Capítulo 34
O Jardim dos Anjos -- Capítulo 34
Quando concordara em sair para jantar, Lorraine havia pensando em tudo menos em um pedido de casamento.
Andras acariciou a mão de Lorraine e suas sobrancelhas se curvaram divertidas.
-- Pense que não será tão ruim assim. Um ano passa rápido e no final desse tempo eu lhe devolvo a seringa e o filme.
Lorraine estremeceu ao ter que suportar a carícia de Andras. Sabia que, o que ela estava fazendo; era mostrando seu poder, seu controle, usando-a como caminho para algo bem maior e mais terrível.
-- Que garantia terei de que você cumprirá o acordo?
-- O diabo nunca cumpre o que promete, isso é fato até por uma questão de princípios e mesmo de coerência -- ela deu um sorriso desprovido de humor -- Essa é uma frase dita por um escritor qualquer, mas correta. No entanto, terá que confiar em mim. Que outra opção você tem?
Lorraine nada respondeu, apenas esticou sua mão direita para que ela colocasse o anel de noivado.
Seus dedos tremeram em um acesso de raiva, ela nunca se sujeitaria a suas vontades, nunca permitiria ser tocada e, faria de tudo para provar sua inocência o mais breve possível.
-- Todos os homens devem estar sentindo inveja de mim -- Andras murmurou sentindo-se triunfante -- Para lhe mostrar que não sou uma pessoa de toda má, vou permitir que escolha a data do casamento. Desde que seja no prazo de quarenta e cinco dias.
Lorraine permaneceu em silêncio, sua atenção agora era toda no anel de noivado, ignorando Andras como se ela não existisse. Agindo como se estivesse em transe, ela empurrou a cadeira para trás e se levantou.
Andras ameaçou se levantar, mas Lorraine a impediu rispidamente.
-- Nem pense em me seguir. Terei enorme prazer em passar o resto de minha vida na cadeia pela sua morte.
Andras não perdeu o bom humor.
-- Nunca vá para a cama com raiva, Lorraine. Fique acordado e planeje uma vingança -- gargalhou com o próprio comentário enquanto Lorraine lançou um olhar fulminante para ela e saiu do restaurante praticamente correndo.
Andras ficou observando a cadeira vazia perto dela.
-- Não vou lhe seguir, Lorraine. Já consegui o que queria -- olhou em direção ao bar como se procurasse por alguém. Levantou o braço e em segundos Beleth atendeu ao chamado -- Sente-se. Vou pedir mais uma garrafa de vinho para comemorarmos o meu casamento. Não vai me desejar felicidades?
Andras deu uma pancadinha na mesa e soltou uma gargalhada maldosa.
Alisson fez uma pausa, tomou um gole de seu vinho e olhou para os amigos.
-- Uma Freira excepcionalmente bonita estava num ônibus circular. Quando um sujeito de cabelo comprido, meio hippie, sentou-se ao seu lado.
Com a maior cara de pau, ele perguntou se ela gostaria de ir para a cama com ele.
A religiosa, surpresa e irritada, recusa o convite e desce do ônibus no ponto seguinte.
O cobrador, que ouviu o dialogo, diz: -- Eu sei como você pode trans*r com essa freira...
O passageiro ficou curioso e o cobrador deu a receita: -- Toda quarta-feira à noite ela vai ao cemitério rezar. Como você tem o cabelo comprido e barba, vista uma túnica e cubra um pouco o rosto. Ela vai pensar que é Jesus Cristo... E então você ordena que ela transe com você.
Na quarta-feira, lá estava o hippie esperando a freira.
Assim que ela chega, ele salta de trás de um túmulo e diz: -- Eu sou Jesus! Ouvi suas preces e elas serão atendidas. Mas antes você vai ter de fazer sex* comigo!
A freira concorda mas pede que seja sex* anal, pois quer manter o voto de castidade.
Assim que termina, o sujeito não se contém, tira a túnica e diz:
-- Hahahaha! Eu sou o cara do ônibus!
A freira tira o véu e diz:
-- Hahahaha! E eu sou o cobrador!
