Capítulo 8
8.
Encostei-me à cadeira e tomei um gole do meu suco de laranja antes de voltar a encarar Mari.
— Eu... não sei o que dizer... — confessei, abanando a cabeça, sentindo o peso da culpa esmagar-me. — Eu sei que errei ao não querer falar sobre a Claire, mas porr*, Mari, podias ter-me enviado uma mensagem com essa história! — Exaltei-me, fazendo com que Mari me observasse de braços cruzados, a expressão impassível.
— Sim, podia. Mas que diferença faria? — Retrucou ela, a voz carregada de exasperação. — Tu estavas a quilómetros de distância, não podias fazer nada... O que adiantaria?
Cerrei os dentes, o nó na garganta apertando.
— Eu teria regressado.
Mari arqueou uma sobrancelha, descrente.
— Terias? Será que terias mesmo, Bia?
— Pela Claire eu apanharia o primeiro avião! — A certeza na minha voz era inabalável.
— Pela Claire tu deverias ter ficado. — Concluiu ela firmemente.
As palavras de Mari caíram sobre mim como um balde de água fria.
— Qual é a tua, Bia? Eu não te entendo. Se a Claire é assim tão importante para ti, por que a deixaste aqui sozinha?
Desviei o olhar, sentindo a culpa pesar ainda mais.
— Eu não a deixei sozinha... Eu deixei-a contigo...
Mari soltou uma risada sem humor, balançando a cabeça.
— Tu sabias que a minha relação com a Claire não era tão forte como a vossa. Por alguma razão, tu eras a melhor amiga dela. Aliás, o facto de ela não ter aceitado a minha companhia para visitar a avó provou isso.
O aperto no meu peito tornou-se insuportável.
— Eu achei que ela se apoiaria em ti. Foi por isso que te pedi para cuidares dela...
Mari soltou um suspiro, passando a mão pelo rosto, visivelmente desconfortável.
— E eu fiz o que pude... Mesmo quando ela foi internada... — Murmurou, tapando a boca no mesmo instante, como se tivesse deixado escapar algo que não devia.
Fiquei tensa, um arrepio percorrendo minha espinha.
— Internada? — A palavra saiu num sussurro, carregada de incredulidade.
Mari engoliu em seco, desviando o olhar.
— Eu não devia falar disso...
A minha mente fervilhava com perguntas, mas antes que eu pudesse pressioná-la, Mari mudou de assunto bruscamente.
— Diz-me, que razões tiveste para ignorá-la durante todo este tempo? Tu não tens ideia do estado em que ela ficou, Bia.
O meu estômago revirou.
— Se tu não me contares, eu vou procurá-la. Eu tenho que falar com ela... — murmurei, passando as mãos pelos cabelos, sentindo-me cada vez mais inquieta. — Eu tenho que entender o que raio se passou na minha ausência!
Mari soltou uma risada seca, cruzando os braços.
— Boa sorte em encontrá-la...
Franzi o cenho.
— O que queres dizer com isso?
— Claire mal para em casa durante as férias.
— Como assim?
— Os pais dela ficaram ainda mais ausentes. Desde o ano passado, Claire começou a sair com um novo grupo de amigos… Ela raramente está em casa.
O desconforto dentro de mim cresceu.
— Onde é que ela passa as noites? — Perguntei hesitante, temendo a resposta.
Mari suspirou, olhando-me nos olhos.
— Na balada... ou na casa de alguém do grupo.
O silêncio que se seguiu foi esmagador.
Eu estava prestes a perguntar mais quando uma gargalhada alta chamou minha atenção.
Instintivamente, virei-me na direção do som e o meu peito apertou no mesmo instante.
O grupo que entrava no café era animado, despreocupado, mas os meus olhos foram imediatamente atraídos para Claire.
Ela ria, aquele meio sorriso despreocupado nos lábios, como se o mundo fosse um lugar leve e sem preocupações.
Mas então, vi um rapaz ruivo ao seu lado.
Os meus olhos pousaram nele, e a irritação cresceu dentro de mim no instante em que o vi deslizar a mão pela cintura dela.
Cerrei os punhos.
O grupo aproximava-se e, quando Claire finalmente se deu conta da minha presença, os nossos olhares se encontraram.
Ela parou subitamente.
