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  • Capítulo 11: LIÇÃO 9: ENTRE EM NOVAS BATALHAS QUE VALHAM A PENA

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MANUAL NADA PRÁTICO PARA SOBREVIVER A UM GRANDE AMOR por contosdamel

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Palavras: 3415
Acessos: 5127   |  Postado em: 21/11/2017

Capítulo 11: LIÇÃO 9: ENTRE EM NOVAS BATALHAS QUE VALHAM A PENA

Marcela me segurava firme, e eu mais mole que gelatina nos braços dela, não conseguia me equilibrar no pé sem salto. Foi dela a iniciativa de me por de pé, preservando aquele sorriso lindo, praticamente uma afronta à minha sanidade.

 

-- Desculpe-me o mau jeito... – Gaguejei.

 

-- Se isso fosse um conto de fadas, o certo seria eu guardar o sapato perdido, e procurar a donzela dona dele depois que a carruagem virasse abóbora não é mesmo?  - Marcela brincou.

 

-- Oi?

 

Perguntei por pura lerdeza mesmo. Não compreendi naquele momento a alusão feita por ela ao conto da Cinderela.

 

-- Ah, esquece, professora... A senhora quer falar algo urgente comigo?

 

Visivelmente perdida, e desequilibrada sem um dos sapatos, demorei alguns segundos para responder.

 

-- Assim, é... Não é urgente, mas, é necessário.

 

-- Então?

 

-- Preciso me desculpar, Marcela. Eu fui grosseira, rude com você, perdoe-me.

 

-- Não é preciso se desculpar, professora, a senhora não foi rude, nem de longe foi grosseira.

 

-- Eu fui no mínimo insensível, perdoe-me.

 

-- Não há necessidade de pedido de desculpas, nem muito menos de desculpar a senhora, está tudo bem, mas, se faz tanta questão de se desculpar, a ponto de perder um sapato, sinta-se desculpada.

 

Marcela deixou um sorriso no canto dos lábios se fazer, o suficiente para fazer meu coração galopar.

 

-- Bem melhor assim... – Correspondi ao sorriso.

 

-- Então... Eu preciso ir agora, tenho que derrubar uma concorrência alta na prova de amanhã, preciso estudar, dizem por aí que a professora é uma carrasca nas provas que elabora, sabe?

 

Não contive meu riso, conhecia minha fama, e Marcela falava de um jeito tão ingênuo... Ah! Aquele jeito amolecado dela era um charme a mais naquela beleza inebriante...

 

-- Ouvi a mesma coisa pelos corredores, é melhor mesmo que estude! – Reforcei.

 

-- Então, melhor que eu vá, nos vemos amanhã, professora.

 

Marcela me deu uma piscadela de olho, e a observei entrar no carro, deu a partida, e antes de sair disse:

 

-- Não esqueça seu sapato perdido... Se bem que... A senhora nunca será a gata borralheira.

 

Com um semblante nada inteligente, eu fiquei ali parada, tentando entender que diabos Marcela falava sobre abóbora, sapato, e agora gata borralheira. Catando o tal sapato perdido, as milhares sinapses do meu cérebro finalmente aconteceram e entendi, ou pelo menos acho que entendi, os comentários da menina.

 

Uma nuvem de hipóteses surgiu na minha cabeça, e meu andar desequilibrado combinado com minha distração, me fez tentar abrir o carro errado. Pois é! Lá estava eu, enfiando minha chave em um carro que não era o meu, foi o que eu achei mais próximo, e parecido com o meu: mesma marca, mesma cor... Além disso, eu precisava me sentar, minhas pernas tremiam, e refletir sobre o que acabara de acontecer.

Ao invés disso, o som irritante do alarme do carro, que não era o meu, disparou, e eu fiquei ali, fazendo papel de idiota estabanada no estacionamento, chamando atenção de quem estava ao redor. Um dos seguranças do campus se aproximou, e logicamente, eu me atrapalhei na explicação, mas, ao final, o verdadeiro dono do carro “invadido” se apresentou e o equívoco se desfez.

 

A nuvem de hipóteses? Bem, ela me seguiu. Marcela estava me comparando à uma donzela de conto de fadas? Será? Ela queria ser “meu príncipe”?  Não... Não podia ser, era só uma menina, ah Luiza! Tenha juízo! Ela é sua ALUNA, parece que eu conseguia ouvir o que Clarisse me diria se eu compartilhasse minhas hipóteses com ela.

