Bárbara por Nyna Simoes
Capítulo 7 - Em busca de respostas
Havia um bar entre a casa de Carol e seu grande amigo Bernardo, este era seu amigo há anos. Antes mesmo de Bárbara entrar na sua vida. Conheceram-se adolescentes e digamos que ele, apresentou Carol a esta vida alternativa, mas antes, beijar mulheres era apenas uma diversão. Antes de conhecer Bárbara. Sempre que algo acontecia, era para Bernardo que Carol corria, aquele, já apresentado anteriormente nas primeiras páginas, o fotógrafo. Eles estavam no Bar e a cena já era comum para todos que o conheciam. Se fosse à luz do dia, Carol estaria tomando cerveja e Bernardo refrigerante, Carol estaria bêbada falando sobre a vida dela e Bernardo escutando e se mantendo sóbrio para levá-la para casa depois. Exatamente o que acontecia ali naquela tarde. Carol estava contando tudo que aconteceu desde que Bárbara resolveu reaparecer. Só para constar: Bernardo odiava Bárbara.
- E é isso, agora ela ta lá em casa.
- Uau!
- Não é de se surpreender, a gente sabia que qualquer hora ela ia surgir do nada, mas eu nunca imaginei que fosse na minha casa né?! Imaginava encontrá-la na rua, num bar sei lá.
- Eu sei Carol, mas agora você tem que dar um jeito nessa situação.
- Ta, Be, me ensina como, que eu faço isso.
- Primeiro me fala o que você quer, o que você sente.
- Você ta brincando comigo né? O que eu quero, o que eu sinto?
- Tudo bem, acho que você precisa de mais uma cerveja pra poder falar sobre isso.
Bernardo pede mais uma cerveja e serve Carol.
- To esperando
Carol vira o copo. E enche mais.
- Acho que eu não to muito afim de falar o que eu to sentindo.
- Por quê?
- Porque eu não sei.
- Você sabe sim, e não quer me dizer, ta com medo que eu te xingue.
- Meu, eu tenho um namorado que eu amo. Eu não posso continuar nessa situação, ontem à noite o Rodrigo perguntou sobre as coisas quebradas do quarto que eu te contei, e foi difícil mentir para ele... Não fica me olhando com essa cara de reprovação, olha a situação que eu to! Você tem que me ajudar. E pede outra cerveja.
Bernardo pede outra cerveja
- Sabe quantas cervejas você já bebeu desde que chegamos aqui?
- Não faço idéia Sr. Certinho. Quantas?
- Já perdi as contas.
A cerveja chega e Carol se serve.
- Olha eu sinceramente acho que ta tudo errado.
- Grande passo, qual é o próximo?
- Para de me zoar.
- Vai me fala o que você tem vontade de fazer em relação a tudo isso.
- Você quer saber?
Carol toma um gole de cerveja ou coragem.
- Quero.
- Eu tenho vontade de voltar pro meu apartamento agora, agarrar a Bárbara, e dizer que eu a amo e nunca mais deixar ela ir embora.
- E o Rodrigo?
- Você acha que ele entenderia?
- Não vamos exagerar com a bondade dele, é claro que ele ficaria bem puto e te odiaria pra sempre.
- Ai, você acha?
- Eu tenho certeza.
- Sabe que ele falou pra Bárbara ontem que eu jamais ficaria com uma mulher?
- Coitado. Olha o que você está fazendo com ele.
- Não Bernardo, eu sou a vítima dessa vez, eu tenho duas pessoas que eu amo debaixo do mesmo teto que eu, e eu não sei o que fazer.
- Você disse que voltou a escrever, se eu fosse você eu me fechava nisso, e não falava com nenhum dos dois, inventava alguma coisa do tipo fechada pro livro, sei lá.
- E você acha que eu sei ficar quieta diante das provocações daquela mulher? E a noite com ele do meu lado, não vai rolar nenhuma conversa?
- Pelo amor de Deus Carol, o que você viu nessa mulher, me explica?
- Nem eu sei... Só sei que é difícil.
- Difícil é gostar dela.
- Pra mim, isso é o mais fácil.
Enquanto isso, Rodrigo estava no escritório em que trabalhava. Uma grande empresa de marketing, ele era ali, apenas mais um, daqueles que se descabelavam, enquanto os chefes pensavam em viajar. Tinha um grande amigo, chamado Marcus. Era aquele amigo pinico, que sempre dava ouvidos para suas lamúrias, mas também, sempre o procurado para aquela cervejinha no bar depois do expediente de sexta-feira.
Rodrigo, sentado em sua mesa, tirava e colocava o óculos (que só usava no trabalho) enquanto choramingava para Marcus.
- Não sei cara, eu to pensando em levá-las pra jantar hoje, sei lá a Carol tava muito diferente ontem do lado da prima dela, e a prima dela me disse umas coisas... Quero saber o que ta acontecendo.