Risos.
-- Essa foi boa Alisson -- Fael deu uma risada -- Esse cobrador me inspirou.
Houve alguns segundos de silêncio antes que Alisson falasse de novo.
-- Não entendi!
-- Nem eu -- Nádia franziu o cenho, sua fisionomia era séria.
-- Eu entendi -- disse Felipe -- Mas acho melhor deixar pra lá -- levou a taça à boca e tomou alguns goles -- Conseguiram realizar todos os exames na pequena Priscila?
-- Todos! -- Nádia assentiu, descruzando as pernas -- Ela estava bem resistente, mas a Alisson tem muito jeito com crianças -- ela sorriu, deixando a mostra uns dentes brancos e perfeitamente alinhados.
-- Quem fala -- Alisson deu um sorriso calmo e devolveu o elogio -- Você que parece a fadinha Sininho. As crianças ficam encantadas logo que lhe conhecem.
-- Por isso que as duas escolheram pediatria e não proctologia adulto -- disse Beca enfiando um pedaço de pizza na boca -- Atenção! Um minuto de silêncio pela minha fome que eu acabei de matar -- Beca limpou a boca com o guardanapo e afastou o prato - Lembrei-me de um "causo": Um cardiologista muito famoso na cidade morreu. Seu funeral muito pomposo e muitos de seus colegas médicos compareceram. Durante o velório, um enorme coração rodeado de coroas de flores permaneceu atrás do caixão...
Após as últimas palavras do Padre, o coração se abriu e o caixão entrou automaticamente no enorme coração, emocionando a todos os presentes. O coração se fechou, levando no seu interior o famoso médico para sempre.
Um dos presentes explodiu em gargalhada, causando surpresa e indignação. Questionado por que ria, ele explicou:
-- Desculpem-me, por favor, desculpem-me.... É que eu estava pensando como seria meu funeral ... sou ginecologista!!!
Nesse momento o proctologista desmaiou...
Fael balançou a cabeça, sorrindo.
-- O que não entendo é porque a Lorraine, sendo a melhor cirurgiã cardíaca do país, não faz essa cirurgia na Priscila? Poxa, acho isso uma baita sacanagem.
-- Eu também acho -- concordou, Agnes -- Que ao menos, fosse por consideração a você, Alisson.
-- Faz cinco anos que a Lorraine perdeu o bebê, desde então deixou de realizar cirurgias em crianças -- Alisson a defendeu -- Não vamos forçar a barra. Cada um lida com seus traumas de forma diferente -- afastando-se um pouco da mesa, levou o copo à boca e tomou um gole enquanto olhava para Agnes com um sorriso no rosto.
-- Alisson tem razão -- Nádia disse, suavemente -- Todos nós temos nossos problemas. Alguns mais sérios que os outros. Sem dúvida, é um grande trauma perder um filho. Algo que você espera com tanta expectativa, que carrega com tanto amor e carinho por nove meses, fazendo planos e mais planos -- ela prendeu a respiração -- O fato é que uma terrível amargura se apoderou dela na ocasião e ela se fechou como uma concha.
-- É compreensível -- disse Felipe -- De repente, parece que foi tudo por água abaixo, na vida de minha irmã.
Lorraine passou a hora seguinte caminhando sem destino pelas ruas. A caminhada ajudou-a a espairecer um pouco. Olhava sem parar para o anel de noivado em seu dedo. Sentiu vontade de jogá-lo no cesto de lixo.
Seguiu o caminho da praia, mas naquele trecho era difícil, praticamente impossível, caminhar. Os saltos eram baixos, porém, completamente inadequados para o terreno arenoso.
Ela abriu a bolsa, olhando o seu celular dentro dela, e refletiu se ousaria ligar para Alisson ou não. Sentou-se em uma rocha, ergueu o rosto para o mar sentindo as lágrimas caírem. Ela perderia tudo por causa de Andras, sacrificaria sua própria vida, para nada. De que valeria a liberdade sem o seu grande amor? De que valeria a liberdade presa à Andras?
