Capítulo V Velha Amiga
Era sábado de manha, sol quente, já dando indícios que o dia seria perfeito para ficar na praia. O relógio marcava seis horas quando Carol saiu para fazer sua caminhada, fones nos ouvidos, um short e um top eram as únicas coisas que a acompanhava, sem esquecer é claro, dos seus óculos. Como ela amava tudo aquilo, acompanhar o sol em sua tradicional rotina de amanhecer confortava seu coração, e de certa forma, o aquecia. A jovem garota passou por uma fase muito difícil á quatro anos atrás... Excluiu-se dos amigos, da família, não vivia mais... E o único lugar que conseguia se sentir bem era na praia. Foram longos seis meses assim... Até que Ana deu um basta naquela situação! Aninha era assim, uma amiga para todas as horas, se não fosse por ela, Carol, ainda estaria se martirizando pelo que aconteceu.
Ana, já cansada de ver a amiga naquele estado, decidiu que Carol iria fazer uma viagem com ela... E foi uma longa jornada. Que serviu para trazer a boa e velha Carol de sempre, amiga, companheira, divertida... – vou parar com os elogios se não... Vou longe (rs) - Mas mesmo assim, Ana sabia que o coraçãozinho de Carol, só seria preenchido por um grande amor, daqueles que nos arrebatam apenas em olhar. Não seria fácil encontrar uma mulher que despertasse o que Manuela havia conseguido. Na verdade não saberia dizer se um dia alguém chegaria perto do que Manu representava, para Carol. Contudo, Aninha faria de tudo para encontrar a candidata certa... Nem que tivesse que fazer a amiga passar de pais em pais.
Carol parou sua caminhada quando viu ao longe uma velha conhecida. Sem demora se aproximou da mesma.
- Pirralha! Nossa quanto tempo? – Disse com seu tradicional sorriso.
- Olho só quem está dando o ar da graça! E que mania é essa de me chamar de pirralha? Não sei se você percebeu Senhorita Portman, mas já sou uma mulher! – Disse a jovem encarando-a. E como não perceber, ainda mais com aquele biquíni minúsculo que a jovem usava, realmente ela não era mais uma pirralha... Não aos olhos de Carol.
- Ah, Dani... Você sempre será uma pirralha, afinal está com quantos anos? Dezesseis?
- Me poupe desse seu sarcasmo, sim! Sabe muito bem que estou com vinte e um... E além do mais tenho certeza que estas me secando por traz dos óculos. – Disse encarando-a.
- Verdade. Não posso negar que me surpreendi ao vê-la... Pirralha.
- Ai! Tudo bem, tudo bem... Saberei me vingar na hora certa! – Agora, seu olhar era de pura malicia. Carol notando as intenções deu seu jeitinho.
- Quando você chegou? A Ana veio também?
- Saindo pela tangente, não é mesmo... Minha irmã quer te fazer uma surpresa. Então você não sabe de nada!
- Ok! Não falarei para ela que você fez questão de estragar a surpresa dela. – Disse Carol divertida, enquanto Dani ainda ria por ela ter desviado o assunto.
- Mas essa era minha intenção desde o inicio. Então acho melhor a Senhorita ir pra casa logo, pois conhecendo Ana, ela não irá gostar de te abraçar toda suada!
- Pois é. Já tinha me esquecido de como as irmãs Johnson, são cheias de “nojinhos”. – Falou fazendo sinais de aspas com as mãos e indo em direção a Dani.
- Opa, opa pode parar!
- Mas você nem me abraçou hoje. Depois de dois anos e meio viajando! Não foi essa a educação que o Senhor e Senhora Johnson deram para os filhos... Ficarão tão tristes quando souberem que...
- Tá bem! Sua chantagista barata!
Após o longo abraço as duas se despediram e Carol deu inicio a sua corrida, para chegar mais rápido em casa. Queria tanto rever a amiga, que esse seria o banho mais rápido da historia dos banhos... Pois se jogaria na piscina! Adorava fazer aquilo, mesmo sabendo que Moisés, não gostaria nada de ver sua piscina suja. O Jardineiro amava as plantas, mas com toda certeza, tinha um caso amoroso com aquela piscina. Carol se divertia, em ver o homem bravo falando que contaria a seus pais, como se ela ainda fosse uma criança fazendo pirraça.
