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Estrada para Liberdade por KatherynStrange

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Palavras: 4267
Acessos: 1130   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 9

"Você disse que não sabe se não

Mas também não tem certeza que sim

Quer saber?

Quando é assim, deixa vir do coração"

(Djavan)

Aquele final de ano foi diferente. Me enturmei com o pessoal do 3º ano, participei de gincanas, fui acampar, comecei a beber nas festas e fiquei super popular entre os "veteranos". Eu jogava futebol, ia na casa de todo mundo e sempre estava interessada em alguém. Mas sabia que assim como a Bruna, era platônico. Não contava pra mais ninguém sobre os meus desejos. Tinha grupos separados de amigos. A Camila e suas amigas sabiam de mim, mas as meninas do 3º ano, com quem eu saía pra acampar e as vezes tiravam a roupa na minha frente, não sabiam de nada. Eu sempre saía de perto quando alguma menina resolvia trocar de roupa. Virava de costas, disfarçadamente, e quando me perguntavam o porquê eu dizia "Não gosto que me olhem, então não olho para os outros" e era suficiente pra ninguém desconfiar.

 

Em casa, tinha virado um inferno. Eu e minha mãe só conversávamos no coice. Ela tentava me prender em casa e eu enfrentava. Eu dizia que ela não podia me proibir de ver meus amigos e saía. Eu nunca tinha apanhado, então sabia que nada ia acontecer. 

 

A verdade é que todos estavam confusos e ninguém sabia o próprio limite. As brigas entre meus pais ficaram cada vez mais frequentes e eu queria ficar longe deles. Minha mãe passou a ter nojo de mim e evitava chegar perto. Meu pai começou a beber mais do que o normal e eu não o encontrava mais sóbrio.

 

Eu precisava do apoio deles, mas eles não estavam conseguindo nem equilibrar a si mesmos. 

 

As férias vieram, eu fiz 16 anos e, de alguma forma, a notícia de que eu era gay começou a se espalhar pela escola. Eu estava no segundo ano e agora faltava pouco pra eu me formar. No começo, tentei ignorar. Me lembro de entrar no colégio, já estava acabando o primeiro semestre, e algumas daquelas pessoas com quem acampei, cochichavam e riam enquanto eu passava. Fingi pra mim mesma que era impressão. Então, uma das meninas com quem jogava futebol veio me perguntar se era verdade.

 

- É verdade o que todo mundo tá falando? - Ela me perguntou nitidamente desejando que eu negasse.

 

- O que estão dizendo? - eu perguntei só pra confirmar o óbvio.

 

- Que você gosta de ... - ela hesitou com nojo - mulher...

 

Eu queria dizer que não, mas tinha o péssimo hábito de não conseguir mentir.

 

- É verdade, sim... mas...

 

- E por que você não me contou? - ela me interrompeu - Por que precisei ficar sabendo por outra pessoa?

 

Não sei.. tive medo que você reagisse... como está reagindo agora... brava...

 

Você deveria ter contado, a gente estava sempre junto, no futebol, na escola, nas festas... achei que você fosse minha amiga... - ela concluiu com raiva.

 

Eu não tinha o que dizer. Talvez eu devesse ter contado, talvez não... Não sabia, exatamente, onde estava meu erro e não sabia, exatamente, porque ela sentia tanta raiva de mim.

 

Assim, todos aqueles que que eu tinha frequentado a casa, dividido uma cerveja, sido um ombro amigo ou que eu tinha jogado qualquer conversa fora, resolveram que eu não era uma boa companhia. Então, me lembrei que morava em um bairro ultra conservador e que seria difícil continuar ali. Ainda tinha a Camila por perto e aguentei até a metade do ano. Durante as férias, arrumei um emprego e disse para meus pais que precisava transferir para o turno da noite para continuar trabalhando. Pedi transferência, comecei a ir pra aula depois do trabalho e comecei a fumar. Matava aula pra ficar no bar bebendo, jogando sinuca e tendo conversas inúteis com colegas de sala.

 

Meus pais me colocaram para fazer terapia, primeiro com uma psicológa, e como não surtiu o efeito esperado, me mandaram para a terapia regressiva. Conclusão: Eu era gay e não tinha o que fazer. O dinheiro dos meus pais acabou e parei com a terapia. 

