é a mãe do noivo!

DonaBord: Nós duas arrasamos no show com Catitta, não podemos fazer feio no casamento!

Siriema: E num é?

Siriema: Inda num tinha mi dadu conta, sô!

 

--Mas, olha, Sahar... -- pensava em como dizer -- Dependendo de como as coisas se desenrolarem, não vai dar pra fazer... -- pigarreou -- porque seria falta de respeito com usritii (minha família) e ya Leda! -- ficou sem graça

 

--Eu sei como você pensa, amor. -- achava bonitinho -- Mas será que nessa roça não tem canto bom, não? -- brincou

 

--Bem... -- pensava em possibilidades -- posso te apresentar à pedra grande do pôr-do-sol e a gente pernoita por lá na barraca de camping...

 

--Sob as bênçãos da Cynthia cheia?

 

--Tudo a seu lado é abençoado, Sahar. -- respondeu melosa

 

--Hum... por que o tempo passa tão devagar quando a gente tem pressa, hein? -- abraçou a almofada com força

 

“Eita, que Clarice tá a ponto de tarar a almofada!” -- achava graça

 

“Ave Maria, qui Zinara quase roda na rede que nem pião!” -- Amina observava através da janela -- "É o amô!” -- riu sozinha

 

Siriema: Sabi qui eu pensei qui fossi istranhá pur dimais da conta essa cundição di minha fia e cabô quasi qui num istranhei?

Siriema: Num dêxu di fazê gostu dela cum a fia da sinhora!

DonaBord: Ah, mas eu também faço gosto de Zinara!

DonaBord: Tô gostando disso de ter genra!

 

--AHHa, si Zinara é genra dela, Clarice é o que di eu? -- questionou-se intrigada

 

--Amor, mas não é porque deu uma melhorada na saúde que você vai relaxar não, tá? -- recomendou preocupada -- Tem se cuidado? Tem feito as refeições direitinho?

 

--Tenho sim! Fazer refeição é comigo mesmo! -- sorriu -- E também tenho ido no centro de Mãe Agda, embora minha linha seja o kardecismo. -- contava -- Aquele terreiro me faz muito bem e sob a tutela de akhuuya (meu irmão), fica ainda melhor.

 

--Achei lindo o que me contou sobre Youssef! -- exclamou -- E a conversa que teve com Ahmed, esse maior entrosamento com sua família... Essas coisas fazem muito bem, amor!

 

--Não tenho a honra de ficar vendo Youssef, aliás, só o vi na ocasião em que te contei, mas o que sinto não precisa de olhos de ver. -- ajeitou-se na rede -- A vida aqui anda muita boa, Sahar... Boa com a família, boa por causa desse contato com a natureza... -- pausou brevemente -- pra ficar perfeita, só falta você! -- sorriu

 

--Ai, amor... -- suspirou

 

--Daria tudo pra te ter aqui... -- sussurrava -- Como eu queria bousa ala shafayef (beijar seus lábios)...

 

--Não fala que quer minha bousa, que eu fico doida! -- respondeu aos cochichos -- "Mas, afinal de contas, a bousa é o que?” -- atentou para o detalhe

 

Leda não ouviu a resposta de Clarice mas divertia-se em vê-la se remexendo no sofá. “É hoje que essa almofada se dana!” -- pensou controlando o riso

 

DonaBord: Zinara melhorou bem depois que foi praí, não foi?

 

“Deve ter, porque pra ficar nessa lambição doida que as duas tão hoje, tem que ter resistência!” -- pensou

 

Siriema: Graças a Deus! O homi e eu rezamu di joeiu todus os dia módi ela si curá, num sabi?

DonaBord: Clarice e eu também oramos por isso. Vai dar certo, eu tenho fé!

Siriema: E eu!

 

“E cum o fogu qui Zinara tá nessi telefoni hoji, tem qui tê dispusição, num sabi?” -- pensava

 

--Amor, eu vou desligar. -- anunciou com pesar -- Tenho que corrigir prova!

 

--Ya wail... (Que pena...) -- lamentou -- Mas eu sei que você tem que trabalhar... de minha parte, também vou estudar e trocar e-mails com os alunos. -- suspirou -- Beijos, habibi! Rahimaka Allah! (Deus te abençoe!) -- sorriu -- Behebbik ya, Sahar!

 

--Behebbik ya, minha caipirinha! -- soprou um beijo -- Tchau! -- desligou o telefone, apertou a almofada com força e gem*u

 

--Clarice, respeite a pureza dessa pobre almofada! -- a idosa advertiu do quarto -- Não quero ver babinha ou qualquer gosma diferente nela!

 

--Mamãe!!! -- sentou-se escandalizada

 

--Ô, menina boba... -- ria consigo mesma

 

***

 

--Que bom que o Marco finalmente se decidiu em ir no casamento com a gente! -- Aisha comentava animada -- Sabe que eu tô achando que essa festança vai ser bem divertida? -- sorria

 

--Amor, eu andei pensando... -- acariciava os cabelos da amada -- Será que é mesmo uma boa a gente ir, hein? -- perguntou receosa

 

--Ih, mas o que é isso agora? -- levantou a cabeça para olhar a esposa -- Você tava na maior animação... -- estranhou

 

Aisha e Janaína estavam deitadas na cama, nos braços uma da outra.

 

--É que eu fiquei pensando... Lembra daquele almoço aqui em casa? -- lembrava -- Tanto desentendimento, tanta piadinha, vai que a coisa se repete? -- desviou o olhar -- As esposas dos seus primos zombando de mim, me chamando de mulher macho...

 

--Ei, olha pra mim. -- pediu com carinho -- Tia Amina e tio Raed são os donos da casa onde a gente vai dormir, e eles querem a gente lá! Mamii quer a gente lá! Ahmed quer a gente lá, ele quer ver a festa cheia! -- argumentou

 

--Sei lá... -- estava na dúvida

 

--Nem tchum!-- falou com desprezo -- E se Dora e Penha vierem de graça pro seu lado, ignora!

 

--Elas ficam só falando... -- reclamou como criança

 

--Se elas encherem muito o saco, fala comigo que eu resolvo o problema, viu, fi? -- respondeu decidida

 

--Nossa, que mulher braba, sô! -- brincou com Aisha e reverteu as posições, deitando-se em cima dela -- Depois de ouvir isso aí, claro que eu vou querer ir nesse casório! -- beijou-a

 

--E nem se atreva -- envolveu o pescoço dela com os braços -- a me contrariar... -- respondeu sedutora antes de beijá-la -- Senão...

 

--Não... dá... pra... te dizer... não... -- respondeu entre beijos -- Minha gostosa...

 

--Acho bom... -- sorriu ao sentir uma das mãos da esposa tocando-lhe o seio

 

--Acha bom...? -- perguntou mordendo a orelha da outra -- E assim... -- sussurrou -- cê também acha?

 

--Ai... -- gem*u ao sentir uma das mãos da mulher buscando lugar entre suas pernas

 

***

 

--Mas Adamastor, por que você não quer ir no casamento? Fiquei tão animada com o convite! -- reclamava -- Vai deixar Zezé e eu irmos sozinhas pra roça? -- fazia cara feia -- Zinara tá doente, ela não tem condições de buscar a gente, não!

 

--Tia, por favor, vê se entende o meu lado! -- andava de um lado a outro na sala -- A senhora não lembra do que a mãe dela falou? Dos irmão tudo possuído que bate, dana e esfola? -- gesticulava -- Do pai que tranca os homens não sei onde e quase mata? -- olhava para ela -- Deus me livre de ter que encarar esses loucos!

 

--Mas aquilo é só pros pretendentes! -- retrucou -- Você não disse que mudou de idéia e não quer mais casar com Zinara?

 

--Ah, mas os loucos vão pensar que eu ainda quero, será que a senhora não vê? -- gesticulou nervoso -- É só colocar o olho em mim que eles vão logo pensar: “O que esse macho tá fazendo aqui?” -- pausou brevemente -- Não duvidaria que algum já viesse com um facão afiado pra cortar minhas coisa fora! -- protegeu a virilha -- Ave Maria!

 

--Humpf! -- fez um bico -- É por isso que tem tanta mulher solteira por aí... -- cruzou os braços revoltada -- Só dá cabra fuleiro no mercado... -- criticava o sobrinho -- Que decepção!

 

CAPÍTULO 65 – Todo Mundo na Roça

 

Leda e Clarice chegavam de carroça na casa de Zinara acompanhadas por Raed, que havia ido encontrá-las no ponto do ônibus.

 

--Ô, de casa! -- o homem chamou animado ao descerem da carroça -- Ói quem chegô! -- anunciava

 

--Sahar... -- sorria embasbacada -- Quantas saudades! -- correu até ela para abraçá-la -- Ana fy knt, wknt fy ly wAllah fyna... (Eu em você, você em mim e Deus em nós) -- sussurrou a frase delas

 

--Ai, amor, não me deixa louca na frente de todo mundo... -- cochichou melosa no ouvido da morena -- Saudades! -- olhou para ela -- Vê isso! -- mostrou um cordão

 

--Smallah! -- exclamou admirada -- Você transformou nossa frase num pingente! -- sorria

 

--Rodei São Sebastião inteira até achar quem transformasse aquela caligrafia linda em pingente. -- afirmou orgulhosa -- Achei!

 

--Ya Leda!! -- Amina correu para saudar a amiga -- Sua bença! -- pediu respeitosa ao beijar-lhe a mão

 

--Deus te abençoe, menina, mas dá meu abraço aqui, amiguinha! -- abriu os braços animada -- Oba! Agora é só bagunça!!

 

--Vamu pintá e bordá, ya Leda!!! -- abraçaram-se -- Eu tava isperandu pela sinhora, num sabi? -- segurou o rosto dela com as duas mãos -- Dêxa eu apresentá minha cunhada! É mais uma pru nossu bandu! -- sorria -- Najla, vem cunhicê dona Burduada! -- olhou para a ex fazendeira -- Corri, muié!

 

--Olá, ya Leda! -- aproximou-se sorridente e beijou-lhe a mão -- Sua benção!

 

--Deus te abençoe, filha!

 

--É uma honra conhecer a senhora! -- abraçaram-se -- Temos muito que tricotar! -- sorria -- Nós três vamos colocar fogo nesse casamento! -- brincou

 

“É a primeira vez que me vejo líder de uma gangue!” -- a idosa pensava empolgada

 

--Ya Leda, deixe eu cumprimentá-la! -- Zinara pediu -- Sua benção! -- beijou-lhe a mão

 

--Deus te abençoe! -- sorria -- Ei, você tá com uma aparência ótima! -- tocou o rosto dela -- Que maravilha!

 

--Acha mesmo? -- ficou toda prosa

 

--Eu também acho! -- Clarice concordou olhando para a namorada -- Tá linda! -- afirmou abobalhada

 

--Linda é você, ya gamil (minha linda)... -- suspirou

 

“Hum, olha o amor acontecendo...” -- Leda pensou -- "Disfarça, menina!”

 

“Eita, qui é só as duas cum essis zóio di pêxi mortu...” -- Amina pensou

 

“Nossa, mas essas duas são o amor na forma óbvia!” -- Najla pensou

 

Raed estranhou aqueles suspiros e olhares. “Devi di sê coisa di muié!” -- concluiu

 

***

 

Zinara e Clarice estavam no quintal quando Aisha e Janaína chegaram com Marco.

 

--Gentem, olha quem tá aqui! -- vinha pulando -- A sua prima têúdêô: TU-DÔ! -- anunciou-se

 

--Aisha! -- Zinara correu para abraçá-la -- Saudades, al-seifii (meu verão)!!!