Olhou fixamente em torno da paisagem, lutando contra o vento frio. Fazendo caretas enquanto retirava o celular da bolsa e discava o número da pediatra.
Houve um segundo de expectativa, um intervalo que parecia levar horas, até que Alisson atendeu.
-- Oi amor!
Lorraine soltou o ar ao ouvir a voz macia da loira e com a pulsação acelerada, ela confessou trêmula:
-- Preciso muito de você.
-- Qual o problema, princesa? -- indagou Alisson, percebendo a voz angustiada de Lorraine.
-- Não é nada de grave -- ela procurou acalmar-se e mudar o tom de voz para disfarçar a tristeza -- Você pode vir ao meu encontro?
As nuvens começavam a se dissipar, deixando pequenas aberturas para a lua quando Alisson chegou ao local combinado.
Estacionou o carro de frente para onde Lorraine estava sentada. Um leve cheiro de maresia impregnava o ar da noite. Alisson caminhou na direção de Lorraine com uma expressão preocupada no rosto.
O braço da pediatra lhe rodeou a cintura, apertando-a contra si. Inclinou a cabeça e a beijou, um beijo profundamente terno.
-- Algum problema? -- perguntou.
-- Não -- Lorraine cruzou os braços sobre o peito, sentindo frio -- Nenhum problema a voz dela soou quase como um sussurro no silêncio da praia.
Percebendo o tremor da morena, Alisson virou-se devagar e tirou o casaco, ajeitando-o sobre ela.
Lorraine a puxou para perto. Os olhos verdes examinaram o rosto da pediatra e disse com a voz repleta de desejo:
-- Sabe o quanto a quero? O quanto a amo, não é mesmo?
-- Sim. Claro -- Alisson respondeu, hesitante, confusa. Sem entender.
Lorraine enrolou um cachinho do cabelo da loira na mão e sorveu o aroma de perfume. Qual ser humano seria capaz de não olhar para aquele corpo tentador que se revelava sob a camisa de seda que ela usava sob o casaco que acabara de tirar?
-- Lembra do nosso primeiro beijo? Foi aqui.
-- Nunca esquecerei aquela noite!
-- Coloca a mão aqui -- pediu Lorraine.
Alisson obedeceu e pressionou a palma da mão sobre o coração de Lorraine.
-- Quero que sinta o que estou sentindo -- colocou a mão sobre a mão dela e fez um carinho -- A primeira vez que nos beijamos, a lua também estava cheia.
-- Será que foi por isso que fiquei enfeitiçada por você? -- entrelaçou os dedos nos dela -- E tenho certeza que vou continuar assim para sempre.
-- Preciso de você, Alisson -- Lorraine traçou o contorno dos lábios dela com os dedos -- Diga que nunca vai deixar de me amar.
-- Sim, eu amo você, Lonzinha e, nunca vou deixar de lhe amar. Porque amar você é como respirar, sem ele... morro.
Lorraine passou a língua pelos lábios para umedecê-lo na espera do beijo.
Beijo que foi longo, cheio de carinho, emocionado. A lágrima que rolou dos olhos de Lorraine foi inevitável. Queria ter a capacidade de parar o tempo e fazer com que aquele momento fosse eterno.
Continua amanhã...
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:

Lili
Em: 23/04/2017
Lorraine que nojo, deixa se submeter a chantagem, muita burrice para uma pessoa só.
Resposta do autor:
Olá Lili!
Você tem razão. E isso o que se chama? Isso se chama: Ganância, medo de perder o poder. Hoje no capítulo 35, Andras falará sobre o "demônio Mamon", chamado o senhor do dinheiro.
Beijão Lili. Até.
[Faça o login para poder comentar]

Mille
Em: 22/04/2017
Olá Vandinha
Estou sentindo que teremos capítulos tristes e de despedida entre as duas.
O legal de ter amigos é que todos vão ajudar a Alison a tentar viver sem o amor dá Lonzinha, a vida das duas nunca mais será a mesma depois desse golpe.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Beijos Mille.
Domingo eu volto. Até lá.
[Faça o login para poder comentar]

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]