Capítulo 12

 

Ao chegar em sua casa, Michele vai direto para o quarto e se joga na cama.

 

—Meu Deus, o que está acontecendo comigo?— Michelle perguntou e levou as suas duas mãos para o seu rosto.

 

Ilara estava mexendo com ela de alguma forma. Uma garota estava passando a tomar conta de seus pensamentos constantemente. Por que isso estava acontecendo? O que essas sensações estranhas, que tomavam conta de seu corpo ao se encontrar com Ilara queriam dizer?

 

Com toda aquela confusão que estava tomando conta de sua cabeça, Michelle nem se deu conta da presença de sua irmã na porta, a observando.

 

—O que está acontecendo com você, Michelle, você é estranha, mas ultimamente anda batendo recorde de estranheza – Marisa comentou e Michelle revirou os seus olhos.

 

—Não ando me sentindo muito bem— Michelle se senta na cama.

 

Marisa vai até a cama da irmã e se senta ao lado da mesma.

 

—Cansaço?— Marisa indagou.

 

—Sim, talvez seja isso— Michelle coloca as suas duas mãos sobre o seu colo e começa a olhá-las.

 

—Bom, se estiver cansada, descanse, pois vamos jantar fora hoje— Marisa comunicou.

 

—Não quero sair hoje— Michelle falou ao olhar para sua irmã.

 

Marisa revira seus olhos— Não quer, mas vai sair comigo... Você vive nesse apartamento com o seu gato... Vamos jantar fora hoje, quem sabe você não conhece uma moça legal— Riu de lado e sua irmã fechou a cara.

 

—Você sabe muito bem, que eu não quero mais saber de ninguém na minha vida— Michelle disse séria.

 

—Para tá, Michelle, você acha que todas as mulheres são como a Catarina?— Disse em um tom alto.

 

Michelle se levanta da cama, não gostava de tocar naquele assunto.

 

—A Catarina foi uma vadia, mas nem todas as mulheres  são como ela— Marisa se levanta da cama também.

 

—Pare de falar desse assunto, por favor— Michelle levou as suas mãos até o seu rosto.

 

—Ta— Marisa passa por sua irmã— 7:00 horas,  já te quero pronta— Sai do quarto de Michelle, que acaba se jogando novamente em sua cama. A confusão de sentimentos parecia ter aumentado ainda mais dentro dela.

 

****

Ilara estava de frente do espelho terminando de se arrumar. Até que ela parecia estar apresentável. Ela era uma moça bonita, porém ela não notava isso.

 

Estava com seus cabelos soltos, usava um vestido que batia um pouco acima dos joelhos e a maquiagem estava bem discreta.

 

Naquela noite ela iria conhecer a prima de seu pai. Ilara estava um tanto ansiosa. Quem seria aquela mulher que deixava o seu pai tão irritado e sua mãe totalmente abalada?

 

Estava perdida em meio aos seus pensamentos, quando seu irmão apareceu em seu quarto, já se jogando em sua cama.

 

—Quem será essa prima do papai, mana?— Gustavinho se senta na cama. Ele usava uma camisa branca, calça e sapatos pretos.

 

—Não sei, Gu!— Ilara vai até o seu irmão e se senta ao lado do mesmo.

 

—Deve ser uma pessoa bem ruim, pelo que o papai falou— Ele começou a balançar os seus pés.

 

Ilara fica pensativa— Talvez não seja, Gu, e o papai só deve estar exagerando— Falou.

 

—É pode ser— Gustavo se levanta da cama— Vamos logo, pois a mamãe está toda nervosa... Ta andando de um lado para o outro. Ta se olhando no espelho várias vezes, acho que ela está querendo ficar bonita para o papai— Fala ao olhar para sua irmã, que estava ouvindo aquilo tudo atentamente.

 

—É deve ser para ficar bonita para o papai— Ilara se levanta e coloca uma mecha de cabelo atrás de sua orelha.