A mudança na sua expressão foi instantânea.
— Claire! — A voz grave do rapaz chamou-a, mas ela permaneceu imóvel, os olhos fixos em mim.
Engoli em seco, tentando manter a compostura.
— Como estás? — Perguntei, tentando suavizar o tom de voz.
Ela inclinou a cabeça levemente, ponderando a resposta.
— Ótima. — Respondeu com indiferença, virando-se para Mari. — Como estás, Mari?
— Bem... — Mari murmurou.
Claire voltou a encarar-me, um sorriso falso desenhando-se nos seus lábios. Então, simplesmente virou-se e começou a caminhar na direção do grupo.
Sem pensar, movi-me instintivamente e agarrei-lhe a mão, impedindo-a de seguir.
Ela virou-se de imediato, os olhos faiscando em fúria.
— Larga-me, Beatriz.
— Não largo enquanto não falares comigo.
— Claire, eles estão à nossa espera — interveio o ruivo, e o meu sangue ferveu.
Ela lançou-lhe um olhar breve antes de responder.
— Vai indo, eu já lá vou ter.
Ele hesitou, mas assentiu e afastou-se. Claire voltou-se para mim, os olhos carregados de irritação.
— Eu achei que tinha sido clara em tua casa — disse friamente. — Eu sobrevivi dois anos sem a tua atenção, então acho que é justo passares pelo mesmo.
Engoli em seco, sentindo o peso das suas palavras.
— Claire, eu sinto muito... Eu preciso que me ouças... — Sussurrei, a voz falhando. — Sinto muito pelo que aconteceu com a tua avó...
A sua expressão endureceu no mesmo instante.
— Tu não sabes ficar calada, Mari? — Disparou ela, voltando-se para a amiga.
— Não a culpes. Eu insisti com ela. — Suspirei, soltando lentamente a sua mão. Então, sem pensar, deslizei o polegar pela sua pele num gesto involuntário. — Eu sei que errei... Eu sei que deveria ter estado aqui... Perdoa-me.
Claire observou-me intensamente, os lábios comprimidos. O meu coração pulsava acelerado.
— Estás com a consciência pesada agora? — A sua voz era carregada de ironia. — Eu sobrevivi sem a tua ajuda, Beatriz. O que fizeste foi imperdoável. Isso só significa uma coisa...
— Claire, não digas isso… — Implorei, o coração esmagado pelo peso das suas palavras.
Ela soltou uma risada amarga, fria, carregada de uma dor que fazia o ar entre nós vibrar.
— Tu prometeste que irias sempre visitá-la comigo. — A voz dela subiu um tom, os olhos verdes brilhando de raiva e mágoa. — Prometeste, Beatriz! Mas não cumpriste. Tu não quiseste saber de mim!
A culpa apertou o meu peito como um punho de ferro.
— Eu sei… Tu tens razão... — A minha voz saiu num sussurro trêmulo.
No meio daquele turbilhão, esqueci-me do lugar, das pessoas ao nosso redor, dos olhares curiosos que talvez nos observassem. Nada mais importava. Apenas ela.
Dei um passo à frente, encurtando a distância entre nós. Claire baixou o olhar, recusando-se a encarar-me. Com cuidado, levantei o seu queixo com os dedos, forçando-a a encontrar os meus olhos.
— Eu sempre pensei em ti… — Murmurei, a minha voz embargada. — Não houve um segundo em que não o fizesse.
Os meus dedos deslizaram suavemente pelo seu rosto, e um arrepio percorreu o meu corpo quando ela me olhou, surpresa.
Por um instante, vi algo nos seus olhos. Algo que vacilou. Algo que me deu esperança.
Mas a dureza voltou num piscar de olhos.
— Se assim foi… — A sua voz falhou ligeiramente, mas logo recuperou a força. — Por que demoraste tanto a voltar? Melhor ainda, por que não me respondeste?
Apertei os lábios, engolindo em seco.
— Eu não podia…
Claire estreitou os olhos, a mandíbula cerrando-se.
— Não podias… ou não quiseste?
— Não é isso, eu…
— Não confiavas em mim naquela altura. — Interrompeu-me, sua voz cortante como uma lâmina afiada. — E agora? O que mudou? Deixaste de ser covarde?
A palavra atingiu-me como um soco no estômago.