 

Minha mãe já estava se acostumando com a ideia, ou pelo menos tentando ignorar todos os pré-conceitos que tinha, e resolveu me acompanhar para conhecer o grupo gay da cidade. Ela queria saber como era, como outros familiares lidavam com isso e tentar me encaixar em um mundo que me aceitasse. Ligamos e marcamos para ir a uma reunião do grupo de mulheres lésbicas. Chegamos um pouco antes do horário e fomos bem recebidas pelas pessoas que estava ali. No início, achei tudo um pouco estranho. Um senhor, barbudo, muito bem vestido nos cumprimentou e nos deu boas vindas. Não entendi o que ele fazia ali, imaginei que pudesse ser algum pai acompanhando o filho. Logo depois o presidente do grupo chegou mais perto e seu jeito afeminado me pareceu mais condizente com o lugar. Depois descobri que aquele senhor também era gay, embora não parecesse. Uma mulher de ombros largos se aproximou da gente, com um sorriso rasgado e estendeu a mão para mim. Sua voz saiu mais grossa do que eu esperava e entendi que era uma travesti. Eu e minha mãe apenas nos entreolhávamos em silêncio. Fomos encaminhadas a uma sala onde as cadeiras estavam dispostas em circulo. Nos sentamos, esperando o inicio da reunião. Aos poucos, vários meninos começaram a entrar na sala e nos olhavam curiosos. Uma mulher negra, de cabelos curtos, de camiseta larga que disfarçava a gordura e os seios entrou acompanhada de uma moça mais nova. A moça era branquinha, com cabelo na altura dos ombros, cacheado. Vestia uma calça jeans e uma baby look. Imaginei que fossem namoradas. Uma menina ruiva, de longos cabelos cacheados e pele clara, cheia de sardas, entrou acompanhada de um menino. Eles estavam de mãos dadas. Eu estava cada vez mais confusa. Achei que fosse uma reunião só de mulheres. Os meninos tinham mais ou menos o mesmo estilo, pareciam saídos de boybands da época com seus cortes de cabelo anos 90 e roupas largas. Eles começavam a se cumprimentar e comecei a ouvir suas vozes. Eram vozes femininas e achei estar me confundindo. Quando tive certeza que todos aqueles meninos, na verdade eram meninas, quis sair correndo dali com medo do que minha mãe poderia pensar de mim. Ela tinha ido ali para saber como era esse mundo e estava vendo várias meninas vestidas de meninos. Não tinha sido uma boa ideia. Jamais teria deixado ela ir ali se soubesse que encontraria essas pessoas. O pior é que eram meninos bonitos e eu só percebia sua feminilidade quando sorriam ou ouvia sua voz. A minha voz com certeza era mais grave que a delas. Claro que a primeira coisa que pensei foi "Será que esse é meu futuro? Será que toda mulher que gosta de mulher se torna homem?"

 

Quando a reunião começou, fomos apresentadas ao resto do grupo e cada um contou um pouco de sua história. A maioria havia sido expulsa de casa pelos pais e dividiam a casa com outras meninas, algumas eram garotas de programa, outras já eram "casadas" e moravam com suas companheiras e percebi o quanto tinha sorte com meus pais que apesar da dificuldade em compreender, em nenhum momento me bateram ou pensaram em me expulsar de casa. Frequentamos por algum tempo aquele grupo e minha mãe tentou montar um grupo de mães para discutir as necessidades dos filhos. Em vão. Nenhuma das mães estava disposta a admitir publicamente a condição de suas filhas. Eu fiz algumas amizades, cheguei a namorar uma das sapas, como se auto denominavam. Era um mundo sem muitas regras. As regras que elas seguiam eram simples, embora confusas pra mim. Uma sapa sempre namorava uma lady e entre elas decidiam quem era ativa e quem era passiva, mas se uma sapa era passiva, era motivo de piada entre as amigas. As meninas que se pareciam com meninos eram as sapas e as meninas que continuavam parecendo meninas eram as ladys. Na cama era decidido quem sentiria prazer e quem daria prazer. Eram poucos os casais que se revezavam para que as duas pudesse sentir e dar prazer. Isso tudo era estranho pra mim e não tinha lógica nenhuma. Não queria ser rotulada nem como lésbica, imagina ser rotulada como um determinado tipo de lésbica que se veste ou não de homem ou que aceita ou não ser passiva. Quando namorei uma sapa percebi que seria difícil me acostumar às suas tradições e claro que não deu certo. Ela queria que eu fosse sua lady. "Dois bicudos não se beijam" elas diziam. Eu sabia que não me encaixava como lady, não era delicada, nem fazia as unhas ou passava batom e nunca soltava o cabelo. Mas também sabia que não era uma sapa. Não queria ser um menino nem me vestir como eles. Queria ser eu mesma, sem definição. Um pouco menina, um pouco moleque.