 

Os dois irmãos vão até a sala e encontra a sua mãe andando de um lado para o outro.

 

—Aconteceu alguma coisa, mamãe?— Ilara perguntou ao se sentar no sofá com Gustavo.

 

Helena respira fundo— Vocês viram aquele meu par de brincos de ouro?— Perguntou e os filhos balançaram a cabeça negativamente.

 

Depois dessa troca de palavras, a porta da sala é a aberta e dela surge Augusto, que estava com a cara fechada.

 

—Já estão prontos?— Augusto perguntou ao fechar a porta.

 

—Sim, papai— Gustavo e Ilara responderam juntos.

 

—Certo— Augusto fala e olha para Helena, que estava de pé ao lado do sofá. Ainda faltava se vestir— E você Helena?

 

—Ainda não, estou procurando aqueles brincos de ouro que você me deu— Helena respondeu com um tom baixo, pois sabia qual seria a reação seguinte de seu marido.

 

—Droga, Helena, você não sabe fazer nada mesmo... Peço pra você se arrumar e te encontro ainda assim— Augusto falou e sua esposa e seus filhos abaixaram a cabeça.

 

—Vou terminar de me arrumar, vai ser rápido— Helena correu para o seu quarto.

 

—E vocês, não quero que fiquem de conversinha com minha prima, pois se eu ver vocês dando muita trela pra ela, vocês vão ficar sem mesada viu— Augusto avisou ao se sentar em uma poltrona, que tinha na sala e seus filhos se entreolharam.

 

Ao Helena voltar para a sala os olhos de seus filhos brilharam. Ela estava linda, muito linda, mas Augusto nem ligou para isso. Não sabia nem mais fazer um elogio a sua mulher.

 

—Vamos— Augusto se levantou da poltrona e andou em direção a porta.

 

—Mãe, a senhora está linda— Gustavinho falou e sua mãe deu um pequeno sorriso.

 

—Obrigada, filho— Helena falou.

 

—Vamos logo, não quero chegar atrasado, basta eu ter que aturar aquela vadia a noite toda— Augusto disse irritado enquanto entrava no carro.

 

—Vamos, filhos— Helena chamou os seus filhos. Não queria deixar o seu marido ainda mais irritado. Ao entrar no automóvel, uma ansiedade começou a tomar conta de Helena. Ela iria rever Ester— Como será que ela está agora?— Se perguntou enquanto olhava para fora do carro.

 

Durante toda a viagem, Helena ficou se fazendo muitas perguntas a respeito de Ester. Aquela mulher ainda estava bem guardadinha no peito esquerdo de Helena, só que ela ainda não se dava conta disso ou fingia não se dar conta.

 

****

Após se arrumar, Michelle foi com Marisa para o tal restaurante... Ao chegar lá se acomodou em uma cadeira, que a deixou de costas para a entrada do restaurante.

 

Não estava com muito clima para sair de casa, mas negar algo a Marisa era impossível.

 

Tentando se animar um pouco, Michelle olha para o ambiente a sua volta. O restaurante estava lotado... Não era de se admirar, pois era o restaurante mais requisitado pelas pessoas de sua cidade. Enquanto olhava para as várias mesas que tinha ali, uma acabou chamando a atenção de Michele. Havia dois casais de idosos sentados nela, pareciam estar esperando alguém... Talvez fosse alguma reunião de família.

 

—Achei que você iria ficar olhando para as mulheres e agora te pego olhando para dois casais— Marisa reclamou em meio a risos.

 

—Por que eu estaria olhando para mulheres?— Michelle perguntou um pouco séria.

 

—Você sabe o porquê! — Marisa falou e logo em seguida chamou o garçom e assim as duas mulheres fizeram os seus pedidos.

 

Enquanto aguardavam os seus pratos, Michelle teve que lidar com Marisa, que sempre estava comentando a respeito de alguma mulher, que estava naquele restaurante.

