Alexandra Albuquerque era uma das melhores e mais conhecidas médicas do Rio Grande do Sul, uma linda morena de olhos claros e pele branca. Era a filha mais velha, entre os três filhos de Eduardo e Beatriz. Sempre foi uma mulher que despertou a admiração de todos que tinham o prazer de conhece- la, isso por ser uma pessoa determinada e por sua competência no seu trabalho. Era noiva de Henrique Aguiar, um dos melhores advogados do país.
Alex como era chamada pelos mais íntimos parecia ter uma vida perfeita, um ótimo trabalho, dinheiro e um noivo que a amava muito, mas no fundo se sentia uma mulher incompleta, ela nunca soube explicar o porque de se sentir tão sozinha no meio de tantas pessoas. Sempre muito reservada, aqueles que não a conheciam bem a achavam fria, mas no fundo ela só precisava de um amor.
O sentimento mais intenso entre duas pessoas, aquele que faz desejar o corpo um do outro, sentir os beijos mais quentes, ter os olhares mais cúmplices e os toques nada inocentes, coisas que nunca sentiu com seu noivo. Com o tempo Alexandra passou a se contentar com essa falsa ideia de que tudo estava bem, tentando enganar o seu intimo, mas ela sempre sentia falta de alguma coisa, que no futuro iria descobrir que na verdade era alguém.
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O dia de Alexandra começava cedo, ela se levantou foi até banheiro fez sua higiene diária, vestiu uma calça jeans e uma camisa branca, desceu as escadas da mansão onde morava com seus pais e com seus dois irmãos, Manoela e Fernando. Ela tinha condições para ter sua própria casa, mas preferia morar com os pais, os amavam muito e não queria perder esse contado diário com os mesmos, seu noivo desde o noivado insistia para que ambos morassem juntos no apartamento do advogado, mas ela sempre recusava, dizia que a relação iria acabar se desgastando até o casamento, mas a verdade era que não se sentia a vontade com Henrique.
Na mesa do café da manha já estava sua irmã Manoela, sendo servida de suco por Val, a governada que trabalhava há anos para a família Albuquerque.
- Bom dia meninas - disse Alex se sentando ao lado de sua irmã.
- Bom dia linda - Manu disse dando um beijo no rosto de Alex.
- Bom dia Alex - foi a vez de Val cumprimenta la.
- Você se lembra de que hoje marcamos de irmos ao shopping comprar o presente do Augusto né? - Manoela perguntou para a irmã. Augusto era o mais novo "namorado" de Manoela, pois essa é do tipo que pega e não se apega.
- Estou surpreendida com você Manoela, pensei que esse namoro não iria durar mais de uma semana, mas acho que ele é seu novo recorde, já que esta durando um mês- respondeu irônica .
- Alex não me venha com sermões uma hora dessa da manha, e então você vai comigo não vai? - insistiu na pergunta um pouco irritada pela maneira irônica com que sua irmã se referiu a seu novo relacionamento.
- Calma irritadinha- falou levantando as mãos em sinal de paz- Eu vou com você, hoje o meu dia esta mais tranquilo e você sabe que eu nunca deixo de cumprir com minha promessas.
- Acho bom mesmo- disse por fim.
Depois de alguns minutos os outros desceram para também tomarem café da manha. Todos os dias eram assim, a família Albuquerque se reunia nas manhas para conversarem, sorrirem , e por fim cada um saia pra cumprir com seus compromissos diários . Eduardo era um grande empresário no campo de agronegócios do Sul, era dono de muitas terras e muitas cabeças de gado. Beatriz era dona de uma clinica de estética, que ocupava quase um bairro inteiro em um dos bairros nobres da cidade. Já Fernando era dono de uma das boates mais baladas da cidade, e Manoela era arquiteta, no fim todos eram bastante diferentes uns dos outros, mas tinham algo em comum, eles se amavam muito.
Depois de uma manha muito corrida, Alexandra e Manoela estavam almoçando em um restaurante no shopping.
- Nossa sempre fico confusa no que dar de presente para os homens, prefiro comprar para mulheres- disse Manoela - Já você tem uma facilidade enorme, falando nisso, achei lindo o relógio que você comprou pra o Henrique.
- Eu também achei, ele merece esse mimo, pois esta sempre me enchendo de presentes e sendo tão atencioso comigo- por um instante Alex parou para pensar, o quando estava distante do namorado, e que esse presente seria uma boa chance para tentar se aproximar mais no namorado- quer saber, vou ao apartamento dele agora entregar o relógio para ele, você já comprou o que queria, ainda vai querer minha companhia?
- Não obrigada, você já me ajudou muito - disse uma Manoela agradecida.