Quando avistou Moisés mexendo nas flores, passou correndo pelo velho senhor que estava distraído:
- Para o alto e além! – Disse pulando como uma bomba dentro da piscina.
- Por todos os Deuses! – Gritou o homem assustando, só depois vendo o que a garota havia feito, correu para xinga-la, mas ela foi mais rápida e já estava adentrando a casa.
- Menina Carol, você ainda vai deixar o pobre do Moisés louco.
- Ah Joana, mas é tão divertido quando ele leva esses sustos... Você viu a cara dele? Parecia que o mundo ia acabar e coitada da planta que ele estava arrumando, ficou decepada! – Não conseguiu conter o riso.
- Decepada ele vai te deixar algum dia, se você continuar enlouquecendo o velho. E eu não perco isso por nada desse mundo! – Respondeu uma voz, muito charmosa por sinal.
- Ana? – Carol virou para ver a amiga.
- Não, não Mahatma Gandhi! Senhorita Portman. E por falar nisso... Joana poderia trazer para, este velho, aquele seu bolinho delicioso! – Ana dizia aos risos.
- Não posso acreditar! Tá com saudades de Joana, ou melhor, do bolinho do que de mim? Joana cancele o pedido! – Falou autoritária.
- Desculpe Senhorita Portman, mas a Ana é minha menina também. – E saiu rindo para pegar o bolo.
- Como pode ninguém mais me respeita, não? – Fez beicinho.
- Larga de ser chata! E vai logo pro banho. – Ana apontou para o estado de Carol.
- Claro, claro... Mas só depois do meu abraço de: “Que saudades de você minha amiga predileta, linda cheirosa e gostosa que tanto amo!” Pode ser?
- Nem vem Carol! Te deserdo!
Ana nem percebeu que Carol a estava levando na direção da piscina. Quando deu por si, já era tarde.
- Não ouse!
E foi só o que conseguiu dizer. Pois Carol a abraçou e tombou na água.
- Carolina! Te odeio sua...
- É reciproco meu amor! – interrompeu-a sarcasticamente – agora vem aqui e me dá aquele abraço gostoso, pode ser?
- Você não existe! Vem cá que estou morrendo de saudades também...
- Meninas! E eu, achando que já estavam velhas pra pularem na piscina de roupa. O tempo passa, mas as crianças sempre serão crianças... Falando nisso tem lugar pra mais um?
- Claro pai! – Disse Carol toda sapeca.
- Tio Robert! Vem logo, antes que a tia Samira chegue...
- Onde você vai, meu amor? – uma linda mulher surgiu atrás de Robert, com a cara seria.
- Como onde vou amor... – engoliu em seco – Estava exatamente falando para as meninas... Que... Ah...
- Que não temos mais idade para pularmos na água, tia.
- É verdade mamãe, – piscou para o pai que logo entendeu – sem contar que ele frisou o fato de não termos mais idade. E como era o resto mesmo, pai?
- Crianças sempre serão crianças...
Samira que estava achando aquela conversa muito estranha, não percebeu seu marido ficar atrás dela. Apenas sentiu quando o homem lhe pegou nos braços dizendo:
- Vamos mostrar pra elas como verdadeiras crianças fazem! Amor. – Sorriu sugestivo.
- Já estava na hora né! – Sorriu para o marido, apoiando os braços em volta do pescoço, olhando para elas. – Aprendam com os profissionais, meninas! Vamos amor...
Robert pegou impulso, com Samira ainda em seus braços e deu um pulo enorme na piscina. Enquanto imergiam podiam ouvir as duas imitando eles. Os quatro teriam continuado a rir se não fosse pela pessoa que estava na borda os observando.
- É por isso que essas duas são assim! Eu desisto! Já estou velho de mais pra ter que ver uma cena dessas... – Moisés dizia com um semblante fechado.
- Desculpe Moisés. – Disseram juntos.
- Porquê não se junta a nós? Quando não puder com eles, junte-se a eles. – Carol fez todos, menos o velho rabugento, rir.
Joana observava tudo de dentro da sala, que tinha portas enormes de vidro, e sabia que nenhum dos quatro deixaria de ser criança tão cedo. Pelo menos, não de alma.
Fim do capítulo
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