 

Durantes os primeiros meses daquele ano, enquanto a noticia se espalhava pelo colégio, eu tentava me adaptar, tentando me aceitar e lidar com essa nova realidade. Quando não aguentei a pressão e transferi os estudos para noite, ainda me sentia um pouco amaldiçoada por ter essas tendências homossexuais. Cada vez que me interessava por alguém, era um desespero que sentia na alma. Eu tinha vergonha do que sentia e tinha medo da reação dos outros. Quando comecei a fumar, era como se o cigarro me trouxesse coragem pra enfrentar a solidão que eu sentia. Se tinha um cigarro na mão, não precisava de ninguém. Enquanto matava aula, porque as aulas eram fáceis demais e não precisava assisti-la, bebia para adormecer meus sentidos. Tinha as melhores noites de sono.

 

Então, depois de 2 anos sentindo um amor platônico pela Bruna, me apaixonei novamente. Não era só uma atração física como chegou a ocorrer algumas outras vezes. Era aquele mesmo slow motion de quando vi a Bruna pela primeira vez. O nome dela era Gabriela. Estava sentada no fundo da classe conversando com os meninos e vestia uma blusa preta, colada ao corpo e os detalhes da blusa disfarçavam a transparência, deixando a mostra parte de suas costas e barriga. Seus longos cabelos pretos escorriam até o colo, quase alcançando os seios, enquanto seus olhos cor de mel eram realçados por um lápis preto. Ela parecia uma roqueira moderna, com uma calça justa também preta e botas que quase chegavam ao joelho.

 

Vi que tinha um lugar próximo a ela e me sentei a sua frente. Ela também fumava, e não era só cigarro, e emprestar o meu isqueiro foi como consegui, aos poucos, me aproximar dela. Não demorou muito, nos tornamos amigas. Não escondi minha sexualidade dela, mas também não falei do meu interesse tão cedo. Durante os seis meses seguintes, nos tornamos inseparáveis. Ela aparecia no meu trabalho ou na minha casa e eu ia na casa dela. Saíamos para ir ao cinema, tomar sorvete, comer pizza. É claro que a notícia que eu era gay havia chegado ao turno da noite e todos já começavam a comentar que éramos namoradas. Ela não ligava, mas eu ainda tinha vergonha. Antes das aulas acabarem, ela começou a ficar com um menino da classe e eu não aguentei. Sabia que ela não gostava dele e precisava dizer o que eu sentia. Quando entramos na sala de aula naquela noite, ela começou a me contar que tinha ido ao cinema com ele e tinham se beijado. Antes me contasse os detalhes do encontro, saí da sala e corri para o banheiro. Comecei a chorar compulsivamente e senti minhas mãos formigarem. Logo ela me encontrou. Eu estava dentro de uma das cabines e provavelmente ouviu o som da minha respiração.

 

- Júlia? É você? - ela perguntou quando entrou no banheiro.

 

- O-oi! - tentei responder parecendo estar normal.

 

- Tudo bem? 

 

- Uhum - respondi tentando engolir o choro.

 

- Abre a porta... - ela pediu

 

- Não... - disse rápido - Espera um pouco

 

- Não está tudo bem... sua voz está diferente... O que foi? Eu fiz alguma coisa?

 

Respirei fundo e abri a porta. Eu devia estar roxa de tanto chorar. Ela me olhou assustada e pareceu realmente preocupada. 

 

- O que aconteceu? Por que está assim?

 

- Está tudo bem... Só estou um pouco triste...

 

- Um pouco triste??? - ela riu, tentando me distrair.

 

- Você sabe o que está acontecendo, não é? - perguntei esperando que ela soubesse a resposta.

 

- Na verdade, imagino - ela disse baixando olhar.

 

Ela sabia como a olhava diferente, o carinho e o cuidado ao andar na rua, as longas conversas ao telefone. Eu não sabia disfarçar. E ela fingia não perceber... até aquele dia.