 

--Ai, que saudades!! -- lembrou de uma coisa e interrompeu o abraço -- Sua safada! -- deu um tapinha no ombro da outra -- Me escondendo tudo, né? -- ralhou -- Eu fui das últimas a saber do que se passa!

 

--Calma, não briga comigo! -- achou graça -- Depois eu explico melhor! -- prometeu -- E aí, Janaína, tudo bem? Tem cuidado de Aisha como deve? -- brincou

 

--Fala, mulher! -- deu-lhe um tapão no braço -- Você deu um susto na gente, hein? -- ralhou -- Faz isso não!

 

--Ah, mas agora eu melhorei bastante! -- acenou para Clarice, pedindo que se aproximasse -- Quero que conheçam alguém muito especial! -- olhou para o homem que chegou com o casal

 

--Esse aqui é meu amigo Marco! -- Janaína apresentou sorridente

 

--Tacharafna! (Prazer em conhecê-lo!) -- apertaram-se as mãos -- Seja bem vindo!

 

--Obrigada! -- sorriu timidamente -- É um prazer estar aqui e conhecer a família!

 

--Oi! -- Clarice aproximou-se e saudou com um aceno envergonhado

 

--Essa é Clarice! -- apresentou com orgulho -- Habibi, estas são Aisha e Janaína, -- indicou -- e esse é Marco, nosso amigo!

 

--É um prazer conhecer as famosas Aisha e Janaína! -- sorria -- Olá Marco! -- cumprimentou também

 

--Olá, moça! -- o homem respondeu

 

--Prazer, Clarice! -- Janaína preparou-se para dar-lhe um tapa, mas teve o pulso imobilizado no ar

 

--Nela não! -- a astrônoma advertiu de cara feia

 

--Oi! -- a segurança apenas acenou sem graça

 

--Ui, que estilosa! -- Aisha comentou reparando na paleoceanógrafa -- Abraça aqui, mulher! -- abraçaram-se

 

--Mas que falatório é esse? -- Najla chegava -- Aisha!!! -- correu até a filha para abraçá-la

 

--Mamii!!!! -- fechou os olhos -- Ai, que saudades!!!!

 

--É a mãe dela? -- Marco perguntou surpreso

 

--Minha sogrona, rapaz! -- deu uma cotovelada nele -- Oi, tudo bem? -- olhou para Najla

 

--Oi, querida, como vai? -- cumprimentou e deu de cara com Marco

 

--Esse é o amigo da Janaína, mamii! Aquele que eu falei!

 

Najla paralisou. -- É... oi! -- cumprimentou sem graça -- "Gente, quê que é isso?” -- pensou bestificada -- "Que negão é esse...?”

 

“É! Você é um negão de tirar o chapéu, não posso dar mole senão você, créu! Me ganha na manha e baubau, leva meu coração...” -- era capaz de ouvir a cantora dentro da mente

 

--Oi... eu... tudo bem? -- perguntou desconcertado -- "Que deusa de Cedro com esse lenço chique na cabeça!” -- pensou abestalhado -- Dona...

 

“Um olhar me atira à cama, um beijo me faz amar, não levanto, não me escondo, porque sei que és minha... Dona!!!” -- a música ecoou em suas lembranças

 

--Hum... -- Aisha piscou para Zinara -- Tá sentindo o clima? -- cochichou de boca torta

 

“Esse casório promete...” -- a astrônoma pensou achando graça

 

***

 

Cláudia chegava com Ritinha e Zezé. Pararam diante da porteira e puseram as malas no chão. A médica tentava ajudar as idosas com suas bagagens.

 

--Eita, que o plano deu certo!!! -- Zinara veio sorridente receber as convidadas -- Que bom que minha doktuur preferida pôde vir e ainda muito da bem acompanhada! -- aproximou-se das idosas e beijou a cabeça delas com carinho -- A benção! -- pediu

 

--Deus te abençoe, filha! -- responderam quase ao mesmo tempo -- Foi uma viagem longa, mas a gente veio! -- Zezé falou sorridente -- E que saudade, sua danada! -- segurou uma das mãos dela

 

--É longe mesmo, Ave Maria! -- Ritinha comentou -- Mas a viagem vale a pena! -- sorria -- Especialmente se é pra ver nossa menina! -- olhava com carinho para a morena

 

--Não mata a caipira de emoção! -- abraçou-as e beijou a testa delas -- Minhas velhinhas... -- sorria -- E você, doktuur? -- foi cumprimentar a amiga -- Cadê o zog (marido) e bintik (sua filha)?

 

--Ele tá super resfriado e não quis vir. -- justificou -- E Bruna ficou de castigo porque tirou várias notas baixas! -- reparou na astrônoma -- Você tá com uma aparência ótima! -- sorriu -- Que anda fazendo? Tem tomado os remédios?

 

--São os bons ares da roça! -- piscou para ela -- E ainda tomo alguns remédios, sim. -- balançou a cabeça -- Mas vamos entrar, que é hora de descansar da viagem e fazer um lanchinho básico! -- pegou as malas das idosas -- Yaalah! (Vamos lá!)

 

--Chegô umas cunvidada! -- Amina constatou da porta de casa -- Ah, é a dotôra di minha fia e as sinhora amiga dela! -- reconheceu -- Nagibe, Cid! -- chamou pelos filhos -- Vão ajudá a carregá as mala das muié! -- ordenou -- Num queru vê Zinara carregandu pesu! Corri, mininu! -- eles obedeceram e foram ajudar -- É bão! -- olhou para Leda -- Na minha terra os homi dêxa as muié carregá os pesu qui fô! -- comentou -- Mais quandu vi qui im Terra di Santu Cruz era diferenti, e dipois qui dexei de sê besta, passei a butá essis machu tudu pra fazê força, num sabi?

 

--É isso aí! -- a idosa apoiou

 

--Dona Amina, a galinhada já ficou pronta! -- Clarice aproximou-se e avisou enquanto enxugava as mãos -- Quem tá chegando? -- perguntou curiosa

 

--Eita, dêxi vê! -- correu para a cozinha

 

--Ah, é Cláudia. -- a professora reconheceu -- E aquelas duas senhoras? Serão as velhinhas de Zinara?

 

--Eu só sei de uma coisa: -- esfregou as mãozinhas satisfeita -- é mais gente pra minha gangue! -- exclamou animada

 

--Gangue?! -- achou graça -- Olha lá o que vai aprontar na casa dos outros, hein, mamãe! -- advertiu

 

--Ih, Clarice, relaxa! -- respondeu ao se afastar -- Como diria minha genra: “É só alegria!” -- fez um gesto -- Deixa eu ir cumprimentar minhas futuras escudeiras! -- seguiu na direção das outras idosas

 

--É mole? -- ficou rindo sozinha

 

***

 

Após a celebração do casamento, que aconteceu por volta das nove da noite, Ahmed e Catiúcia receberam seus muitos convidados no quintal da casa de Raed e Amina. Um jogo de carpetes foi disposto no chão, no formato de uma grande letra U, e forraram-se toalhas de tecido branco sobre boa parte deles para que os alimentos fossem colocados ali, ao modo de um banquete oriental. Os pratos dividiam-se entre os regionais e aqueles típicos de Cedro, sendo que a forma como foram servidos fundia os estilos dos dois países: várias porções de iguarias servidas em pratinhos pequenos, pratos quentes em panelas de barro, acompanhados por arroz, e frutas frescas com doces em caldas perfumadas como sobremesa. As bebidas estavam distribuídas ao longo dos carpetes e os alcoólicos presentes eram as garrafas de vinho tinto compradas pelo pai de Catiúcia, copos de arak (bebida tradicional com sabor de anis) misturado à água gelada e garrafinhas de licor pequirula.

 

Ao centro do U, uma fogueira foi acesa para iluminar e aquecer a fria noite de outubro que se apresentava estrelada e linda.

 

Além dos pais dos noivos, seus irmãos e respectivas famílias, havia também muitos amigos, vizinhos e conhecidos. A família de Catiúcia compareceu em peso e todos os membros da comunidade Cedro-Suriyyah que vivia na região se fizeram presentes. As pessoas sentavam-se preguiçosamente sobre almofadas arrumadas ao longo dos carpetes, ao ponto que as crianças brincavam animadas correndo por lá e cá. Somente Cidmara estava perto dos adultos, especificamente no colo de Zinara, que lhe dava de comer.

 

--Ih, mas que bonita, papando tudo, gente! Ya helo... (Minha linda...) -- beijou a cabeça da menina -- Ó o aviãozinho! -- fingia que a comida no pedaço de pão podia voar -- Nham!

 

A menina riu enquanto mastigava.

 

--Ih, mas ela come tudo, que linda! -- Clarice beijou a garotinha também -- E quanta comida maravilhosa, né? -- comentou empolgada -- É uma verdadeira experiência gastronômica! -- sorriu

 

--Hoje você vai provar dos sabores de Guaiás e Cedro, Sahar! -- piscou para ela -- Em salgados e doces! -- olhou para sobrinha -- Olha outro aviãozinho aqui!

 

--Hum... -- bebeu um gole de vinho e aproximou-se para cochichar -- Aguardo ansiosamente pela delícia das delícias com tempero de Cedro e pitadas de Guaiás e Cidade Restinga... -- respondeu maliciosamente

 

--Bukra (Amanhã), habibi. -- prometeu -- Amanhã... -- sorria

 

--Amor, -- Janaína estava na dúvida -- não se usa talher pra comer esse banquete? -- olhava para a esposa -- Tô doida pra cair de boca mas não sei me comportar...

 

--Own, minha linda! -- apertou a bochecha dela -- Essas porções pequenas nos pratinhos são os mezze e você tem que usar pedaços de pão de Suriyyah pra se servir. -- com um pedaço de pão pegou um charutinho de folha de uva -- Prova, na boquinha! -- serviu e a outra comeu

 

--Bom! -- exclamou -- Gostei disso de usar pão como talher!

 

--Que maravilha é essa que eu tô provando, dona Najla? -- Marco perguntou empolgado -- Delícia!

 

--É ouzi! -- Najla respondeu toda prosa -- Arroz temperado com carne de cordeiro e pinhões, coberto com coalhada. Fui eu que fiz! -- afirmou sorrindo

 

--E o arroz ainda vem dentro do pão de Suriyyah! Como é que pode preparar um prato desses? -- admirava-se -- Mas também, uma mulher fina como a senhora... deve saber fazer iguarias fantásticas! -- sorriu lisonjeiro

 

--Na verdade, não sei fazer muitos pratos, seu Marco... mas os que sei capricho! -- jogou um charme bem discreto

 

--Acho que desse mato ainda vai sair uns coelho, viu, fi? -- Janaína comentou achando graça

 

--Tomara, porque os dois formam um par bonitinho! -- Aisha fazia gosto

 

--Ô, Amina, qui diachu di tantu prosiadu é aqueli qui Najla tá cum o amigu di Janaína? -- Raed reclamou observando -- Tô só di oio aqui!

 

--Eu, hein, homi, dêxi tua irmã im paz! -- deu-lhe um tapa no braço -- AHHa! -- reclamou

 

--Pois sim! Dispois vô tê uma cunversa cum aqueli homi... -- resmungou

 

--Quando que os músicos vão tocar pra gente? -- Ritinha perguntou animada ao beber um gole de arak -- Hum, mas é gostoso esse negócio... -- olhava para o copo -- Retado! -- sorriu

 

--Eu não sei, mas queria dançar! -- Zezé respondeu antes de dar uma garfada na comida -- Essa tal galinhada guaiana é boa! -- exclamou -- Só tem comida boa aqui!