 

Marcela não saiu do meu pensamento. Volta e meia entre meus afazeres acadêmicos, a lembrança do rosto dela, e daquele jogo de palavras do conto de fadas vinham à tona. Esses pensamentos começaram a perturbar meu sono, me apavorei, e para desviar o foco apelei para uma conversa que certamente só sairia muita asneira, mas, era o que eu precisava. Liguei para Cris.

 

-- Fala sapa chefe! – Cris atendeu no tom de escracho.

 

-- Ah Cris, fala direito, isso são modos de atender meu telefonema? E desde quando sou chefe do brejo?

 

-- Estou respeitando a titulação, só tenho você de amiga doutora! Você sempre esfrega isso na minha cara quando está bêbada.

 

-- Mentira, que não faço isso! Você é que diz isso bêbada! E nem é verdade, tem a Clarisse também.

 

-- Aquela enjoada é sua amiga, não minha.

 

-- Essa implicância com a Clarinha não acaba nunca? Que besteira heim? Se não conhecesse vocês diriam que é paixão encubada. “Tu te sentes atraído por aquilo que repeles”.

 

-- Pronto! Começou a psicologia de botequim. Ainda inventa de falar bonito só porque é doutora, não seria mais fácil dizer: Quem desdenha, quer comprar?

 

Gargalhei, Cris apesar do seu jeito que poderia sugerir grosseiro, era uma das pessoas mais inteligentes que eu conhecia. Sabia captar as entrelinhas, isso era uma arma de sedução que ela usava muito bem, mas, quando o intuito não era esse, tal inteligência, servia para traduzir as atitudes e discursos de quem ela conhecia bem, entre essas pessoas, estava eu.

 

-- Deixar de embromação, fala aí, você está bem? Novidade você me ligar no meio da semana assim.

 

-- Ow bocão! Deixa de ser faladeira! Eu sempre te ligo, você é que sumiu, no whatsapp, só mandou emotions e vídeos bizarros, você deve estar enrolada né?

 

-- Estou enroladíssima, em trabalho! Estou saindo agora do escritório. Pregada!

 

-- Certeza que não tem nenhuma arquiteta escândalo, ou uma estagiária gatinha nesse trabalho aí que está te enrolando tanto?

 

-- Ah vá se fuder Luiza! Acha que meu mundo só tem mulher? Eu trabalho pra caralh*, porr*!

 

-- Incrível, como você consegue agrupar tanto palavrão numa sentença só?

 

-- Deixe de mi mi mi, vai, sabe como sou. Agora desembucha, você tá de boa? Aconteceu alguma coisa pra você me ligar?

 

-- Não, quer dizer, aconteceu um lance chato aí no final de semana com a Beatriz e a “Inha” dela, mas, já foi superado, pelo menos é o que espero.

 

-- Tenho dúvidas aí dessa superação, você está sumida demais, evitando a mim e o Ed, você está aprontando, com certeza. Se esse lance chato, não gerou uma reunião de emergência entre nós, ah, tem algo podre que você quer esconder.

 

-- Ai para né! Tem nada de podre, mas, heim, amanhã poderíamos nos encontrar, saudade de vocês, vamos jantar juntos?

 

-- Vou me organizar para isso, porque hoje, olha a hora que estou saindo... Mas, combina o local com o Ed, e me manda mensagem.

 

-- Mas, responda, sapa peão! Já que eu sou a chefe...

 

-- Já mandei você ir se fuder hoje?

 

-- Já, Cris! Estou mandando você responder, porque eu vejo lá os dois “Vês” azuis e você nunca mais responde!

 

-- Essas tecnologias só me ferram, eu heim... Bateria acabando, nos falamos amanhã, fique bem!

 

Sabia que o jantar do dia seguinte, seria um bombardeio de perguntas dos dois, na verdade, tinha que ir preparada para um interrogatório dos moldes da KGB, ambos, conseguiam me torturar pra adquirir as informações que queriam adquirir. O motivo real do meu tormento naquela noite, era fichinha perto da minha recaída com Beatriz, e esse seria meu desabafo.

 

Demorei a dormir naquela noite, e agradeci a mim mesma pela ideia genial que tive ao criar o GRUFARMA, na primeira seleção dos participantes discentes, coloquei como um dos critérios na prova, a identificação do candidato por um código, só o candidato teria acesso no ato da inscrição. O sistema só fornecia a informação dos candidatos para os avaliadores, depois que fossem lançadas todas as notas das etapas da seleção. Assim, eu não correria riscos de fugir à minha ética para aprovar Marcela naquele processo.