 

- Júlia, não tem problema... Eu vou continuar sendo amiga.

 

Aquelas palavras me fizeram estremecer. Eram as mesmas palavras que tinha ouvido da Bruna algum tempo antes. Naquele momento percebi que não seria fácil encontrar um amor de verdade. Suas palavras foram como uma sentença de solidão. E o que eu teria para o resto da vida seriam experiências sexuais e não relacionamentos de amor. Senti meu sangue esfriando e meu corpo já parava de tremer. Enxuguei as lágrimas, forcei um sorriso e disse:

 

Só precisava desabafar, isso não vai interferir na nossa amizade. - Era a única coisa que eu podia dizer naquele momento. Não queria parecer mais dramática do que já estava sendo. Quem estava errada, quebrando as regras e se apaixonando por uma mulher era eu, nada mais justo que eu me colocasse no meu lugar novamente e esquecesse aquele assunto.

 

Fingimos que nada aconteceu e seguimos com nossa amizade. Me contentava com os carinhos que podia fazer através de massagens, cafuné na cabeça enquanto a observava dormir, um beijo no rosto e um abraço apertado a cada encontro ou despedida. Era o suficiente.

 

No natal daquele ano, meu irmão veio passar as festas de fim de ano com a gente e trouxe um amigo da equipe, o Caçulinha. Eu tinha dois irmãos: o mais velho morava comigo e o mais novo, morava em São Paulo. Um deles, o Lucas, era dois anos mais velho do que eu e não tinha ido junto para Curitiba. Ele era atleta e ficou morando no alojamento da equipe para poder continuar treinando. Ele nos visitava uma vez por ano, geralmente, em dezembro. Tínhamos crescido juntos e todos achavam que éramos gêmeos. A veia artística era um dos seus talentos. Quando criança, ele sempre aprontava e colocava a culpa em mim ou no Matheus, nosso irmão mais velho. Ele chorava com facilidade para convencer nossos pais de sua inocência e tirava sarro de longe enquanto levávamos bronca. Apesar disso, era uma criança linda. Seus olhos negros enormes e os longos cílios acompanhados de covinhas na bochecha quando sorria deixavam qualquer uma apaixonada. Conforme foi crescendo, seu corpo de atleta também se tornou motivo de admiração. Todas as minhas amigas caíam de amores por ele.

 

Era noite de Natal, quando liguei pra Gabi e chamei-a para ir lá pra casa. Ela esperou para passar a meia-noite com a família dela e depois foi pra minha casa.

 

Estávamos eu, o Lucas, o Caçulinha e o Matheus conversando na sala quando a Gabi chegou. Sabe aqueles momentos em câmera lenta? Foi o que eu presenciei. Quando os olhos do Lucas e da Gabriela se encontraram, antes mesmo de serem apresentados, foi possível enxergar a eletricidade entre eles. Durou alguns segundos, aquele olhar, os passos lentos, o sorriso sem graça e as bochechas coradas. Interrompi, sem saber o que fazer:

 

- Esse é meu irmão, Gabi! Lucas, essa é a Gabi! - os dois se cumprimentaram em silêncio, com dois beijos no rosto. Tudo ainda parecia estar em camera lenta, até que Gabriela terminou de cumprimentar o restante das pessoas e saiu da sala, me chamando pra perto dela.

 

Segui-a até o lado de fora da casa, rezando pra ter sido apenas impressão minha. 

 

- O que aconteceu? - perguntei

 

- Nada! Por quê? - ela respondeu assustada.

 

- É que você correu aqui pra fora - despistei, como se não tivesse percebido.

 

- Não conheço ninguém, preferi vir pra. 

 

- Gostou do meu irmão? - disparei

 

- Bonito - ela disse como se não fosse importante

 

Ficamos em silêncio por algum tempo. Logo os meninos também foram para o quintal e ficamos sentados na frente de casa. Eu continuei observando os olhares entre eles que deixava cada vez mais explícita a intenção. Eles se apaixonaram!

 

Qual a probabilidade de uma situação dessa acontecer? Bom, deve ser alta, já que, agora, meus dois irmãos eram apaixonados por minhas duas melhores amigas e uma delas ainda era a mulher com quem eu sonhava há meses. 

 

Eles não conseguiam disfarçar. Meu irmão corava e deixava a mostra suas covinhas cada vez que dirigia o olhar para a Gabi. Gabi, sem graça, corava de volta. 

