DUETO por May Poetisa
Capítulo 28
A casa de Mônica era quase do outro lado da cidade e Jeannine estava ansiosa.
- Não foi uma boa guardar meu presente longe (reclamou).
- Tenha paciência, nós já vamos chegar e você vai adorar.
- Tua amiga mora muito longe.
- Só um pouco. É mais perto do que ir para a casa dos seus avós em Campinas.
- Seria melhor se todo mundo morasse perto da gente, igual o vô Bê e a vó Con.
- Você e sua mania de abreviar nomes.
- É que sou pequena não sei fala difícil.
- Eu sei meu amor e se todos morassem pertinho não teria local para passearmos.
-Verdade e eu gosto de passear.
- E vocês duas são muito tagarelas (disse Vitória interrompendo o diálogo de Lay e Jeannine).
- Tagarelas? É bom?
- Vai lá mamãe explica essa (Lay brincou).
- Filha, tagarela é quem fala sem parar, que fica conversando muito. Igual vocês duas que não param de tagarelar, não param de falar. Entendeu?
- Entendi. Então tagarela é bom, eu gosto de falar (afirmou).
- Desculpa querida, consegui explicar e ela entendeu (Vitória devolveu a brincadeira).
- Esta foi fácil. Quero só ver você explicar quando ela te perguntar como nascem os bebês (provocou).
- Eu quero saber (falou Jeannine que prestava atenção na conversa).
- Parabéns Layza (Vitória olhou brava para a companheira).
- Ai agora lascou (falou uma Lay sem graça).
- E então? (a criança não iria desistir facilmente).
- Você é muito nova para saber isso (Lay tentou resolver a situação delicada).
- Nada disso dona Layza. Você ainda deu ideia. Ela tem idade sim para fazer esta pergunta e vai ter a resposta, não vou deixar ela curiosa.
- Obrigada mamãe.
- Disponha meu amor. São lindos os nascimentos dos bebês, eles nascem da seguinte forma: o homem tem a sementinha e a mulher tem o ovinho. Eles se juntam na barriga da mãe, lá dentro o bebê cresce e depois nasce.
- Que legal! Adorei.
- E você entendeu?
- Sim! Vai demorar muito para chegar?
- Não, agora já esta pertinho. Ruiva te amo! Você foi incrível e acho que estava tão concentrada na explanação que não ouviu nossa filha te chamar de mamãe (Lay falou sorrindo).
- Jeannine, é verdade que, bom você, eu estou até gaguejando aqui (falou Vitória estupefata).
- Não posso?
- Claro que pode e eu fico muito feliz (a ruiva respondeu com um sorriso largo).
- Então vou te chamar de mamãe Vi.
- E eu te amo muito minha filha.
- O Lay e você?
- Eu também fico muito feliz, a Vi sempre sonhou em ser mãe e saiba que ela será a melhor mamãe do mundo.
- E ela é linda né
- Muito linda! Ela é a mulher mais bela que existe (se derreteu a morena).
- Obrigada meus amores e aposto que já estou com a bochecha vermelha por receber tantos elogios (disse Vitória).
- Mamãe Vi, gosto de ti.
- Jeannine eu também gosto muito de você.
- Lay...
- Diga minha linda.
- É e como que é (a criança tentou falar, mas voltou a ficar em silêncio).
- Jeannine, o que foi? Pode falar! (Lay encorajou).
- E eu e você?
- O que temos nós duas? (a morena não estava entendendo nada).
- Nada! Falta muito para chegar? (Jeannine disse ríspida).
- Não, já estamos chegando (Lay respondeu e ficou pensando no que a criança queria dizer).
- Filha! Vou explicar uma coisa importante, você presta atenção? (a ruiva decidiu resolver o impasse instaurado).
- Sim!
- Você pode conversar sobre tudo que você quiser...
- Com o tio Vini, eu sei, a senhora já disse. (a criança impaciente interrompeu).
- Isso, pois ele é psicólogo e pode te ajudar bastante. Além dele, você pode conversar com nós duas, então você pode falar o que quiser, perguntar qualquer coisa e contar tudo. Entendeu?
- Mesmo?
- Sim (o casal respondeu junto).
- Vi, gosto da nossa sintonia (Lay destacou).
- O Lay? (chamou Jeannine que voltava a ensaiar o que queria perguntar).
- Jeannine, você quer me perguntar algo. Pode dizer! (a morena falou compreensiva).
- Mas e se você não deixar? (a menina estava indecisa).
- Vitória, por Deus, me ajude! Não estou entendendo o que ela quer (Lay já estava se sentindo de mãos atadas).