 

--É isso aí, meninas, quando a música começar a gente barbariza! -- Leda convocou -- Licor gostoso! -- bebeu um gole -- Pequirula... nunca tinha ouvido falar!

 

--Não exagerem nos alcoólicos, viram? Olha a idade e o adiantado da hora! -- Cláudia advertiu bebendo seu quinto copão de vinho -- Cuidado! -- procurava o próprio prato -- Alguém comeu minha comida... -- olhava para todos os lados -- Esse prato aqui é de quem, hein? -- perguntou intrigada

 

As idosas se entreolharam com vontade de rir.

 

--Segura aí, doktuur! -- a astrônoma mexia com ela -- Eita, que Cláudia entregou pra Deus! -- riu junto com Clarice

 

--Integô pa Deus! -- Cidmara repetiu

 

--E intão, Ahmed? -- Nagibe perguntou brincalhão -- Comu si senti agora qui tá casadu e di fogu baxu?

 

--E eu qui pensei qui ocê nunca ia colá cum muié ninhuma, num sabi? -- Cid comentou

 

--Uai, eu mi sintu... -- não sabia o que dizer -- Num sei comu qui mi sintu, mas a história du fogu baxu, sei não... -- sorriu ao coçar a cabeça -- Meu pontu fracu é muié, véio!

 

--Si tivé qui pulá a cerca, disfarça dimais da conta, purque si o pai di tua muié discobri... Ocê tá lascadu! -- riu -- Si baba discobri ocê também tá!

 

--Ocê tem três fio e vai pru quartu! -- Cid advertiu -- Num si ingraci cum ôtra qui vem o quintu, aí baba comi ocê vivu!

 

--Sabi qui eu tava pensandu em fazê a tar da zécomia? -- olhou para os dois irmãos -- Diz qui é ligêra e num dêxa tê mais fio. Pra mim, quatru mininu já tá di bão tamanhu, num sabi?

 

--Qui diachu é zécomia? -- Nagibe perguntou intrigado

 

--Aquela operação qui um homi faz módi num tê mais fio, sô! -- respondeu como quem diz o óbvio -- Sabi di nada... -- reclamou de cara feia

 

--E num perdi a macheza, não? -- Cid se assustou -- Num é a operação qui os gay faiz módi virá fêmia?

 

--Ave Maria, qui agora ocê mi pegô! -- Ahmed respondeu pensativo -- Será?

 

***

 

A música tocava alto e muitos convidados dançavam alegremente. Outros ainda se fartavam de tanto comer. Os músicos, um grupo de amigos de Ahmed, tocavam em um pequeno palanque de madeira montado em frente à abertura do U.

 

--Ya Leda tá se acabando de tanto dançar! Daqui a pouco ela mata ya Rafi com esse pique todo! -- a astrônoma achava graça -- Ya Ritinha e ya Zezé vão só no embalo! -- riu brevemente -- Enquanto isso a doktuur deitou na grama e dormiu! -- apontou discretamente para Cláudia

 

--Pois é! -- riu também -- E sua tia não desgruda do amigo de Janaína! -- comentou olhando para o casal

 

--Olha só pro baba! -- indicou com o queixo -- Dançando com maama sem tirar os olhos da ukht (irmã)! -- achou graça -- Parece até Khaled com ciúme de mim! -- lembrava -- Mas e nós, Sahar? -- olhou para a namorada -- Já dancei com Ahmed, Nagibe, Cid, baba... -- sorria -- E com albii (meu coração), não vou dançar? -- pediu

 

--Tenho vergonha, amor... -- respondeu encabulada -- E não seria dar muito na pinta, não? -- perguntou receosa

 

--Eis uma rara vantagem do machismo: -- segurou uma das mãos dela -- somos mulheres. Podemos fazer isso! -- levantou-se -- Yaalah, habibi? (Vamos lá, querida?) -- convidou

 

Respirou fundo e encheu o peito de coragem. -- Yaalah! -- levantou-se e foram dançar

 

--Zinara tá numa disposição, né, amor? -- Janaína perguntou para a mulher -- Já vai dançar de novo! -- sorriu

 

--Amor, desejo e paixão dão disposição, meu bem! Veja o caso de mamii e Marco, por exemplo. -- sorria -- Não param de dançar!

 

--E a gente aqui paradas? -- perguntou indignada -- Então acabou tudo?! Cadê nosso amor, desejo, paixão...?

 

--Own, tolinha! -- beijou o rosto dela -- Você nunca dança comigo! Por isso não falei nada!

 

--Ah! -- não sabia o que dizer -- É que eu tenho vergonha... -- confessou

 

--Então esquece isso e vem! -- levantou-se e puxou-a pelo braço -- Ajoelhou tem que rezar!

 

--Eu e minha boca grande... -- levantou-se para dançar

 

--Oia lá a muié machu dançandu cum a prima di Nagibe! -- Dora cochichou com Penha

 

--Ave Maria! -- reparou desgostosa -- E Zinara cum aquela ôtra? -- apontou discretamente

 

--Ah, mais Zinara usa vistidu, tem jeitu di muié, a ôtra também... -- balançou a cabeça negativamente -- Eu ponhu minhas mão nu fogu pur ela! -- gesticulou

 

--Pensandu bem, é meis... -- Penha cruzou os braços -- Concordo cocê!

 

“Festa na roça é pra lá de bom,

O sanfoneiro é que comanda o som,

A gente dança a moda sertaneja,

Tomando cerveja, comendo batom...”

 

--Essa música é boa pra dançar! -- Zinara falava com Clarice enquanto dançavam -- Embora a letra seja uma bobagem! -- achava graça

 

“À meia-noite nada é proibido,

Mulher casada troca de marido,

O engraçadinho apaga a lampião,

E o "amassa mamão" fica mais divertido...”

 

--O que seria esse amassa mamão da roça, hein? -- perguntou divertida

 

--Bukra, habibi... (Amanhã, querida...) -- continuava prometendo -- É só esperar! -- reclinou o tronco de ambas rapidamente como se dançassem tango

 

--Ui! -- surpreendeu-se

 

“É um mexe, mexe,

Todo mundo apronta,

Faz o que dá conta,

É um beija, beija,

E nessa peleja,

Todo mundo tonto,

Eu que não sou santo,

Também tô no meio...”

Leandro e Leonardo – Mexe Mexe [a]

 

--Ya Leda, será que a senhora não quer parar modi discansar um pouco, não? -- Rafi perguntava a sua dama -- É que tá dando uma dor no joelho... -- revelou envergonhado

 

--Fazer o que, né? -- respondeu contrariada -- "Nem os homens da roça tão valendo mais de nada!” -- pensou fazendo um bico

 

***

 

Zinara e Clarice estavam deitadas dentro da barraca de camping montada no quintal. A paleoceanógrafa acariciava os cabelos da namorada que repousava aconchegada em seu peito.

 

--Eu adorei o casamento, amor. -- falava com um sorriso no rosto -- Cerimônia bonita, jantar maravilhoso, festa divertida, boa companhia... -- beijou a cabeça dela -- Sem contar de que te ver assim tão melhor é a maior felicidade do mundo!

 

--Sahar ilumina a alma da caipira... -- respondeu de olhos fechados

 

--E você a minha, meu bem! -- beijou a cabeça dela de novo -- Adorei, amei ter conhecido sua família!

 

--Quer que eu te leve amanhã pra conhecer o Clube Cedro-Suriyyah? -- levantou a cabeça para olhar a amada -- Na verdade o clube é um grande galpão onde funciona a associação Cedro-Suriyyah, um museu, um espaço social e um mercado de produtos típicos. -- explicou -- Podemos ir depois do almoço, que acha? -- convidou e beijou-a -- Ta'alay ma'ee! (Vem comigo!)

 

--Tudo sobre você e seu povo me interessa! -- beijou-a também -- Vamos sim!

 

A astrônoma voltou a se deitar no colo da amada.

 

--Fiquei surpresa em ver como a comunidade Cedro-Suriyyah daqui é grande!-- comentou -- Sua família freqüenta muito esse clube? -- perguntou curiosa

 

--Aywah! (Sim!) O clube é relativamente novo, tem pouco menos de quinze anos, e usritii (minha família) tem bastante presença lá. -- pausou brevemente -- Nós fomos os primeiros estrangeiros a chegar aqui nessas terras. Depois, vieram outros conterrâneos, que estavam dispersos por Guaiás, e o núcleo foi crescendo. Um belo dia decidiram construir o clube e foi assim que tudo começou. -- contava -- Baba é muito respeitado por ter lutado na muqaawama (resistência) e é uma espécie de conselheiro chefe da associação. Ele vai nas reuniões mensais e nas extraordinárias. -- sorriu -- O presidente da associação é ya Rafi, aquele com quem ya Leda se pegou pra dançar. -- riu brevemente junto com Clarice -- Maama vai só pra comprar as comidas típicas e ingredientes da culinária de Cedro, como tantos dos que você provou hoje, e Nagibe e Cid vão sempre lá com il-cela (a família).

 

--Ahmed não vai? -- achou estranho -- Nem você?

 

--Ahmed queria namorar todas as moças de lá, então baba proibiu ele de ir. -- achou graça de novo -- Agora que casou é capaz de ganhar permissão! -- abraçou a outra com mais força -- E eu vou só de vez em quando. Ontem fez um ano que não apareço. -- pausou brevemente -- Sabia que tem uma foto minha lá, emoldurada num quadro? -- comentou toda prosa -- Eles dizem que sou uma filha célebre de Cedro no mundo da ciência!

 

--No que concordo plenamente! -- deu vários beijos na cabeça dela -- Minha caipirinha linda! -- Zinara ficou toda boba com aquele dengo -- Amor, mas escuta... -- lembrou de um detalhe e se preocupou -- Será que vão me receber bem? Eu não sou descendente nem nada...

 

--Claro que vai ser bem recebida! A hospitalidade faz parte da cultura de Cedro! -- novamente olhou para ela -- Além do mais você é minha convidada e baba é muito respeitado lá, já te disse. -- argumentava -- Sabia que os carpetes, as toalhas e boa parte das comilanças foram presentes de pessoas da associação? -- sorria -- Um povo desses não recebe mal! -- beijou-a -- E quem receberia mal a minha linda Sahar? -- beijou-a novamente -- Até ommik (sua mãe) já seduziu o presidente! -- brincou -- Pra essa família Verrier poderosíssima, as portas de qualquer lugar tão sempre abertas! -- beijou-a com mais intensidade

 

--Amor... pára... -- pediu dengosa -- É madrugada... -- sentia mordidas suaves em seu pescoço -- Daqui a pouco já... é hora de levantar... ai... -- gem*u e segurou-a pelo rosto -- Pára, viu? -- beijou-a -- A gente precisa dormir! -- sorria

 

--Agora você não me escapa, Sahar! -- falou com decisão antes de beijá-la -- Ana fi ela’oyoun diyah ahib adoub ya doub, ya doub... (Eu realmente amo me derreter nestes olhos, estou quase toda derretida, toda derretida...) -- sussurrou no ouvido e agarrou firmemente uma das coxas da mulher

 

--Ai, mas assim é covardia... -- sentiu o desejo dar sinais em seu corpo e as mãos de Zinara deslizarem para dentro de sua blusa

 

CAPÍTULO 66 – Grandes Planos

 

--Você tem certeza disso? -- Magali perguntava preocupada -- Vai mesmo no protesto contra o leilão? -- olhava para Cátia -- Vai ser perigoso, criatura! Li no jornal que o Governo vai usar de força bruta pra impedir que atrapalhem o leilão!

