Capítulo 3 O encontro
Nadia
Não acreditava que meu pai esperava realmente aquilo de mim, submissão não era muito meu forte. Eu não sabia exatamente o que iria acontecer comigo e Douglas, no fundo já não me via mais com ele, no fundo já não queria mais ele, eu apenas não conseguia engolir o fato da traição, eu não aceitava ser abandonada e queria minha vingança, custasse o que me custasse.
Aquela noite eu não iria ficar em casa, eu não remoeria aquela história pela centésima vez, aceitei o convite de Mariana e sai pra beber, ali mesmo em um barzinho próximo de casa no Jardim Europa. A The Sailor Legendary PUB estava lotada em plena quarta-feira, o que fez com que eu me sentisse bem já que andava agoniada com a solidão. Mariana disse que convidara alguns amigos dela pra nos fazer companhia, já que estava ciente de que os "meus amigos" me incomodavam com aquela especulação toda, sobre meu estado emocional.
Ficamos no balcão mesmo já que não havíamos reservado nenhuma mesa, logo em seguida dois rapazes e uma moça se juntaram a nós, eram os amigos de Mariana.
* * * * *
Júlia
Aquele dia estava péssimo pra mim, não tinha dormido nada na noite passada e pra ajudar havia me atrasado mais uma vez pra porcaria do trabalho, ouvi horrores da filha da égua da minha supervisora, e pra fechar com chave de ouro a vadia ainda me demitiu, disse que estavam "cortando gastos", minha vontade era de dizer tudo que esteve entalado na minha garganta nos últimos 3 anos, mas a única coisa que consegui foi um: vai se fuder, mentalmente.
Andei pela porcaria daquelas ruas até um ponto de ônibus qualquer, até que meu telefone vibrou. Já com pouca paciência, olhei no visor crente de que o whats se tratava de Douglas enchendo o saco, pronta pra mandá-lo pra puta que pariu, quando me deparei com o convite de Emerson pra sair a noite.
--"Vamos tomar uns goles por minha conta hoje?"
Eu merecia uns goles por conta dele, mas ele provavelmente queria repetir a "bebedeira" de uns finds atrás, no qual resultou numa noite sem sentido. Suspirei, observando o ônibus se aproximar da parada, para logo os passageiros começarem entrar. Pra variar, encostei-me em uma das poltronas para conseguir equilíbrio, já que teria uma longa viagem em pé, respondi finalmente o seu whats.
--"Quem mais vai?"
--"Eu, você, o Lucas e uma amiguinha dele :)"
--"Combinado então."
--"Te pego em casa as oito e meia pode ser? Da uma corridinha pra se arrumar porque vamos num barzinho no Jardins."
--"Ta podendo em? Ok,pode ser."
--"Feito! Até a noite linda, bj."
--"Beijo."
Quando os meninos passaram pra me apanhar, eu já estava cansada de esperá-los. Logo que cheguei em casa ainda pela manhã, me deparei com um buquê de rosas vermelhas e uma caixa de chocolates que Douglas havia mandado pra mim, juntamente com um cartão com a frase "Ama-se mais o que se conquista com esforço.". Lembro-me de ter revirado os olhos, estava farta daquela insistência, estava farta de me sentir um lixo toda vez que falava com ele, lembrava-me dele ou qualquer coisa do tipo. É tão difícil assim aceitar quando alguém não quer você? Não me lembro de um dia ter passado por isso. Joguei o cartão fora, dei as rosas pra Alessandra que adorava e os bombons eu comi porque eu também não sou tão difícil de se agradar assim. Enfim, eu havia passado o dia comendo, dormindo e esperando a noite chegar.
