Capítulo III Quem é ela?
Já fazia mais de duas semanas que Manu estava trabalhando na "Arqui'Corporation". E parecia que tinha trabalhado a vida inteira ali, tamanho era sua afinidade com a empresa e os funcionários. Não foi difícil pra ela fazer amizades, logo na primeira semana já estava entrosada com o pessoal da publicidade. E como não estar, era o setor mais divertido de toda à empresa.
Mas o que mais lhe intrigava era de fato, Carolina. Tudo bem que vazia apenas duas semanas que estava trabalhando com ela, mas algo a deixava inquieta. Percebeu que todos os funcionários falavam da vida uns dos outros. Porém da "Chefona" ninguém se pronunciava. Há única coisa que sabia sobre ela era o fato de ter adorado o seu café. E sejamos modéstia, que café gostoso Manuela sabia fazer.
A primeira vez que Manu buscou o café na lancheira da empresa, pegou um para si e outro pra Carolina. O café matinal é um ritual da Carol, já que ela raramente tomava café da manhã em casa. Assim que tomou o café, Manu não acreditou que chamavam aquilo de café. - Esse capítulo poderia se chamar quantas vezes é possível pronunciar a palavra café... (Rs), mas voltando... - Resolveu que iria levar de casa, afinal ela já fazia em grande quantidade e como morava próxima a empresa, chegaria com ele quentinho. E foi o que fez!
Na manhã que Manuela levou o café pela primeira vez, duas coisas ficaram claras pra Carol... O perfume de Manuela e o cheiro de seu café são inconfundíveis. Sabia que Manuela tiraria de letra tudo o que fosse referente à empresa, o que só se confirmou com o passar desses dias. No seu segundo dia apareceu com uma caneca térmica, pelo cheiro Carol sabia que o tinha preparado. Contudo não demonstrou nenhum interesse! Queria ver até onde Manuela iria com toda essa disposição inicial. E cada dia que passou, só o que fazia era impressionar sua chefe. Organizou todos os arquivos, sem que Carolina pedisse, enquanto esta estava acompanhando uma das obras, refez o plano de horas extras dos funcionários e ordenou a enorme, estante de livros da sala de Carol, que ficava uma bagunça quando ela decidia que iria consultá-los. E tudo isto em duas semanas! Nossa, até eu fico impressionada com tamanha eficiência. (Rs).
- Manuela, o que faz perdida aqui, entre os meros mortais?
- Ah, oi Fabio! Apenas vim trazer os arquivos para a publicidade, que a Senhorita Portman analisou.
- Você gosta de passar um tempinho conosco, não é mesmo? – Disse o rapaz loiro, com um cabelo espetado e olhos castanho.
- Realmente. Adoro esse setor, sem contar que são os mais divertidos. – Riram os dois da constatação da jovem.
- Mas é claro que somos meu amor... Tudo que envolve a arte é mais gostoso. Mas então... – fez uma pequena pausa – a chefinha já esta lhe galanteando?
Manuela não entendeu o que Fabio estava querendo dizer. Carol havia sido muito profissional com ela, mais que o normal até.
- E então, Manuela?
- Não sei do que esta falando Fabio.
- Ora Fabio, deixa a garota em paz. – Jenny falou tirando os óculos dos olhos e passando levemente pelos lábios – Você sabe muito bem que a chefinha tem um grande amor! Não de ouvidos á ele, Manu.
- Como assim um grande amor? – Quis saber demonstrando sua curiosidade.
- Hum... Curiosa pra saber quem é sua concorrente Manu?! – Fabio se divertiu ao ver as bochechas da garota ficar rosadas.
- O que? Mas o que andam colocando no café dessa empresa afinal! – Era perceptível o estado diferente em que ela estava.
- Feromônios talvez... – O rapaz não conseguiu conter a risada.
Manu ia argumentar quando foram interrompidos por uma mulher, que parecia ter ouvido boa parte da conversa.
- Guarde seus Feromônios para mais tarde! Sim, Fabio. – Olhou-o séria – Manuela a Senhorita Portman a espera, para ver sua agenda pela parte da tarde.
- Obrigada Marta. – Realmente, Marta, não fez ideia de como aquele “obrigada”, representava mesmo um agradecimento.
Quando adentrou a sala executiva, não pode deixar de mirrar a “chefinha”, como todos a chamavam, e levantar questões sobre a mesma. Se o que Fabio havia falado, ou melhor, insinuado, Carolina era lésbica, ou seria Bi? Para... Ela gosta de mulher? É isso? Mas em nenhum momento me olhou diferente... A não ser a primeira vez que me viu, ao me chamar de Manu... Mas que idiotice, Manuela! Não é por ela ser lésbica, ou seja lá o que for, que iria tentar algo com você! Acorda garota... É sua chefe! E você é “HETERO”. Obrigada, de nada!
