Capítulo IV Uma troca
Carol conversava animadamente com Manuela, tentando não pensar no ocorrido e de como havia chegado, para impedir que a descontrolada da Débora, batesse na sua assistente. Quando se deu conta estava admirando Manuela, e como não admira-la? Tinha os olhos num tom verde escuro, que brilhavam conforme a intensidade de seus sentimentos... Os cabelos – e que cabelos! – eram longos, parecia que possuíam vida, tanto era o movimento que tinham, sem falar que dependendo da quantidade de luz que recebia se tornavam mais claros, o castanho que já era claro, ia de encontro ao loiro.
- Alguma coisa de errado? Você ficou em silêncio do nada, Senhorita Portman. – Não estava mais aguentando aquele olhar que a deixava inquieta.
- Não, nada demais... Apenas estava pensando se poderia te pedir algo. – A encarou, após um tempo Manu levantou a sobrancelha como se pensasse em algo.
- Façamos o seguinte... Uma troca de perguntas. Tudo bem? – Carol sorriu para ela e falou.
- Não é à toa que é minha assistente. Aceito!
- Então pode perguntar.
- Você poderia parar de me chamar de Senhorita Portman... Pelo menos fora do trabalho?
- Tecnicamente, é meu horário de trabalho. – Manu olhou para as horas em seu celular, mas estava gostando do jeito que Carolina falava com ela.
- Bom... Tecnicamente estamos em nosso horário atrasado de almoço, isso quer dizer que não estamos á trabalho, ou seja, não á por quê me chamar de Senhorita. – Carol abriu os braços se recostando na cadeira.
- Você sempre argumenta bem assim?
- Essa é sua pergunta, saber se eu argumento sempre assim? – As duas nesse momento estavam se divertindo... Tão leve e natural. – Isso Senhoras e Senhores eu diria que se chama sintonia (Rs).
- Não, não. Essa não é minha pergunta. E sim, para sua pergunta, Carolina! E ai, posso fazer a minha? – Sorriu em desafio.
- Estou esperando sentada... – Retribuiu o sorriso, mas com a diferença que o seu era maroto.
- A mulher de hoje, – ai vem pensou Carol – a Senhorita Débora. – Falou com ironia em sua voz – Ela é sua namorada?
- Ah... Oi? O que levou você a pensar que Débora é minha namorada?
- Esse não é o trato... Senhorita Portman! – Carol sorriu com o jeito que a moça a sua frente falou.
- Ok! Não. Débora não é minha namorada. Agora você responde a minha.
- Bem, pelo modo como ela agiu e por ter te chamado de “amor”.
- E isso me torna lésbica?
- Não... Quer dizer... Como chegamos na parte lésbica da coisa, mesmo? – A feição de Manu era perdida, não sabia mais o que falar. Carol percebeu e vendo como ela estava sem jeito esclareceu as coisas.
- Olha Manuela. Eu sou solteira, ok?... E não, não sou lésbica.
- Me desculpe, eu...
- Sou apenas uma amante do corpo feminino, que não me cansa de apreciar.
Impossível conter as gargalhadas na mesa, todo o restaurante parou para observar as duas mulheres, que mais pareciam meninas, se divertindo juntas. Manu num impulso pegou o guardanapo e jogou contra Carol, virando a cara em seguida, fingindo estar chateada com a morena a sua frente.
- Eu não poderia deixar essa passar... Sempre quis falar essa frase, mas nunca havia tido uma oportunidade, tão boa como esta.
- Tudo bem, na verdade me diverti também. Eu não deveria ter sido tão invasiva.
- Tranquilo... No seu lugar eu também iria querer saber de quais profundezas do tártaro a Débora surgiu.
- E, por falar nisso. Obrigada! Por impedi-la de ter me batido e por me defender.
- Não tem que agradecer moça! Estou sempre à disposição... Se precisar de mim é só chegar ao setor de atendimento dos heróis.
- A sim, você é uma heroína?
- Não, eu sou a moça que encaminha os pedidos a eles. – E mais risadas.
- Como você consegue?
- Ora é simples, você pega o telefone e...
- Não! Como consegue ser assim? – Manuela estava maravilhada com sua chefe. Encantada com o modo que ela se adaptava as situações. Essa mulher que Carolina ama... Com certeza, é a pessoa mais sortuda desse mundo. – Sorriu ao constatar seus pensamentos.
- Vinte e cinco anos de prática e seguindo!
E assim, o almoço chegou, mas não pensem que elas comeram em silêncio, muito pelo contrário, foi mais um motivo para se ter assunto a mesa. E que lasanha deliciosa, daquelas que escorre o queijo por todos os lados. O restaurante era simples, porém aconchegante e possuía um astral muito convidativo. E foi mais uma pequena coisa em Carolina que chamou a atenção de Manuela. Uma mulher na posição social dela, não era vista em lugares que não fossem chiques, requintados e cheios de etiquetas. Mas é como dizem, apenas o convívio nos revela quem as pessoas realmente são! E Manu, estava mais que, interessada em conhecer cada detalhe de Carol. E era isso que iria fazer... Descobrir quem era essa mulher menina, que a encantava aos poucos, e que, estava em sua frente.
Fim do capítulo
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