Capítulo 8 - Visita inesperada, e agora Gabriela?
Eloise
Tenho que parar de sair de casa. Como pode ser possível que a cada três passeios, nos três eu esbarro com a brasileira? Só pode ser alguma pegadinha do destino, tentando testar meu juízo. Como se não bastasse o que aconteceu na sexta, ainda tinha que encontra-la aqui no restaurante também?! Para completar minha bem aventurança, ela esqueceu do que houve naquela bendita festa. Bem, afinal o que você queria Eloise? Que ela viesse falar o quanto foi bom te beijar?! Por favor, se ela não tem o mínimo de juízo, não se iguale a ela. Aquilo foi uma loucura, um despropósito que não voltará a acontecer. Portanto, a quantidade exagerada de tequila que ela consumiu apenas me livrou de uma conversa desgastante de como o que aconteceu foi errado e, dessa forma, nunca poderá se repetir.
Depois desse encontro indesejado, tudo que eu quero é jantar tranquilamente.
Encontro Nicolas em nossa mesa, entre uma conversa e outra ele comenta, que dois de nossos alunos compartilham do mesmo gosto por japonês que nós. Quando estava para perguntar de quem se tratava, me deparo com um par de olhos jabuticaba me fitando.
Gabriela
Enquanto jantávamos e comentávamos sobre o filme, olho para mesa de Eloise, noto que ela está conversando animadamente com o professor Nicolas. Reparo nos trejeitos... como os olhos brilham enquanto ela fala, a forma como ela levanta a sobrancelha e sorri despretensiosamente é tão sexy, continuo baban... digo, olhando, até que, finalmente, ela parece nos perceber. Seu sorriso morre automaticamente, porém, ela não desvia seu olhar do meu. Neste momento me vêm a lembrança o sabor de sua boca, a textura de seus lábios... tão quentes e macios. Droga, maldita tequila, por que não me ajudou apagando esse momento da minha memória? Pelo amor Gabriela, esquece isso de uma vez. É no gosto e na textura dos lábios do Caio que você tem que focar mulher. Você é hétero Gabriela, héteros não desejam outra mulher. Mais que porr*, ela precisa passar a língua nos lábios desse jeito?! Para de lesbiquisse, agora, tá feio isso já! Para de olhar para ela. Enquanto meus questionamentos não acabam, Tom continua falando e sorrindo, alheio a toda minha confusão.
- O que você acha Gabi? - É sério que tinha que vir uma pergunta?!
- Éee, eu acho que... bem, não sei...
- Como não sabe?! Não acha que a mocinha tinha que sobreviver, depois de tudo que ela passou?! - Mocinha, ah tá, percebi sobre o que ele falava.
- Ah cabeção, não é bem assim né?! Na vida real as coisas não funcionam assim, nem sempre acontece como esperamos e desejamos. Além do mais, esse negócio de mocinha é brega demais cabeça. - Bem, eu não achava brega, mas considerando o fato que eu beijei outra pessoa namorando uma terceira, e essa outra pessoa é uma mulher, é melhor eu desfazer esse conceito de mocinhas e vilãs né?!
- Eu estou me sentindo a mulher aqui, acho que essa fala deveria ser minha. Ok, a senhorita esquisita tem toda razão. Ficou mais verossímil com esse final. Mesmo que a "mocinha" tenha morrido. - Disse ele com uma carinha tão fofa que deu vontade de apertar.
- Para seu fofo. Acaba logo com isso que precisamos partir em retirada, amanhã acordamos cedo.
Eloise
O fim de semana passou que eu nem percebi. Bem, tirando a parte de certos encontros, até que foi bem agradável. Agora é me preparar para minha primeira aula do dia. Chego exatamente às 08:30h no estacionamento dos professores. Enquanto tento entender de onde saiu tanto material, que a todo custo tento equilibrar sobre os braços. Estava até indo bem, até topar com uma pedra abençoada que estava bem no meu caminho, me desestabilizo e quase que minhas coisas vão ao chão, ainda bem que bem nessa hora uma boa alma me ajudou. Não acredito, de onde ela surgiu?!
- Opa, eu ajudo. - Gabriela diz segurando meus livros.
- Obrigada! - Foi só o que consegui dizer devido a nossa proximidade.