 

Eu e uma colega docente do grupo de pesquisa aplicamos na hora marcada a prova de seleção. Poderia ser algo habitual para mim, apesar da boas perspectivas de agregar novas mentes no mundo da pesquisa, aquela seleção tinha uma brilho a mais: Marcela.

 

Lutei para não fita-la, contudo, vez por outra, ela me flagrava em delito. Poderia afirmar sem contestação que seus olhos exerciam em mim magnetismo. Mas, não, eu me recusava a aceitar tamanha atração por uma menina, uma aluna.

 

O fato é que eu estava ali, com o buço suado, sinal de nervosismo, quem me conhecia, sabia disso. Prestava atenção em cada gesto de Marcela, o jeito de colocar os olhos atrás da orelha, o batido da caneta na cadeira, depois colocando a mesma caneta na boca, estreitando os olhos ao ler a prova. Tudo tão banal, entretanto, ali tomava ares de uma propaganda sensual de TV, especialmente quando ela envolveu os longos cabelos em um coque, alcançando outra caneta para segurar o penteado.

 

Meu Deus! Luiza tenha vergonha nessa cara! Sim, eu me censurava mentalmente. Aquela tarde passou lentamente, por um lado, eu experimentava uma sensação estranha de prazer estando perto da garota, em contrapartida, eu me culpava de maneira inédita por tamanha atração.

 

Quando Marcela entregou a prova, evitei encará-la, tomada pela culpa, e pelo medo de denunciar meus pensamentos de fascínio a seu respeito.

 

-- O gabarito sai que horas, professora?

 

Uma voz do corredor ecoou. Um aluno ansioso, perguntou.

 

-- Daqui a uma hora estará no site do GRUFARMA. Assim como a lista das inscrições aprovadas para a fase de análise curricular.

 

Respondi prontamente, lacrando o envelope de provas. Como anunciado, lancei os resultados no site, torcendo para que os códigos divulgados guardassem o nome de Marcela. Metade dos concorrentes foram eliminados na prova escrita, outros se saíram muito bem, a ponto de me deixar entusiasmada com os novos alunos que eu orientaria na pesquisa, dois em especial, atingiram a pontuação máxima.

 

Já era noite, quando saí do meu pequeno gabinete dentro do laboratório de farmacologia. Marcara com Ed e Cris um jantar em uma pizzaria, ali mesmo perto da universidade. Clarisse me alcançou no corredor:

 

-- Mas, olha só, quem é viva...

 

-- Clarinha! Estava mesmo pensando em te ligar. Vamos comer pizza?

 

-- Acha que vai acabar em pizza a conversa que você prometeu, domingo passado? Aquela conversa que você ia me explicar a presença de uma aluna na sua cama?

 

-- Shiii, fala baixo!

 

-- Tá com medinho, é?

 

-- Ai, para de ser chata! Não tem nada pra explicar, deixa de ser maliciosa, eu já expliquei tudo, se você não acreditou, aí, o problema não é meu, né?

 

-- Cada vez se enrola mais... Isso não vai prestar...

 

As palavras soaram em tom profético, disfarcei o “medinho” reforçando o convite:

 

-- Vamos à pizza ou não?

 

-- Tudo bem, vamos lá, estou morrendo de fome mesmo...

 

Não avisei sobre as demais companhias da noite, sabendo da antipatia que permeava a relação dela com Cris. E foi a própria que acenou quando nos viu entrando na pizzaria.

 

-- Ah não Luiza! Essa mala aqui? Essa pizza já está me dando indigestão!

 

-- Deixa de implicância!

 

Não demorou para Ed chegar, e felizmente minha dura tarefa de mediar a troca de farpas entre minhas amigas foi dividida com ele.

 

-- Qual o local estratégico para eu me sentar e conseguir concorrer ao Nobel da Paz?

 

Ed perguntou quando deu uma olhada rápida no cenário. A tromba de Cris e o revirado de olhos de Clarisse ao olhar na direção da outra, e eu, no meio das duas, clamando socorro com o olhar.

 

O jeito despachado do meu amigo falar, cheio de comicidade, acabou por quebrar o clima animoso. Minhas duas amigas sorriram meio amarelo, foi o momento de iniciar um assunto para tentar manter um diálogo pacífico, para isso, nada melhor do que estimular Ed a compartilhar suas histórias de trabalho tendo as peruas já conhecidas por nós, pelos relatos do cabelereiro.

