-- Bárbara fala comigo o que você tem?

Acorda baixinha

(falei tentando acorda-la, sem sucesso).

 

-- Luciana chama um medico e me ajuda com ela

 

-- porque essa pirralha tem que passar mal logo hoje?

Vamos mais você carrega ela.

 

Estava assustada com a baixinha que não acordava então com cuidado a peguei no colo e entrei por o outro lado da casa que estava mais calmo.

Por sorte ninguém nos viu

A Luciana abriu a porta e fomos ao

Meu quarto e a deixei deitada lá e corri pra pedir ajuda.

 

-- Dindaaa

Socorro

 

-- que foi minha filha?

 

-- trás álcool agora tem uma moça desmaiada

E chama o medico da família.

Diz a ele que venha o mais rápido possível e, por favor, com total descrição.

 

Voltei pro quarto e a dinda logo atrás de mim com o que pedi.

Tentei acorda-la com o álcool

E aos poucos ela foi voltando.

 

-- Oi baixinha linda,

Acorda por favor. (falei fazendo carinho em seu rosto)

 

-- onde estou?

 

-- você está no meu quarto, sou eu a Dávila.

Se sente melhor?

 

-- finalmente pirralha.

 

-- Lu, menos ok?

Se for atrapalhar, por favor, sai.

 

-- Dávila eu vou ficar.

 

-- minha cabeça dói

 

-- eu sei baixinha, você acabou desmaiando.

Mas o medico já está vindo pra te examinar.

 

-- não, por favor.

Não quero

 

-- você tem que ser examinada.

Nem que seja pra tomar um soro.

 

-- Dávi?

Não, eu sei o que tenho.

 

-- então me diz?

Você me deixou preocupada Barbie.

Tem que se cuidar mocinha.

 

-- só me deixa quieta um pouco, e chama minha mãe.

Logo passa.

 

Dávila

Fiquei preocupada com a Bárbara.

Não é normal alguém desmaiar assim. Será que foi alguma queda de pressão?

Ou ela não se alimentou como se deve?

O medico ira examiná-la ela querendo ou não.

A deixei no quarto e sai com a Luciana para chamar a dona Catarina.

 

-- Lu olha só eu não vou pra sua casa.

 

-- não me diga que vai ficar com essa pirralha?

 

-- Luciana a menina acabou de desmaiar e é filha de uma das funcionarias da Padaria.

Você quer que eu a deixei abandonada a sorte?

 

-- vira babá então Dávila.

 

-- Luciana, você não entende nada mesmo.

 

-- vêm, vamos atrás da mãe dela.

 

Demoramos um pouco e finalmente achamos a dona Catarina.

 

-- Catarina, por favor, pode me acompanhar?

 

-- pois não menina, cadê minha filha?

 

-- ela está bem, é sobre ela mesma.

 

-- o que foi que houve?

 

-- ela acabou desmaiando senhora.

Mas o medico já está vindo.

 

Seguimos as três pro meu quarto e ela continuava lá da mesma forma como deixei.

 

-- filha o que você tem?

 

-- acabei perdendo os sentidos mãe.

Mas está tudo bem.

 

-- filha, eu falei que deveria se cuidar.

 

-- Dona Catarina ela vai se cuidar, pode deixar.

O medico está chegando.

 

-- não quero.

 

-- Bárbara

Escuta-me (Falei me aproximando)

Você me deixou preocupada sabia?

Confia em mim, o médico só vai te examinar.

Eu vou estar aqui.

 

Bárbara

Eu não posso falar que tenho HIV o que a Dávila vai pensar de mim?

E agora meu deus.

Eu sinto certa segurança com ela, mas não sei o que ela vai pensar quando descobrir que não sou saudável.

 

-- tudo bem mais eu só quero que fique minha mãe no quarto.

 

-- como você quiser.

Eu estarei ali fora e assim que ele sair volto.

Até já.

Vamos Luciana.

 

Sai do quarto quase arrastando a Luciana.

Estava com certa preocupação, o que será que ela tem?

O medico não demorou a chegar e imediatamente foi examina-la.

Eu continuei um pouco distante com a Luciana.

 

-- Dávila não vai mesmo comigo?

 

-- não lu.

Irei ficar aqui.

 

-- tudo bem então.

Eu já perdi minha viajem mesmo.

 

-- engraçado porque você está me cobrando agora? Você mesma me falou que não tínhamos nada serio.

Não é só uma trans* sem compromisso?

Você jogou isso tantas vezes na minha cara que agora eu estou começando a te ouvir.

Por favor, se me dá licença tenho o que fazer.

 

Luciana.

Sinceramente não sei por que a Dávila está tão estressada ultimamente.