- Jeannine, pode perguntar, diga o que você quiser, vamos te ouvir e responder (insistiu Vitória).
- Lay, você prometeu me cuidar (iniciou e fez uma pausa).
- Sim, eu prometi. Vou proteger e cuidar de você e da Vitória, que são muito importantes para mim (enfatizou gerando confiança na criança).
- Posso te chamar de mãe Lay?
E no carro imperou o silêncio. A morena não esperava por aquilo, já tinha a criança como filha, mas não esperava ser chamada de mãe. Jurava que seria apenas a Lay e foi fascinante ouvir aquelas palavras proferidas por Jeannine.
- Anjo, você consegue responder? (disse Vitória que já estava aflita).
- Você deixa? (pediu Jeannine).
- Claro que eu deixo e consigo responder com muita alegria. Não sei se sou merecedora, fiquei até surpresa, mas saiba que darei o meu melhor. Filhota, você pode me chamar de mãe Lay (foi a ver de Layza sorrir abertamente).
- Obrigada! (Jeannine agradeceu).
- Que família linda a minha. Lay, te amo!
- Ruiva, eu também te amo muito!
- E eu? (Jeannine gostava de participar de tudo, inclusive de se sentir amada).
- Jeannine, te amo! (falou a morena).
- Filha, eu te amo! (declarou-se a ruiva).
- ‘Tamém’ amo!
Após as declarações elas chegaram ao destino, cumprimentaram Mônica e logo Jeannine indagou:
- Oi, Mô, minhas mães deixaram meu presente aqui?
- Sim! (Mônica confirmou).
- Amiga, ela tem esta mania de diminutivo com nomes, a namorada do Lu, ela chama de Mie e meus pais de Bê e Con.
- Que linda! Bem mais fácil desta forma (afirmou Mônica).
- O Mô, meu presente é legal? Você viu?
- Muito legal e seu presente nasceu aqui na minha casa. A Lay e a Vi estavam pensando em qual presente te dar, ai a minha namorada, a Paula teve a ideia de contar para elas sobre os filhotinhos (narrou).
- Lay, a Mô tem princesa? (uma Jeannine curiosa perguntou).
- Tem sim.
- Não entendi (destacou Mônica que ficou confusa e sem saber de qual princesa elas falavam).
- Para a Jeannine, a Lay é minha princesa e eu sou a dela. A princesa do Luiz é a Mieko e ele o príncipe dela. Entendeu? (contou Vitória).
- Entendi, criança é mesmo o máximo, seres maravilhosos e a Paula é a minha princesa mesmo.
- Amiga, ela esta ansiosa a perninha até balança. Vamos lá?
- Claro! É por aqui, me acompanhem.
As quatro foram até o fundo da casa.
- Meu Deus! O auau tem filho (Jeannine falou correndo na direção dos cachorros).
A poodle branca da Mônica, cruzou com o poodle marrom da Paula e nasceram quatro filhotes. Dois foram doados para os familiares de Mônica (um primo e uma tia), Paula deu uma fêmea para a afilhada e o quarto filhote era o de Jeannine.
- Mãe Lay, vem aqui! Olha que fofinho! (disse apontando).
- Você gostou?
- Sim! ‘Vamo’ pegar ele?
- Pode pegar, a mãe dele nem liga, é desapegada e ele já parou de mamar (Mônica contou).
Lay pegou o filhotinho e entregou para Jeannine.
- Ele é seu!
- Mô, qual o nome dele?
- Você que vai escolher o nome.
- Posso?
- Claro, como sua mãe disse ele é seu.
- Mãe Vitória olha que lindo.
- Lindo mesmo, gostou do seu presente?
- Não! Meu presente é um auau? Ai Meus Deus (Jeannine voltou a chorar).
- Acho que ela não gostou. Calma não precisa chorar, a gente resolve isso, talvez ela prefira gatos. Nossa e agora? (Mônica falou preocupada).
- Tô chorando de feliz, eu tenho um auau. Mamãe Vi e mãe Lay, obrigada! (Jeannine disse entre lágrimas e sorrisos).
As adultas não resistiram e choraram assistindo a alegria da criança.
- Deve ser a convivência comigo, ela também esta ficando chorona (brincou a ruiva que estava secando suas próprias lágrimas).
- Lay, me ajuda, vamos lá dentro buscar água para nós quatro.
As amigas saíram e Vitória ficou aguardando com Jeannine.
- Amiga, agora entendo porque de toda a sua felicidade, nunca te vi tão bem e a filha de vocês é maravilhosa (até eu que choro raramente fiquei emocionada).
- Minha amiga, ela é um presente de Deus.