— Isso não é verdade… Eu só…
— Não! — Gritou, interrompendo-me bruscamente.
Senti um arrepio gelado percorrer a minha espinha.
Claire respirou fundo, a fúria brilhando nos seus olhos.
— Eu não quero ouvir, Beatriz! Esta conversa termina aqui! — Sentencipou, a voz carregada de uma frieza que me fez estremecer. — Agora, larga-me.
O desafio na sua voz fez a raiva ferver dentro de mim.
— Se tu não falas comigo a bem… — Sibilei, mantendo o olhar preso ao dela. — Vais falar a mal.
Claire arqueou a sobrancelha, cruzando os braços.
— Ai é? — A sua voz agora trazia um toque de deboche. — Isso é o que vamos ver.
Ela inclinou a cabeça levemente para o lado, um sorriso cínico curvando os seus lábios.
— Agora, larga-me. Tenho pessoas à minha espera.
Os seus olhos sustentaram os meus, desafiando-me.
Apertei os lábios, forçando-me a respirar fundo antes de soltar a sua mão.
— Vamos, Mari. — Disse, a voz baixa, tensa.
Virei-lhe as costas, contendo a vontade absurda de puxá-la para mim e fazê-la ouvir-me.
Caminhei com passos firmes na direção do caixa, sentindo cada batida do meu coração ecoar no peito. Mari seguiu-me em silêncio.
(...)
A casa parecia sufocante quando chegámos.
O silêncio entre mim e Mari pesava como chumbo.
Assim que entrámos no meu quarto, sentei-me na cama, passando as mãos pelo rosto, tentando acalmar a fúria e a frustração que me consumiam.
— Conheces alguém daquele grupo? — Perguntei finalmente, sem olhar para ela.
Mari suspirou antes de responder.
— Sim… Cheguei a sair com eles algumas vezes.
Levantei o olhar de imediato.
— Então, se eu quiser saber onde a Claire estará na sexta-feira, tu consegues essa informação?
Mari cruzou os braços, estreitando os olhos.
— Bia, acho que devias deixar as coisas acalmarem…
Ri sem humor, balançando a cabeça.
— Não. Se a Claire quer ser teimosa, eu serei ainda mais insistente.
Levantei-me, caminhando até ela, um sorriso determinado surgindo nos meus lábios.
— Achas-me com cara de quem recusa um desafio?
Mari analisou-me por um momento, mas não respondeu.
— Sexta-feira, ela vai ouvir-me.
Ela suspirou pesadamente, passando a mão pelos cabelos.
— Tu é que sabes onde te estás a meter, Bia… Mas deixa-me de parte disso.
— Não. — Cruzei os braços, sorrindo de lado. — Tu vais comigo.
Mari fechou os olhos por um instante, exalando o ar devagar.
— Eu devia dizer não…
— Mas não vais.
Ela abriu os olhos, revirando-os.
— És mesmo impossível, Bia.
O meu sorriso alargou-se.
— E tu sabes que não gosto de perder.
Mari balançou a cabeça, mas no fundo, já sabia que eu não iria desistir.
Na sexta-feira, Claire iria ouvir-me.
Quer ela quisesse… ou não.
(...)
Sexta-feira à noite.
Estava deitada na cama, segurando o celular, esperando ansiosamente por uma mensagem de Mari. Meus pais tinham saído para um jantar fora da cidade e só regressariam no domingo, o que significava que eu tinha toda a liberdade para sair sem precisar dar explicações.
Quando o senti vibrar, apressei-me a desbloqueá-lo.
"Encontra-me neste endereço por volta das 22h30."
Sorri ao ler a mensagem e logo de seguida levantei-me num salto para me preparar.
Depois de um banho demorado, sequei os cabelos e encarei o guarda-vestidos, ponderando o que vestir. Optei por jeans rasgados nos joelhos, um top branco justo e uma jaqueta de cabedal preta. Ajeitei os fios loiros diante do espelho, finalizei a maquiagem com um toque leve e desci as escadas, procurando pelo motorista.
— Leva-me até esse endereço por favor — disse, mostrando a mensagem com o local marcado.
O trajeto até a boate pareceu arrastar-se, a expectativa e o nervosismo criando um nó no meu estômago. Assim que chegamos, mandei uma mensagem a Mari, informando-a da minha chegada.