 

—Pensei que você ficaria mais animada se saísse de casa— Marisa falou um pouco sentida. E Michelle se sentiu um pouco mal.

—Estou muito cansada, Marisa... E também minha cabeça está muito cheia— Michele falou aparentando estar cansada mesmo.

 

—Fale o que está acontecendo com você!— Marisa colocou a sua mão sobre a de Michelle, que estava em cima da mesa.

 

 

Michelle olhou para a mão que estava sobre a sua e depois respirou profundamente. Precisava entender tudo que estava acontecendo com ela, para assim poder desabafar com alguém.

 

—Prefiro não falar nada a respeito ainda, Marisa, preciso entender o que está acontecendo primeiro— Michelle falou.

 

—Tudo bem então... Se precisar eu estarei aqui— Marisa falou ao tirar a sua mão de cima da de Michelle. Após alguns minutos os seus pratos chegaram e elas começaram a degusta-los sem pressa.

 

****

Ao chegar no restaurante, Augusto segurou na mão de Helena e ali passaram a se comportar como a família perfeita. Ilara entrou no restaurante ao lado de Gustavinho... Olhou para todo ambiente a sua volta e não conseguiu reconhecer nenhum conhecido.

 

—O vovô e a vovó estão ali – Gustavinho apontou para uma mesa.

 

—Sim, são eles mesmos – Ilara comentou e sorriu.

 

—Espero que vocês não me façam passar vergonha... Lembrem-se de algo, não quero que vocês deem ousadia para a minha prima – Augusto falou baixinho ao olhar para os seus filhos.

 

—Está bem, papai – Os dois falaram em coro.

 

—Augusto, você não acha que está exagerando? – Helena após criar coragem perguntou.

 

—Não estou exagerando nada, Helena, não quero que meus filhos tenham contato com aquela vadia – Se aproximaram da mesa onde estavam dois casais de idosos, sentados, que logo se levantaram para poder recebe-los.

 

—Augusto e sua linda família – O pai de Ester, Fagundes falou, após apertar a mão de seu sobrinho.

 

—Sim, minha linda família, diferente da minha querida prima, eu tenho uma que se possa apresentar – Quis provocar.

 

—Filho, por favor, respeite a orientação sexual de sua prima – Alberto, pai de Augusto, falou calmamente.

 

—Nunca vou aceitar, aquela mulher é uma sem vergonha... Uma vadia – Augusto fala alto e chama a atenção de todos do restaurante.

 

Michelle que estava sentada, comendo calmamente o seu jantar, acaba se assustando com os gritos de um homem desconhecido.

 

—Tem gente que não se toca mesmo... Discutindo problemas de família em público – Marisa fala enquanto olhava para a mesa onde estava a família de Ilara.

 

Michelle também direciona o seu olhar para lá e acaba se deparando com Ilara, que estava muito linda... Naquele instante seu coração passou a bater de uma maneira diferente. Estava de alguma forma tentando buscar o olhar da garota, que estava de pé tentando acalmar o seu pai.

 

—Podia respeitar as outras pessoas que aqui estão presentes – Marisa não estava gostando nem um pouco daquela confusão— Você não vai dizer nada, Michelle? – Encarou a sua irmã.

 

—O que quer que eu fale? – Levou uma de suas mãos até o seu cabelo. Aquela confusão de sentimentos voltou a lhe invadir.

 

—Não sei... Bom, acho melhor voltarmos para o nosso jantar – Marisa voltou a olhar para o seu prato.

 

—Sim – Michelle não conseguiu mais parar de olhar para Ilara, que em um determinado instante notou a sua presença ali. Se conectaram por alguns segundos, tempo suficiente para deixar as duas mulheres ainda mais confusas.

 

Quando os ânimos se acalmaram na mesa onde a família de Ilara estava. A garota se sentou em uma cadeira e tentou fugir dos olhares de Michelle.

“Ela está aqui. O que faço?” — Ilara se perguntou ao abaixar a sua cabeça.

Fim do capítulo