DUETO por May Poetisa
CapÃtulo 27
Na sala da casa Jeannine, Lay, Luiz e Vitória permaneceram dialogando:
- Cunhado, a Mieko não pôde vir?
- Não. Ela esta ajudando uma prima que se mudou recentemente.
- Lay, o tio tem filho com a princesa dele?
- Ainda não.
- Nem filha?
- Não. Mas eles vão ter daqui uns anos (Lay torcia muito por isso).
- Mana, ela me chamou de tio (Luiz comemorou contente e emocionado).
- Lay, ele também chora de feliz ou esta triste? (falou analisando o tio que chorava de alegria).
- Jeannine, é de felicidade (ele respondeu); Posso te abraçar?
- Não. Isso me amassa (falou sincera).
- Então deixa eu te dar um beijo rapidinho.
- Só um.
Ele pegou na mão dela e beijou. Ela achou diferente aquela ação, gostou muito e pediu:
- Pode dar um beijo na outra também (estendeu a outra mãozinha para a alegria do tio babão).
- Ganhei meu dia!
- Lay, vamos brincar! (convocou Jeannine e a morena concordou, seguiu para o quarto com a pequena).
Luiz se recompôs e acompanhou Vitória até a cozinha. Por lá conversaram com Vera e Vitor, que já estavam terminando de preparar a refeição.
Durante o almoço, os adultos se encantaram ainda mais com Jeannine, ela comeu de tudo e no final ainda agradeceu.
- Obrigada! Deus abençoe!
- Princesa ele já esta nos abençoando, você é um tesouro (Vera destacou).
- Vitória! Quero deitar um pouco, tenho sono.
- Venha, vou te levar para o quarto (a ruiva a acompanhou).
Os adultos comentaram sobre o almoço e Lay também contou sobre o consultório.
- Lay, eu não tive coragem de perguntar para a Vitória, mas fiquei curioso. Ela nos falou sobre o acidente e as cirurgias que a Jeannine passou. Além das marcas na bochecha, testa e pescoço. Tem alguma outra? (Vitor perguntou e todos ficaram prestando atenção).
- Tem marcas na barriga e perna do lado direito (narrou).
- Nossa deve ter sido horrível (Vera falou com pesar).
- Esta noite ela teve pesadelo novamente? (Luiz questionou).
- Não. Ficou com medo de ficar sozinha e dormiu conosco.
- Deve ter se sentido protegida (disse Vera).
- Eu já falei com o Vinicius, como ele é psicólogo, vai atender a Jeannine, assim que ela vier morar aqui, a terapia será iniciada.
- Será importante e ela vai precisar de acompanhamento constante (enfatizou Vitor).
Vitória voltou para a cozinha e se juntou a eles.
- Ela já dormiu (contou com seriedade).
- Amor, tudo bem? Você esta séria (Lay mal terminou de perguntar e as lágrimas começaram a molhar a face da ruiva).
- Filha, o que foi? Algum problema? (Vitor questionou preocupado).
- Será horrível levar ela para o orfanato hoje (revelou).
- Vai ser difícil mesmo, na noite passada ela dormiu com a gente e nesta noite não teremos a companhia dela (Lay também se entristeceu).
- Meninas, tenham paciência. Agora falta pouco e vocês três já estão se dando tão bem, não fiquem tristes, celebrem esta nova e maravilhosa fase (aconselhou Vera).
Aos poucos as jovens se acalmaram e depois de organizarem a cozinha, o quinteto ficou na sala conversando. Jeannine dormiu cerca de uma hora e meia, ao acordar gritou:
- Vitória! Lay!
- Ela acordou (as duas falaram juntas e correram ao encontro da criança).
- Duas mães corujas, serão excelentes nesta função (garantiu Vera).
Minutos depois o casal retornou para a sala com Jeannine.
- Bom, nós já vamos. Precisamos pegar a estrada.
Vera e Vitor se despediram. Já Luiz só foi embora quando as jovens foram levar a Jeannine para o abrigo. Na despedida as duas mulheres sofreram bastante, deixar a criança e retornar para casa sem ela era um martírio. Depois daquele final de semana a adaptação continuou e elas visitaram a Jeannine por inúmeras vezes.
Em uma sexta-feira, após quase um mês de adaptação e breves encontros, elas receberam uma notícia comovente.
- Vitória, conversei com a psicóloga e já decidimos que você pode levar a Jeannine e não precisa trazê-la mais.