— Fique por perto. Aviso quando precisar — instrui o motorista antes de sair do carro e caminhar até a entrada.
A fila avançava devagar, e os minutos de espera fizeram minha apreensão crescer. O som da música alta vibrava nas paredes do edifício, e eu tentava controlar a impaciência quando, finalmente, Mari apareceu.
— Até que enfim! — soltei, aliviada.
Ela sorriu e me puxou pelo braço, entrando comigo na boate lotada.
O impacto da música ensurdecedora fez meu peito vibrar. As luzes pulsavam num ritmo acelerado, e o ar estava impregnado com o cheiro de álcool, perfume e suor.
— Vamos ver se eles já chegaram? — gritou Mari por cima da batida intensa.
— Sim! Se ainda não estiverem aqui, ficamos no bar à espera!
Movimentamo-nos pelo espaço, desviando das pessoas enquanto os nossos olhos percorriam as mesas, procurando por qualquer sinal do grupo. Sem sorte, seguimos para o bar e sentamo-nos ao balcão.
— O que vais beber, Bia?
Continuei a varrer a multidão com o olhar antes de responder:
— Pede uma caipirinha para mim, por favor.
Mari fez o pedido enquanto eu me concentrava em analisar o ambiente, a ansiedade latente.
— A pessoa com quem falei disse que chegam em quinze minutos… — informou Mari. Então, lançou-me um olhar travesso. — Enquanto isso, queres dançar?
Arqueei a sobrancelha, virando-me para ela.
— A sério, Mari? Vamos nos concentrar no que importa? Eu não vim aqui para me distrair, tenho que pensar no que lhe vou dizer.
Ela revirou os olhos, balançando o corpo no ritmo da música.
— Ah, Bia… Podes pensar nisso enquanto danças.
— Eu não danço, Mari. — Disparei sem hesitação. Ao contrário dela e de Claire, eu nunca gostei de dançar. — Além disso, preciso estar atenta à chegada deles.
Mari bufou teatralmente, apoiando-se no balcão com um olhar exagerado de frustração.
— Meu Deus… Eu não podia ter escolhido uma melhor companhia. Da próxima vez, lembra-me de não te convidar para vir comigo a uma balada.
Revirei os olhos, cruzando os braços.
— Claro, como queiras… — murmurei, balançando a cabeça.
Mari soltou um riso antes de me lançar um olhar curioso.
— Já que não vais dançar, que tal me contares mais sobre os dois anos em que estiveste fora?
O desconforto instalou-se instantaneamente no meu corpo.
Remexi-me na cadeira, desviando o olhar, já antecipando que aquele interrogatório não terminaria tão cedo.
— O que queres saber? — perguntei cautelosamente, sentindo-me encurralada.
Mari sorriu de lado, inclinando-se ligeiramente na minha direção.
— Tudo o que não me contaste… — disse ela, com um brilho curioso nos olhos. — Ficaste com alguém?
Revirei os olhos, já me arrependendo de ter dado abertura para aquela conversa.
— Vamos mudar de assunto?
— Não, não vamos. — Mari cruzou os braços, determinada. — Nem depois de dois anos te sentes confortável com este tipo de tema? Ah, não acredito que passaste todo esse tempo fora do país e não te envolveste com ninguém…
Suspirei pesadamente, sabendo que ela não me deixaria escapar.
— Mari…
— Nem tentes fugir! Além do mais, não te esqueças de que estás a dever-me um monte de favores desde que voltaste.
Cerrei os dentes, frustrada.
— Tudo bem! — Cedi, revirando os olhos. — Eu saí com um rapaz, mas durou só um mês.
Mari arregalou os olhos, claramente animada pela minha confissão.
— Só um mês?! Isso foi rápido… Ele era assim tão mau? Foi o único?
— Sim, um mês. — Confirmei, bebendo um gole da minha caipirinha, esperando que o álcool aliviasse meu desconforto. — Ele fazia parte da equipa de futebol do colégio… mas acabou porque eu não sentia nada por ele. E sim, foi o único rapaz com quem saí.
Olhei para Mari de canto, percebendo sua expressão intrigada.
— O quê? — perguntei, desconfiada.
Ela hesitou por um momento antes de lançar a pergunta sem filtro:
— Beatriz… tu ainda és virgem?