- E como tem sido para você a maternidade?
- Incrível! Claro que no começo foi assustador, estremeci bastante e a Jeannine tem um histórico bem triste, muito complexo.
- Entendo, notei que ela tem alguns hematomas. Mas acredito que o mais complicado é lidar com as feridas internas e eu sei que vocês vão auxilia-la e muito. O principal, vocês já possuem, que é o amor.
- Verdade. O mais mágico foi à empatia que se estabeleceu entre nós, criamos um elo maravilhoso, ela já até consegue nos chamar de mãe e eu estou toda babona.
- Minha amiga, que bom te ver assim. Lembra que eu te falava que uma hora a galanteadora também iria se apaixonar?
- Nossa você e a Paula me pentelhavam muito com isso.
- E você surpreendeu a todos, se apaixonou perdidamente e agora já até formou uma família. O amor é lindo!
- Mônica, sempre toda gay (brincou).
- Olha quem fala.
- Você e a Paula casam quando?
- Assim que ela concluir o doutorado. Você sabe nossa vida é uma loucura.
- Mundo globalizado, com o capitalismo voraz, deixa a vida corrida demais.
- Exatamente, já que você citou mecanismos do sistema, me conte e a documentação da adoção, tudo em ordem ou muita burocracia?
- Amiga, já deu tudo certo, conseguimos concluir todo o processo, tanto no fórum, como também na Vara da Infância e da Juventude do Estado. A Vitória já vem batalhando há bastante tempo.
- Que bom!
- Mônica, posso fazer um desabafo?
- Amiga, claro e nem precisa pedir.
- No nosso país tem a longa espera e a burocracia existe sim. Mas sinceramente o pior mesmo é a busca pela perfeição, as pessoas ficam querendo selecionar o filho perfeito, são muitas pessoas despreparadas que querem adotar, mas que não estão prontas para a adoção. A Jeannine passou por várias rejeições e isso é desumano, nenhuma criança merece passar por tudo que ela passou.
- Minha amiga infelizmente você tem razão e muito triste tudo isso.
- Mas hoje é dia de celebrar, Jeannine esta comemorando aniversário, agora ela esta feliz e sendo bem cuidada.
- Lay, preciso me retratar. Eu estava enganada, valeu a pena sim você ter perdoado, foram vários sofrimentos e eu queria que você fosse poupada das dores do coração. Ainda bem que você não me deu ouvidos quando eu te disse para você tocar sua vida, superar e esquecer sua ruiva. Até torci para você encontrar outro mulherão durante o intercâmbio, mas amiga quando é amor nem tem como fugir. Parabéns por não ter desistido, por ter dado outra chance, por ter sido a amiga que ela precisava e principalmente por ter mudado tanto em prol do amor e da felicidade. Vocês formam uma família linda!
- Minha amiga, muito obrigada por tudo. Você, a Paula, o Luiz e os meus pais, me auxiliaram tanto. Felizmente os problemas iniciais foram superados, agora temos outras prioridades e com muito amor vamos obter sucesso novamente (falou abraçando Mônica).
Depois do produtivo diálogo, as duas amigas voltaram, distribuíram os copos com água e ficaram admirando a felicidade de Jeannine, que não largava o cãozinho.
- Aniversariante, também tenho presentes, são brinquedinhos e um kit com várias coisas para você se divertir com seu novo cachorrinho (Mônica mostrou para ela uma sacola cheia de produtos para cães).
- Mô, muito obrigada!
- Por nada lindinha, presentinhos meus e da Paula.
- E cadê a sua princesa?
- Esta estudando, mas em breve você vai conhecê-la.
- Sabia que eu ‘tamém’ vou estuda?
- Eu ainda não sabia. Que legal! É muito importante e você vai gostar. Só não pode ficar viciada igual à Paula né Lay.
- Verdade, tudo tem limite. Sua namorada é um exagero (brincou também).
- Vocês ficam para o jantar?
- Não Mônica, a Jeannine viu uma propaganda na TV e ficou com vontade do lanche (Lay explicou).
- Eu acho que é mais pelo brinquedo isso sim e estas propagandas prejudicam as crianças, não estimulam a alimentação saudável e os pais acabam abrindo exceções. Eu atendo tantos pacientes com obesidade (lamentou a pediatra).
- Amor, ainda bem que a Jeannine come de tudo e sem frescuras.
- Casal seria indelicado se eu me convidasse para acompanhar vocês? Umas duas ruas daqui tem Mc e já tem mais de meses que eu nem vou. Eu nem vi a propaganda e também me deu vontade (Mônica confessou).