- Sério? (perguntou com os olhos cheios de lágrimas).
- Sim! Já encaminhamos a documentação e agora é diretamente com o fórum. Alguma dúvida?
- Não (Vitória respondeu quase em colapso).
Jeannine entrou correndo na sala e parou na frente de Vitória.
- Me disseram que não vou precisar voltar. É verdade? (indagou).
Lay percebendo que Vitória estava atônita e que a criança estava impaciente respondeu.
- Anjo, é verdade sim.
- Então vamos! Quero ir para o meu quarto.
Neste instante a ruiva despertou e abraçou Jeannine. Na sequência pegaram todas as coisas da criança e foram para casa. Em poucos dias elas se habituaram, Vitória antecipou as férias, Lay procurou flexibilizar sua agenda profissional e Jeannine aos poucos começou a dormir sozinha no seu quarto.
Depois de quinze dias morando juntas, receberam a visita dos pais de Lay, Bernardo e Conceição, adoraram a neta e aos poucos a criança já se relacionava com toda a família.
Luiz com paciência e persistência ensinou Jeannine a andar de bicicleta.
Mieko que é professora de artes, presenteou Jeannine, com cadernos para desenho, lápis coloridos, giz de cera, tintas e diversos itens artísticos.
Quando viajaram para Campinas num feriado prolongado, Jeannine se divertiu muito, Vera e Vitor fizeram todas as vontades da neta. Inclusive, tomaram banho de chuva com ela.
- Que chuva bonita (disse Jeannine observando pela janela).
Vera e Vitor se entreolharam e sorriram cúmplices.
- Vera, eu tive uma ideia.
- Qual ideia Vitor?
- Vamos tomar banho de chuva?
- Sim!
Os dois saíram para o quintal e minutos depois Jeannine correu atrás deles.
- Lay, eles são mais arteiros que a criança e se ela ficar gripada? (Vitória toda cuidadosa).
- Depois podemos dar um banho quentinho nela, agasalhamos e ficará tudo bem. Além disso, uma das mães dela é pediatra (Lay apaziguou).
- Me esperem! (Jeannine gritava).
- Será que alguém nos chamou? (Vitor perguntou disfarçando).
- Vó! Vô! Eu também quero ir na chuva (pela primeira vez, ela os chamou assim e eles adoraram).
- Vitor é a nossa neta, será que ela quer se molhar também?
- Quero! Vou me molhar na chuva (comemorou).
Fizeram uma festa e as gargalhadas estavam tão contagiantes que Lay e Vitória também resolveram participar da bagunça.
Depois do banho de chuva, Jeannine não ficou resfriada, deram banho quente nela, agasalharam e Vera também fez chá para todos.
Em um domingo, para comemorar o aniversário de Vitória, a família resolver fazer um churrasco, os pais dela compareceram, além de Luiz e Mieko. Todos estavam reunidos na mesa terminando de almoçar.
- Jeannine, você vai torcer para qual time? (Luiz perguntou).
- Não sei (a menina respondeu displicente).
- Corinthians (gritou Vitória).
- Palmeiras (bradou Lay).
- Pronto agora a confusão esta armada. Parabéns Luiz (Mieko comentou).
- Jeannine você tem que torcer pelo Timão, igual a mim e a Vitória (Vitor se intrometeu).
- Boa paizão! (festejou Vitória).
- Jeannine, você tem que ser uma palestrina. Ela vai torcer pelo Verdão, igual o tio e a Lay (foi à vez de Luiz defender seu time).
- É isso ai mano! (vibrou Layza).
- Lay, o aniversário dela é mês que vem e tem que ser do Palmeiras, precisamos trazer ela para o nosso lado (Luiz tentou).
- Nada disso, neta minha, não permito. Será corintiana como o avô.
- Certíssimo pai!
- Vovó e agora? (Jeannine perguntou confusa).
- Sogrinha dá uma força!
- Mãe a senhora tem que ficar do meu lado.
- Podem parar já com isso. Deixem a Jeannine em paz, que coisa mais chata! Minha linda, não liga para eles são bobos e adoram futebol.
- Qual seu time Mie? (ela não conseguia dizer o nome completo da tia e por isso acabava abreviando).
- Flamengo, é um time do Rio de Janeiro, eu nasci lá.
- Vó e o seu?
