DUETO por May Poetisa
Capítulo 15
- Vi, podemos conversar agora?
- Você quer um suco?
- Não, obrigada!
- Você não acha melhor deixar esta conversa para depois?
- Prefiro já falar agora.
- Mas esta tarde.
- Amanhã é sábado e não vamos trabalhar.
- Ai meu Deus.
- Me escuta, por favor!
- Tenho medo de ouvir o que você quer dizer (confessou preocupada).
- Não fique com medo (afirmou olhando nos olhos da outra).
- Lay, nossa amizade é tão linda, não podemos estraga-la.
- Eu sei, mas eu preciso falar tudo o que eu sinto.
- Não faça isso (salientou levantando do sofá, já andando de um lado para o outro).
- Vitória, eu gosto muito de você.
- Lay, eu também gosto muito de você e agora já esta tarde. Eu vou dormir.
- Não! Você vai me ouvir, já adiei muito por medo e agora que comecei a falar vou terminar. Sente-se, se acalme e ouça com atenção tudo que vou dizer.
A ruiva já sem saber como evitar aquela conversa, apenas sentou e aguardou.
- Vitória, eu estou perdidamente apaixonada por você. Quando te conheci, me encantei e isso nunca tinha me acontecido.
- Lay, a nossa amizade (afirmou com os olhos lacrimejando).
- Anjo, nossa amizade é linda.
- Então não vamos misturar as coisas, não quero te causar nenhuma tristeza, desculpa se te dei alguma esperança, não sei se minha carência atrapalhou, sei que todos os meus problemas nos deixaram mais próximas...
- Eu te amo! (Lay afirmou cortando a fala da ruiva).
- Como? (perguntou perplexa).
- Vitória, eu te amo! (declarou sorrindo).
- Lay, nós não podemos.
- Por quê? Você já me contou que namorou uma mulher e sei que você não tem preconceitos.
- Mas foi na época da faculdade e era um relacionamento datado, eu sabia que não duraria e depois ela fez um intercâmbio. Eu não tive outras experiências com mulheres.
- Vi, conosco pode ser diferente (disse esperançosa).
- Lay, somos muito diferentes e não daria certo. Eu me apego e gosto muito de relacionamentos. Já você nunca namorou e gosta de se aventurar.
- Para tudo tem uma primeira vez.
- Lay, você não nos levaria a sério.
- Eu já nos levo a sério e por isso estou me declarando.
- Você fica com todo mundo.
- Ei não é assim também.
- Como não? Você e seu irmão adoram uma farra.
- Já faz tempo e eu mudei depois que te conheci.
- Você mesma me falou uma vez que não era dada a relacionamentos, que não tem paciência e que gosta mesmo de curtir a vida. Eu sou diferente, gosto de estabilidade e compromisso sério (falou já chorando).
- Vi, por favor, não chora.
- Eu prometi para mim mesma, nunca mais vou entrar num relacionamento que eu não seja valorizada, não vou mais admitir falta de respeito e traição.
- Não me compare com ninguém e eu mereço uma chance.
- Lay, me deixa. Eu quero ficar sozinha.
- Vi, não faz assim, eu não quero te deixar só.
- Eu preciso de espaço, eu não queria ter ouvido tudo isso.
- Se acalma!
- Me deixa!
- Deixa eu te dar um abraço?
- Não! Você não podia ter feito isso conosco, como fica nossa amizade agora?
- Linda, eu calei todo este sentimento por todos esses meses, sofri muito disfarçando e eu não sei mais viver sem você.
- Lay, por favor, para! Eu estou confusa com tudo isso e quero ficar sozinha (garantiu deixando a sala e seguindo para o quarto).
Naquela noite, a insônia, foi à companhia de ambas. Lay estava com medo da rejeição e Vitória temendo o fim da amizade. A ruiva não saiu mais do quarto e Layza não teve forças para levantar do sofá. Elas mal dormiram e ao amanhecer Vitória arrumou sua mochila e decidiu viajar.