- Disponha professora. - Disse pegando a metade dos livros das minhas mãos.
- Quando sai de casa não pareceu que eram tantos. – Digo apontando para os meus livros e deixo escapar um sorriso.
- Acredito. - Me olha e sorri.
- Não querendo estragar esse clima de paz e fraternidade, porém correndo sérios riscos de o estragar, me diz, você realmente está levando a sério o horário não é mesmo?! - Aproveito para cutucá-la.
- Bem, considerando o fato que não me atrasei nem 5 minutos no primeiro dia de aula. Creio eu que sempre tenha levado a sério o horário. - Responde ela, no mesmo tom provocativo que o meu.
- Um minuto já é atraso brasileira. Pronto, pode colocar aqui por favor. - Digo assim que paramos em frente a mesa dos professores.
- Prontinho.
- Mais uma vez, obrigada pela ajuda Gabriela.
- “Mais uma vez”, disponha sempre que precisar. - Ela me imita, sorri e vai para o seu lugar.
Enquanto estava deixando tudo em ordem, vez ou outra a olhava. Ela estava concentrada na leitura de um livro que não deu para identificar o título. O sinal tocou e comecei a aula que transcorreu tranquilamente. A turma se dividiu em grupos e apresentou os trabalhos que haviam sido pedidos na última aula. Os alunos, Tomás, Juliet, Eloi e Gabriela, tiraram as maiores notas. A apresentação acabou e eu os dispensei antes mesmo do sinal tocar. Estava novamente com o dilema de como fazer para levar as minhas coisas de volta para o carro, olho para frente e lá está a Gabriela de mochila nas costas me olhando.
- E então, vamos? - Me pergunta.
- Ah, claro , vamos... não quero te atrasar. Se quiser ir tudo bem, eu dou meu jeito e... - Ela me interrompe gargalhando.
- O mesmo jeito que deu hoje pela manhã?! Não tenho mais aulas hoje e não tenho nenhum compromisso, portanto, não se preocupe. Agora vamos dividir isso, eu levo esses aqui e você, esses mais pesados aqui. - Finaliza sorrindo.
- Justo! E eu sei que não terá mais aulas hoje, sou a coordenadora, eu que monto o horário de vocês, esqueceu?!
- Tinha me esquecido sim. - Ela responde enquanto caminhávamos para o estacionamento.
- Gabi, meu amor! - Escuto alguém a chamando em português. Olhamos juntas para a direção da voz.
- Minha nossa! - Exclama ela, também em português.
Antes que eu pudesse perguntar quem era ele e o que fazia dentro do campus, o espaço que os separava foi rompido e o, até então desconhecido, colou seus lábios nos de Gabriela. Ela permaneceu de olhos abertos, com uma expressão que eu não conseguir decifrar.
- Caio?! O que você está fazendo aqui? Quando chegou? Por que não me avisou que viria? - Ela disparou a falar em português. Descubro finalmente que o desconhecido se chama Caio.
- Nossa amor, me deixou até tonto com tantas perguntas. - Amor? Como assim amor?
- Me desculpa. É que você me pegou de surpresa. Falei com meus pais e com o Ricky ontem, ninguém comentou nada que você viria. - Ela continua a falar em português, ignorando totalmente a minha presença.
- Bem, eu queria exatamente isso, fazer uma surpresa, amor. Por isso pedi que não contassem. Por que, não gostou? Fiz mal em vir? – Pergunta, aparentando uma leve insegurança.
- Não é isso. Claro que gostei... - Só nessa hora que ela nota que eu continuo parada ao seu lado.
- Que ótimo amor! Estava com tanta saudade. - Diz de forma pegajosa abraçando-a e mais uma vez unindo suas bocas. Eca! Não era melhor irem para um quarto?
- Errr Caio, deixa eu te apresentar... essa é a Eloise, coordenadora do curso e minha professora. Eloise, esse é o ...
- Caio, namorado da Gabriela. - Ele a interrompe e estende a mão para mim. - Muito prazer. - Diz em um perfeito francês. “Namorado da Gabriela”?! Essa frase ecoa na minha mente.
- Igualmente. - É só o que consigo dizer enquanto aperto sua mão.
- Ainda vai ter aulas amor? Podemos ir almoçar? Estou faminto. – Diz, voltando ao português.