Realmente, algumas conversas mentais têm seus motivos para serem a sós. Já no caso de Manu não parece ser tão só assim.
- Está tudo bem, Senhorita Fernandes? – Só quando ouviu ela lhe chamar é que voltou a realidade.
- Ah, sim, claro... Como não estaria... Eu namoro! – Soltou sem querer.
- Como?... Que bom para você.
- Ah... Desculpe-me. É que Fabio engatou um assunto, um tanto quanto, constrangedor... Sobre bem... – Fez uma longa pausa.
- Tudo bem, não se preocupe. O Fabio sabe ser, “um tanto quanto” – riu a pronunciar a frase – invasivo.
- Percebi... – Falou num sussurro.
- Mas e então? – Manu ficou a olhando sem entender – A agenda, Manuela?
- Claro! – É a primeira vez nessa semana que escuto meu nome vindo dela, é estanho até. Pensou enquanto lia os compromissos daquela tarde.
Manu estava saindo para almoçar, quando se chocou contra uma moça de óculos escuros. Estava prestes a pedir desculpas quando a mulher falou:
- Olha por onde anda! A Carol deveria escolher melhor seus empregadinhos... Aff!
Manuela sentindo aquele olhar que lhe avaliava de cima a baixo, como se estivesse sendo analisada, e sabe-se lá o porquê... Não se conteve:
- Talvez a Senhorita Portman que estejas convivendo com as pessoas erradas em seu ciclo de amizades. - Encarou-a desafiadora, mesmo sem saber de quem se tratava...
- Você faz ideia de quem eu sou? – A ira era perceptível em seu tom de voz.
- Não, porquê deveria? – Sorriu sarcástica.
- Vou te dar uma coisa para nunca mais se esquecer de mim!
A ruiva ergueu a mão em direção ao rosto de Manuela, mas antes que seu braço terminasse o trajeto uma mão a segurou firme.
- Posso saber o que diabos está acontecendo aqui? - Carolina estava com um olhar raivoso, em todos aqueles dias, Manuela não havia visto nada parecido - Quero as duas na minha sala, agora! – Assim que entraram – Podem começar, e aí... – Mas ela já sabia quem iria se pronunciar.
- Aí amor! Você deveria escolher melhor seus funcionários – frisou à palavra “funcionários”, pois sabia que Carol não gostava do termo empregados. – Ela – apontou para Manu, que não estava acreditando no que ouvia – se esbarrou em mim e nem ao menos se desculpou... – Fez cara de indignada – E já partiu para a agressividade.
Manuela apenas sorria balançando levemente a cabeça. Se essa perua era o amor de sua chefe, com toda a certeza, seria demitida... Mas Carol poderia ter achado uma moça melhor! Opa, quer dizer... Sei lá! Alguma luz do céu, por favor?... Para com isso Manuela Fernandes – dizia a si mesma.
- Manuela. – Carol a fitou – O que aconteceu? Quero saber de você.
- Espera um pouco aí, Amor! Por...
- A menos que seu nome seja Manuela, Débora! Sugiro que fique calada. Já escutei sua versão. – E olhou para Manu que até então nada falou.
- Ao sair de sua sala, me choquei contra a Senhorita Debora...
- Senhorita Barcellos, se não se importa. – Débora estava tentando irritá-la.
- Contra a Senhorita Barcellos... Ia me desculpar, quando ela mencionou, que a Senhorita deveria escolher melhor seus... Como foi a palavra mesmo? Ah, sim! “Empregadinhos” – sorriu maliciosa para Débora. Com toda certeza, Manuela é uma caixinha de surpresas.
- Isso não é verdade! Prove!
- Acho que já deu por hoje, não é mesmo Débora. – Carol a encarou decepcionada.
- Espera aí... Você vai acreditar nela e não em mim! – Parecia possuída.
- Sim.
- Como é? – A mulher arregalou os olhos enquanto Manu observava Carol sem entender nada.
- Você deveria ir, antes que perca seu voo. Débora.
- Tudo bem... Quando eu voltar, daqui a três meses – olhou para Manu – conversamos!
Pegou sua enorme bolsa, colocou os óculos e saiu batendo a porta. Sabia que Carol não mudaria de ideia... Como pode alguém no nível dela se socializar com seus empregadinhos! Aff! Odiava isso nela, mas nada que o status e o dinheiro não a fizessem relevar. Depois de casadas mudaria isso nela. Sabia como deslumbrar as pessoas e usaria isso com Carolina.
- Bom... Parece que esta atrasada para seu almoço Senhorita Fernandes. Sendo assim... Vai almoçar com sua chefe, o que me diz?
- Será um prazer. – Como? Almoçar com você?... Mas quem é você afinal?
Fim do capítulo
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