- Amiga, não é nada indelicado e deixe de história.
- Vai ser ótimo contar com a sua companhia. Jeannine a Mônica vai comer lanche conosco (disse Vitória).
- Que legal e o auau ‘tamém’ vai!
- Não! (afirmou Layza).
- Por quê? (perguntou fazendo bico e acariciando o cachorro)
- Onde vende comida animais não podem entrar. É proibido, por conta dos alimentos que as pessoas vão consumir. O cachorrinho vai ficar nos aguardando, nós vamos jantar, depois deixamos a Mônica aqui e o levamos para casa. E você mocinha pode começar a pensar em um nome para o seu auau (esclareceu Vitória).
- E eu achando que a Jeannine fosse espernear, reclamar, que nada e que amor de criança. Além disso, Lay, sua mulher é muito didática, a criança até desfez o bico e agora esta pensativa (avaliou Mônica).
- Amiga, a Vi tem o dom para a maternidade e eu descobri que além de vocação para pediatria, ela é também uma exímia educadora.
- Lay, obrigada pelos elogios e conte para ela sobre o que você aprontou quando estávamos vindos.
- Mônica, eu e minha boca grande. Sorte que a minha ruiva é maravilhosa e soube explicar tudo para a Jeannine.
- Layza, a atrapalhada, o que você aprontou? Conte-me tudo e não em esconda nada. Qual foi a mancada da vez?
- As crianças já tem o hábito de fazerem perguntas que deixam os pais de cabelo em pé. Só que escute o diferencial, a culpada fui eu, acabei sugerindo sobre uma questão bem inoportuna. Vamos indo que eu te conto no trajeto.
As três adultas e a criança deixaram a residência de Mônica, Lay contou sobre o episódio que tinha ocorrido naquele mesmo carro horas antes, sua amiga prometeu que zombaria dela até o resto da vida, que espalharia para os amigos e elas deram boas risadas. Jeannine adorou o brinquedo, mas de fato estava com vontade de comer o lanche, adorou o sanduíche, devorou as batatinhas e também apreciou o Danoninho.
- Mãe Vi, na TV era mais bonito.
- Filha é sempre assim, na TV é lindo, mas pessoalmente não é tão bonito.
- Mas estava gostoso (afirmou a criança).
- Estava gostoso mesmo, uma delícia e a melhor parte foi ela agradecendo. Muito lindinha e educada (salientou Mônica).
- Amiga e ela também reza a noite, eu até reaprendi a rezar em voz alta antes de dormir. Acredita? (Lay contou).
- Jeannine, aonde você aprendeu sobre religião e a rezar assim? (com curiosidade Mônica questionou).
- O tio Vini já perguntou isso, foi no hospital de queimados (a menina respondeu naturalmente, as adultas solidarizadas ficaram em silêncio, não sabiam nem o que dizer, segundos depois a criança voltou a falar) já escolhi o nome, o auau vai chamar Totó, igual do desenho Oz.
- Jeannine, que legal! Gostei, você escolheu muito bem (Lay adorou).
- Filha, eu também gostei muito (comemorou Vitória que junto com a criança foi buscar o cãozinho).
- Lay, traduza! Quem é Totó do Oz?
- Mônica, o nome do cachorro da Dorothy no filme “O mágico de Oz” é Totó.
- Agora eu entendi. Jeannine, também adorei a sua escolha (parabenizou).
A família se despediu de Mônica e retornaram para o lar.
“O lar é o reflexo do coração, um reflexo que vocês estão começando a entender”.
Fim do capítulo
Sexta a noite com um capítulo longo e bonito =D
Revelando os planos da May: correndo tudo como o previsto amanhã (31/12) "Dueto" será finalizada.
Beijos e grata por todas as leituras.
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 07/01/2017
Sua sensibilidade e profundidade para os assuntos tão essenciais como toda sua história é perfeita....delicada...verdadeira
Parabéns
Rhina
Resposta do autor:
Rhina, obrigada! Gosto muito da sensibilidade, delicadeza e verdade; tudo sem preder o essencial ;)
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Mille
Em: 31/12/2016
Oi May
"Desejo a você…
365 dias de felicidade.
52 semanas de saúde e prosperidade.
12 meses de amor e carinho.
8760 horas de paz e harmonia.
Que neste novo ano você tenha muitos motivos para sorrir!"
E muitas inspirações para nos presentear com lindas histórias. Abraços
Resposta do autor:
Oi Mille, gostei da sua mensagem e tudo em dobro para você!
Inspiração é sempre tão bom, gosto de ter e preciso muito <3
Espero que eu consiga sempre produzir e presentear com escritas.
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