Então elas se despediram, e cada uma foi até seus companheiros para entregar seus presentes. Alex já era conhecida no prédio onde morava Henrique, era um lugar sofisticado, de alto padrão, apenas a classe alta teria condições para comprar um apartamento naquele local. Logo que chegou o porteiro abriu o portão que dava acesso à garagem, cumprimentando a mesma.
- Boa tarde dona Alexandra- disse o porteiro
- Boa tarde senhor André, o Henrique já chegou?
- Já sim senhora, a mais ou menos uma hora.
- Obrigada, vou subir então- se despediu do senhor de meia idade.
Logo após estacionar o carro Alexandra subiu pelo elevador, até o andar do noivo, com o presente em sua mão. O elevador parou e ela foi em direção a porta do apartamento de Henrique, e por coincidência Teresa, empregada do advogado abriu a porta que dava aceso as escadas de emergência.
- Boa tarde dona Alexandra, que surpresa em ver a senhora aqui, eu estava no mercado comprando algumas coisinhas para o Henrique- disse a senhora.
- Olá Teresa, eu resolvi fazer uma surpresa para o Henrique, o trabalho esta me ocupando bastante tempo, então resolvi que era hora de relaxar um pouco e ver meu noivo- disse uma Alexandra simpática.
- Então vamos entrar que ele vai ficar muito feliz em vê-la- disse a senhora já abrindo a porta do apartamento- pode ficar a vontade, a senhora já é de casa, ele deve estar no quarto.
- Obrigada Teresa- Alex agradeceu e já foi entrando no apartamento indo em direção ao quarto do advogado.
Chegando próxima ao quarto do noivo ela sentiu algo estranho, um arrepio lhe percorreu o corpo, mas ela resolveu ignorar, a porta estava entreaberta, e foi possível ver o advogado de roupão, ela sorriu imaginando que o mesmo iria ficar surpreso com sua visita, foi então que ela empurrou a porta e viu a cena que jamais iria esquecer em sua vida. Na cama de Henrique havia uma mulher loira, estava nua com apenas o lençol lhe cobrindo um pouco de seu corpo, no mesmo instante a loira e Henrique olharam para Alexandra, o advogado ficou mais branco que o roupão que estava usando. Alexandra por um momento não sabia o que fazer, até que se deu conta do que estava acontecendo, virou as costas e foi em direção a saída do apartamento.
-Meu amor eu posso explicar, não é nada do que você esta pensando- disse um Henrique completamente desesperado.
- Meu amor? - repetiu uma Alexandra com a voz cheia de ódio e magoa- como você ousa se referir a mim como seu amor Henrique, você estava na cama com outra e acha que pode me explicar isso.
- Me perdoa, essa foi a primeira vez que aconteceu algo do tipo, e...eu estava carente você não me dava atenção,estava distante... Ai a Andressa me agarrou e...e- não terminou de falar pois sentiu um tapa no rosto.
- Você é um merd*, me trai e ainda coloca a culpa em mim?!- sorriu triste- Eu pensei que você fosse diferente dos outros, mas me enganei, nunca mais me procura, entendeu, nunca mais- disse uma Alexandra com os olhos banhados em lagrimas.
- Não posso deixar você sair daqui assim Alex, nós somos um casal, devemos sentar e tentar resolver nossos problemas- pediu Henrique segurando os braços de Alexandra- Nós nos amamos, vamos superar isso.
- Você falou errado Henrique, nos não somos um casal, nos éramos um, até agora pouco- disse a médica se soltando das mãos do ex noivo- nosso noivado acabou, eu não quero nunca mais ver você.- disse tirando a aliança e jogando no chão. Saiu correndo do apartamento, e por sua sorte alguém estava dentro do elevador, ela gritou para que a pessoa o segurasse. Henrique ainda tentou correr atrás dela, mas já era tarde, o elevador já tinha fechado a porta.
Alexandra entrou dentro do carro aos pranto, olhou para a caixinha que estava o relógio em sua mão, saiu com o carro e parou perto a guarita do porteiro.
- Senhor André isso é para o senhor- lhe entregou a caixinha - Não sei se o senhor é casado ou não, mas só queria lhe dar um conselho, não magoa quem o senhor diz amar- disse com lagrimas nos olhos, mesmo não amando o Henrique, a traição que ela acabava de presenciar lhe doía muito.
- Tudo bem minha filha, obrigado pelo conselho- agradeceu o senhor, e antes dela sair com o carro ele lhe disse- Dona Alexandra eu não sei o que aconteceu para você estar assim, mais tudo na vida acontece por um motivo e a males que vem para o bem, vai com deus e seja feliz.
Alexandra apenas assentiu com a cabeça e saiu com o carro, fez todo o percurso se perguntando se ela não era a real culpada por essa traição, pois uma coisa Henrique tinha razão, ela estava distante, e sabia que isso acontecia pela falta de sentimento que tinha pelo noivo. Mas ainda sim se sentia mal, não queria que as coisas acabassem daquela forma.
