Bárbara por Nyna Simoes
Capítulo 8 - O que está ruim sempre pode piorar
Durante todo o caminho para o restaurante, que foram menos de 10 minutos, mas para Carol pareceu mais de 10 horas, Bárbara e Rodrigo foram descobrindo afinidades. Na verdade, Bárbara estava apenas fingindo gostar das mesmas coisas que ele, fingir é o que ela sabia fazer de melhor. A cada frase dela, Carol só conseguia pensar: "Que atriz" e assim, fazendo-se de distraída, não precisou participar daquele papo que para ela era mais uma piada do que uma conversa. Enfim chegaram, o restaurante era chique - tudo isso pra ela? - É, realmente... Imagina se o Rodrigo realmente conhecesse uma prima sua, digo, uma prima sua de verdade. Quanta encenação para uma atriz, por que ela merece todo esse preparo para cena? Então é isso? luzes, som, cenário, atores, atrizes, todos ali se esforçando ao máximo para dar de bandeja o prêmio "Melhor Atriz" para alguém que não conseguia sair desta condição? Que horror! O garçom chegou e os levou para uma mesa bem próxima à porta, 4 cadeiras. Carol sentou-se onde Rodrigo puxou a cadeira, ao lado de Bárbara e ele sentaria na sua frente, também de frente para a porta. Seja quem for, sentará ao meu lado - pensou Carol - espero que seja alguém agradável. Mas no fundo ela sabia que não era, sua intuição até já lhe anunciava um nome que preferia esquecer, e pensando nisso, foi invadida por um mau humor súbito, como se pudesse ficar ainda mais mau humorada do que já estava. Não se conteve a soltar um prévia do seu estado:
- Seja lá quem for que você chamou está demorando demais.
Rodrigo, como sempre, tentou colocar panos quentes
-Não faz mal, vamos pedir algo para beber, ela deve chegar já, já.
-Ela?
-Sim
-Quem será... - Disse Bárbara em tom de mistério e deboche.
Carol fingiu não ouvi-la, para não iniciar tão cedo uma discussão e sugere a bebida.
-Amor, eu quero um vinho.
-Tudo bem, vamos todos de vinho?
Bárbara concordou e Rodrigo faz o pedido ao garçom. Quando o garçom se retirou para buscar o pedido, Rodrigo acenou para alguém na porta. Finalmente a pessoa mais atrasada do mundo tinha chegado. Carol olhou ansiosa para que não fosse quem estava pensando, mas infelizmente era. E não escondeu seu tom de decepção.
-Sua irmã?
Fernanda era irmã de Rodrigo, mais velha apenas 1 ano. Ela era jornalista e do tipo bastante esnobe, todos sabiam que ela não era bem quista no trabalho dela e as pessoas de lá sabiam muito bem o motivo. Era do tipo centralizadora que sempre humilha os outros, rouba suas ideias e fica com o mérito. Além disso, era assim na vida. Ela se comportava como mãe e babá de Rodrigo ao invés de irmã. Ele sabia que as duas não se bicavam, mas achava que quanto mais se conhecessem mais depressa isso passaria. Pelo contrário, pelo menos por parte de Carol, que a suportava cada vez menos.
-Olá, boa noite para todos - disse Fernanda com sua voz fina, sorrindo o melhor que podia, cobrindo sua magreza com um vestido de seda branco com um terninho amarelo por cima, e o cabelo preto comprido amarrado num rabo de cavalo que saía do alto da sua cabeça.
Rodrigo se levantou para puxar a cadeira para irmã e aproveitou para apresentá-la à Bárbara
-Fê, essa é a Carina, prima da Carol... Carina, minha irmã Fernanda.
As duas se cumprimentaram e tendo percebido um grande silêncio após cumprimentar Bárbara, Fernanda sentou-se e logo abordou Carol.
-Como é Carol, não vai me dizer "Oi cunhadinha"?
-Oi cunhadinha - em tom de descaso.
-E então Fê? Olha você se atrasou um pouco, espero que não se importe, mas acabamos de pedir um vinho.
-Tudo bem, não me importo, desde que peçam mais uma taça pra mim.
O garçom trouxe os vinhos e as taças e logo após servi-los e se retirar discretamente, Bárbara foi a primeira a falar.
-Desculpa perguntar, mas estamos comemorando algo que eu não saiba?
-Não, é apenas um jantar comum, para nos conhecermos - respondeu Rodrigo
-Jantar sem comida? - ironizou Carol - Vou pedir, estou com fome.
