Capítulo VI Que garota?
É engraçado como as coisas estão mudando na vida de Manuela, desde que, decidiu tomar conta de sua vida. A única coisa que mudou para pior foram seus pesadelos. Antes de começar a trabalhar na empresa “Arqui’Corporatin”, Manu apenas acordava de súbito, mas sem lembrar do que sonhava... Agora nessas duas semanas ela acordava muito suada e com lembranças dos sonhos, contudo não sabia se seriam memórias ou somente sonhos.
Manu havia sofrido um acidente á quatro anos atrás, porém sua memória foi parcialmente esquecida. A última coisa que a jovem se lembra, foi de estar formando-se no ensino médio, o que aconteceu depois dali é um branco em sua vida. Após conversar com alguns médicos teve que aceitar que possivelmente, não recuperaria suas lembranças. Seu caso era muito curioso e comentado no hospital. A resposta que encontrou dos profissionais, que a cuidaram foi que, o fim da etapa escolar foi um marco muito importante em sua vida. E tudo o que viveu depois, pode ter sido tão intenso, que houve um bloqueio de seu subconsciente. Pressões familiares, dúvidas, decisões como é o caso da profissão a seguir, o futuro em si... Qualquer coisa que seu cérebro entendesse como uma forma de sair de sua zona de conforto acabou sendo bloqueada. E o que Manu mais queria saber era o que havia feito nesse tempo, que mudou seu modo de ser.
Estava tomando café quando a campainha toucou. Não estava esperando ninguém, e de todas as pessoas que poderiam ser era a que Manu menos queria ver...
- Bom dia Manuela.
- O que está fazendo aqui?
- Não vai convidar sua mãe para entrar? – Manuela não estava acreditando. Ficou encostada na porta dando passagem para ela.
- Olha só, e não é que você arrumou o muquifo.
- Foi pra isso que a senhora veio? - Manu deu as costas e foi pegar sua caneca.
- Volte para casa. Falei com Félix você pode voltar para a “Alvin Advogados”. Ele me garantiu que falou com o Doutor Alvin.
- Claro que falou, é o pai dele! Quê parar de tentar mandar em cada parte da minha vida. – Já falava irritada com aquela mulher.
- Só estou querendo o melhor pra você Manuela! É isso que quer pra sua vida? – Abriu os dois braços fazendo referência ao pequeno apartamento. – É isso que sempre sonhou? É? Diz pra mim Manuela! – Berrou a jovem senhora.
- Eu não quero nada que venha de você... E sim! Estou muito feliz com o que já conquistei. Não basta você ter me obrigado a cursar administração! Quer também escolher a área que vou trabalhar? Me poupe Senhora Fernandes.
- Mas por quê tem que ser arquitetura... Por que não outra área? – Agora sua feição era aflita.
- Qual é o problema com a arquitetura, em mãe? Desde que disse que seguiria nesse ramo... Porque era o que sempre quis, - frisou – está diferente, como se tivesse algo, mas não sei definir.
- Por favor Manu! Não há nada, só não quero que você se arrependa.
- Não existe arrependimento quando fazemos o que queremos... O arrependimento só acontece quando ficamos parados sem tomarmos atitudes! Aí sim, há arrependimento.
- Tudo bem Manuela. E então em qual empresa tão incrível assim estás trabalhando? – Sarcasmo puro.
- Simplesmente na mais renomada de toda à Califórnia! Na “Arqui’Corporation”. – Manu observou sua mãe empalidece tão rápido que se assustou – Você está bem?
- Você não pode estar falando sério? Não é? Vai sair de lá agora mesmo! E nunca mais voltar a encontrar aquela garota! – assustou-se com o tom na voz da outra.
- Garota? Que garota?
- Não se faça de inocente Manuela. Sabe muito bem de quem estou falando. – Manu apenas a encarava – A Portman, Manuela! A Carolina Portman!
- Espera, o que a Carol tem haver com isso?
- Há já estás chamando sua patroa pelo apelido. O que vai ser depois?
- O que está insinuado mãe? – Manu não estava acreditando.
- Ela é lésbica! Manuela, lésbica. E sabe muito bem que repúdio tudo isso... Esse bando de “gays” espalhados pelo mundo!
- Não acredito no que estou ouvindo... Como fui nascer de alguém como você? Deixa eu te dizer uma coisa: Primeiro a Carol – sorriu vendo a cara que sua mãe fez quando falou o apelido de Carolina – em nenhum momento me tratou diferente do termo profissional. Segundo cada um que ama quem quiser. E terceiro... – caminhou em direção à porta – Como sabe que a Carol é lésbica?
- E quem não sabe... Se ela faz questão de agarrar outras em público para sair nas revistas. – Tentou se explicar da melhor forma possível.
- Sabe o que é engraçado mãe... Eu não fazia ideia que ela era, até ontem, mas você pelo jeito a conhece muito bem. – Arqueou a sobrancelha em desafio.
- Isso não vai ficar assim Manuela! E aquela garota vai me ouvir. Há se vai!
- Nem pense em chegar perto dela...
Malvina apenas deu um sorriso desafiador para a filha e saiu. Deixando uma Manuela muito pensativa e com um café frio. E não seria pra menos... Saber que sua mãe tinha certo ódio, certo não, um ódio enraivecido por Carolina a intrigava. Sempre soube que sua mãe não aceitava, ou melhor, respeitava a orientação sexu*l* das pessoas, mas dai a ter um ataque como este, foi à primeira vez... Será mesmo que foi a primeira?
- Por que não consigo me lembrar de nada... E esse vazio no meu peito, como se faltasse algo ou... Tudo bem seja lá o que for vou descobrir, até por que, se antes ou tinha duvidas que Carol me conhecia, pela forma que ficou quando me viu... Agora eu tenho certeza, graças a sua reação Senhora Fernandes.
Fim do capítulo
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silverquote
Em: 14/12/2016
Confesso que a história já me conquistou, gostando muito.
Meu palpite bem óbvio é que as duas eram namoradas, a mãe da Manuela odiava isso e portanto quando ocorreu o fatídico acidente ela se aproveitou da situação para separar definitivamente a filha da Carol.
Resposta do autor:
Eaee Naty...
Para quem tinha começado a ler... Seu palpite é sensacional!!
Bjaoo Moça
o/
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