- Fale em francês, por favor, Caio. - Gabriela pede, sem imaginar que eu os entendo perfeitamente. - Não tenho mais aulas, deixa só eu ajudar a professora Eloise com esses materiais, depois podemos sair e comer alguma coisa.
- Tudo bem amor. – Disse, agora em francês. - Eu te espero na entrada então, pode ser?
- Perfeito. - Ela responde e ele, mais uma vez, a beija. Quanta melação, aff.
Caminhamos caladas o resto do caminho, ela me ajudou a organizar minhas coisas no banco de trás.
- Viu?! No fim, você realmente tem um compromisso e eu a estou atrasando. - Gracejo para quebrar o silêncio que se instalou.
- Não está me atrasando, porque não tenho hora marcada. E... quanto ao compromisso, bem eu não sabia que ele viria e...
- Tudo bem, Gabriela. Não precisa me dar satisfações. Obrigada de novo. - A interrompo.
- Ok. Então, tchau professora. E, não esquece, sempre que precisar, disponha! Ela pisca para mim e se vai.
Fico parada a olhando, enquanto ela se afasta. Ela tem namorado Eloise, é claro que tem!
Gabriela
Enquanto caminhava rumo ao estacionamento, ajudando a Eloise a carregar seus muitos livros, ouço me chamarem em português. Quando me viro em direção a voz, me deparo com o Caio. Ele se aproxima, me beija e eu fico sem reação. A única coisa que me vêm a cabeça é: o que ele está fazendo aqui?! Começamos a falar em francês, para deixá-la a par de nossa conversa. Terminei deixando-a no estacionamento e fui ao encontro do meu namorado, que me esperava no portão de entrada. E agora Gabriela?! E agora?!
- Demorou, amor. – Ele faz drama.
- Como assim demorei, Caio? Não faz nem cinco minutos que pedi para você me esperar. – Respondo mais ríspida do que queria e deveria.
- Calma, minha bravinha linda. Eu estava brincando, bom em partes, porque já faz tanto tempo que não te vejo que cinco minutos a mais longe de você me parece uma eternidade. – Ele diz galante e eu sinto um embrulho estranho no meu estômago.
- Tá bom, Caio. Vamos almoçar? Aí você aproveita e me conta como é que veio parar aqui. – Digo com um descontentamento aparente.
- Nossa, Gabi... até parece que você não ficou feliz em me ver?!
- Ai Caio, não viaja! É claro que fiquei feliz, só estou me recuperando da surpresa, realmente não esperava você aqui, amor. – Falo e sinto algo estranho ao chamá-lo de amor.
- Tudo bem, amor. Eu vim porque não estava aguentando de saudade. Mas, me diz, onde vamos comer?
- Vamos em um restaurante no centre ville, eles fazem ostras maravilhosas lá, você vai gostar. – Falo, desconversando sobre o assunto saudade.
- Que gostoso! Vou adorar, ainda mais por estar na companhia da minha mulher. – Não sei porque, mas sinto novamente o meu estômago revirar ao ouvir ele falar “minha mulher”, mas sorrio em resposta.
Andamos abraçados em direção ao ponto do train (trem). O almoço foi tranquilo, Caio comia e elogiava a comida, enquanto eu estava absorta em meus pensamentos e mal consegui comer. Passamos a tarde andando pela cidade, eu mostrava sem muita vontade alguns pontos turísticos para ele, que parecia encantado, não era pra menos, Montpellier era mesmo linda. Não sabia ao certo se a minha falta de entusiasmo vinha em ter que ouvi-lo falando o quanto estava com saudade ou de todas as vezes que ele vinha me beijar.
A noite chegou, pegamos as malas do Caio que estavam guardadas em um maleiro na estação de trem e resolvemos ir para casa. A medida que chegávamos mais perto, eu sentia um aperto estranho em meu peito. Chegamos ao meu quarto e mal fechei a porta Caio veio em minha direção e me beijou, me prensando contra ela. Correspondi ao beijo mecanicamente e quando percebi as mãos deles mais ousadas, parei o beijo e me esquivei.
- Caio, eu preciso de um banho...
- Tudo bem, minha linda. Eu também preciso de um banho, que tal economizarmos a água e tomarmos banho juntos?! – Respondeu com malícia.