 

--Eu sei, vão cercar o hotel e tudo que é poder armado estará lá! -- afirmou desgostosa -- É uma luta inglória, mas eu tô nessa até o final! O campo de Balança merece isso de mim! O país merece! -- mirou um ponto no horizonte -- No dia do leilão estarei lá, firme e forte! -- prometeu

 

--Vou com você! -- decidiu sem pensar -- Sua paixão por essa luta me contamina!

 

--E será que é só essa paixão... -- aproximou-se sensualmente -- que te contamina? -- puxou-a pela cintura para um beijo ardente

 

Quase sem ar, Magali interrompeu o beijo. -- Ai, que mulher é essa, gente? -- olhava para a amante

 

--A sua! -- beijou-a novamente com paixão -- Quero você agora! -- deitou-a sobre a mesa

 

--Ai, vem! -- pediu arrancando as próprias roupas

 

--Essa mulher é um vulcão! -- mergulhou sedenta entre seios dela

 

--Ah!!! -- gem*u alto

 

***

 

--Cátia, meu amor, cuidado! -- Lúcia advertia -- As ordens são pra reprimir com rigor!

 

--Eu sei e não te peço nada! Também sei que você não vai pra lá! -- olhava nos olhos da amante -- Mas entenda que eu preciso fazer parte disso! Chefiei um movimento contrário a esse leilão desde que ouvi falar nele, não posso desistir agora!

 

--O modo apaixonado como se entrega ao que acredita... -- acariciava o rosto da loura -- Será que você é intensa dessa forma em tudo? -- buscava a resposta nos olhos dela

 

--Ainda não sabe? -- puxou-a para um beijo cheio de desejo

 

--Hum... -- fechou os olhos entregue aos lábios que lhe devoravam o pescoço -- Não me refiro... ai... -- sentiu a mão da outra apalpando-lhe o seio -- Ai, eu tô falando de amor... -- fechou os olhos

 

--Eu falo de amor desse jeito! -- jogou a bombeira no sofá e pulou em cima, beijando-a com paixão

 

--Ai, que loucura... -- Lúcia deleitava-se sob os toques da geofísica

 

***

 

Ahmed, Nagibe, Cid, suas respectivas esposas e filhos, Najla, Marco, Aisha, Janaína, Zinara, Clarice, Leda, Ritinha, Zezé, Cláudia e Rafi sentaram-se a mesa para o almoço do enterro dos ossos. Os pais de Dora e os dois filhos e noras de Penha também estavam presentes. Amina e Raed ocupavam as cabeceiras.

 

Após os discursos de Raed e Ahmed, as pessoas iniciaram suas refeições.

 

--Minha famia pidiu pru sinhô, -- olhou para o sogro -- e pra sinhora -- olhou para Amina -- num istranhá qui elis num viéru hoji, mas é qui ficaru tudu nus preparativo di amanhã, num sabi? -- sorria -- Elis faz questão qui nossu armoçu seji bão pur dimais da conta!

 

--Problema não, minina! -- a sogra falou com sinceridade -- Nóis sabi qui prepará essis trem toma tempu e dá trabaiu! -- deu uma garfada

 

--Sinar di qui elis qué recebê nóis bem! -- Raed comia despreocupado -- Amanhã nóis si vê!

 

--Tem basi uma discurpa dessa? -- Nagibe cochichou com a esposa -- Apostu qui o pessoar di Catiúcia tá si preparandu módi recebê mió du qui nóis, purque ficaru cum inveja da festança di onti, num sabi?

 

--Só podi! -- concordou -- Mais é mió pra nóis qui vai im mais uma festança boa! -- deu uma garfada na boca de Khadija

 

--Tia, dá di cumê pra eu! -- Ahmed Lucas pediu

 

--Ah, intão dá pra eu também! -- Khadija protestou

 

--E pa eu! -- Cidmara também queria

 

--Não posso dar comida pra todos ao mesmo tempo, awlaadii (minhas crianças)! -- respondeu com pena

 

--Num vai brigá di novo módi cumê cum Zinara! -- Amina ralhou -- Já dissi qui num queru ranhetação!

 

--Eu bem comu bem sozinhu, né tia? -- Ahmed Marcos perguntou

 

--E eu né, tia? -- Ahmed João perguntou também

 

--Vocês dois são grandes e comem muito bem sozinhos! -- sorriu para os meninos

 

--Meus fio são ispertu! Independenti! -- Ahmed respondeu orgulhoso

 

--Não pur causo du pai! -- Penha cochichou com Cid e os dois riram discretamente

 

--Como o povo come bem nessa roça, vou te contar! -- Cláudia comentou empolgada -- Vou voltar com uns cinco quilos a mais!

 

--Pode comer bem, doktuur, só cuidado com a bebelança! -- provocou -- Ontem você comeu, bebeu, cantou, dançou e caiu! -- brincou

 

--Já deve ter ficado boa, né, Zinara? -- fez um bico -- Fazendo piadinha!

 

--Ih, ficou brava! -- a morena achou graça

 

--Zinara já deve tá boa mesmo, ficou de safadeza madrugada afora contigo... -- cochichou para a filha

 

--Mamãe!!! -- Clarice morreu de vergonha e olhou para a idosa

 

--Disfarça, né, menina! -- continuava falando baixo -- Vocês demoraram a beça pra acordar e ainda vieram pro café com um sorriso de orelha a orelha! -- olhava para a outra -- Esse ch*pão no teu pescoço também diz muita coisa!

 

A paleoceanógrafa levou a mão ao pescoço preocupada.

 

--É mentira boba! -- Leda sorriu e deu uma garfada

 

--Mas a senhora não é mole, viu, mamãe? -- acabou achando graça

 

--Dona Najla, eu já achava Aisha uma moça incrível, mas deixa eu te contar. -- Marco olhava para a ex fazendeira -- Sua família é maravilhosa! -- sorria -- E sua menina teve bem a quem puxar em beleza e simpatia! -- desviou o olhar envergonhado -- Com a mãe que tem...

 

--Nossa, mas o senhor é tão... -- abaixou a cabeça -- galante... -- sorriu

 

--Humpf! -- Raed fez um bico. Não ouvia o que diziam mas percebia a cena

 

--Uai! -- Janaína reparou em um carro que se aproximava do portão -- Quem é que vem chegando?

 

--É mais convidadu meu! -- Ahmed exclamou satisfeito -- Ahmed João, Ahmed Marcos! -- chamou os meninos -- Vão abrí a portêra purque chegô arguém! -- ordenou -- Corri, criança! -- os filhos obedeceram

 

--Quem é, Ahmed? -- Raed não sabia

 

--Sei não, baba, vô discubri! -- olhava com atenção

 

--Roça é igual coração de mãe, né, Zezé? -- Ritinha comentou aos sussurros -- Cada um que chega eles dão um jeito de acomodar! -- achava graça

 

--E eu mal dava conta de você e Zinara na minha casa! -- brincou

 

--Quem será, querida? -- Clarice perguntou aos cochichos. A astrônoma observava atenta

 

Após estacionar o carro, uma mulher altiva saiu de dentro trazendo uma pequena mala e uma bolsinha. Ahmed João se ofereceu para carregar a mala e ela deixou.

 

--E quem é essa? -- Cid perguntou curioso

 

--Eita, qui filé! -- Ahmed comentou babando e levou um tapa da mulher -- Ai! -- esfregou o braço

 

--Eu não acredito nisso!!! -- Clarice reclamou de cara feia -- E ainda de mala e cuia?! -- revoltou-se -- “Que praga de mulher!” -- pensou revoltada

 

--Eu tô vendo o que eu tô vendo?! -- Cláudia espremia os olhinhos -- Ou tô bêbada?

 

--ANA sakraneh (EU estou bêbada), será possível! -- Zinara não acreditava -- Jamila aqui?? Tem base uma coisa dessas?

 

--Gente, vocês... -- Aisha ficou sem graça -- Não gostam dela? -- olhou para a prima -- Pensei que fosse tua amiga...

 

A morena deu uma olhada significativa para a prima, que deduziu tudo.

 

--É a sebosa?! -- Leda cochichou com a filha

 

--A própria! -- respondeu entre dentes

 

--É a adévogada! -- Amina reconheceu -- Zinara! -- olhou para a filha -- Prepara um lugá pra ela na mesa qui eu vô vê um cantu módi ela butás os trem qui ela trôxi. -- limpou os lábios com o guardanapo e se levantou

 

--Aywah, maama... (Sim, mãe...) -- limpou os lábios com guardanapo e levantou-se contrariada para fazer o que foi pedido

 

--Eu te ajudo, prima! -- Aisha se levantou também e passou perto de Clarice para cochichar rapidamente -- Foi mal, viu, fi? -- desculpou-se -- Eu não sabia, juro!

 

--Fazer o que, né? -- a paleoceanógrafa revirou os olhos contrariada

 

Providenciando louças e guardanapo dentro da cozinha, o coração de Zinara batia acelerado. Não estava preparada para uma situação daquelas, tão constrangedora.

 

--Mas você também, hein, good kisser? -- chegou dando um tapa na coxa da outra -- Como que eu ia saber que a advogada era cacho teu! Nunca me disse nada!

 

--Choo?? (O que??) -- aproximou-se -- Que cacho, menina? -- falava baixo -- Ela é minha ex! Tivemos relacionamento sério por anos!

 

--Que safada, pegando geral! -- deu um tapa no braço da outra

 

--Aisha!! -- arregalou os olhos -- Ó o povo todo lá fora pra ouvir isso! -- apontou para a porta -- Isso não é brincadeira, você me colocou numa situação péssima! -- reclamou -- AHHa!

 

--Eu não sabia, me perdoe. -- ficou sem graça -- Ela praticamente se ofereceu e eu perguntei pra tia Amina se podia convidar, aí recebi um sim... -- contava -- É que nessa correria toda eu esqueci de te dizer isso e Jamila também só chegou hoje...

 

--Que diacho! -- deu um suspiro profundo

 

--As-Salamu Alaikum! (Que a paz esteja convosco!) Boa tarde a todos! -- Jamila cumprimentou sorridente e as pessoas responderam. Deu um tchauzinho para os ex sogros -- Desculpem chegar agora, mas não pude vir ontem e me perdi no caminho hoje cedo. -- justificou-se -- Mahabruk! (Parabéns!) -- cumprimentou os noivos -- Desejo muitas felicidades!! -- retirou da bolsa duas caixinhas e entregou uma para cada um -- Seu presente, espero que gostem!

 

--Brigada! -- os dois responderam em coro

 

--Senta, fia. -- Raed foi buscar uma cadeira

 

--Você é descendente de Cedro ou Suriyyah, moça? -- Rafi perguntou curioso

 

--De Suriyyah, ya said (senhor). -- respondeu toda prosa -- "Coisa que você não é, tatuí intrometido!” -- olhou de soslaio para a professora

 

“Cara de pau!!!” -- Clarice tentava disfarçar a contrariedade

 

--Hum... -- Leda observava a advogada com atenção -- "Ah, mas se ela vier de muita gracinha pra ciscar no terreiro de minha menina, cabeças vão rolar!” -- fez cara feia

 

***

 

Zinara, Clarice, Khadija, Najla, Marco, Aisha, Janaína, Leda, Ritinha, Zezé, Cláudia, Jamila e Rafi visitavam o Cedro-Suriyyah. Os pais da morena haviam ficado em casa com os filhos e netos por conta da chegada de visitas. As crianças todas dormiam, exceto Khadija.

 

--Aqui temos o memoriar da história dos dois países, Cedro e Suriyyah. -- Rafi mostrava orgulhoso -- Essa é a bandeira simbólica onde fundimos nossas cores com as de Terra de Santa Cruz! Bonita que chega dói!