 

Na mesma semana, eles começaram a namorar e eu abri mão do que sentia pela felicidade deles. Parece bonito, altruísta, mas não é. Eu estava infeliz, sem opções. Ela gostava dele e não de mim. Não tinha nada a ser feito a não ser continuar por perto. E assim foram os 9 meses seguintes. Assim, ficaram juntos até o final das férias do meu irmão, quando ele voltou para São Paulo, e depois por mais um mês quando ela resolveu passar um mês com ele em São Paulo. O resto do namoro foi virtual, ou melhor, postal. Cartas e ligações eram os meios de comunicação mais frequente entre eles. 

 

Eu queria morrer. De verdade, eu queria morrer. Uma noite, quando todos já estavam dormindo, fui até a caixa de remédio e encontrei uma cartela de aspirinas. Tomei algumas, 3 ou 4 talvez, não haviam muitas na cartela. Deitei na minha cama e esperei fazer efeito. Claro que essa quantidade de medicação nunca iria me matar, mas senti um certo desespero quando pensei estar tendo algum tipo de alucinação na escuridão do meu quarto. Eu não queria morrer, só não queria mais ter que me esconder ou aceitar perder todas as mulheres por quem me apaixonava para os homens. Se não poderia amar, o que eu estava fazendo no mundo?

 

Mas pensar que realmente poderia morrer naquela noite me fez repensar minhas prioridades.

 

Era o último ano do colégio, eu continuava a estudar a noite e não queria mais ir pra aula ainda no primeiro bimestre. A notícia da minha homossexualidade também foi disseminada a noite e logo me olhavam com os mesmo olhos que já tinha visto quando estudava pela manhã.

 

Quando meu irmão e a Gabi começaram a namorar, precisei me distrair. Já estava acostumada a gostar de alguém, mas ficar com outras pessoas. A Bruna me ensinou direitinho.

 

Então, comecei a namorar a filha da vice-diretora. Ela tinha estudado com a Camila e fui sua primeira mulher. Nos conhecemos no colégio ainda, mas só quando ela foi pro cursinho pré-vestibular que começamos a namorar. Nunca demos esse nome, mas tivemos uma relação tranquila por alguns meses, até a mãe dela descobrir. A Manu era uma menina muito inteligente, alta, magra e de pele bem branca. Era tímida até que ganhasse confiança, então, seu humor e sagacidade tomavam conta das conversas.

 

Sua mãe, no período da noite, era a diretora principal e logo que começou a desconfiar da nossa intimidade, começou a espalhar entre os professores sobre minhas tendências. Claro que não contou a ninguém sobre as mesmas tendências de sua filha. Foi o motivo que eu precisava para deixar a escola. A Gabi também parou de estudar, aproveitando a minha deixa. Prometemos que faríamos o supletivo a distância no mesmo ano e não perderíamos tempo. Ao mesmo tempo, os pais da Manu a proibiram de me ver. Para evitar mais conflitos, paramos de nos ver por um tempo e ela conheceu a Raquel pela internet e começaram a namorar. Quando a decepção de seus pais já não estava mais apontada para mim, voltamos a nos falar, mas nunca mais fui a casa dela.

 

Enquanto isso, comecei a dormir com mais frequência na casa da Gabi e ela na minha. As conversar foram ficando mais quentes e os toques durante as conversas ficavam cada vez mais naturais. Ela já tinha perdido a virgindade com o meu irmão e isso deve ter colocado seus hormônios a flor da pele.

 

Lógico que, no meu silêncio, ainda queria conquistá-la. Sabia que o namoro deles à distância não poderia dar certo por muito tempo e eu estava ali, sempre que ela precisava. Era a melhor amiga, confidente e apaixonada. Ela podia fazer o que quisesse comigo. 

 

Voltei a me concentrar na Gabi e, agora, mas do que nunca, vivíamos juntas. 

 

Então, em outubro daquele ano, fui dormir na casa dela. Seu irmão tinha construído um quarto independente pra ela e o estrearíamos naquela noite. Alguns dias antes, tinha passado a noite acariciando suas costas e percebi que isso tinha deixado-a incomodada. Quando fomos para o quarto naquela noite, a conversa acabou indo parar nos carinhos que tinha recebido. Ela ainda namorava meu irmão, mas não se viam há vários meses. 