- Bom dia! (Lay falou quando viu a ruiva entrar na sala).
- Bom dia! Eu vou para a casa dos meus pais.
- Posso ir junto? Eu dirijo.
- Melhor não.
- Entendo, podemos tomar café antes de você sair?
- Já estou de saída.
- Não quer mesmo que eu te acompanhe? (fez uma nova tentativa).
- Prefiro ir sozinha.
- Tudo bem, não vou ficar insistindo. Se você precisar de algo, me ligue!
Elas saíram do apartamento da ruiva, Lay tentou uma aproximação, ao menos para se despedirem, contudo Vitória se afastou.
- Lay, bom final de semana! Tchau!
- Vi, se cuida, boa viagem e um ótimo final de semana para você. Fica bem!
Vitória não conseguiu responder, estava arrasada, ela usava óculos escuros para esconder as olheiras. Enquanto Layza não disfarçava o abatimento.
A viagem da ruiva para Campinas transcorreu bem, apesar de ela ter chorado bastante. Seus pais estranharam a ausência de Lay e ela que não esconde nada deles, contou tudo, ambos se solidarizaram e fizeram de tudo para distrair e animar a filha durante o final de semana.
Em São Paulo, Lay pela primeira vez sofria por amor e no final da tarde de sábado decidiu pedir socorro para seu irmão e melhor amigo. Foi até a casa de Luiz, que levou um susto quando viu a irmã.
- Lay, o que te aconteceu? Que cara é essa? Você esta péssima.
- Eu falei tudo para ela (revelou).
- Falou o que e para quem?
- Para a Vitória (contou voltando a chorar).
- Respira e me conta tudo isso!
Eles conversaram por um bom tempo e ela narrou tudo.
- Mana, eu não imaginava que ela fosse reagir tão mal.
- Nem eu.
- Mas você fez certo, precisava falar.
- Você acredita que ela nem me atendi, tentei ligar para saber da viagem e como ela estava. Ela não quer falar comigo.
- Irmã, tenha paciência, ela enfrentou muitos problemas nos últimos meses.
- Lu, eu amo aquela ruiva.
- Eu sei e agora ela também sabe. O problema é que ela tem medo do seu passado e da sua vida de solteira.
- Irmão, mas eu mudei.
- Eu sei disso e você também. Já ela tem dúvidas e traumas. Dê um tempo para ela.
- Eu não sei viver sem ela.
- Lay, quando eu ouvia dizer que o amor mudava as pessoas, eu desconfiava um pouco, depois de ver todas as suas mudanças passei a acreditar.
- O que eu faço?
- Espere ela voltar e a conquiste!
- Como?
- Com paciência e com todo o amor que você sente.
- E se eu não conseguir?
- A Lay que eu conheço não desiste fácil.
- Por que eu fui me apaixonar?
- Porque ela é linda e incrível.
- Olha o respeito!
- Deixa de ser ciumenta.
- Estou perdida.
- Nós vamos sair um pouco, você precisa se distrair.
- Eu não quero sair, só quero a Vitória.
- E ela precisa de um tempo para lidar com tudo isso.
- Acho que preciso de uma bebida forte.
- Hoje, deixo você ficar até bêbada se você quiser, só hoje, assim você esquece um pouco de tudo.
- Mano, um conselho: fuja do amor!
Os irmãos passaram a noite de sábado juntos, Lay bebeu um pouco e tentou se distrair. Sempre que pensava em Vitória, chorava compulsivamente. No domingo acordaram tarde, jogaram vídeo game e optaram por ficar na casa de Lay.
A semana começou e Vitória procurou evitar um reencontro. Retornou para São Paulo apenas na segunda e foi direto para o hospital, nem passou em seu apartamento. Já Lay, tocou a campainha várias vezes, tentou contatar a ruiva e acabou indo trabalhar sozinha. Já no hospital, quando entrou no estacionamento viu o carro de Vitória. Não almoçaram juntas e os desencontros se repetiram até quarta-feira.