-Vamos todos pedir - diz Rodrigo animado enquanto acena chamando o garçom
-Então Bárbara você é prima da Carol? - pergunta Fernanda - De onde?
-Estava em Minas
-Nossa Carol, você nunca me contou que tinha parentes em outras regiões.
-É, da próxima vez eu publico no jornal - disse Carol seca após um grande gole de vinho
-Carol o que foi? - perguntou Rodrigo preocupado.
-Não estou me sentindo bem, quero ir pra casa.
-Ah, mas não mesmo. Não vai fazer essa desfeita com a Fernanda e a sua prima.
Neste momento o garçom chegou para anotar os pedidos, e uma olhada no cardápio e algumas recomendações do garçom foram o suficiente para melhorar o clima da mesa e o humor de todos, menos o da Carol, é claro. Após o garçom se retirar, Rodrigo foi o primeiro a falar.
-Engraçado, primeira vez que saímos, e ninguém te pede autógrafo.
-Não é a primeira vez. As pessoas não sabem quem eu sou.
-Como não? Seu livro vende como água.
-Vamos lá vai Carol, um pouco de bom humor- brigou Bárbara disfarçadamente
-Bárbara, não estou com bom humor, dá pra perceber?
-Que isso cunhada, sempre que me vê, você fica assim, vou começar a achar que é pessoal - cutucou Fernanda.
-E não é? - perguntou Bárbara rindo.
Antes que todos ficassem desconfortáveis, Rodrigo tentou melhorar o clima mais uma vez.
-Então Fê, ontem fiquei sabendo que aquela mulher do livro da Carol, foi inspirada na própria prima.
-Olha só, como você se sente Bárbara, sendo personagem de um livro?
-Eu já disse que não foi inspirada nela. Mas que saco!
-Foi sim, a Carol tentou me descrever, mas errou feio. Acabou criando uma outra Bárbara que não tem nada a ver comigo.
-É eu nunca sou boa de descrever as pessoas que eu conheço, vai ver que é porque eu conheço demais.
Rodrigo e Fernanda se olharam sem que as duas percebessem pois estavam ocupadas demais trocando olhares entre elas, mas por presente do destino, os pratos chegaram bem na hora, e quase se podia ouvir as "armas" de cada um sendo carregadas enquanto o garçom servia os pedidos. A primeira a mirar dessa vez, foi Fernanda
-Então, quando sai o próximo livro, Carol?
-Ah, ela já começou a escrever, achei muito abstrato, muitas metáforas, mas o tema é interessante - respondeu Bárbara
-E qual é o tema? Aliás, Carol por que você não me mostrou? - perguntou Rodrigo entre uma garfada e outra
-Não te mostrei porque mal comecei a rascunhar. E o tema não exis...
-O tema é uma pessoa que ela imagina como "Impossível" - cortou Bárbara.
-Você e suas pessoas misteriosas - brincou Rodrigo
-Não tem nenhum mistério, e o tema não é esse.
-E qual é? - perguntou Fernanda fingindo-se interessada
-Nenhum. Já disse que estou só rascunhando.
-Mentira dela - arriscou Bárbara
-É eu sou uma grande mentirosa, olha, pra mim esse jantar já deu eu vou embora.
Carol levanta-se com raiva e saiu do restaurante, aquele jantar havia sido um erro e ela não poderia passar nem mais 1 minuto com aquelas pessoas, naquele campo minado, com todos apontando a arma para ela e o único que tentava defendê-la era justamente a pessoa para quem ela mais mentia. Ela não suportava mais nada daquilo. Ao ver Carol sair pela porta do restaurante, Rodrigo ia levantar-se para ir atrás dela, mas Bárbara o impediu, dizendo que ela mesma faria isso. Saiu da mesa deixando Rodrigo e Fernanda com cara de confusos enquanto se preparava para lidar com o problema que provavelmente estava fumando um cigarro lá fora do restaurante. Bárbara nem precisou falar nada, assim que avistou Carol, ela mesma já protestou.
-Pode esquecer Barbara, eu não vou voltar lá!
-Para com isso, vai fazer isso com o Rodrigo?
-O Rodrigo vai me entender, ele sabe que eu não gosto nem um pouco da irmã dele, e nem ela de mim, e ainda mais com você na mesa fazendo a sua sessão de mentiras.
-Que mentiras? Por acaso você não está escrevendo um novo livro?
-Bárbara eu não vou discutir com você, eu vou embora.
-Então vai, faz isso mesmo, estraga a noite do seu namorado, da irmã dele e a minha.
-Antes uma noite que uma vida.