- Eu não ligo para isso, não gosto muito de futebol, prefiro voleibol.
- Pronto, eu também, assim ninguém briga e num fica triste. Como que fala vó?
- Voleibol.
- Bol eu sou do time bol (disse confiante para acabar com o impasse e todos caíram na gargalhada).
- E o aniversário dela será das princesas, pois ela adora (afirmou Vera).
- Vai ficar lindo! Obrigada Vovó.
Quinze dias depois lá estavam todos reunidos para o aniversário de Jeannine, que de fato foi das princesas e ela ficou maravilhada. Lay e Vitória se lembraram de avisar a todos, que a criança tinha trauma dos embrulhos de presentes. Vinicius em uma das sessões de terapia foi o responsável por descobrir o motivo, o barraco que ela morava com a sua genitora era cheio de embrulhos, certa vez ela fez um desenho e revelou para o psicólogo. Jeannine é uma criança que tem traumas devido ao acidente e também por conta das rejeições que sofreu, não chega perto do fogo e tem verdadeiro pavor. Para ela acompanhamento psicológico é fundamental. Em Vinicius ela encontrou um profissional que a faz se sentir melhor e ele é também um amigo, um tio e conselheiro. Felizmente eles criaram um vínculo muito positivo para a menina e somente para ele, ela conseguiu relatar sobre tudo o que se lembrava do acidente. Jeannine estava deitada em cima de um papelão, a sua genitora, chamada Maria, estava distante dela bebendo e usando drogas. Já era noite e no meio do barraco tinha uma pequena e improvisada fogueira, pois fazia frio naquele dia. Maria e Jeannine adormeceram e a fogueira permaneceu acesa. A criança acordou quando sentiu dor, por conta das queimaduras, todos os papéis do local estavam em chamas, incluindo os embrulhos que ficavam empilhados, com jornais, sucatas e lixos. Ela não conseguiu acordar Maria, que já tinha inalado muita fumaça, foi possível apenas sair correndo dali e teve a sorte de ser resgatada por estranhos no centro antigo de São Paulo, a levaram para um hospital público. Na unidade hospitalar ela passou por diversas cirurgias, recebeu inúmeros cuidados médicos e depois de muito tempo foi encaminhada para o abrigo.
Ao lado de Lay e Vitória, Jeannine comemorou o seu aniversário e pela primeira vez ganhou uma festa. Aos seis anos de idade ela aprendeu a chorar de felicidade.
- Jeannine, o que foi meu amor? (Lay perguntou a pegando no colo).
- Filha, porque você esta chorando? (questionou Vitória que estava ao lado dela).
- Tô chorando de feliz. Aprendi a chorar de feliz (comemorou e as duas começaram a chorar com a pequena).
Foi linda a comemoração de seis anos de Jeannine e depois que todos os convidados foram embora, elas resolveram guardar todos os presentes no quarto da criança.
Ela ganhou três bonecas, uma de Luiz, outra de Vitor e a terceira de Bernardo, pois os homens da família, não queriam errar no presente.
Vera deu para ela uma casinha de bonecas. Conceição deu uma mini pipoqueira. Mieko um kit completo de colorir. Vinicius um jogo de tabuleiro.
- Pronto, guardamos tudo. Agora posso brincar de fazer ‘popoca’, tenho um montão de bonecas, vou jogar com o tio Vini e pintar com a Mie.
- Você gostou de tudo? (Vitória perguntou).
- Sim! Muito obrigada! Tudo lindo. Quero fazer seis ano de novo.
- Você fez seis anos e não pode repetir. Ano que vem será sete anos e faremos uma nova festa para você (a ruiva explicou).
- Que legal!
- Jeannine, você não acha que ficou faltando algo? (Lay perguntou).
- Não. Eu amei tudo.
- Mas o que você ganhou de mim e da Lay? (foi à vez de Vitória perguntar).
- A festa de ‘neversário’.
- Aniversário meu amor e nós também temos um presente para você (disse Vitória).
- Outro? Mais legal que a festa? (perguntou).
- Os dois são legais a diferença é que este não acaba hoje e vai viver por alguns anos (Lay contou).
- Não sei. Não entendi.
- Vamos buscar? Você vai ver e vai entender (narrou à morena).
- Onde que esta guardado?
- Na casa da Mônica, uma amiga da Lay.
- Vamos!
Elas fecharam a casa, entraram no carro e seguiram para a zona norte da cidade.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]