* * * * *
Nadia
Rapidamente passei os olhos nos amigos de Mariana, o rapazinho loiro que a cumprimentou com um abraço, certamente era o amigo mais próximo dela, ou o único realmente amigo dela ali, principalmente porquê era o único que estava mais próximo do nosso nível social aparentemente. O segundo rapaz um pouco mais velho, mas certamente mais jovem do que eu, era muito bonito, no entanto, era o típico pobre que ganha um poquinho mais que a maioria do seu círculo de amizades, e acha que é rico e está chamando a atenção de todos a sua volta, tornando-se assim, desprezível. Por último, mas não menos importante veio a ruivinha pálida, que eu não soube distinguir se ela estava assustada, ou se sua pele era daquele tom de branco mesmo, seus olhos verdes azulados um pouco esbugalhados na minha direção, me fizeram ficar um pouco incomodada sem saber por quê.
As rodadas de bebidas iniciaram quando eu pedi uma dose de whisky, queria descontrair e ficar ali olhando praquela garota não iria ajudar. O pessoal era animado confesso, mas definitivamente não faziam o meu tipo, o loiro chamado Lucas, era um grude com Mariana tendando conquistá-la a cada troca de olhares, o morenhinho tal de Emerson, insinuava-se descaradamente pra ruiva, que estava visivelmente desconfortável com a situação, e em cada oportunidade que tinha, apostava numa troca de olhares comigo, como se alguém do meu nível fosse dar trela a um pobretão como ele.
* * * * *
Júlia
Meu coração parecia querer sair pela boca, eu não podia acreditar que estava diante da poderosa Nadia A'dab. Respirei fundo, tentei controlar a tremedeira em minhas mãos, tentei fingir que tudo estava bem até porque aparentemente ela nem sabia quem eu era. Fomos todos apresentados e logo estávamos bebendo e rindo, eu pelo menos fingia rir e tentava beber devido ao nó que se istalara em minha garganta. Os minutos passavam despercebidos a mim, meus olhos insistiam em ficar cravados na bela e imponente figura da jornalista e ex esposa de Douglas, ora ou outra ela fixava seus olhos azuis em mim, fingindo estar arrumando os longos fios negros de seus cabelos.
Respirei fundo novamente, mais uma vez esquivando das investidas de Emerson, não costumava por a culpa no álcool das besteiras que cometia, mas definitivamente eu deveria estar muito bêbada quando fiquei com ele, o cara era desprezível, estava dando em cima de mim e dela ao mesmo tempo. Bebi o último gole da cerveja que estava em meu copo, baixando os olhos até o visor do meu celular que estava sobre o balcão.
--"Você está linda hoje"
Arregalei os olhos olhando para todos os lados, seria muito azar Douglas estar ali, ele não teria visto sua mulher?! Levantei um pouco atordoada avisando que iria no banheiro, sai sem perceber que por maldição Nadia decidira me acompanhar, e como eu sai feito barata tonta só lhe restara seguir-me um pouco mais atrás.
-- Oi linda!
Retesei o corpo ao ouvir aquela tão conhecida voz, já alterada visivelmente pelo álcool. Virei-me devagar sentindo as mãos de Douglas segurarem os meus braços, instantes antes que eu pudesse entrar no banheiro feminino.
-- Você está tão linda! Definitivamente é...é a mulher mais linda que já vi.
Esquivei-me rapidamente de uma tentativa de aproximação, empurrei-o pelo tórax tentando fazer com que se afastasse, sem perceber a presença de Nadia um pouco mais atrás de nós.
-- Você está bêbado Douglas!
-- Es...estou sim! E a culpa é sua. É você que me faz ficar assim, me provoca depois foge...
-- Deixa de loucura Douglas, vai pra casa melhorar desse porre. Você não está bem.
-- Eu só vou pra casa com você...preciso dos seus beijos de...de novo.
Suspirei resignada, por frações de segundos eu havia esquecido da presença de Nadia naquele bar, não tinha noção dos riscos que corria, nem a menor vontade de discutir com Douglas, o que deixou nosso diálogo bastante comprometedor pra quem estava de fora, ou não tão de fora assim.
Fim do capítulo
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Comentários para 3 - Capítulo 3 O encontro:
Eu_Vasconcelos
Em: 26/08/2017
Nossa!!! Que tenso! Kk
Já já ler o outro capítulo pra ver no que vai dar.
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