- Acho melhor não, você viajou muitas horas, deve estar louco para tomar um banho demorado e revigorante. – Desconversei, torcendo para ele me dar razão.
- Não queria ter que admitir mas, realmente, preciso tomar um banho demorado. Não se preocupa, depois do banho estarei novo em folha e serei todo seu. – Falou sorrindo.
- Então tá bom, vai você primeiro. Depois eu tomo o meu. – Falo entregando uma toalha para ele.
- Obrigada, amor.
Enquanto ele toma o seu banho, eu fico andando de um lado para o outro do meu quarto. Por que ele tinha que aparecer assim, meu Deus? E por que eu não consegui ficar minimamente feliz com a chegada dele? Ai Gabriela, o que está acontecendo com você? Ele é o seu namorado, era para você estar dando pulos de alegria, não ficar neurótica assim. Ai God, ele desligou o chuveiro... deixa eu correr para pegar a minha toalha e entrar logo naquele banheiro. Tomo o meu banho bem devagar, ensaio várias vezes sair, mas toda hora lembro de algo, passar o meu creme corporal, escovar meus dentes, passar o fio dental...
Quando termino tudo, saio e encontro o Caio dormindo tranquilamente em minha cama. Sinto um alívio e resolvo me deitar também. Apago as luzes e ele me abraça por trás, me aproximando do seu corpo e morde meu pescoço. De repente ele fica em cima de mim e eu fecho os meus olhos quando ele me beija. Nosso beijo vai ganhando outras proporções, ele tira o calção que estava usando e a minha blusa. Ele me beija novamente e eu sinto a sua língua exigindo passagem... que sensação ruim, que língua áspera, bem diferente da língua da Eloise, a dela era tão macia, tão gostosa... ao me tocar que estava pensando nela, me assusto e acabo empurrando o Caio, e pulo da cama.
- O que houve, amor? Tá tudo bem? – Caio me pergunta assustado.
- Errr tá sim, é que eu... eu, tô meio enjoada Caio... será que podemos dormir? – Digo a primeira coisa que vem na minha cabeça.
- Poxa, quer ir ao médico? Tomar algum remédio? – Pergunta preocupado.
- Não precisa, deve ser por causa do tempo, o sol estava forte e andamos muito hoje.
- Forte, Gabi? Esse sol de geladeira nem se compara ao sol do Rio, vai me dizer que já se desacostumou ao calor?! – Ele questiona.
- Acho que sim, viu?! Agora podemos dormir? Quero ficar quieta e fechar os meus olhos para melhorar.
- Claro que podemos, vem cá, deita no meu ombro, vou fazer carinho para você dormir. – Ele diz todo fofo.
- Obrigada. – Respondo sorrindo sem graça e deito novamente em seus braços.
Fecho os meus olhos e, não demora muito, sinto ele respirando pesado. O que acabou de acontecer? Por que eu fui lembrar daquela enviada de satã justo quando estava prestes a trans*r com meu namorado? Ai Gabriela, você não tá bem. Não é normal pensar tanto assim em uma pessoa, ainda mais em uma hora dessas. Maldita tequila, por causa dela eu agora sei o que é beijar aquela boca e posso comparar com o beijo do Caio. Por que o beijo dela é tão melhor? Ai meu Deus, olha o que eu estou pensando. Vai Gabriela, fecha esses olhos e dorme, porque você já está começando a delirar de sono. É isso, preciso dormir e amanhã nem me lembrarei mais desses pensamentos loucos.
Fim do capítulo
Ei lindas, mais um capítulo para vocês. O que vocês acharam da visita do Caio? E agora, hein, que a Gabi vai fazer? Continuem comentando, meninas, é muito importante para nós saber o que estão pensando.
Beijão,
Aness e Lális
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Rayddmel
Em: 07/06/2017
Nãoooo! Manda esse garoto de volta pro Rio, aff. huehueheu
Vai, Gabi! Termina logo com ele, pelo amooor de Deus, antes que a Elo fique mordidinha.
A bixinha não consegue nem beijar o garoto mais sem se lembrar da Elo <3 <3 <3
Tô ansiosa por um beijo delas sóbrias, quero ver em quem a bonita vai colocar a culpa dessa vez hehe
Muuuito bom, meninas ^^
Beijo!
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