- Vai nessa, quem sabe você não percebe alguma coisa?
- Não sou bom nisso. Vou tentar…
- Se eu fosse você levava alguma amiga sua junto, mulher tem mais visão das coisas. Por que não leva sua irmã?
- A Fernanda?
- É po, com certeza ela vai sacar o que ta acontecendo e vai te contar.
- É, talvez seja uma boa ideia. Vou ligar lá pra casa, pra avisar a Carol.
Bárbara, aproveitando a saída de Carol, resolveu sair também, mas não a passeio. Sabia muito bem onde iria. Livraria.
Ela era uma mulher que chamava atenção, morena, alta, desfilando e deixando seu corpo escultural justinho dentro de um vestido curto e preto. Com seus longos cabelos cheirosos, atraiu a atenção de todos os vendedores e até mesmo das vendedoras. Então um vendedor muito simpático e sortudo por estar mais perto da prateleira onde Bárbara se encontrava, se prontificou imediatamente, com aquele sorrisinho de satisfação e exibicionismo.
- Oi
- Oi
- Posso ajudar? O que está procurando?
- Não sei, alguma coisa que faça sentido.
- Boa pedida, mas acho que todos os livros aqui fazem algum sentido.
- Talvez, mas acho que nenhum, vai me explicar o que eu sou.
- Auto-ajuda?
- Não! – disse Bárbara ofendida - Filosofia, não sei, tenho medo que isso me pire ainda mais
- Bom, se você precisar de ajuda, me procura.
- Ok
De volta ao bar, o que Carol mais temia aconteceu, aliás, o que ela sempre temia quando ficava bêbada, que seu namorado ligasse. Pensava sempre em desligar seu celular, mas sabia como Rodrigo era paranóico e no mínimo começaria a procurá-la em todos os hospitais e delegacias.
O celular tocava com o nome de Rodrigo piscando, o som era cada vez mais alto, e a música nada tinha a ver com seu momento “I feel good”.
- É o Rodrigo.
- Atende!
- Eu to bêbada, como vou falar com ele nesse estado?
- Fingindo
- Não agüento mais fingir nada pra ele. Atende vai
Bernardo atendeu a contra gosto.
- Oi, é o Bernardo. Tudo bem e você? Então a Carol ta no banheiro. A gente? A gente ta na casa da minha irmã. Ta, eu dou o recado sim. Não? Como não? Hoje? Ta bom. Falou cara, abraço.
Bernardo desliga com cara de preocupado
- E aí?
- Ele falou pra você ir pra casa e se arrumar, que ele vai levar você e a “sua prima” pra jantarem hoje.
- Ta doido?
- Não, e ele disse que ligou pra casa de vocês e ninguém atendia. Ou seja, ela não tá em casa.
- Onde será que essa louca se enfiou?
- Não sei, liga pra ela.
- O numero dela ta em casa. Não tenho aqui.
- Você tem que voar pra sua casa Carol.
- Eu não tenho condições de dirigir Be!
- Ta, eu dirijo pra você.
Seu Josué já sabia, quando o celular de Carol tocava era o namorado dela. Ele conhecia o casal, e conhecia Carol há muitos anos. Sabia que aquela era a hora de pegar seu caderninho e anotar a bebedeira, no dia seguinte, provavelmente às 15h Carol passaria lá para acertar tudo. Como fazia há anos também, antes mesmo de Rodrigo, porque alguém sempre ligava e Carol deixava tudo e saia correndo.
Bernardo levou Carol para casa e ela teve alguma dificuldade em tirar o cinto de segurança, entrou no prédio aos tropeços, tentando sorrir para o porteiro. No elevador teve vontade de vomitar, parecia que a cada bebedeira, o elevador demorava mais para chegar ao seu andar.
Conseguiu tirar sua chave do bolso, depois de muito esforço, parecia também, que quando bebia, sua roupa encolia e tudo ficava apertado demais. Acertou o buraco da fechadura de primeira, mas à toa, a porta estava destrancada. Entrou e para seu alívio viu Bárbara sentada no sofá em frente à porta, lendo um livro. Tinha tantas coisas à dizer. Mas primeiro precisava chegar até ela. Cambaleando, foi até o sofá e ficou em pé, na frente dela, tentando se equilibrar. Sua vontade de falar era enorme, mas sua curiosidade era maior ainda.
- Onde você tava?
- Fui numa livraria por quê?
- Porque meu namorado ligou pra cá e não tinha ninguém
- E daí eu não posso sair?
- Pode, eu não tenho nada a ver com o que você faz.
- Você ta bêbada?
- Dá pra notar?
- Você não consegue nem ficar em pé, com quem você tava? Como você chegou aqui? Você não tava dirigindo né?
- Não te interessa, eu to aqui não to? Então pronto. Vai se trocar que o Rodrigo vai levar a gente pra uma merd* de jantar. Eu vou tomar banho.