 

--Ah, é. -- Jamila respondeu chateada. Estava louca para se livrar das companhias que a cercavam e se juntar a ex -- Interessante. -- mentiu

 

--Pode ir mostrando mais, Rafi, porque essa moça,-- Leda agarrou o braço da advogada -- como descendente legítima, quer saber tudo sobre seu povo! -- olhou para a outra -- Né, filhinha? -- sorria fingindo inocência

 

Respirou fundo antes de responder. -- É... -- revirou os olhos -- "Ô coroa chata que não sai da minha cola!” -- pensou contrariada

 

--Oxi, quanta coisa interessante pra comprar, Ritinha! -- Zezé e a amiga apreciavam o mercado -- Se eu soubesse tinha trazido mais dinheiro! -- pegou uma pequena caixa de doces -- Ah, mas eu vou levar isso aqui. Adorei esse tal de maamoul de tâmaras! -- reparou nas outras caixinhas -- E também quero maamoul de nozes, ataif de creme... -- arregalou os olhos -- Hum, olha aqueles pastéis, mamuski, sambuski, sei lá! -- apontou -- Ave Maria, mulher, vou morrer diabética!

 

--Eu vou levar esse queijo com pimenta pra Adamastor, pra ver se bota um fogo naquela criatura! -- pegou um pacotinho -- Bicho frouxo!

 

--Legal, amor, a árvore genealógica da sua família! -- Janaína olhava o mapa do clã Raed-Raja em um quadro na parede -- Seu nome tá lá! -- apontou empolgada

 

--Nem eu sabia disso, nunca tinha vindo aqui! -- comentou lendo os nomes -- Será que deixariam eu puxar um tracinho do lado de meu nome pra indicar que casei com Janaína Martins? -- piscou para a outra

 

--Quisera... -- suspirou -- Esse povo era capaz de comer a gente viva... -- lamentou

 

--Olha Khadija aqui, Sahar, dançando na festinha de ‘aiid al-qiyaama. -- apontou uma fotografia no mural -- Quer dizer, na festa de Páscoa. -- explicou

 

--Ai, que linda ela! -- beijou a bochecha da menina, que estava no colo de Zinara -- Toda fofinha dançando! -- sorria

 

--Zinara, tua família tem moral aqui! -- Cláudia observava atentamente -- Ih, olha só você! -- aproximou-se da fotografia da astrônoma -- Deixa eu ler o que tá escrito: “Doutora Zinara Raed, filha de Raed e Amina Raja, formada em astronomia, astrofísica, matemática e profissional técnica em química, cientista ilustre, conhecida e premiada dentro e fora do país. Mais um dos orgulhos do povo de Cedro em Terra de Santa Cruz.” -- olhou para a amiga -- Ui, que chique! -- sorria

 

--Você também é formada em matemática? -- Clarice ficou surpresa -- Nossa! Eu não sabia! -- exclamou admirada

 

--Você nunca perguntou, uai. -- respondeu envergonhada

 

--Eu vô sê qui nem camma Zinara! -- Khadija prometeu -- Bem vão colá minha fotu aí! Du ladu dessa! -- apontou

 

--Mata a caipira de orgulho, ya habibi!! -- encheu a menina de beijinhos

 

--A caipira só tem que aprender a deixar de ser besta e cortar o mal pela raiz, visse? -- a médica olhou discretamente para Jamila -- Fiquei passada com a vinda dessa criatura pra cá! -- fez cara feia -- E como se não bastasse ainda quis visitar o clube! Pense numa sujeita cara de pau!

 

--Pode deixar, Cláudia! -- a paleoceanógrafa respondeu com um sorriso vitorioso -- Mamãe tá cuidando dela... -- olhou na direção da advogada

 

Rafi continuava apresentando o local sem qualquer pressa e Leda seguia atrás dele agarrada no braço de Jamila.

 

***

 

Marco e Najla passeavam de braços dados pelos jardins do clube.

 

--Eu confesso que morri de medo e vergonha de vir no casamento do seu sobrinho, Dona Najla, mas agora vejo que Janaína tinha razão o tempo todo! -- sorriu -- A experiência de conhecê-los e estar aqui tem me feito um bem incrível. Em dois dias meu estado de ânimo mudou da água pro vinho! -- olhou rapidamente para ela -- E conhecê-la, sem dúvida, foi o ponto alto da festa. -- afirmou encabulado

 

--O senhor é um galanteador, seu Marco! -- respondeu toda dengosa -- Aposto que diz coisas assim pra todas!

 

--Que nada! Janaína é testemunha! -- garantiu -- Desde que me separei, nunca mais tive um relacionamento... em todos os sentidos de um relacionamento. -- não tinha coragem de encará-la -- E já fazem muitos anos...

 

--É mesmo? -- surpreendeu-se -- Bem, desde que me separei também fiquei só, mas é diferente. -- pausou brevemente -- Sou mulher e aí é mais difícil.

 

--Homens que não são da bagunça também têm dificuldade, dona Najla. Especialmente se ficam com os filhos. -- afirmou -- Minha ex mulher me largou por um estrangeiro rico e me deixou sozinho com nossos dois filhos. Na época, eles tinham um e dois anos. -- contava -- Tenho um casal: Juninho e Clara.

 

--Meu Deus, e como vocês ficaram depois disso? -- perguntou curiosa

 

--Eu era treinador de boxe e levava as crianças pro ginásio pra poder trabalhar e ao mesmo tempo ficar de olho nelas. Me anulei como homem e dediquei a vida a cuidar dos filhos. -- lembrava do passado -- O ginásio fechou depois de um tempo e aí fui trabalhar como segurança, e foi nessa profissão que aposentei. -- respirou fundo -- Anos mais tarde, os dois estavam recém formados na faculdade, a mãe apareceu toda linda e bem arrumada, contando um monte de história bonita e dizendo pros dois que tava morando muito bem em Godwetrust. -- gesticulou -- Conclusão: eles me deixaram sem nem pensar duas vezes e foram pra lá com ela. E nisso já faz dez anos... -- abaixou a cabeça -- Eles casaram, tiveram filhos e eu acompanhei tudo isso por um punhado de fotos que recebi por e-mail ou pelo correio. Nunca nem vi meus netos pessoalmente...

 

--Sinto muito... -- ficou com pena

 

--Hoje somos amigos no LivrodasFuça e é o máximo de entrosamento que tenho com eles e meus netos. -- lamentou -- Acho que eu nunca soube lidar muito bem com isso, sabe...? -- reconheceu -- Agora que me aposentei, me sinto ainda mais pra baixo, sabe como é?

 

--Perfeitamente! -- entendia -- Eu era uma mulher rica e orgulhosa que vivia como rainha numa fazenda daqui de Guaiás. Um belo dia, meu marido foge com uma garotona e me deixa na miséria! -- resumiu os fatos -- Aisha sumiu no mundo e eu fui parar em um asilo pra poder viver! -- seus olhos marejaram -- Não fosse por Zinara, ainda estaria lá, sozinha, longe de minha filha e de toda usritii (minha família). -- passou a mão nos olhos -- Mas a vida é assim, querido! A gente cai e tem que se levantar! -- olhou rapidamente para ele -- Aprendi que pra poder recomeçar, tinha que pedir perdão pelos meus erros e saber perdoar os que erraram comigo também! -- mirou um ponto no infinito -- Cometi erros inaceitáveis, prejudiquei Raed e sua família e paguei por isso! Agora me cabe erguer a cabeça e recomeçar!

 

“Nossa, que mulher decidida!” -- pensou admirado -- Tá certa, mas perdoar é difícil por demais da conta! Ainda não aprendi! -- confessou

 

--Precisa aprender, senão será sempre um sofredor!

 

--Quem sabe o contato com a senhora me ensine isso, né? -- arriscou

 

“Oh, esse negão de tirar o chapéu quer continuar me vendo?” -- pensou animada -- “Youyouyouyouyou!!!” -- cantava mentalmente

 

***

 

--Chegamos, Sahar! -- mostrou o lugar -- É aqui! -- sorria -- Marhaban! (Seja bem vinda!)

 

--Nossa, que visual maravilhoso! -- olhou empolgada para o horizonte -- Lindo!

 

--Eu vou montar a barraca aqui. -- escolheu um local plano próximo a pedra -- Depois do pôr-do-sol podemos fazer nosso lanche, olhar as estrelas e mais tarde... -- aproximou-se -- matar as saudades e... namorar... -- beijou-a delicadamente -- Albii beyseer jamra min naar ijnooni... (Meu coração tornou-se uma carvoaria por causa de meu fogo intenso...) -- mordeu a orelha dela e foi preparar as coisas

 

--Ai... -- gem*u e se arrepiou -- Fala como se não tivéssemos namorado ontem... quer dizer, hoje de madrugada... -- comentou melosa ao pegar a lona -- Vou te ajudar com a barraca. -- ofereceu

 

--A culpa não foi minha! -- piscou para ela -- Fui provocada a noite toda com certas insinuações durante al-‘aašaa' ( o jantar). -- desenrolava a barraca -- Mas, se você não quer... -- abaixou a cabeça -- eu sei que não estou na melhor forma...

 

--Hum, meu amor, é claro que eu quero! -- abaixou-se do lado dela e a abraçou com carinho -- Tudo que eu queria era privacidade total com meu amor! -- beijou-a -- Não seja boba, eu tava só mexendo com você! -- sorriu

 

Ficou animada novamente. -- E esse é o lugar pra ficarmos a sós! -- pegou o saquinho de specs -- Toma, separa seis specs pra mim, min faldlik (por favor). -- entregou o saquinho a outra -- Vou pegar as varetas. -- levantou-se

 

--Eu só espero que Jamila não me apareça aqui de supetão pra estragar tudo! -- fez um bico

 

--Impossível! -- riu brevemente -- Ela nunca veio aqui, e de mais a mais, quero ver escapar de ya Leda, Cláudia e Aisha! -- sorria -- Até ya Ritinha e ya Zezé tão ajudando no bloqueio sem nem saber porque! Duvido que ela consiga arredar pé! -- riu brevemente

 

--Isso é! -- sorriu satisfeita -- "Aquela sebosa não contava com mamãe e sua gangue!” -- pensou vitoriosa

 

***

 

Zinara e Clarice estavam deitadas dentro da barraca, olhando para o céu através da porta aberta. De barriga para baixo e apoiadas sobre os cotovelos, contemplavam a belíssima noite que se descortinava no céu de Guaiás.

 

--Aquela ali é a constelação de Sagitarius, -- apontava -- bem pertinho da Corona Australis e da constelação de Scorpius. -- sorriu -- Olha Afrodite ali! Inconfundível!

 

--Afrodite é o corpo celeste mais brilhoso no céu, não é? -- perguntou contemplando

 

--Sim. Muitos o conhecem como ‘Estrela Dalva’, -- explicava -- mas na verdade é o planeta Afrodite.

 

--Sabe que depois de você eu passei a prestar mais atenção no céu? -- olhou para a astrônoma -- Penso até em comprar um telescópio! -- comentou animada

 

--Habitue-se primeiro a olhar o céu a olho nu e a reconhecer as constelações e os planetas. -- aconselhou -- Pra isso, um bom mapa estelar e um programa planetário serão úteis, porque te darão a deixa do que está vendo. E existem bons programas gratuitos pra baixar na internet!

 

--Ai, me dá as dicas? -- pediu empolgada -- Eu vou querer!

 

--Aywah, Sahar! -- respondeu sorridente e feliz pelo interesse da outra -- Aí, você compra um binóculos astronômico 7x50 e explora o céu com ele. Te ajudo a escolher a marca e o modelo! -- ofereceu -- Quando estiver mais experiente nas observações e realmente certa de que a astronomia te conquistou, compre o telescópio. -- aconselhou -- Já vou te passar um monte de boas especificações pra você guardar e usar no momento certo.