Quase engasguei com a bebida, tossindo violentamente enquanto tentava recuperar o fôlego. Meus olhos lacrimejaram, e Mari explodiu em risadas, batendo de leve nas minhas costas.
— Ah não, Bia… não me digas que foi com esse garoto o teu primeiro beijo?! — exclamou, ainda incrédula.
Continuei tossindo, sentindo as bochechas queimarem.
— Eu não acredito que em dezoito anos só te envolveste com uma pessoa! — Ela balançou a cabeça em descrença. — Tens a certeza que não houve mais ninguém?
Desviei o olhar, desconfortável.
— Pede outra caipirinha para mim — murmurei, tentando distraí-la.
Mari riu, mas antes que pudesse continuar com o interrogatório, decidi mudar de assunto.
— Onde está a Claire que nunca mais chega?
Mari lançou-me um olhar desconfiado, mas pegou o telemóvel para conferir as mensagens.
— Ela chegou há dez minutos.
O meu corpo ficou tenso na mesma hora.
— E só me avisas agora?! Onde é que ela está? — Levantei-me apressadamente, sentindo a ansiedade crescer dentro de mim.
— Eu não sei… temos de procurá-la.
Assenti rapidamente.
— Tudo bem, vamos nos separar. Eu vou para aquele lado, vê no piso de cima.
Sem perder mais tempo, segui pelo meio da multidão, segurando minha bebida enquanto me movia entre corpos suados e vozes altas. Ignorei os comentários dos rapazes pelo caminho, focando apenas no meu objetivo.
Meus olhos percorreram cada canto da boate, mas Claire parecia ter desaparecido.
Mordi o lábio, frustrada, pronta para mudar de direção quando, finalmente, a vi.
Ela estava num dos sofás, casualmente recostada, com um copo na mão e um olhar distante, alheia ao caos ao seu redor.
O alívio misturou-se à tensão dentro de mim.
Respirei fundo e tomei um último gole da minha caipirinha antes de me aproximar.
Claire estava cercada por um grupo de cinco pessoas, o ambiente ao redor carregado de risadas e conversas animadas. No entanto, o que realmente me irritou foi o fato de ela estar sentada no colo do ruivo.
O meu olhar cravou-se nela, atento a cada detalhe. Apesar dos sorrisos e da aparente descontração, havia algo errado. Uma desconexão sutil, um brilho artificial em seus olhos. Era como se cada risada fosse ensaiada, como se sua animação não passasse de uma fachada cuidadosamente construída.
Respirei fundo, preparando-me mentalmente para todas as possíveis reações que ela pudesse ter ao me ver. Precisava falar com ela. Precisava que ela me ouvisse.
Com o coração acelerado, dei o primeiro passo em sua direção.
Mas parei bruscamente quando uma garota surgiu do meio da multidão, aproximando-se do grupo.
Claire imediatamente desviou a atenção da conversa para a recém-chegada. A garota cumprimentou-a com dois beijos no rosto e um sorriso que me fez sentir um incômodo estranho no estômago.
Observei a interação com os músculos tensos.
Conversaram por alguns minutos, e então a desconhecida estendeu a mão para Claire num gesto convidativo.
Claire nem hesitou.
Acenou com a cabeça e segurou a mão da garota sem pestanejar, levantando-se do sofá e seguindo com ela para a pista de dança.
Senti meu corpo ficar rígido.
Sem pensar, segui-as, mantendo uma distância segura, mas estratégica o suficiente para observá-las.
O espaço vibrava com a música pulsante, as luzes coloridas cortando o ar em flashes frenéticos. No meio da pista, Claire começou a dançar com a desconhecida.
Eu deveria estar focada na minha missão, mas por um instante, meu olhar deslizou por ela de maneira involuntária.
A regata justa destacava a curva dos seus ombros, enquanto os shorts curtos revelavam as suas pernas bem definidas.
Engoli em seco, afastando rapidamente o pensamento.
Sacudi a cabeça, tentando me recompor, e uma ideia súbita surgiu.
Se Claire ainda usava o mesmo número, como Mari tinha mencionado, então...
Peguei o celular e digitei rapidamente:
"Para de dançar e vem falar comigo."
Sem hesitar, apertei "enviar" e voltei a observar Claire.