Lay chegou cedo em casa, percebendo que o carro de Vitória não estava na garagem, ficou aguardando pela outra no corredor dos apartamentos. Aguardou uns quarenta minutos e abriu um lindo sorriso quando viu a ruiva.
- Oi (Vitória disse sem jeito ao descer do elevador).
- Oi, tudo bem?
- Sim e você?
- Senti saudades.
O silêncio entre elas imperou.
- Foi tudo bem na sua viagem no final de semana? Não consegui falar contigo.
- Foi sim, obrigada.
- Quer entrar? Podemos jantar juntas.
- Não, obrigada!
- Você tem compromisso?
- Tenho sim.
- Vai sair com alguém? (perguntou enciumada).
- Não, preciso estudar um pouco, só isso.
- Vitória, por favor, não me evite (implorou).
- Vamos esquecer tudo, ok? Já passou!
- Não diga isso.
- Vou entrar.
- Vi, vamos voltar a ir juntas para o trabalho.
- Não é mais necessário e agradeço por tudo que você fez por mim.
- Não precisa agradecer, faria tudo novamente.
- Até mais, boa noite!
- Boa noite!
Lay ficou observando Vitória abrir e fechar a porta. Entrou para o seu apartamento chorando, a indiferença da ruiva estava acabando com ela, que desistiu de comer e adormeceu chorando.
No outro apartamento Vitória também sofria, estava sendo doloroso ficar longe da morena, seus sentimentos estavam confusos, já não sabia se o que sentia era só amizade e com todas as suas forças decidiu se afastar.
Durante o restante da semana elas não se encontraram, Vitória mudou todos os seus horários, visando evitar um reencontro e Layza com muita tristeza percebeu todo o distanciamento e desprezo.
No final de semana, Vitória retornou para a casa dos seus pais, ela estava emocionalmente abalada e na companhia da família se sentia melhor. Já Lay tentou sair algumas vezes com o irmão, mas a tristeza a consumia.
Cerca de quinze dias após aquela sexta que Lay se declarou, a morena tomou uma das decisões mais difíceis da sua vida, escreveu uma carta para Vitória, colocou por baixo da porta e na frente do apartamento da ruiva deixou um belo vaso de flores.
Fim do capítulo
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line7
Em: 10/12/2016
Essa dor, esses sentimentos confusos..rss..pra começar a leitura vai de música romântica " Scorpions Estill loving you" ..kk..aí sofrência, sensação horrível de ser ignorada :/ ótimooo..sentir aqui a emoção ^^
Resposta do autor:
Olá! Muito romântica e fofa a música. Adoro os seus comentários =D
Fico feliz por conseguir transmitir emoção ;) até o próximo!
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Carolzit
Em: 10/12/2016
Olá May, que história linda viu!! Fiquei mto triste e emocionada com esse capítulo, pude sentir a dor delas. Li esse capítulo ouvindo All I Need de Within Temptation e sabe quando se encaixa tão perfeitamente e senti que essa música casou com esse capítulo tão lindo e profundo. Obrigada por nos tocar com essa história perfeita. bjs
Resposta do autor:
Olá! Carol, agradeço seu comentário e fiquei muito feliz =D
Muito obrigada por todas as belas palavras. Beijos e abraços. Até breve!
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Mille
Em: 09/12/2016
Oi May
Muito ruim essa sensação de abandono que a Lay está passando, Vitória só tomara uma atitude quando a ameaçar ir embora aí a ruiva irá atrás dela.
Bjus e um ótimo final de semana até o próximo
Resposta do autor:
Olá! Mille, concordo contigo, ruim mesmo. Logo começo a produzir o 16 e espero conseguir postar no comecinho da semana que vem. Obrigada e para você também, feliz final de semana! Beijos
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