 

--Ótimo! -- beijou-a -- Agora vamos fechar a barraca que eu tô com frio? -- pediu dengosa

 

--Seus pedidos são ordens, minha Sahar! -- puxou o zíper e fechou a porta da barraca -- Hora de esquentar um pouco... -- deitou-se sobre a outra e a beijou

 

--Não quer entrar no saco de dormir? -- perguntou dengosa

 

--Laa... (Não...) -- beijou-a -- Tacaalii, ya helo... (Vem, minha linda...) -- beijou-a languidamente, provocando seu desejo

 

"Nossa, que calor..." -- pensou excitada -- Vem, meu amor... -- puxou a blusa da amada para despi-la -- Vem!

 

--Quero você, Sahar! -- mordeu-lhe o queixo -- Ana cawza!! (Eu quero!!) -- puxava as calças da namorada para baixo -- Quero! -- beijou-a com desejo

 

“Meu Pai, que é isso?” -- pensou cheia de paixão

 

Despiram-se com urgência entre beijos e mordidas. Tocavam-se, olhavam-se, desejavam sentir-se de todas as formas.

 

Há um mês atrás, Zinara não acreditava que pudesse viver até aquele momento, mas ali estava ela junto a sua amada. Era como se fosse um milagre, um sonho, um facho de luz diante da escuridão.

 

Queria se sentir pertencendo de forma plena, desejava não somente o prazer do sex*, mas o encontro de almas. Ansiava por Clarice, por fazer amor sob a luz das estrelas, por mostrar seus sentimentos com a intensidade de um desejo muito além do carnal.

 

Saboreava cada parte do corpo da amante, buscando acendê-la com paixão, intensidade e cuidado. Encontrou um par de seios que lhe pediam atenção e deleitou-se detidamente com eles, enquanto uma das mãos explorava o sex* da parceira.

 

--Ai, amor... -- gemia segurando a morena pelos cabelos da nuca -- Zinara, você... ahahah... -- fechou os olhos

 

Continuando sua trilha de beijos e mordidas, seguiu pelo abdômen da paleoceanógrafa e mergulhou no sex* que parecia aguardá-la.

 

--AHAHAH!!! -- arqueou as costas e gem*u alto

 

Zinara provocava a namorada com sua língua ao ponto que penetrava com os dedos, tocando regiões sensíveis no sex* que respondia pulsando.

 

“Minha nossa, o que ela tá fazendo comigo?” -- Clarice pensava perdendo-se em sensações deliciosas

 

Quando percebeu que a parceira beirava o orgasmo, a astrônoma seguiu deslizando as mãos e lábios por seu corpo, até que se encaixou no sex* dela e colou testa com testa. Puxou uma de suas coxas para cima, cruzando a pena da outra por trás de si e começou a se movimentar como se rebol*sse.

 

--Ta'alay ma'ee (Vem comigo), Sahar! -- olhava nos olhos -- Assim... -- esfregavam-se -- Vem!

 

--Ah... -- cravou as unhas no ombro da morena -- Ah... -- gemia

 

Jogou todo seu peso sobre a amante, segurando as mãos dela ao acelerar os movimentos. Em poucos minutos goz*ram juntas, sem jamais deixar de se olhar. Abraçaram-se com força e esperaram os corpos relaxarem; eram capazes de sentir as batidas do coração uma da outra.

 

--Behebbik ya, Sahar! -- sussurrou com verdade

 

--Também te amo, minha caipira! -- sorriu -- Muito!

 

Enquanto isso, Jamila andava impaciente de um lado a outro no quintal. Os demais divertiam-se em animadas conversas.

 

--Ya Leda, será qui nossas minina tão di agarramentu no meiu du matu? -- cochichou com a idosa -- Será hein?

 

“Tem mãe que é cega!” -- pensou revirando os olhos -- É claro, né, mulher? -- respondeu em voz baixa -- Deve tá um tal de mão naquilo e aquilo na mão que é só pena que voa! -- gesticulou

 

--Eita! -- arregalou os olhos --E num é indecência nóis tá aqui acubertandu issu, não? -- perguntou preocupada

 

--Nada! -- deu de ombros -- Indecência é aquele programa podre, Casa dos Cabra, que a TV Mundo passa! -- afirmou de cara feia -- Aquilo sim é indecência! -- gesticulou

 

Clarice estava sentada no colo de Zinara, que beijava e mordiscava-lhe os seios enquanto ela massageava seus ombros.

 

--Hal a’jabaki? (Gosta disso?) -- continuava provocando os seios -- Ya noori... (Minha luz...) -- deslizou os dedos suavemente até o sex* da outra

 

--Ai... -- arrepiou-se -- Caipira safada... -- apoiou seu peso nos ombros da astrônoma fazendo-a deitar-se -- Mas agora... eu quero... você... -- afirmou entre beijos

 

--Sahar... -- sussurrou ao fechar os olhos

 

--Deixa eu... te fazer... amanhecer, amor... -- pediu entre beijos -- Deixa te fazer... renascer... Yatamanna (Esperança)... -- olhou nos olhos de seu grande amor

 

--Min fadlik, ya habibi... (Por favor, querida)... -- emocionou-se

 

Clarice prosseguiu beijando e tocando a namorada com reverência, desejo e amor. Não se importava que aquele corpo estivesse mais fragilizado e maltratado pelo sofrimento da doença. Tudo que podia ver era a mulher amada e isso lhe bastava.

 

Deleitou-se com os seios da morena enquanto arranhava-lhe o abdômen lentamente.

 

--Ah, Sahar... -- gemia -- Ah...

 

“Como que hayati pode ser tão cara de pau assim?” -- Jamila pensava revoltada -- "Dizer que ia pernoitar longe daqui pra que Clarice pudesse ver o pôr-do-sol e a visão de um céu noturno mais limpo!” -- cruzou os braços -- "Eu sei bem o céu noturno que aquele tatuí com doutorado deve tá vendo!” -- chutou uma pedrinha -- "Xara!! (Merda!!)”

 

Beijava e massageava arranhando delicadamente a pele da mulher, que lhe desejava com todas as forças. Mergulhou entre as pernas dela, apertando-lhe os seios com cuidado.

 

--Ai... -- gem*u ao sorrir -- Ai... ah... -- a respiração acelerava cada vez mais com o prazer crescente

 

--Morde o rabo, bicha! -- Leda sussurrou para si mesma olhando para Jamila -- Bem feito!

 

--Toma, pra deixar de ser fuleira! -- Cláudia também resmungava consigo mesma -- Perdeu, neném! -- sorriu satisfeita -- Agora chora!

 

***

 

Zinara, Amina, Raed e Najla preparavam-se para acompanhar seus convidados até o ponto do ônibus.

 

--Os carrocêru chegaru! -- Raed anunciou olhando para a porteira -- É hora di í!

 

--Simbora, meu povo! -- Zinara bateu uma palma e correu para ajudar com as malas

 

--Deixe que eu levo, filha. -- Marco pegou as malas das três idosas e Clarice

 

--Smallah, como ele é forte! -- Najla exclamou impressionada

 

--Você esqueceu tua mala, bonitão! -- Janaína mexeu com o amigo e pegou a bolsa dele

 

--Humpf! -- Raed fez um bico e segurou as malas de Aisha, Janaína e Cláudia -- Ave Maria! -- surpreendeu-se com o peso

 

Todos saíram de casa.

 

--Eu posso levar quatro pessoas, mas vocês podiam colocar todas as bolsas no meu porta malas pra sobrar mais espaço nas carroças.. -- Jamila ofereceu gentilmente -- Quem quer carona? -- olhou para o grupo

 

--Ah, eu quero! -- Ritinha pediu -- Andar naquela carroça não foi muito confortável... -- comentou

 

--Eu também quero! -- Zezé se voluntariou

 

--Coloca as bolsas no porta malas do meu carro min fadlak (por favor), ya Marco? -- a advogada pediu ao destravar o alarme -- Quem mais vem comigo? -- insistiu

 

--Vem Leda, vem Clarice! -- Zezé chamou

 

--Ah, não, obrigada, a gente vai de carroça que é mais emocionante! -- Leda agradeceu com um gesto. Clarice nem respondeu

 

--Vão com ela, meninas. -- Marco olhou para Aisha e Janaína -- Vou na carroça com os outros.

 

--Já que insistem... -- Aisha aceitou bem humorada -- Podemos, Jamila? -- olhou para ela

 

--Claro! -- concordou

 

--E tua borsa, cadê? -- Amina perguntou intrigada para a geógrafa

 

--Vou embora amanhã, ya Amina. -- respondeu naturalmente -- Quer dizer... será que poderia? -- sorriu

 

--Podi... -- estranhou aquilo

 

--Choo?? (O que??) -- Zinara não se conteve e perguntou chocada. Clarice e Cláudia arregalaram os olhos

 

--Estive trabalhando na Capital até sexta, por isso perdi o casamento. -- justificou-se -- Mas meu vôo pra Cidade Restinga é só amanhã à noite.

 

--Hum... -- Janaína olhou para a esposa

 

--Isso vai dar uma merd*... -- Aisha resmungou

 

“É como diz aquela juíza...” -- Clarice pensava contrariada -- "A cara de pau das pessoas não tem limites...”

 

Jamila olhou para a paleoceanógrafa e sorriu vitoriosa. “Por essa você não esperava, né, tatuí?” -- pensou satisfeita

 

***

 

As pessoas despediam-se no ponto de ônibus.

 

--Foi um prazê recebê ocês tudu na nossa casa, num sabi? -- Amina se abraçava com Leda -- Nóis si sintiu honradu! -- falava com sinceridade

 

--E eu façu minha as palavra di minha muié! -- Raed beijava a mão de Ritinha -- Querendu vortá, a casa tá às ordi! -- ofereceu e beijou a mão de Zezé

 

--Nós é que agradecemos, porque foi maravilhoso! -- Ritinha respondeu sorridente

 

--Eu também adorei! -- Leda tocou os rostos de Amina e Raed -- Vocês são excelentes anfitriões! -- sorria

 

--Foi maravilhoso e eu amei cada momento! -- Clarice agradeceu -- Que Ahmed e Catiúcia sejam muito felizes! -- desejou

 

--Inshallah! -- Zinara, Najla, Amina e Raed responderam ao mesmo tempo

 

--Ai, mamii, que pena que a gente vai embora! -- abraçou a mãe -- Tava tão bom...

 

--Venham mais vezes, querida! -- beijou a testa da filha e segurou uma das mãos de Janaína -- A casa não é minha mas me atrevo a dizer que as portas estarão sempre abertas! -- olhava para as duas

 

--Foi um prazer, sogrona! -- Janaína respondeu animada

 

--Vê se te cuida, viu, Zinara? -- Cláudia recomendou seriamente -- Toma os remédios, come bem, bebe água, repousa...

 

--Pode deixar! -- respondeu sorrindo

 

--E nada de dar confiança praquela uma! -- falou mais baixo -- Se não eu volto pra te comer o fígado! -- ameaçou

 

--Eita, que mulher braba, sô! -- brincou

 

--Minhas amiguinhas, foi um prazer conhecê-las! -- Leda olhava para Zezé e Ritinha -- Adorei tudo que aprontamos juntas e o modo como barbarizamos nesse casamento! -- sorria

 

--Vai visitar a gente em Cidade Restinga, Leda! -- Ritinha convidou -- Aí a gente barbariza lá!

 

--É isso aí! -- Zezé concordou

 

--Mas vocês vão juntinhas nesse ônibus até Gyn! -- Aisha lembrou às três -- E a viagem é longa!