- Um jantar? Que interessante.
Carol não respondeu e entrou no banheiro. No banho, Carol tinha apenas um pensamento “Vou agarrar essa mulher, preciso fazer isso. Vou morrer se não fizer isso. Agora!”.
Saiu do banho, se trocou com pressa e foi para sala atrás de Bárbara. Deparou-se com ela, em frente ao espelho, se maquiando, ela vestia salto, calça jeans escura e uma blusa branca. Hipnotizada pelos seios dela, Carol pergunta inconformada:
- Onde você acha que vai com esse decote?
- Não acredito que você ainda ta bêbada, mesmo depois de ter tomado banho. Vou fazer um café pra você.
- E esses peitos de fora?
- Fica tranquila que eles vão comigo fazer o café.
Enquanto Bárbara fazia café, Carol deitou no sofá e ficou olhando pro teto, pensando se aqueles seios haviam crescido, se eram do mesmo tamanho, se estava muito bêbada ou se o sutiã era de bojo. Antes de chegar a alguma conclusão, Bárbara voltou.
- A água ta esquentando
- Eu não quero café
- Você vai tomar, daqui a pouco o Rodrigo ta aí, e vai te ver nesse estado.
- Ele já me viu pior.
- Coitado, ele deve ter muita paciência com você
- Não mais do que eu estou tendo contigo.
- Não perde uma né?
- Não, quem não perde umas e uns é você.
- Você vai se comportar assim no jantar?
- …
- Espero que não, não quero que o Rodrigo fique constrangido.
- Pode deixar, que se alguém for ficar constrangido, esse alguém será você.
- Ok, então eu não vou.
- Vai sim, o Rodrigo quer te conhecer eu acho, porque eu fui dizer que você era minha prima?
Bárbara de repente deita em cima de Carol
- Sai daí.
- Não, eu não saio.
- O Rodrigo vai chegar e ver isso.
- Arranja um motivo mais convincente.
- Você ta apertando minha barriga eu vou vomitar em cima de você.
- Ótimo motivo - disse Bárbara se levantando e indo pra cozinha - Vem tomar o café.
- Não quero.
- Quer que eu leve aí?
- Acho que eu não consigo levantar.
- Para com isso vai Carol, que chata, vem tomar esse café.
Carol levantou-se e antes que pudesse por pra fora todos os sentimentos que foram deixados de lado para dar espaço à curiosidade de saber onde ela estava e do chamativo decote, Rodrigo chega e para na porta da cozinha.
- Nenhuma palavra. Vou tomar banho e a gente sai. 10 minutos.
Carol fica sentada na mesa da cozinha olhando pro chão como se nem tivesse ouvido o que Rodrigo falou, aliás como se nem tivesse notado sua presença.
- Apressado ele não?
- Deve ter feito reserva, sei lá.
- Só quero ver esse jantar.
- Eu não queria estar nele.
- Ta melhor da bebedeira?
- To.
- Que bom, por que você bebeu?
- Pra esquecer minha vida de merd*.
- E esqueceu?
- Não o Bernardo não é muito bom em me fazer esquecer coisas.
- Bernardo? Ele ainda existe?
- Não, morreu. Eu tava bebendo e falando sozinha.
- Sem ironias. Ele continua sendo seu melhor amigo?
- É, existem coisas que não mudam. E pessoas verdadeiras, inclusive.
- Jura?
- É sério. No seu mundo isso não existe?
- Não, no meu mundo só existe eu.
Carol faz sinal afirmativo. Um longo silêncio se estendeu até que Rodrigo apareceu pronto na porta da cozinha
- Então mulheres, vamos? Tenho uma surpresa pra você, Carol.
- Ah que bom! Você sabe que eu odeio surpresas.
- Mas dessa você vai gostar. Uma pessoa vai encontrar a gente lá, alguém que você não vê há muito tempo.
- Não quero mais ir.
Fim do capítulo
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rhina
Em: 16/08/2016
Olá.
Acho que a irmã do Rodrigo vai pescar tudo. Vai ter confusão.
E ainda acho que Bárbara vai se interessar pela irmã...
Será que eu consigo acompanhar e entender quem é Bárbara?
Beijos linda.
Rhina.
Resposta do autor:
Você está acertando, hein? Minha leitora mais fiel, espero que eu supere suas expectativas!
Beijos ;)
pricissa
Em: 15/08/2016
Oi moça autora rsrs
comecei a ler hoje, não sei mas To com um sentimento de curiosidade sobre a babi.. Tem mais história aí pra ela ser avulsa assim kkkk
continua moça :)
Resposta do autor:
Oi, Pricissa,
que bom que está acompanhando.
A Bárbara tem mesmo muito mistério com ela, mas será que a Carol também não tem?
Será que a Bárbara sente mesmo toda essa indiferença que demonstra? huuumm
Beijos ;)
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