Iria para casa até lembrar que deixei minha bolsa no quarto.

Segui até lá e não contive a surpresa com o que ouvi do medico que estava examinado a

Pirralha. Ela tem AIDS? Meu deus o que essa menina faz aqui e a Dávila corre perigo perto dela.

 

-- Então Bárbara você precisa se cuidar.

É necessário isso mocinha.

Seu estagio de infecção ainda é o agudo mais nem por isso não requer mais cuidados.

Você é jovem e tem uma vida pela frente.

 

-- eu sei doutor eu irei me cuidar.

E esse mal estar vai passar?

 

-”- Esse quadro não se complica e é autolimitado, ou seja, melhora sozinha”, Quando os sintomas de HIV iniciais desaparecem, a pessoa pode passar anos sem dar qualquer sinal da doença.

 

-- poderia me explicar melhor?

 

-- você está no estado da infecção aguda após a transmissão do vírus, há um período de cerca de 10 dias, denominado de fase eclipseG, antes que o vírus seja detectável em exames de sangue.  Você acabou de me confirmar que já fez exame de sangue então já passou por esses dias.

Durante esse tempo, o vírus é disseminado primeiro para os linfonodos - que ficam próximos ao pescoço - em número suficiente para estabelecer e manter a produção de vírus nestes tecidos. O HIV se replicando consegue então circular livremente pela corrente sanguínea, causando um pico de infecção viral por volta de três a seis semanas após a exposição.

 

-- sim, faz basicamente umas quatro semanas que descobri o vírus.

 

-- Bárbara Essa fase, chamada de infecção aguda, pode gerar uma resposta do sistema imunológico para combater a infecção, mas esta resposta já é tardia. “Febre, mal-estar, indisposição, dor de cabeça e dor nas juntas são algumas das sensações mais comuns nesse período, possivelmente eles irão lhe acompanhar enquanto não começar o tratamento”.

Eu te aconselho a fazer alguns exames e saber mais sobre esse desmaio.

 

-- obrigada doutor.

Eu irei procurar ajuda.

 

-- faça isso, é por sua saúde.

Procure-me nesse hospital.

Você tem que fazer exames.

 

-- ok, obrigada.

 

-- mãe e agora?

A gente não tem dinheiro pra isso.

 

-- filha vamos dá um jeito.

Você vai ficar bem.

 

 

Dávila

 

-- ouvindo atrás da porta Luciana?

 

-- só voltei pra pegar minha bolsa.

 

-- sei, já pegou?

 

-- não, o medico já vai sair e irei embora.

 

Entrei no quarto e peguei minha bolsa.

Olhe fixamente pra pirralha e agora que percebi, ela é a mesma menina que estava no meu caminho vendendo flores.

Quem essa menina pensa que é pra estar no meu caminho.

Sai do quarto e depois iria ter uma conversa muito seria com a Dávila, irei usar essa informação na hora certa.

 

 

-- doutor obrigado por vim.

 

-- Dávila, qualquer coisa é só me chamar.

Peça a sua amiga que vá mesmo ao hospital.

É necessário.

 

-- pode deixar eu mesma irei lembra-la.

 

Entrei no quarto e a Bárbara parecia seria com a mãe dela.

 Os rostos estavam tensos.

 

-- se sente melhor Bárbara?

 

-- sim, estou um pouco melhor.

 

-- o medico falou que você precisa ir ao hospital.

Tem exames pra fazer.

 

-- eu irei sim Dávila

 

-- Catarina pode me deixar a sois com sua filha?

 

-- sim minhas filhas, irei te aguardar pra irmos embora bárbara.

 

-- certo mãe.

 

 

-- ei você está melhor mesmo? (falei sentando junto a ela)

 

 

-- Dávi, estou sim.

E eu não sei como agradecer mais uma vez.

Já te devo tanta coisa.

 

-- nada disso, você não me deve nada.

Olha, eu realmente estou preocupada com você.

 

-- eu estraguei sua noite né.

Tanta gente ai pra você dá atenção.

E acho que sua namorada ficou com ciúmes.

 

-- risos.

Minha namorada? Ela não é minha namorada.

 E eu realmente fiquei preocupada.

Eu gostei de você.

 

-- eu também gostei de você.

 

-- então Consegue andar?

 

-- sim, consigo sim.

 

Bárbara

Ainda bem que a Dávila cortou um clima que já estava surgindo no ar.

Eu me perco quando ela olha pra mim.

Parece que o tempo para.

Tentei levantar e quase cai de novo, se a Dávila não tivesse me segurado.

 

-- opa

 

-- cuidado você pode se machucar

(falei olhando dentro desses olhos tão esverdeados que me fitavam discretamente)

 

-- eu....