Chegando a sua casa ela contou todo acontecido para seus familiares. Os quais não pareceram muito surpresos. Ela então olhou e perguntou.
- Vocês sabiam de algo?
- Minha filha quero que você entenda que nós... - seu pai não acabou de falar pois Alex o interrompeu.
- Espera vocês sabiam e não me disseram nada, vocês acham que eu tenho quantos anos de idade, 10 anos? - perguntou irritada.
- Meu amor não cabia a nos lhe contar isso e sim ele, eu e seu pai uma vez vimos o Henrique com uma mulher em um restaurante, depois disso eu resolvi conversar com ele- respirou triste- ele disse que era uma amiga, nada demais, como você não tinha tempo ele resolveu convidar ela para jantar.
- Vocês deveriam ter me contado- disse triste.
- Nós ainda tentamos te alertar Alex, você de uns tempos para cá só tem se afastado cada vez mais do Henrique, não que isso justifique o que ele fez, mas você também deu bobeira - foi a vez de Manoela dizer.
- Quer dizer que ele me traiu e eu ainda sou a culpada- disse irritada.
- Não foi isso que eu quis dizer, você sabe disso.
- Eu só quero dizer que meu noivado acabou não tenho mais nada com Henrique e não a nenhuma possibilidade de volta.
- Tudo bem, nós te apoiamos em sua decisão filha- disse Beatriz com a voz triste por ver a filha assim.
Depois de muito tempo Alexandra continuou vivendo sua vida, da Casa para consultório, do consultório para casa, Henrique ainda ligava para ela, apareceu diversas vezes em seu consultório, mas ela sempre o expulsava, deu ordens aos seguranças para que esses não deixassem o ex-noivo entrar. Depois de um tempo Henrique passou a mandar flores, com cartões pedindo desculpas, mas tudo ia para o lixo.
Um dia como outro qualquer Alexandra estava em seu carro, e ouviu quando seu celular tocou, era o Henrique, ela se irritou com a insistência do homem e foi pegar o aparelho para desligar, foi quando se distraiu e sem querer acaba atropelando uma pessoa. No momento ela já apertou o freio, ainda bem que estava em baixa velocidade, desceu do carro correndo, desesperada.
- Me perdoa- disse se agachando para ver como a mulher caída no chão estava - eu não vi você, me perdoa, eu sou médica, onde esta doendo, qual seu nome, vo...- parou de falar assim que viu os olhos mais lindos que já tinha visto em toda sua vida.
- Ai ... estou um pouco tonta mas estou bem- disse a jovem o a mão na cabeça - você deveria ter mais cuidado, poderia ter me matado- disse séria.
- Me desculpe, eu fui uma tonta, vamos eu vou te levar para o hospital, você precisa fazer exames, eu mesma vou te examinar- disse já abraçando a jovem por trás para tentar levanta lá.
- Não precisa estou melhor, ainda bem que você estava devagar- disse sem jeito com o olhar intenso que a morena lhe dava.
- Não senhora, eu não posso deixar você ir assim embora, talvez por fora esteja tudo bem, mas por dentro eu não sei, você pode ter fraturado algum osso - falou não conseguindo evitar de olhar com verdadeira admiração a ruiva a sua frente.
- Moça eu não tenho tempo, estou com pressa, e estou ótima- disse também olhando a mulher a sua frente com admiração, por sua beleza, o que não viu como algo estranho, pois ela poderia achar uma mulher bonita, não tinha nada de mal nisso.
- Já vi que você é cabeça dura, então deixa eu te levar até sua casa pelo menos, você esta de carro?- perguntou com esperança de ficar mais tempo com a ruiva.
- Tudo bem, sua carona eu não vou recusar, mas não vou para casa eu tenho que viajar, vou pegar um ônibus em meia hora e preciso chegar a rodoviária, se você puder me levar- perguntou.
- Claro, é o mínimo que posso fazer- sorriu sem graça.
As duas entraram no carro, Alexandra descobriu que a ruiva se chamava Helena, e estava apenas de passagem na cidade, em alguns minutos chegaram até a rodoviária. Alex pediu desculpa mais uma vez para a mulher e se despediram com um aperto de mão. A morena observou a ruiva entrar na rodoviária e de longe viu que um homem a esperava com os braços abertos, sentiu algo ruim por ver aquele abraço, e algo pior ainda quando viu o beijo, se sentiu incomodada por aquele estranho estar abraçando aquela mulher que ela mal conhecia. Foi com essa sensação estranha que ela entrou em seu carro, deu partida e saiu, ignorando esse sentimento.

Fim do capítulo