Vi quando ela sentiu o telefone vibrar no bolso traseiro dos shorts. Lentamente, puxou o dispositivo e leu a mensagem.
E então, algo inesperado aconteceu.
Seus olhos começaram a percorrer o ambiente, claramente à minha procura.
Quando finalmente me encontrou, o que veio a seguir me desarmou completamente.
Ela sorriu.
Mas não era um sorriso qualquer.
Era um sorriso afiado, carregado de intenção.
O tempo pareceu desacelerar quando Claire voltou-se para a garota à sua frente e, num movimento fluido, puxou-a pela cintura, unindo os seus corpos.
E então, sem hesitar, beijou-a.
O ar escapou dos meus pulmões.
Fiquei boquiaberta, incapaz de processar o que acabara de acontecer.
Minha mente gritava que era provocação. Que Claire sabia que eu estava assistindo.
Mas o meu coração...
O meu coração não sabia como reagir.
Fim do capítulo
Boa tarde gente!!
Aqui está outro capitulo!!
Será que Bia vai desistir de falar com a Claire?
Aviso que o capitulo no ponto de vista da Claire será o próximo a ser postado!!
Agradeço mais uma vez a todos que acompanham
Beijos um bom fim de semana **
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thays_
Em: 18/03/2025
PQP!! Amei esse final rsrs
Sei que Beatriz teve suas razões para ir embora, era e ainda é muito jovem, talvez não conseguisse lidar ainda com seus próprios sentimentos, mas foi muito drástica em afastar-se abruptamente de Claire, sendo ela sua melhor amiga.
Já Claire talvez aceitasse um pouco melhor o fato de talvez também estar interessada na amiga e agora com esse beijo no final com a outra garota Beatriz deve estar se sentindo derrotada.
Adorei o capítulo!
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AlRibeiro
Em: 03/04/2017
Tenho acompanhado a história desde o início e confesso que amor entre melhores amigas sempre me deixam emocianada. Estou amando o desenrolar e torço pela Claire e Bia.
Mal posso esperar pela Bia declarar todo seu amor a Claire e torço pra que seja recíproco.
Nem a escrita em Português de Portugal me fizeram parar rs. Obrigada pela história e abraços xx
Resposta do autor:
Fico contente que estejas acompanhar e estejas a gostar!!
É verdade português de portugal... eu estou habituada a ler em português brasileiro imagino que para quem não tenha habito de ler em português de Portugal seja estranho por essa razão eu tenho tentado simplificar :)
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Bfr_Laura
Em: 03/04/2017
Eu até tava defendendo a Clarie, porque achava que ela tinha muita razão em estar magoada. Mas agora isso? Ele fez de maldade pra magoar a Bia, sem necessidades. Só não quero a Bia sofrendo e sendoi besta de ficar indo atras dela, Clarie ta fazendo papael da rebelde que nao combina nada com ela
Resposta do autor:
Foi mau, contudo eu acho que a Bia precisava de um abre olhos tem de deixar de ser covarde
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Val Maria
Em: 02/04/2017
Agora a coisa ficou pior para a Beatriz, coitada da garota! Foi embora e quando volta tudo está difícil, mas por essa a Bia não esperava. A Bia é muito ingênua do jeito que é, não está entendendo as atividades da sua amada, vai sofrer muito ainda.
Estou muito ansiosa para saber o ponto de vista da Clarie, desde aquela declaração de amor da Bia aquela noite, antes dela viajar, por que eu acho que a Clarie ouviu só não quis comentar. Talvez a Clarie só tenha gostado da Bia depois de sua partida, gostado como mulher e não só como amiga.
Beijos e volta logo autora.
Val castro.
Resposta do autor:
Tambem acho que Bia é ingenua acho que precisa de um abre olhos para começar a agir...
Hum... Será Val?
Beijos **
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lay colombo
Em: 02/04/2017
Eita
Resposta do autor:
Tenho pena da Bia...
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asuna Em: 20/03/2025 Autora da história
Cada pessoa lida com as situações à sua maneira, e, quando somos mais jovens, a impulsividade muitas vezes fala mais alto. No fundo, tanto Beatriz quanto Claire estavam a passar pelo processo de autodescoberta, mas em direções opostas, cada uma tentando compreender os próprios sentimentos do seu próprio jeito.