 

As três idosas se entreolharam e finalmente constataram o fato. -- Oba! -- gritaram juntas

 

--É mole? -- Marco riu e se aproximou da ex fazendeira -- Dona Najla... -- olhou embevecido para ela -- Dona...

 

“Um olhar me atira à cama, um beijo me faz amar, não levanto, não me escondo, porque sei que és minha... Dona!!!” -- a música novamente ecoou dentro de si

 

--Diga, seu Marco... -- respondeu com um suspiro

 

“É! Você é um negão de tirar o chapéu, não posso dar mole senão você, creu! Me ganha na manha e baubau, leva meu coração...” -- a cantora mais vez embalava seus pensamentos

 

--Foi um prazer. -- segurou uma das mãos dela -- Vamos manter contato, sim? -- pediu esperançoso

 

--Vamos! -- concordou de pronto

 

--Assanhamentu... -- Raed resmungou contrariado

 

Zinara se aproximou de Clarice levando-a para pouco mais longe dos outros. -- Sahar... -- segurou as mãos dela -- Vou morrer de saudades, mas pra mim você fica sempre. -- falava baixo -- Dentro de albii (meu coração). -- olhava nos olhos

 

--Você também segue comigo... Sempre! -- suspirou -- Mas não gostei da novidade... -- pensava em Jamila, que as observava sem disfarçar

 

--Fique tranqüila porque prometo que nada acontecerá! -- afirmou convicta -- Juro sob Deus e sob o nome de meus ancestrais! -- prometeu com verdade

 

--Acredito em você. -- sorriu -- Mas tenha cuidado!

 

--Terei! Pode confiar! -- sorriu também -- Agora me abraça, heek ana behebbik (porque eu te amo)! -- pediu e se abraçaram

 

--Também te amo, Zinara! -- fechou os olhos -- Minha caipirinha...

 

--Eita, Clarice... -- Leda resmungava -- Disfarça, menina...

 

“Ave Maria, Zinara, todu mundu tá vendu issu aí!” -- Amina pensou preocupada

 

“Zinara tá disfarçando pouco...” -- Najla pensou e olhou para os demais, buscando ver se percebiam

 

--Será que alguém ainda não sacou qual é a delas? -- Aisha sussurrou para a esposa

 

“Ué, elas tão se assumindo?!” -- Cláudia pensou intrigada

 

“Devi di sê coisa di muié...” -- Raed pensava

 

“Aproveite enquanto pode, tatuí...” -- Jamila passou a mão nos cabelos -- "A partir do momento que pegar o ônibus, hayati é toda minha...” -- sorriu

 

***

 

--Meu Deus, Cátia, quantos cartazes! -- Magali olhava espantada

 

--Conseguimos imprimir cem deles, querida! -- respondeu empolgada -- Agora conto com os colegas de profissão, com o movimento estudantil e mais os grupos LGBT e quilombolas que prometeram comparecer amanhã! -- olhou para a outra -- Cada um ostentando um desses -- ergueu um cartaz -- e gritando palavras de ordem contra esse leilão absurdo!

 

--Ih, o presidente de Godwetrust! -- achou graça do desenho do cartaz -- Muito bem bolado! -- sorriu

 

--Vamos ver no que vai dar. -- colocou o cartaz novamente onde estava -- Vamos ver... -- suspirou -- E você, meu bem, vai mesmo comigo nessa? -- perguntou olhando para a namorada

 

--Eu disse que ia, eu vou! -- afirmou convicta

 

--Ótimo! -- beijou-a -- Amanhã te busco na sua casa e vamos pro centro da cidade, onde nos encontraremos com os demais. Então seguimos juntos pro local do leilão. -- informava os planos -- Os colegas do sindicato fretaram três ônibus pra gente poder ir. -- beijou-a novamente e seguiu para a cozinha -- Vem, querida, vamos fazer um lanchinho. -- convidou -- Tá em casa, Magali, fica à vontade!

 

--Quantas pessoas você imagina que irão? -- entrou na cozinha e puxou uma cadeira para se sentar -- Ao todo, quero dizer.

 

--Ah, muita gente! -- abriu a geladeira e começou a tirar algumas coisas de dentro -- A julgar pelo imenso número de pessoas que vejo nas manifestações e pelo que ouvi, eu te diria que devem aparecer umas dez mil pessoas ou mais! -- fechou a porta

 

--Caraca! -- arregalou os olhos -- Será?

 

--Eu acho! -- abriu a dispensa e pegou pratos e copos -- Pega os jogos de mesa pra mim, por favor, meu bem? -- pediu -- Tão ali, ó. -- indicou com o queixo

 

--Claro. -- abriu uma gaveta de um móvel da cozinha e pegou dois jogos -- Com essa gente toda talvez tenhamos uma chance de adiar esse leilão! -- colocou-os sobre a mesa

 

--Conto com isso! -- olhou rapidamente para cima como se pedisse a Deus -- Vamos ver! -- dispôs pratos e copos sobre os jogos -- Olha só, esqueci dos pães e nem tirei o suco da geladeira! -- recriminou-se -- Tô doida! -- riu de si mesma e foi buscar os pães

 

E o telefone tocou.

 

--Será gente do sindicato? -- Cátia perguntou -- Deixa eu atender, meu bem? -- pediu -- Espera um pouquinho? -- beijou-a

 

--Pode ir. -- não se incomodava -- Enquanto isso, se não se importa, eu preparo os sanduíches com o que tirou da geladeira. -- ofereceu

 

--Incômodo algum! -- sorriu -- Faça a festa! -- piscou para a amante e foi atender o celular -- Calma, gente! -- correu para o quarto -- Que número é esse? -- estranhou -- Alô?

 

--Oi, amor, sou eu, Lúcia! -- a bombeira respondeu do outro lado -- Celular novo, salva o número aí! -- pediu brincando

 

Ficou sem graça, mas disfarçou. -- Oi, tudo bem? -- reparava se Magali prestava atenção -- O que aconteceu que você trocou de número? -- não sabia o que dizer

 

--Ontem tropecei no chão e derrubei o celular dentro de um bueiro, acredita? -- contava -- Aí vim pro shopping hoje com vovó e comprei esse aqui. Primeira ligação que eu tô fazendo com ele.

 

Abriu a porta do closet e se escondeu atrás dela. -- Nossa, que honra! -- respondeu melosa -- Sabia que eu tava aqui pensando em você? -- falava baixo para a outra não ouvir

 

--Por que tá falando tão baixinho? -- achou graça -- Mais uma das técnicas de sedução de Cátia Magalhães? -- perguntou dengosa

 

--Quem tem um mulherão desses como namorada tem que saber conquistar no dia a dia, né? -- fazia uma média -- Senão, perdeu! -- brincou

 

--Boba! -- riu brevemente -- Olha só, você vai no protesto amanhã mesmo, né?

 

--Com certeza, amor! -- reclinou-se para dentro do closet -- Não dá pra não ir! É mais forte do que eu!

 

--Sabe, eu andei pensando... -- pausou brevemente -- Vou com você! -- decidiu

 

--Não!! -- alarmou-se e falou mais alto -- Você não pode!!!

 

--Mas por que? -- não entendeu a reação -- Pensei que fosse gostar... -- decepcionou-se

 

“Disfarça, Cátia! Disfarça e pensa rápido!” -- falava mentalmente consigo mesma -- Você não entende, amor. Acho que não me fiz clara. -- esticou o pescoço para monitorar Magali e voltou a se enfiar no closet -- Você não pode ir em virtude do trabalho que tem! Senão pode parecer que tá desacatando a chefia! E eu não quero que nada de mal te aconteça por minha causa!

 

--Mas não é só por sua causa ou por seu exemplo! -- justificou-se -- Finalmente entendo o que esse leilão realmente significa e como patriota que sou não posso concordar com ele! -- argumentou -- Não trabalharia mesmo amanhã, porque tô na folga, então vou como a Lúcia cidadã, e não como a profissional!

 

“Poxa, mas ela falou bonito! E agora, eu digo o que??” -- pensou ao se sentir enrascada -- Seu patriotismo me comove, mas eu te peço: não vá! Isso pode ter complicações muito sérias pra sua carreira e essa imprensa marrom que nós temos pode te prejudicar! -- continuava falando baixo -- Vai que você aparece na TV e é tachada de terrorista, Blekiplok ou sei lá o que?

 

--Isso é... -- ponderou -- Mas por que você continua falando tão baixo? Quase não te ouço, ainda mais com essa barulheira de shopping!

 

--Ah, minha filha, esse celular anda uma droga, vou te contar! -- mentiu -- Mas, por favor, me ouve e não vai! Não quero ficar com a consciência pesada por me sentir má influência na sua vida!

 

--Isso você nunca será, meu bem! -- respondeu melosa -- Olha, amor, tenho que desligar porque vovó me chama. Comprei ingressos pro cinema e já tá quase na hora da sessão.

 

--Vai lá, minha delícia! -- respondeu melosa -- E manda um beijinho pra vovó! Te adoro, maravilhosa! -- soprou vários beijos

 

--Também te adoro, amor! Saudades! Tchau -- desligou -- "Vou fazer uma surpresa pra ela e aparecer na passeata.” -- pensou -- "Mesmo que muita gente vá, não vai ser difícil encontrar Cátia. Ela sempre faz discurso...” -- sorria

 

--Cátia?! -- Magali perguntou desconfiada -- Que faz aí enfiada nesse guarda roupas? -- não entendeu

 

--Ah, eu... -- levou um susto e escondeu o celular no meio das roupas -- Eu tava aqui pensando no modelito que vou usar amanhã no protesto! -- mentiu e fingiu que examinava as próprias roupas -- Não sei se uso uma coisa mais do tipo esperança, ou uma coisa punk... -- gesticulava -- Um look mais down ou algo mais casual... -- olhou para ela -- Que acha?

 

--Eu hein! -- achou graça -- Você é doida! -- beijou-a -- Pensa nisso depois e vem lanchar que já preparei tudo! -- envolveu os braços no pescoço dela -- Tá com fome, não?

 

--Tô sim. -- beijou-a também -- Me dá só dois segundinhos, tá bom? -- pediu gentilmente -- Pode ir se acomodando bonitinha que daqui a pouco eu tô lá, sentada contigo na mesa! -- sorriu

 

--Não demora! -- beijou-a novamente e voltou para a cozinha

 

Cátia esperou Magali sair para salvar o número novo de Lúcia. “Tomara que ela me ouça e não apareça no protesto.” -- pensava -- "Venho tão bem com essas duas há dois meses! Não posso dar mole justo agora!”

 

***

 

Debruçada sobre a porteira Zinara contemplava o céu, quando a voz de Jamila despertou-a de seus muitos pensamentos.

 

--Você já foi mais discreta, hayati. -- aproximava-se de braços cruzados -- Aquela história de acampar não sei onde, a troca de olhares, a despedida no ponto de ônibus... -- olhava para a morena -- Quem não terá percebido o que acontece entre você e o ta...? -- conteve-se a tempo -- e Clarice.

 

--Você também já foi mais discreta. -- respondeu de imediato ao olhar para ela -- Nunca imaginei que tivesse coragem de vir no casamento de Ahmed! -- balançou a cabeça negativamente -- Engraçado que quando estávamos juntas você só quis vir aqui uma vez... -- achou graça -- E você também não foi tão ‘fofa’ -- fez aspas com os dedos -- quanto tem sido agora!

 

--As pessoas mudam, hayati! -- argumentou mansamente -- Eu mudei!