 

A pizza chegou, e o clima agradável entre amigos estava consolidado, até um grupo de jovens entrar na pizzaria: nada menos do que meus alunos de medicina, entre eles alguns que estavam na seleção de mais cedo, e a mais linda da turma, Marcela.

 

Aquele magnetismo me fez encontra-la imediatamente, e a partir daí, não consegui tirar os olhos, esquecendo-me por segundos os olhos atentos na minha reação de Clarisse.

 

-- Então, aquela ali, não é a sua aluna queridinha? Sua hóspede?

 

Clarisse foi rápida, e nada discreta, despertando a curiosidade de Ed e Cris.

 

-- Aluna queridinha? Hóspede? Que babado é esse? – Ed, soltou os talheres perguntando.

 

-- Eu sabia que tinha rolo aí nesse seu sumiço, qualé, Luiza? – Cris disparou.

 

Apertei os olhos, franzi a testa recriminando a indiscrição de Clarisse, que aparentemente, se arrependera do comentário, e tentou emendar:

 

-- Falei que era aluna queridinha porque a menina é super CDF, e a Luiza está doida para torna-la sua pupila, escravizar a coitada.

 

-- Ah, e vocês acham que nós somos surdos e idiotas? Ouvi você falar de hóspede! – Ed retrucou, cruzando os braços.

 

-- Brinco com isso porque a garota praticamente mora na universidade.

 

Clarisse disfarçou, mas, foi em vão, a desculpa não foi engolida, especialmente por Cris, que ao contrário de Ed não insistiu em perguntas, não daria esse gostinho a Clarisse, de tirar dela, informações a um suposto escorregão meu. Todavia, Cris me observava, eu sabia que estava sendo lida por ela. O fato é que o diálogo acabou por dirigir nossos olhares ao grupo de alunos, não tardou para que eles também percebessem a minha presença.

 

Humberto, um dos alunos, acenou de longe sorrindo e cochichou com os colegas apontando a direção da minha mesa. Para minha surpresa, os alunos vieram até a mesa, e me cumprimentaram bastante animados:

 

-- Se a gente tivesse combinado, não daria tão certo! Estamos aqui por causa da senhora, professora Luiza! Desculpem-me, boa noite senhoras.

 

O rapaz educado, disse visivelmente animado. Eu devia estar variando do pálida cor de “papel sufit” entre “vermelho tem o toque tem o som da minha voz” da Fafá de Belém.

 

-- Por minha causa, Humberto? – Perguntei sem graça.

 

-- Sim, professora. Estávamos todos aqui perto, na casa do Maurício, esperando os resultados da prova, pelo gabarito, e pelas regras da pontuação dos nossos currículos, nós passamos! Estamos comemorando.

 

O rapaz disse inocente.

 

-- Quer dizer, nem todos...A Marcela não...

 

-- Vocês não podiam ter me dito isso. Ainda não conheço as identidades de vocês, só sei os números que o sistema forneceu a vocês, e além da fase de análise curricular, tem a entrevista, a última etapa, e vocês não sabem o que os docentes do grupo avaliarão nessa fase.

 

Interrompi Humberto em tom firme. Estava mesmo com o intuito de censurá-lo, mas, acho que abusei no discurso rígido, visivelmente os alunos desanimaram. Até então, eu evitava olhar para Marcela, sabia que estava sendo lida por meus amigos, não podia me denunciar, o que ocorreria, se meus olhos encontrassem o dela.

 

-- Ow cabeção! – Jéssica deu um tapa na cabeça de Humberto.

 

-- Desculpe-nos professora, ficamos tão animados... – Humberto praticamente balbuciou.

 

-- Vamos esquecer isso. Fico feliz por vocês que se saíram bem, e tem bons pontos para a próxima fase. Torço para que a comemoração antecipada traga sorte.

 

Dessa vez, fui mais amável no tom, sorri para o rapaz, que pareceu relaxar. Nesse momento o magnetismo me jogou para a direção de Marcela e encontrei seus olhos, me encarando fixamente, assim como olhava para Clarisse e Cris, eu estava no meio das duas.

 

-- Vamos pessoal, atrapalhamos o jantar da professora e dos amigos dela. Comemorando ou não, estou faminta! – Jéssica chamou atenção.