Bárbara ainda ia tentar contra argumentar, mas acabou desistindo e voltou para o restaurante. Carol, que ainda estava com seu cigarro pela metade, tirou outro cigarro do seu maço, acendeu no que estava fumando, jogou fora e seguiu fumando um novo cigarro, rumo a sua casa, mais precisamente ao seu quarto todo escuro, porque sentia que a sua cabeça ia explodir.
Assim que deitou na cama dormiu como uma pedra, sequer ouviu o Rodrigo chegar tampouco sair para trabalhar. Rodrigo por sua vez, assim que chegou em casa com Bárbara procurou Carol, mas quando a viu dormindo resolveu não acordá-la, o que quer que precisassem conversar ou resolver poderia esperar até o dia seguinte. Além do mais, nunca era uma boa ideia acordar Carol. No jantar, assim que Bárbara voltou sozinha ao Restaurante, a conversa ficou morna, sem jeito e sem efeito. De todos os modos, Bárbara tentou "proteger" a imagem de Carol, procurou fazer com que eles entendessem que ela estava estressada, e que aquilo se resolveria após uma conversa com Rodrigo. Se esquivou muito bem das perguntas de Fernanda e tentou ser o mais agradável possível com Rodrigo. Se Carol visse aquela cena de fora, provavelmente não acreditaria, ou apenas diria "Atriz". Saberia da dívida que ela cobraria depois.
Rodrigo levantou-se mais cedo do que o normal, arrumou-se e deixou Carol dormindo. Aquele dia não teria o famoso beijo entre eles. Chegando ao seu escritório, assim que abriu a porta da sala, deu de cara com a sua irmã já sentada, esperando-o. Assim que se cumprimentaram e Rodrigo se sentou afrouxando a gravata, Fernanda falou
-Pois é maninho, parece que sua desconfiança estava certa.
-Não acredito nisso, mas por que será que a Carol se incomoda tanto com a Bárbara? Algum problema do passado talvez?
-Cabe à você conversar com a sua namorada e saber o que aconteceu, mas uma coisa eu te digo, se você não ajudar agora, mais tarde vai presenciar o circo pegando fogo, isso se não sobrar pra você.
-Será?
-Sexto sentido de mulher. Não discute.
Fim do capítulo
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rhina
Em: 19/08/2016
Olá.
Puxa a Carol não merece isso.
Agora até uma cunhada para apontar para ela.
Ela só tem que saber lidar com os três.
Pior é sentir seu coração sangrar.... e a pessoa que o faz sangrar não se importar e continua tocando na ferida.
Bárbara vc precisa sentir pra valer e sofrer por perder só assim irá entender.... se não quê deixe.. mas não fica chutando cachorro morto.
Até.
Rhina.
Resposta do autor:
Ei, Rhina, será que um dia a moeda vai mostrar o seu outro lado?
Será que Bárbara ainda vai sofrer nessa história ou será tudo um jogo de interesses?
Beijos ;)
JuAlmeida
Em: 19/08/2016
Barbara me deixa confusa.. tipo muito confusa... as vezes acho que tem sentimentos pela Carol outras parece que não... agora é esperar e ver no que vai dar
Resposta do autor:
Será que tudo não passa de interesse? Ou será amor, mas ela não sabe como lidar com esse sentimento? Os próximos capítulos vão ajudar a deixar as coisas mais claras.
Beijos ;)
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Luli
Em: 19/08/2016
Oie!
Convenhamos que não precisa de muita sensibilidade para notar que há uma tensão terrível no ar entre as duas, né? As duas são sutis como um terremoto! rs
Ele deve ter mil teorias na cabeça, mas nenhuma chega próxima a verdade...Aposto!
Tô gostando muito!
Até a próxima!
Bjo
Ps.: Agora que fui notar que você é a escritora de "Descobertas". Só uma palavra: AMEI o livro! <3
Resposta do autor:
Olá, Luli,
Que bom que você está gostando da história. Fico muito feliz que acompanhe, e você tem razão, talvez Rodrigo nem consiga imaginar o que de fato está acontecendo ou será que..... ele não quer enxergar? huuumm
Obrigada pelo elogio ao livro! Que bom agradar minhas leitoras, obrigada de coração!
Beijos ;)
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patty-321
Em: 19/08/2016
Vixe. Rodrigo tá bolado agora.carol tb é muito temperamental. E a bárbara? Continuo sem saber quem ela é e qual é a dela. Mas é instigante tentar descobrir. Bjs
Resposta do autor:
Acho que a partir do cap 9 as coisas sobre Bárbara vão começar a clarear... Afinal, quem é essa mulher?
Beijos ;)
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