 

- Tava bom? - perguntei com um sorriso malicioso quando ela mencionou a outra noite.

 

Ela riu alto e tentou mudar de assunto. Ela tinha o dom de mudar de assunto, mas já a conhecia muito bem para deixá-la escapar da minha pergunta.

 

- Me lembro de ter sentido a sua pele arrepiada... Era frio? - provoquei mais uma vez.

 

- Era! Claro! - respondeu com ironia.

 

Eu sabia que ela estava com vontade. Podia não estar apaixonada, mas eu sabia que ela queria estar comigo, queria sentir prazer comigo. A conversa começou a esquentar e fomos ficando cada vez mais excitadas.

 

- Como é? - ela perguntava.

 

- Quem pergunta quer saber, você sabe, né? - eu respondia provocando-a. - Mas não se preocupe, a gente sempre sabe o que fazer, é instintivo. - eu ria nervosa, esperando que ela não se ofendesse.

 

Ela não se ofendia. Sentia seu sangue esquentando tanto quanto o meu, mas a imagem do meu irmão vinha sempre a minha cabeça. Não queria ter minha consciência pesada nem ter problemas com meu irmão depois.

 

- Você precisa ligar pra ele - disse séria

 

- Agora? - ela perguntou

 

- Melhor que seja antes. Vocês já não se veem há tempos e se acontecer alguma coisa, não será só você que estará traindo-o - respondi, tensa com a situação, mas eufórica com a possibilidade de beijá-la pela primeira vez.

 

Continuamos conversando por algum tempo, como se decidíssemos o que aconteceria aquela noite. Finalmente, ela ligou para o eu irmão e terminou com ele. Não explicou muita coisa, disse que estavam muito distantes, que era melhor ficarem oficialmente separados por um tempo e depois conversariam novamente. Foi o suficiente para aliviar a consciência e curtir aquela noite tranquila. 

 

Eu tremia mais que vara verde quando seus lábios se aproximaram dos meus. Ela era aquela menina que tirava sarro de tudo e a situação estava tensa o suficiente para não existirem brincadeiras. As duas tremiam. As duas estavam nervosas. As duas não sabia o que esperar.

 

Quando nossos lábios se tocaram, um calor invadiu meu corpo e senti sua respirar acelerar. Minhas mãos, tremendo, alcançaram sua cintura e senti sua pele arrepiada na ponta dos meus dedos. Ela ainda, sem jeito, não sabia o que fazer com as mãos e, apenas, se entregou, para que eu mostrasse o caminho. Deitei-a, delicadamente, na cama, com as mãos acima da cabeça e, enquanto a beijava, desci minhas mãos até sua cintura, erguendo lentamente sua camiseta. Ela estremeceu. Beijei seu pescoço e, aos poucos, fui deslizando minha boca pelo seu corpo ate chegar em sua barriga. Meus lábios se moviam devagar, levemente, sentindo cada reação do seu corpo. Ela ria, ainda sem graça com o prazer que sentia. Aquilo era muito novo para ela. Quando minha boca chegou perto de seus seios, tanto a minha quanto a respiração dela ficaram ofegantes. Com uma das mãos soltei seu sutiã e rapidamente tirei sua camiseta. Eu tinha sede, queria sentir cada centímetro do seu corpo na minha boca. Beijei ao redor dos seus seios, deixando-a cada vez mais excitada. Com os lábios, senti seu mamilo endurecer e passei a língua ao seu redor até que suas mãos seguraram minha cabeça com força contra seu peito. Eu estava em êxtase. Seu sorriso, entre os gemidos, me deixavam cada vez mais com água na boca. 

Deslizei até sua cintura, passei meus braços por baixo de suas pernas e, mesmo com sua vaga tentativa de dizer não, comecei a morder sua barriga e beijar sua virilha. Escorreguei até sua parte mais intima e senti que estava molhada, me convidando a beija-la. Beijei-a com força, como se pudesse me fundir a ela. Deitei de barriga para cima e puxei-a para que rebol*sse na minha boca. Com meus dedos , penetrei-a e deixei que ela ditasse o ritmo ate que encontrasse o orgasmo. 

Eu estava mais apaixonada do que nunca.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 9 - Capítulo 9:
Teresa
Teresa

Em: 20/02/2017

A vida dela no início tava bem complicada, agora as coisas estão melhores.

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