 

-- Não atrapalharam nada, já estamos esperando a conta. E além disso, vocês tem o que comemorar, afinal, se saíram bem na prova, comemorem, e a “portuguesa” está muito boa, recomendo.

 

Tentei animá-los de novo. Marcela permaneceu com a mesma expressão, atenta a mim e as minhas amigas, fiquei desconcertada. O grupo de alunos se afastou e alguns segundos separaram o silêncio de uma observação descabida da Cris:

 

-- Olha, não sei que vacina vocês professores tomam, mas, deve ser mesmo fodona, porque um monte de gatinhas como essas, me cercando, eu, não resistiria!

 

-- Cala a boca, Cris! Eu heim... – Falei estapeando o braço dela.

 

-- Tinha que sair de você uma imbecilidade dessas... – Clarisse disse irritada.

 

-- Ah, falou a representante da moral e dos bons costumes do brejo. – Cris foi sarcástica.

 

-- Você não cansa de falar tanta merd* não?

 

Pronto, Cris conseguiu de novo, tirar Clarisse da linha. A fisioterapeuta dava os sinais de irritação exacerbada.

 

-- Vai me dizer que você não repara em uma aluna bonita? Aquela dali, por exemplo, a de camiseta verde, olha que coisa mais perfeitinha... Nossa, se caísse na minha mão, uui!

 

Cris falou de um jeito cafajeste, em outra situação eu até acharia cômico, mas, quando percebi a quem ela se referia, o sangue esquentou e minha irritação foi maior do que a de Clarisse. Cris se referia a Marcela.

 

-- Cuidado com o que você fala, Cris! Olha o respeito! São minhas alunas, não ouse arranhar com sua malícia nenhuma delas!

 

-- Ow! Você entrou pra mesma associação dessa outra aí? Qualé, Luiza? – Cris retrucou assustada.

 

-- Olha a sapataria aí! Sosseguem aí esses “pares 44”! É muito estrogênio querendo virar testosterona, como diria uma amiga minha doutora... – Olhou para mim – Querem brigar como um monte de macho, vamos ali pro meio da rua! Credo! O que deu em vocês?

 

Ed foi duro, mesmo nas piadas. Cris sorriu discretamente, Clarisse balançou a cabeça negativamente e eu... Percebi a armadilha que eu acabara de cair. Cris comentou daquela forma propositalmente, usou Marcela como exemplo para confirmar o que ela leu em mim na cena que acabara de testemunhar. Devo ter olhado para a garota até de maneira involuntária, era instintivo meus olhos repousarem em Marcela.

 

A conta chegou, e rapidamente como era típico, Ed fez a divisão e cada um foi pagando sua parte, em um silêncio constrangedor. Quase formalmente nos despedimos na porta da pizzaria, antes de sair, acenei para a mesa na qual o grupo de alunos estava, Marcela, mantinha um semblante mais sério.

 

Depois de uma noite precedida de suposições sobre o que Cris e Clarisse haviam concluído naquela noite, pouco dormi. Especialmente, pelo que Humberto anunciara, sobre Marcela não ter passado na prova, talvez por isso, estivesse tão séria na pizzaria. Confesso que com desânimo segui para a universidade para convocar os aprovados na segunda fase, após analisar os currículos e atribuir-lhes a pontuação anunciada no edital. O professor Alberto e a professora Vânia, ficariam responsáveis por tal avaliação, uma vez que as entrevistas seriam feitas por mim e pelo professor Aurélio.

 

Na mesma tarde, a lista foi divulgada no site, assim como o horário das entrevistas que se realizariam no dia seguinte. Almocei em casa, já que não teria aulas no período da tarde, era melhor evitar um encontro com Clarisse, sabia que ela voltaria ao assunto da noite anterior.

 

Nem de perto eu estava em paz, a desmotivação por não ter Marcela no meu grupo de pesquisa era um dos motivos do meu mal estar. Adicionado a isso, a pressão psicológica que eu me impunha para dar satisfações das minhas atitudes e reações diante de uma aluna para minhas amigas. Fechando com chave de ouro minha inquietação, a caixa de e-mails me chamava atenção para uma obrigação acadêmica que eu ainda tinha: a co-orientação da tese de doutorado de Beatriz.

 

E-mails do Marcos, o colega que estava orientando-a e outros da própria Beatriz. Abri e os li com nota zero em disposição. Estava lendo o material enviado, quando notei a porta se abrir, para minha surpresa, minha ex-namorada adentrava dizendo:

 

-- Se Maomé não vai à montanha...

 

 

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