 

--E eu também! -- afirmou com firmeza -- Mudei em muitas coisas, Jamila! -- virou-se de frente para a outra

 

Aproximou-se mais e encarou com a ex. -- Você a ama? -- perguntou à queima roupa -- Quero a verdade, min fadlik (por favor)!

 

--Amo! -- olhava nos olhos -- Como nunca amei ninguém! -- emocionou-se -- Nem mesmo você!

 

Sentiu uma pontada de dor em seu peito e afastou-se desviando o olhar. -- Será mesmo? -- não aceitava -- Será que não deseja apenas se vingar de mim? -- passou a mão nos cabelos -- Por tudo que eu te fiz sofrer?

 

A astrônoma respirou fundo e então propôs: -- Já que você veio, já que está aqui, vamos ter uma conversa séria e definitiva! Nada de agressividade, deboche, provocações ou quaisquer joguinhos de sedução. -- pausou brevemente -- Vamos falar sobre nós e deixar tudo claro de uma vez por todas!

 

--Tudo que eu quero é resolver nossa situação de uma vez por todas! -- olhou para a morena

 

--Ô, Amina, -- Raed olhava da janela da sala -- pur que Zinara e a adévogada di Aisha tão prosiandu nu meiu da iscuridão invés de prosiá aqui dentru? -- perguntou intrigado

 

--Oxi, e eu qui sei? -- não sabia o que dizer -- Elas são amiga, vai vê tão falandu uns trem qui num é pra nóis oví. Coisa delas... -- deu o assunto por encerrado

 

“Devi di sê coisa di muié...” -- ele concluiu

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Músicas do Capítulo:

 

Najla Suspira com:

Meu Ébano. Intérprete: Alcione. Compositores: Nenéo / Paulinho Rezende

Marco Suspira com:

Dona. Intérprete: Roupa Nova. Compositores: Sá & Guarabira

 

 

[a] Mexe Mexe. Intérpretes: Leandro & Leonardo. Compositores: Nazildo / Altair Menezes. In: Leandro & Leonardo Vol 7. Intérprete: Leandro & Leonardo. Chantecler & Warner Music, 1993. 1 CD, faixa 2 (3min16)


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Comentários para 19 - O CASÓRIO:
Samirao
Samirao

Em: 08/10/2023

Mas a pergunta é existe algo definitivo nessa vida? 


Solitudine

Solitudine Em: 11/11/2023 Autora da história
Só a impermanência e o Amor de Deus!


Responder

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Samirao
Samirao

Em: 08/10/2023

E eu esquecendo que tava na sua conta fui comentar huahuahua 


Solitudine

Solitudine Em: 11/11/2023 Autora da história
Olha lá, hein, menina?


Responder

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Seyyed
Seyyed

Em: 19/09/2022

Eu tô doida pra ir nessa roça! Lugar foda! Gente boa comida foda até a decoração arrebentar! Najla ganhou um negão aeee hehe gostei que tem trilha sonora interna!! Morro de rir quando Leda e Amina ficam zoando as filhas hehe Ahmed vai se aquietar ? Ele e Cátia são pinga fogo! Hahaha


Resposta do autor:

kkkk Olá garota!

Sim, a roça é como diz Aisha: TU-DÔ!!

Najla também tem direito a um amor, por que não? rs

Ahmed e Cátia são danados, mas quem sabe eles não encontram, respectivamente, aquilo que precisam e procuram? Continue lendo!rs

Beijos,

Sol

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Zaha
Zaha

Em: 15/01/2018

Jesus, achei que tivesse atualizado...tive q ler o começo e aí num me guentei e li de novo!! Qual foi minha surpresa em encontrar a frase que tanto busquei e q se parece a frase q digo qndo tenho medo... "Ana fy knt, wknt fy ly wAllah fyna... (Eu em você, você em mim e Deus em nós) ". Agora sei q tá no capítulo denominado " O Casório)

Pensei que tivesse favoritado, achei estranho nao ter recebido nada, mas sempre sigo minha intuiçao, por isso entrei. Na verdade vim aqui n pela frase, mas pelo começo do capítulo, qndo Zinara fala com o irmao. E ele fala quye n tinha a atençao dela e ela fala que ela e os irmaos queriam ter sido tratados como ele ou um pouquinho e n sabia pq reclamava.... A questao é que as vezes pensamos que o outro tem td e devia tá feliz,né? Mas o que nos priorizamos nao é prioridade para o outro, pq sempre nos sentimos abandonados em algo, ficamos triste pq " perdemos" algo, isso é a tristeza, qndo perdemos algo e n podemos mudar....Zinara queria tanto a atençao dos pais, principalmente do pai, fazia td pra chamar atençao. acredito ate q se dedicou mais em td e ainda faz e  amotivacao inicial foi ele, ainda que deve ter sido incosciente e hj dia, claro n é mais isso. Mas o irmao queria sentir mais a presença e  amor dos irmaos, e nenhum deles tava errado ou deveria ser julgado como Zinara achou ,acreditando q ele tivesse td...sempre nos falta algo, a uniao dos irmaos  é essencial, n só a dos pais, afinal, normalmente, convivemos mais com eles. e Terminamos nos afastando do outro pq pensamos coisas q n sao em vez de conversar ou pq um n fez tb n devemos fazer,mas q bom q as coisas resultaram bem, nunca é tarde, tarde é morrer sem ter feito nada!

É issso, já q comentei esse capítulo, n farei nada mais adiante em relaçao a ele... espero ter conseguido explicar o q meu cérebro queria...

Clarice e Zinara..sempre lindas!!

 

Essa Jamille...ainda espera. Devia seguir a vida pq infelizmente sim pra ela foi tarde demais, mas nunca para se formar uma amizade sincera! 

Beijos 


Resposta do autor:

É, minha querida... em suma, eu diria que toda verdade tem várias faces. Tendemos a acreditar que é uma só;a que enxergamos

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 15/05/2020

Olá Sol!

 

Taí um casal muito nada a ver... Cátia e Magali, duas doidas!E já falei e repito, nessa época a geofísica era uma sacana, fdp, sem vergonha!

 

 

E não é que na roça dá pra brincar de escalada? Só emoção na roça né? Conversa linda de Zinara e Ahmed e com o por do sol de fundo. Zinara aparando as arestas.

 

 

Bem aquilo profissionalmente Jamila é fodastica, mas de resto...

 

 

"DonaBord: Nossas filhas namoram no telefone! Que lambição mais danada!

 

DonaBord: Daqui do quarto vejo Clarice toda saliente na poltrona que nem minhoca na terra quente! kkkkkkkkk

 

Siriema: Zinara tá nu quintar deitada na rede cum um surriso di oreia a oreia!

 

Siriema: O amô é lindu! kkkkkkk" Não aguento essas duas velhinhas... Kkkkkkkkk....

 

Tenho pena das almofadas de Clarice, a bichinha aperta tanto... Kkkkkk....

 

 

Dona Amina fez o serviço certinho, tadinho do Adamastor... Kkkkkkkk....

 

 

Lá vem o negão cheio de paixãooo... É dona Najla vai chover na sua horta!

 

 

Festança na roça, deu até fome lendo viu? 

 

Momento ownnnn... Zinara e Clarice... Tão fofinhas!

 

 

Ai como a Jamila é inconveniente credo! As vergonhas que ela passa são no débito ou no crédito? 

Dona Leda te venero... Kkkkkkk...

 

"Devi di sê coisa di muié...” -- Raed pensava... Sabe de nada inocente! Kkkkkkk...

 

 

Alguém diz pra Jamila que ela perdeu, a pessoa ou se faz de besta ou não quer entender.

 

 

Capítulo divino!!!

 

 

Beijos

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Resposta do autor:

Gabinha!

A roça é linda, Guaiás é tudo e a natureza local propicia alegrias para todos os gostos!

Vocês sempre gostaram de ver Amina e Leda fazendo troça das filhas! kkkk

Jamila quir dar o golpe final e jogou com tudo. Porém reconhece finalmente que seu tempo passou.

Como te disse: Cátia e Magali foi o encontro da fome com a vontade de comer! kkk

Marco era tudo que faltava para completar a maré de felicidades de Najla. Raed é que não gostou muito. Assim como sempre desconfia da filha mas no final acha que é coisa de muié. No que não está de todo errado, não? kkk

Beijos,

Sol

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patty-321
patty-321

Em: 16/01/2018

Jamila vc passou. E mereceu. Zinara agora E so amor com Clarice. E q amor. A roça e tudo q envolve o passado de zinara q aos poucos vai perdoando só faz bem a ela. A mae sa Clarice e um show a parte. Amo tudo. Boa semana. Bjs


Resposta do autor:

Este veio repetido. Novamente repito meu pedido de desculpas!

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 16/01/2018

Jamila vc passou. E mereceu. Zinara agora E so amor com Clarice. E q amor. A roça e tudo q envolve o passado de zinara q aos poucos vai perdoando só faz bem a ela. A mae sa Clarice e um show a parte. Amo tudo. Boa semana. Bjs


Resposta do autor:

Olá querida!

Há quanto tempo, hein?

Jamila tem dificuldade de aceitar derrotas e ela acha que entender que o relacionamento terminou seria uma derrota.

Dona Leda é uma fofa, não acha? Adoro estas velhinhas!

Beijos!!! Ainda que com mais de dois anos de atraso!

Responder

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 15/01/2018

Jesus, achei que tivesse atualizado...tive q ler o começo e aí num me guentei e li de novo!! Qual foi minha surpresa em encontrar a frase que tanto busquei e q se parece a frase q digo qndo tenho medo... "Ana fy knt, wknt fy ly wAllah fyna... (Eu em você, você em mim e Deus em nós) ". Agora sei q tá no capítulo denominado " O Casório)

Pensei que tivesse favoritado, achei estranho nao ter recebido nada, mas sempre sigo minha intuiçao, por isso entrei. Na verdade vim aqui n pela frase, mas pelo começo do capítulo, qndo Zinara fala com o irmao. E ele fala quye n tinha a atençao dela e ela fala que ela e os irmaos queriam ter sido tratados como ele ou um pouquinho e n sabia pq reclamava.... A questao é que as vezes pensamos que o outro tem td e devia tá feliz,né? Mas o que nos priorizamos nao é prioridade para o outro, pq sempre nos sentimos abandonados em algo, ficamos triste pq " perdemos" algo, isso é a tristeza, qndo perdemos algo e n podemos mudar....Zinara queria tanto a atençao dos pais, principalmente do pai, fazia td pra chamar atençao. acredito ate q se dedicou mais em td e ainda faz e  amotivacao inicial foi ele, ainda que deve ter sido incosciente e hj dia, claro n é mais isso. Mas o irmao queria sentir mais a presença e  amor dos irmaos, e nenhum deles tava errado ou deveria ser julgado como Zinara achou ,acreditando q ele tivesse td...sempre nos falta algo, a uniao dos irmaos  é essencial, n só a dos pais, afinal, normalmente, convivemos mais com eles. e Terminamos nos afastando do outro pq pensamos coisas q n sao em vez de conversar ou pq um n fez tb n devemos fazer,mas q bom q as coisas resultaram bem, nunca é tarde, tarde é morrer sem ter feito nada!

É issso, já q comentei esse capítulo, n farei nada mais adiante em relaçao a ele... espero ter conseguido explicar o q meu cérebro queria...

Clarice e Zinara..sempre lindas!!

 

Essa Jamille...ainda espera. Devia seguir a vida pq infelizmente sim pra ela foi tarde demais, mas nunca para se formar uma amizade sincera! 

Beijos 


Resposta do autor:

É, minha querida... em suma, eu diria que toda verdade tem várias faces. Tendemos a acreditar que é uma só;a que enxergamos

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