(que droga eu não sei o que falar Dávila o que você faz comigo?).

 

Bárbara

Ah Dávila se você soubesse que eu amei ter te conhecido.

Em dois dias você me fez sentir algo tão bom. Foi como se meu coração voltasse a bater mais rápido.

Eu me sinto tão bem em seus braços o tempo para e simplesmente perco a noção.

Estávamos tão próximas e ela não conseguia parar de me olhar eu também não fazia questão de me soltar. Estava com a sensação de que iriamos se beijar. Não nego que não faltou vontade.

 

Dávila

Eu estava com vontade de beija-la, e isso não tenho duvidas.

Ela parece ser tão frágil e eu estou carente emocionalmente e não posso pensar nisso.

Ainda mais com ela, uma menina ainda.

Juízo Dávila, juízo.

 

-- então, senta novamente eu vou pegar uma agua pra você.

E vou te deixar em casa, vocês vieram como?

 

-- de ônibus.

 

-- nessas condições que você esta precisa de conforto pequena.

Então quando chegar em casa, descansa tá?

 

-- obrigada.

 

Peguei a agua da Bárbara e seguimos para pegar a mãe dela que já estava nos esperando.

Fiz questão de ir deixa-las em casa, já sabia o endereço então logo chegamos.

 

-- Patroa, obrigada por nos deixar até aqui.

Eu não sei mais o que fazer para agradecer a vocês.

 

-- nem precisa Catarina.

Só quero que você cuide da Bárbara e peça para ela se cuidar, pode ser?

 

-- Dávi, não sou mais criança.

 

-- pequena, se cuida que estou de olho em você.

E dorme bem tá?

(falei dando um beijo no rosto dela, e ela literalmente se agarrou a mim em um abraço apertado)

 

-- vou me cuidar Dávi...

Obrigada por tudo.

 

Depois que a Dávila saiu eu entrei  e fui direto pra minha rede.

Minhas juntas doíam e ate para andar estava sentindo certo desconforto.

 

-- filha, amanha quero conversar com você.

 

-- sobre o que mãe?

 

-- sobre a Dávila.

O que será que ela quer falar?

Acabei pegando no sono, e tentei esquecer essa doença que corre nas minhas veias.

 

Dávila.

 

Deixei a bárbara em casa e voltei pra festa que ainda iria continuar até a madrugada.

Voltei pra casa pensando na vida e sinceramente cansei por hoje.

 

-- filha, a moça está melhor?

 

-- que susto dinda...

 

-- está sim, mas precisa voltar ao hospital.

 

-- e o que ela tem?

 

-- não quis me dizer.

Mas eu vou saber dinda.

 

-- o que essa menina representa pra você?

 

-- não entendi, como assim dinda?

 

-- eu vi na hora que ela acordou e nunca te vi tão preocupada assim.

Quando ela sorri seus olhos parecem que conhecem o sorriso dela.

Filha, você está gostando dela?

 

-- pelo o amor de deus Dinda, que historia é essa?

Que absurdo é esse?

 

-- calma, não precisa ficar nervosa.

Mas eu acho que seria um dos melhores absurdos que você já cometeria.

Não gosto daquela lá.

 

-- dinda, você também vai começar a criticar a lu?

 

-- pensa no que te falei e vai descansar teus pais tomam conta da festa menina.

 

Cada coisa era só o que me faltava agora.

Acabei tomando um banho e indo deitar.

Mas demorei a dormir mesmo sem querer pensei no que a dinda falou...

Isso e um grande absurdo, mas eu ficaria feliz cometendo.

 

Ouvi dizer que existe paraíso na terra

E coisas que eu nunca entendi

Coisas que eu nunca entendi

Só ouvi dizer que quando arrepia já era

Coisas que eu só entendi

Quando eu te conheci

 

https://www.youtube.com/watch?v=FsyTjP0nL48

 

 

Utilidade publica.

O número de pessoas vivendo com HIV/Aids aumentou de 30 milhões para 35,3 milhões entre 2001 e 2012, segundo a Unaids - agência da ONU para assuntos relacionados à doença. O sex* seguro deve ser levado muito a sério.

Precisamos falar da prevenção de DSTs entre lésbicas

 

Sexo entre mulheres é sex*, portanto sua prática é passível de transmissão de doenças sexualmente transmissíveis. A transmissão de doenças como sífilis, herpes genital, HPV, ou mesmo tricomoníase, gonorreia clamídia é perfeitamente possível. Sabemos, no entanto, que no sex* entre duas vagin*s a transmissão de HIV é consideravelmente menor, quase inexistente, mas nem por isso não vamos deixar de se cuidar não é?

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo