DUETO por May Poetisa
CapÃtulo 16
Vitória estava na sala e viu quando um papel foi colocado por baixo da sua porta. Pegou a carta, abriu a porta e sorriu ao ver o lindo vaso cheio de flores coloridas, pegou o mesmo e colocou em cima da mesa. Em seguida deitou no sofá e começou a ler.
Vi,
Tem sido muito doloroso tudo isso, eu não imaginava que esta seria a sua reação e eu não estou conseguindo lidar com este distanciamento. Eu nunca sofri tanto e o seu desprezo esta acabando comigo. Gostaria que fosse diferente, seria maravilhoso retomar a nossa amizade, mas eu respeito a sua decisão. Eu te amo muito e se eu soubesse que me declarar estragaria tudo de lindo que nós construímos, eu nunca o teria feito, continuaria guardando este sentimento. Queria tanto uma chance contigo e não me importo em amar por nós duas. Compreendo e me coloco no seu lugar, em poucos meses você passou por tantas adversidades, sei que foi complicado para você lidar com tudo e que as tristezas foram inúmeras. Saiba que foi maravilhoso poder estar ao seu lado. Ruiva você é incrível e apaixonante. Ainda não sei ao certo como farei para seguir em frente, mas já ouvi dizer que o tempo ajuda muito. O amor que sinto por você não vai acabar, espero que ao menos ele adormeça, pois eu preciso voltar a viver. Anjo seja feliz! Você merece tudo de melhor. Eu me desliguei do hospital e acredito que quando você estiver lendo esta carta, eu não mais estarei em São Paulo. Não sei lidar com a indiferença e não suportei a sua ausência, por isso resolvi partir. Vitória “você não me ensinou a te esquecer, você só me ensinou a te querer” e eu sempre quis te dar flores, ao menos este desejo estou realizando e espero que você goste deste vaso de flores multicoloridas, eu sou assim, toda colorida como estas flores e descobri que igual a elas, eu também sou sensível. Confesso que antes de te conhecer eu não sabia o que era o amor e nem me imaginava em um relacionamento. Mas com a sua chegada tudo mudou e ao te ver minha vida passou a ter um novo brilho. Sonhei tantas vezes com o sabor dos teus lábios, te admirei dormindo por muitas noites e infelizmente não aguentei te amar em silêncio. Minha linda, eu gostaria de te cuidar, mas como não posso o fazer então te peço: se cuida! Com muito carinho, amor e afeto, da sua Lay.
As lágrimas de Vitória molharam o papel da carta, ao ler tudo aquilo o arrependimento foi gritante e ela percebeu que a distância que ela impôs foi maléfica para Lay. A ruiva tocou a campainha do apartamento ao lado, tentou ligar para a morena e nem sinal da outra. Tudo mudou para elas que em pouco tempo passaram a se ver diariamente, depois se distanciaram e agora nem sabiam se um dia voltariam a se encontrar.
Inicialmente, Lay optou por viajar, deixou a chave do seu apartamento com Luiz e posteriormente contando com o auxílio do irmão pediria para que todas as suas coisas fossem transportadas, mas ainda não fazia ideia sobre o destino da mudança, talvez alugaria o apartamento e aos poucos ajustaria tudo.
Em determinado final de semana Vitória ouviu um barulho vindo do apartamento ao lado e saiu correndo. Na porta deparou com Luiz, que carregava umas sacolas.
- Luiz, boa tarde! Lay me deixou uma carta e quero muito falar com ela.
- Ela esta viajando.
- Mas...
- Ela preferiu assim.
- Você tem notícias dela? Ela esta bem?
- Vai ficar!
- Já tinha dias que nós nem nos encontrávamos.
- Porque você quis assim.
- Eu não tive culpa, nunca nem imaginei que ela tinha confundido as coisas.
- Você sempre soube da condição sexu*l* dela.
- Sim e sempre a enxerguei como amiga.
- E você nunca percebeu que ela te olhava diferente?
- Acho que eu nunca quis ver, eu não queria que a nossa amizade acabasse.
- Ela também nunca quis, pelo contrário. Na realidade ela queria mais que amizade.
- Luiz, eu não tenho culpa.
- Vitória você foi egoísta, pensou só em você e nas suas dores. Lay foi embora antes de entrar numa depressão. Ela fez de tudo por você e por amor. Enquanto você, nem uma chance deu para ela. Eu não tenho mais nada para te dizer. Tchau!
A ruiva nada disse, estava muito triste e abalada. Ouvir tudo aquilo foi horripilante.
Luiz voltou ao apartamento da irmã por diversas vezes, Vitória tentava falar com o rapaz, que a tratava com indiferença e rancor.
No hospital um fonoaudiólogo foi contratado para substituir à morena.
A angústia de Vitória aumentava conforme a queda das flores, quando o vaso ficou vazio sobre a mesa, a ruiva se desesperou e já não sabia o que fazer. Depois de diversos diálogos com Vera e Vitor, ela resolveu procurar por Lay, porém a morena não atendia as suas ligações. A alternativa foi mandar e-mail e ela o fez.
De: Vitória Squillazi
Para: Layza Furtanatty
Assunto: Preciso conversar com você.
Lay,
Envio este e-mail para te fazer um pedido, quero conversar contigo, por favor! Eu te encontro onde você estiver, preciso falar com você e é muito importante. Espero que você esteja bem e que um dia possa me perdoar. Sinto muito por tudo isso e nunca quis causar sofrimentos, gosto muito de ti e estou morrendo de saudades. Um beijo! Vi.
Lay que estava utilizando a internet esporadicamente, viu o e-mail de Vitória somente três dias depois e gostou muito de tudo que leu.
De: Layza Furtanatty
Para: Vitória Squillazi
Assunto: Re: Preciso conversar com você.
Olá! Como vai?
Claro que podemos conversar. Eu estou em Portugal, conhecendo locais lindos e terminando um curso de curta duração. Quando eu chegar ao Brasil e estiver em SP eu te aviso. Se cuida sempre! Eu também sinto saudades suas. Beijos e abraços, Lay.
Vitória ficou radiante com a resposta do e-mail e logo enviou outro.
De: Vitória Squillazi
Para: Layza Furtanatty
Assunto: Saudades!
Lay, a saudade só aumenta.
Muito obrigada e aguardarei ansiosa.
Uma excelente viagem para ti e até breve!
Um grande abraço! Beijos e se cuide também! Vi.
Lay leu e preferiu não responder. Gostou de ter sido procurada pela ruiva e já não se viam há mais de um mês. Na Universidade de Lisboa, a morena fez alguns cursos, aproveitou a viagem para se atualizar e precisava ocupar a mente. Depois de Portugal seu próximo destino seria a Espanha, porém o e-mail de Vitória mudou um pouco seus planos e cerca de vinte dias após aquele contato, ela retornou para São Paulo. Luiz buscou Lay no aeroporto e ficou feliz com o retorno da irmã. Nos primeiros dias Lay se hospedou na casa dos seus pais e depois passaria uma temporada na casa do irmão.
Na primeira noite em solo paulista ela ligou para Vitória.
- Alô, Lay?
- Sim, tudo bem?
- Tudo e contigo?
- Também.
- Você voltou?
- Voltei, resolvi visitar meus pais e o Luiz.
- Que legal!
- No e-mail você disse que precisava falar comigo.
- Preciso muito, posso ir ao seu encontro?
- Eu estou na casa dos meus pais e cheguei hoje de viagem, estou um pouco cansada. Pode ser amanhã?
- Claro. Podemos jantar juntas?
- Sim.
- Me passa seu endereço que eu passo para te buscar.
- Eu te envio por mensagem.
- Que horas amanhã?
- Pode ser às sete?
- Pode sim, combinadas!
- ok! Então, vou descansar agora. Boa noite!
- Boa noite!
Vitória ficou muito satisfeita e alegre com a ligação. Até fez uma reserva num restaurante bem conceituado, uma indicação de Vera. A ruiva não se aguentava de ansiedade e no dia seguinte chegou ao endereço meia hora antes do combinado.
O reencontro delas foi emocionante, Lay entrou no carro e sorriu abertamente.
- Lay, quanto tempo. Tudo bem? (perguntou sorrindo e com os olhos brilhando).
- Sim, muito tempo, uns dois meses se passaram. Tudo bem e com você?
- Também. Você emagreceu (comentou observando a outra que estava sentada ao seu lado).
- Sim, emagreci um pouco. Para onde vamos?
- Reservei um restaurante. Espero que você goste (falou ligando o carro e seguindo para o local).
- E como esta no hospital?
- Tudo bem e em ordem. Sentindo falta?
- Um pouco.
- Se arrependeu de ter saído?
- Não. Estou com novos planos.
- Quer ligar o rádio?
- Sim.
- Fique a vontade.
Fizeram todo o trajeto ouvindo músicas e o restaurante não era longe dali. Depois de fazerem os pedidos voltaram a conversar.
- Gostei daqui, muito bonito. Você já conhecia?
- Não. Meus pais que indicaram.
- Legal e eles estão bem?
- Sim, tudo em paz.
- Ótimo!
- Lay, quero te pedir perdão. Nunca tive a intenção de te magoar.
- Já passou (disse de cabeça baixa).
- Por favor, me perdoa!
- Sim, eu te perdoo.
- Eu fiquei arrasada quando li a sua carta. Errei contigo, achei que o distanciamento seria positivo, mas acabou sendo pior.
O jantar chegou e elas comeram em silêncio.
- Uma delícia, seus pais tem bom gosto.
- Obrigada! O que vai querer de sobremesa?
- Mousse.
Elas comeram e deixaram o restaurante.
- Você vai para a sua casa?
- Não, vou voltar para a casa dos meus pais.
- Quer ir até a minha casa? Podemos assistir ao seriado que gostamos.
- Desculpa. Mas não consigo. Sofri um bocado por lá (lamentou).
- Eu te entendo. Podemos ir até algum barzinho? Ouvir uma música e conversar mais um pouco.
- Tudo bem.
- Sua vez de escolher.
- Posso dirigir?
- Claro (afirmou entregando a chave).
Ouvindo música foram até o barzinho, chegando lá Vitória ficou observando detalhadamente o ambiente.
- Prefere ir a outro local?
- Não. Podemos ficar aqui mesmo. É um barzinho LGBT?
- Sim e hoje tem música ao vivo, MPB.
- Muito bom! Podemos sentar naquele sofá? Parece aconchegante.
- Vamos!
Para beber escolheram apenas sucos.
- Como foi de viagem?
- Muito bem. Foi bom e me ajudou muito.
- Senti sua falta (contou pegando na mão da morena).
Lay nada disse, voltou a abaixar a cabeça.
- Sinto muito por você achar que eu estava te desprezando. Não foi meu intuito, nunca imaginei que esta minha atitude te prejudicaria. Eu só quero o seu bem.
- Eu nem sonhava que esta seria sua reação, eu sempre busquei lutar contra tudo que comecei a sentir, mas foi inevitável. Nunca quis acabar com a nossa amizade.
- Fiquei com muito medo, de não mais te reencontrar ou de que você dissesse que não queria mais me ver.
- Gostei de receber seu e-mail.
- Que bom! Tentei te ligar várias vezes, mas não consegui falar contigo.
- Meu celular não funcionou no exterior. Precisei comprar outro aparelho para usar por lá.
- Entendi.
- Gostou daqui?
- Sim, é bonito e agradável (disse observando o local e as pessoas, naquela noite tinham muitos casais).
- Que bom que você gostou.
Elas ouviram músicas, cantarolaram juntas e estavam gostando de todo aquele reencontro. No entanto não imaginavam como seria dali para frente.
Fim do capítulo
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line7
Em: 13/12/2016
Lay voltou e agora? a ruiva sentiu muito com a distância, ambas partes sentiram, vamos torce pra ruiva abrir o olhão pra morena, vai que a morena volta a pista da paquera^^ olha só que idéia boa..kkk..^^
Resposta do autor:
Olá! Então e agora? Rs
Notícia boa: amanhã tem continuação \o/
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Suzi
Em: 12/12/2016
Oii May
A carta foi linda, não poderia ter sido melhor escrita. Lay não deveria ter voltado antecipadamente, Vitória deveria ter ficado mais tempo sentindo saudades e a falta que fazia Lay no seu dia a dia. Mas é claro que isso é o que eu faria..kkkk
Alguém vai aparecer pra balançar está amizade?? E deixar Vitória incomodada ??
Bj :)
Suzi
Resposta do autor:
Olá! Suzi, como vai? Fico feliz por saber que você gostou da carta.
Até o próximo! Beijos e abraços, May
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Mille
Em: 12/12/2016
Olá May
Eu acho que a Lay poderia demorar um pouco nesse tempo fora, não ter desistido de ir a Espanha.
Ela voltou e agora como será a ruiva vai ficar na de amiga ou nossa querida autora colocara alguém que faça a Vitória chegar junto na Lay???!!!
Bjus e até o próximo, uma ótima semana.
Resposta do autor:
Olá! Mille,
Será que ela desistiu? Nos capítulos 16 e 17 vamos descobrir rs
Obrigada e uma feliz semana para você. Beijos e abraços
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